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Controlos no processo de misturação

3.3 Descrição dos problemas

3.3.1 Controlos no processo de misturação

Os planos de controlo têm como propósito assegurar o fabrico de produtos com qualidade, de acordo com os requisitos dos clientes, consistindo num documento escrito com a descrição sumária dos sistemas implementados para minimizar a variabilidade dos processos e dos produtos. Estes documentos devem ser revistos com regularidade e atualizados sempre que se verifiquem alterações nos processos ou melhorias nos métodos de inspeção (Smith 2011). Na Figura 8, apresenta-se um excerto do plano de controlo do processo de misturação da Continental Mabor. Cada controlo incide sobre uma característica ou parâmetro do processo, tem geralmente associado um procedimento detalhado num documento autónomo, é da

responsabilidade de um departamento específico e realiza-se com uma frequência pré- -determinada. Os planos de controlo preveem ainda as ações a tomar aquando da verificação de

condições anómalas, sendo construídos em função dos modos de falha previstos nos documentos de FMEA e das instruções emanadas da Central. O Departamento de Qualidade é responsável pela elaboração e atualização dos planos de controlo.

Figura 8 - Excerto do plano de controlo do processo de misturação

A comparação dos planos de controlo definidos pela Central com os planos de controlo implementados na Continental Mabor permitiu identificar um conjunto de controlos que a fábrica de Lousado não contempla, designadamente:

(1) o controlo da temperatura dos reservatórios: as matérias-primas adicionadas à câmara de misturação no estado líquido são armazenadas em reservatórios, sendo relevante que a sua temperatura se mantenha dentro de um determinado intervalo, a fim de que as propriedades dessas substâncias não sofram alterações indesejadas. É, portanto, necessário controlar regularmente as temperaturas das substâncias durante o seu armazenamento nos reservatórios;

(2) o controlo da exatidão dos equipamentos de pesagem dos misturadores: a qualidade do composto que resulta do processo de misturação depende do rigoroso cumprimento das receitas, que especificam as matérias-primas que devem ser misturadas e as respetivas quantidades. Os misturadores estão, por isso, equipados com diversas balanças (e.g. as balanças presentes nas passadeiras de alimentação, que se localizam no ponto A da Figura 5), que permitem controlar as quantidades de matérias-primas que são efetivamente introduzidas na câmara de misturação, sendo importante garantir que esses equipamentos de medição são exatos;

(3) o controlo das temperaturas nas câmaras de misturação: às câmaras de misturação estão associadas unidades de controlo de temperatura (temperature control units, TCU) que permitem medir a temperatura de zonas específicas das câmaras, designadamente no martelo e nos rotores, sendo necessário proceder à monitorização periódica dessas temperaturas;

(4) o controlo da temperatura do composto produzido na misturação depois de paletizado: relativamente ao composto produzido na misturação, que é dobrado sobre uma palete à medida que é extraído do misturador, é necessário controlar a temperatura aquando da paletização (simplificadamente, temperatura de paletização), tendo em conta que, se essa temperatura for excessiva, existe risco de vulcanização precoce.

A transposição dos controlos para os planos da Continental Mabor não pode ser realizada de forma imediata, exigindo-se uma análise cuidada das diferentes implicações da sua implementação. A fim de incluir os controlos em falta no plano de controlo da Continental Mabor, foi constituída uma equipa que integra elementos do Departamento de Qualidade, do Departamento de Engenharia, do Departamento de Engenharia Industrial, do Departamento de Produção e do Departamento de Apoio Técnico à Produção.

Nas reuniões iniciais da equipa de trabalho, percebeu-se que o acesso físico às sondas de temperatura presentes nos reservatórios de líquidos era extremamente difícil, complicando a sua substituição em caso de avaria ou a remoção temporária para tarefas de calibração e

manutenção, pelo que o Departamento de Engenharia concebeu uma solução de reposicionamento das sondas e submeteu-a à aprovação da Central. Por outro lado, a monitorização inicial das temperaturas nas câmaras de misturação – cujos dados estão documentados no Anexo A – revelou valores fora das especificações e com oscilações pronunciadas em curtos períodos de tempo, tendo a equipa de trabalho decidido que a prossecução da análise do controlo destas variáveis só seria possível após intervenção técnica (para recolher as sondas, avaliar o estado do seu funcionamento e proceder à sua calibração). Face à expectável morosidade quer do processo de aprovação pela Central da solução de reposicionamento das sondas de temperatura dos reservatórios de líquidos, quer da intervenção técnica necessária nas câmaras de misturação, e de forma a compatibilizar os horizontes temporais do projeto de dissertação (até junho de 2017) e do projeto de transposição dos controlos da Continental Mabor (até ao final de 2017), estabeleceu-se que a implementação dos controlos principiaria pelos equipamentos de pesagem dos misturadores e pela temperatura de paletização.

O controlo dos equipamentos de pesagem implica a interrupção do funcionamento dos misturadores e, de acordo com as instruções da Central, deverá ser realizado diariamente, quando às balanças estejam associados sistemas automáticos de padrões (isto é, quando os misturadores dispõem internamente de padrões e de sistemas automáticos que possibilitam a sua descida e subida, com base nas ordens transmitidas através de um computador), e mensalmente nos restantes casos, pelo que a análise das quebras de produção é crucial.

A Continental Mabor dispõe de 11 misturadores, produzindo diariamente 1200 toneladas de composto misturado (o que equivale a 1200 paletes). Antes da implementação generalizada do controlo das balanças, impõe-se a definição da respetiva sequência de tarefas e a realização de um teste piloto, a fim de quantificar o tempo de controlo e, consequentemente, determinar as quebras de produção inerentes. Por outro lado, para o controlo da temperatura de paletização, que deve ser realizado mensalmente em cada misturador, é necessário definir o método de controlo, a forma de registo e as ferramentas de análise dos dados recolhidos. O capítulo 4 inclui a análise, os testes, os resultados e as conclusões referentes aos estudos de implementação destes dois controlos.