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CAPÍTULO IV IMPLICAÇÕES DO PROGRAMA BRASIL PROFISSIONALIZADO

4.1 A EXECUÇÃO DOS CONVÊNIOS DO BRASIL PROFISSIONALIZADO NO PARÁ

4.1.2 Convênios da dimensão da Infraestrutura e Recursos Pedagógicos

A dimensão de Infraestrutura e Recursos Pedagógicos foi contemplada com a negociação dos outros três convênios para aquisição de mobiliário, reformas gerais e ampliação das escolas tecnológicas existentes e para a construção de mais 11 novas escolas para compor a Rede EETEPA.

No convênio nº 750010/2008, a solicitação da SEDUC ao MEC foi um valor de R$ 17.621.965,95, tendo sido contemplada com R$ 16.500.580,04 para ampliação e reformas gerais das escolas, como mostra a tabela 7:

Tabela 7 Recursos de Infraestrutura e Recursos Pedagógicos CONVÊNIO Nº

750010/2009

REFORMA AMPLIAÇÃO TOTAL

Solicitado 9.836.426,38 (56 %) 7.785.539,57 (44 %) 17.621.965,95 Conveniado 9.236.540,29 (56%) 7.264.039,74 (44%) 16.500.580,04 Fonte: Relatório explicativo dos convênios/SEDUC/PA/FNDE/MEC (PARÁ, 2010a)

Observando os dados da tabela 7, verificamos que o valor aprovado no convênio foi correspondeu a quase 95% do total solicitado no planejamento. Os recursos conveniados contemplaram o percentual solicitado para cada categoria, sendo aprovados 56% para reformas e 44% para ampliação de blocos de salas, auditórios, quadras poliesportivas e outros.

Segundo os dados do Relatório de Monitoramento da execução das ações do Programa Brasil Profissionalizado (PARÁ, 2011c), elaborado pela COEP/SEDUC, o cumprimento desse convênio foi bastante comprometido por vários fatores que atrapalharam a execução das obras. No que se refere às obras em andamento nas EETEPA de Icoaraci, Itaituba, Monte Alegre, Salvaterra e Tailândia há morosidade quanto a resolução de elementos burocráticos.

Na avaliação feita pela COEP, a situação da EETEPA Francisco Nunes e EETEPA de Cametá, encontrava-se parada, por falta de repasse de verbas da SEDUC às empresas. Já na EETEPA de Santa Izabel, EETEPA de Marituba e EETEPA de Paragominas, as obras não seriam executadas por falta de dominialidade dos terrenos. Os serviços para as EETEPAS Magalhães Barata e IEP não aconteceriam pelo fato dessas duas escolas já terem sido contempladas com obras em outros convênios (PARÁ, 2011a).

No quadro 9, temos uma visualização mais clara desse processo, que em virtude da morosidade dos procedimentos burocráticos, pode, além de ocasionar atrasos na reestruturação física dessas escolas, se tornar um impedimento para a realização de alguns processos formativos necessários às atividades didáticas de ensino e aprendizagem oferecidos nas instituições.

Escola Valor Conveniado Nº da ordem de Serviço

EETEPA Francisco da Silva

Nunes R$ 97.264,26

Foi assinada, mas, ainda não houve empenho. Por isso, as obras não foram iniciadas.

EETEPA Magalhães Barata R$ 2.193.503,24 Não aconteceu.

IEP R$ 824.709,13 Não aconteceu.

EETEPA – Cametá R$ 1.230.961,35

Foi assinada, mas, ainda não houve empenho. Por isso, as obras não foram iniciadas.

EETEPA Icoaraci R$ 1.584.088,97 Iniciada.

EETEPA Itaituba R$ 1.964.703,51 Iniciada, porém com problemas burocráticos. EETEPA JK Marituba R$ 1.780.154,13 Falta de Documento (Dominialidade do Terreno) EETEPA Monte Alegre R$ 1.434.860,00 Iniciada, porém com problemas burocráticos.

EETEPA Salvaterra R$ 1.441.477,17 Iniciada, porém com problemas burocráticos. EETEPA Santa Isabel R$ 940.807,56 Falta de Documento (Dominialidade do Terreno)

EETEPA Tailândia R$ 1.603.681,66 Iniciada, porém com problemas burocráticos EETEPA Paragominas R$ 1.121.103,56 Falta de documento (Dominialidade do Terreno)

Quadro 9 Valor conveniado por escola e situação de serviço

Fonte: Relatório explicativo dos convênios/SEDUC/PA/FNDE/MEC (PARÁ, 2010a)

Observamos no Relatório de Monitoramento (PARÁ, 2010c) em relação aos casos mais graves, como o da EETEPA Albertina Leitão em Santa Izabel e da EETEPA Juscelino Kubistschek em Marituba, que apresentaram problemas relacionados à dominialidade dos terrenos, foi apresentada ao MEC uma proposta para remeter as construções das escolas para os municípios de Castanhal e Benevides, com a previsão de iniciar as obras nessas duas localidades em 2012.

O problema detectado poderia ter sido evitado, pois desde o planejamento do PAR/Brasil Profissionalizado se teve esse esclarecimento, tanto que algumas escolas não entraram no planejamento de reforma, só de equipamento e recursos, segundo a entrevistada G1:

Não pode reforma e não pode fazer nenhuma melhoria em terreno que não é do estado. Então, era o caso dessa de Abaetetuba e era o caso da Anísio Teixeira, que no momento nós estávamos ainda resolvendo a situação lá com a fundação, então a gente já sabia que o terreno não era nosso e não sei quando seria, mas a gente pode equipar a escola, que ela já era maravilhosa, mas equipar para um curso especificamente, então ali a gente só pediu laboratório para os cursos e entrava lá no Catálogo, via os cursos que eles vão ter, aí precisa o que, de um laboratório de artes, etc., aí a gente especificou. Mas, eles não vão entrar nessa fase, eles não podem receber isso enquanto o Estado não cumprir os 50 % da etapa anterior não vem o recurso de equipamento (G1).

Entretanto, na ocasião em que o planejamento foi elaborado as escolas ainda estavam em processo de transição, ainda não estavam sob a responsabilidade da COEP/SEDUC. Com

o objetivo de garantir os investimentos do Programa na rede estadual, a equipe solicitou reforma e ampliação para as escolas, tendo em vista que o modelo padrão das escolas construídas, anteriormente, com os recursos do PROEP tinha uma estrutura bem restrita.

Considerando que o tempo para o fechamento do Programa estava próximo e o plano precisava ser construído, a solicitação foi feita e aprovada. Tinha-se clareza que as escolas voltariam para a gestão da SEDUC/PA, conforme destacou a ex-gestora da COEP/SEDUC na seguinte fala.

Na verdade quando a gente começou o planejamento as escolas não eram nossas ainda porque elas só foram nossas a partir de julho, quando nós já tínhamos encerrado, nós já tínhamos até a resposta de quanto nós íamos ter de financiamento, mas elas não eram nossas ainda. Durante o semestre, e essas conversas que foram acontecendo com a OS foi dado, foi estipulado que até julho aquele semestre seria um semestre de transição, a gente queria as informações, nós sempre pedíamos as informações e eles tinham que dar essas informações é... mas, e que até o mês de julho a gente encerraria o contrato e essas escolas voltariam para a gestão da secretaria (G1).

Os outros dois convênios do PAR /Brasil Profissionalizado dirigidos à dimensão de Infraestrutura e Recursos Pedagógicos foram firmados em 2009. Um deles foi direcionado para aquisição de equipamentos e mobiliários para as escolas tecnológicas existentes, e, o outro convênio foi negociado para a construção de mais 11 escolas novas, visando expandir a Rede EETEPA.

O convênio nº 658346/2009 destinou R$ 118.229,10 para a instalação de bebedouros elétricos (66); ventiladores (220); fogões industriais (22); liquidificador (33) e refrigeradores (22), distribuídos em quantidades iguais para cada escola. De acordo com o Relatório de Monitoramento (2010c), a ação desse convênio foi aprovada como assistência técnica do MEC, tendo sido destinando, parcialmente, em 2010, o valor de R$ 58.523,41 e a situação da execução da licitação para tal estava em trâmite no ano de 2011.

Ainda no ano de 2009, foi firmado outro convênio de nº 658472/2009 para a construção de mais 11 escolas para ampliar a rede de educação profissional e tecnológica no estado. O valor licitado para cada construção girava em torno de quase R$ 6 milhões, incluído os valores para a instalação dos laboratórios necessários para cada curso a ser ofertado pelas novas escolas, que constituíram o financiamento da ação num valor global de R$ 63.794.968,12. Segundo a entrevistada G1, essas escolas iriam seguir o padrão do FNDE:

A escola padrão do FNDE é uns 6 milhões, mais ou menos, é linda a escola! Foi um avanço porque até então não tinha um modelo padronizado de escolas de educação

profissional, não tinha no PROEP, por exemplo, cada localidade criava o seu modelo. Agora não, no Brasil Profissionalizado não. Então, por exemplo, as unidades novas do estado, que estão sendo construídas, elas vão ser hiper, ultra semelhantes às unidades do Instituto Federal que estão sendo construídos, que foram construídas em Abaetetuba, tanto que agora olhando as escolas do Instituto no Programa de Expansão da Educação Profissional, elas são todas iguais, elas têm o mesmo padrão. Elas têm agora um padrão de escola de educação profissional e é excelente o padrão, tem quadra coberta, tem auditório, tem acessibilidade pra tudo, pra quadras, para as salas, para os espaços administrativos, é um modelo maravilhoso (G1)

As novas escolas terão um padrão de escola de educação profissional diferenciada das outras escolas. A escolha dos municípios foi feita pelo próprio Estado, que priorizou, entre outros aspectos, o IDH local, o IDEB e a sintonia com os arranjos produtivos locais. Os municípios a receberem as novas escolas estão dispostos no quadro 10.

Quadro 10 Municípios a receberem as novas construções e cursos

Fonte: Relatório explicativo dos convênios/SEDUC/PA/FNDE/MEC (PARÁ, 2010a)

Os valores dos laboratórios solicitados, por escola, variaram entre 100 a 200 mil reais, totalizando algo em torno de R$ 1,5 milhão para a instalação adequada dos laboratórios necessários para a oferta dos cursos nas escolas, seguindo as normas e padrão do CNCT (PARÁ, 2010a).

A construção dessas 11 unidades escolares é de fundamental importância para a expansão da rede estadual de educação profissional, por isso a localização foi feita por polos regionais que agregam vários municípios. A escolha dos cursos e, consequentemente, dos

Escola/Município Curso Total

(em R$ milhões) %

Barcarena Metalurgia / Agente Comunitário de Saúde / Eletromecânica 5.748.787 9,0

Breves Zootecnia / Agente Comunitário de Saúde 5.747.811 9,0

Novo Progresso Agropecuária / Recursos Minerais 5.817.209 9,1

Oriximiná Agropecuária / Recursos Minerais 5.856.064 9,2

Parauapebas Mineração/ Eletromecânica / Meio Ambiente 5.841.617 9,2

Santana do Araguaia Fruticultura / Agronegócio 5.828.344 9,1

Santarém Agroecologia / Móveis / Técnico em Alimentos 5.747.048 9,0

Tomé-Açu Apicultura / Fruticultura 5.749.018 9,0

Tucuruí Processamento do Pescado / Aquicultura / Meio Ambiente 5.818.867 9,1

Vigia Aquicultura / Processamento do Pescado 5.839.794 9,2

Xinguara Agropecuária / Agroecologia / Agronegócio 5.792.733 9,1

laboratórios foi feita a partir da observação da vocação econômica dos municípios e no entorno dos mesmos, como afirma a gestora:

Essa foi uma parte também muito trabalhosa porque a gente adotou como critério observar os APL – Arranjos Produtivos Locais, que é feito pelo pessoal de economia do Estado, que diz, mais ou menos a vocação econômica, as áreas de vocação econômica das regiões onde estão aqueles municípios, com base nisso a gente via: “poxa, Itaituba tem grande perspectiva na área de agroindústria, na área de mineração, na área de meio ambiente, enfim...” E aí, fizemos uma prospecção de cursos por escolas porque a gente precisava dessas definições pra fazer as solicitações dos laboratórios (G1).

Segundo consta no Relatório de Monitoramento do Brasil Profissionalizado, realizado pela COEP/SEDUC, o acompanhamento dos processos, revela a morosidade no andamento das obras, ocasionado, principalmente, por problemas quanto à demora na regularização da documentação dos terrenos negociados pelas prefeituras (PARÁ, 2010a).

Até o ano de 2010, os municípios de Barcarena, Breves, Parauapebas, Santana do Araguaia, Santarém, Tomé-Açu, Vigia e Tucuruí, estavam com documento de ordem de serviço assinado pelo diretor/DRTI, Secretário de Educação responsável pelo município e responsável da firma, mas sem iniciarem as obras, segundo a SEDUC, por falta de empenho dos recursos. Em Xinguara faltava preparar esse documento; em Novo Progresso e em Oriximiná faltava as empresas ganhadoras do certame assinarem a ordem de serviço (PARÁ, 2010a).

Entretanto, após a realização de visita técnica, nos municípios de Breves, Parauapebas e Xinguara, se constatou que os terrenos não apresentavam condições para construção, tendo sido solicitado às prefeituras a mudança desses terrenos, para posterior envio de processo ao MEC. Com o processo de vistoria nos municípios, foi detectado que, em Novo Progresso, Santana do Araguaia e Tucuruí, os terrenos foram trocado por falta de condições para a execução da construção e aguardava-se nova documentação para assinaturas (PARÁ, 2011c).

No final do ano de 2011, tendo sido regularizada algumas situações, a COEP/SEDUC diagnosticou o seguinte quadro: os primeiros cinco municípios, citados anteriormente, iniciaram os serviços de escavações; já os municípios de Tomé-Açu, Tucuruí, Vigia, Xinguara e Novo Progresso estavam realizando os serviços iniciais de terraplenagem; e em Oriximiná foi definido um novo terreno para a construção da EETEPA (PARÁ, 2011c).

4.1.3 Os entraves à execução e finalização dos convênios do Brasil Profissionalizado no