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3.3 O PAR E SUA RELAÇÃO COM O PROGRAMA BRASIL PROFISSIONALIZADO

3.3.2 A elaboração do PAR/Brasil Profissionalizado no Pará

3.3.2.1 Gestão da Educação Profissional

Essa primeira dimensão foi composta no PAR/Brasil Profissionalizado por cinco áreas de atuação. A maioria das estratégias de ação dessa dimensão, e, portanto, de suas respectivas áreas, foi designada como demanda do Estado, a ser realizada pela SEDUC/PA.

Apenas uma ação referente à área da gestão democrática foi contemplada com assistência financeira do MEC. As áreas foram divididas da seguinte forma:

1) Organização da educação profissional no sistema de ensino, destinada a atualizar a regulação da mesma ao Decreto nº 5.151/04, sob a supervisão do Conselho Estadual de Educação (CEE). No ano de 2010, foi realizada uma alteração no PAR/Brasil Profissionalizado, em que se acrescentou uma ação para atualização e assinatura das resoluções que autorizam a oferta dos cursos técnicos pela SEDUC.

2) Gestão Democrática: articulação e desenvolvimento do sistema de ensino. Nesta área, foram indicadas quatro ações para execução direta do Estado, a saber: a criação e instalação dos Conselhos Escolares (CE) nas escolas da Rede EETEPA, e as respectivas eleições dos seus representantes; a elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP) de cada escola; o estabelecimento de vínculo e plano de carreira para os professores, com a previsão de realização de concurso público para composição do quadro permanente das escolas; e a contratação de professores, inclusive da área técnica, para atender a demanda de expansão de matrículas de educação profissional até a realização de concurso público.

Somente para o cumprimento da estratégia de estimular a elaboração do PPP em cada escola é que foi solicitada assistência financeira do MEC para realização do Seminário Estadual de Ensino Médio Integrado, divulgando as experiências de professores e alunos da rede de EETEPA e consolidar políticas públicas em prol dessa formação.

3) Desenvolvimento do ensino médio integrado. A responsabilidade era para que a SEDUC/PA diversificasse as formas de oferta de cursos da educação profissional, incentivando as matrículas de ensino médio integrado nas escolas de ensino médio regular da rede; nas escolas financiadas pelo PROEP; nas escolas indígenas, quilombolas, ribeirinhas ou outras comunidades tradicionais; nas escolas do Campo. Incentivar também a oferta e matrículas no PROEJA, na educação à distância, por meio do Programa E-Tec Brasil, além de oferecer na rede, de forma complementar, a concomitância.

4) Interação com a sociedade. A meta era para estabelecer parcerias com a Rede Federal no âmbito da formação e entre as escolas da rede estadual com organizações da sociedade civil.

5) Monitoramento. Esta área destinou-se para a criação de planos de monitoramento. O primeiro deveria ser para acompanhar a expansão da Rede EETEPA no estado. Para tanto, dever-se-ia elaborar um plano de monitoramento, construir um colegiado no âmbito da COEP/SEDUC para definir os aspectos a serem monitorados e estabelecer a periodicidade

para as reuniões de monitoramento entre colegiado e demais setores. O segundo plano de monitoramento seria para a correção de fluxo de pessoal, estabelecer sistemática de acompanhamento e correção de fluxo no âmbito da SEDUC.

Ainda nessa área, ficou definido que a SEDUC deveria criar formas de monitoramento adequado de quadro de pessoal para o acompanhamento de contratação e término das contratações dos docentes envolvidos na EPT, definir os critérios para contratação de professores e produzir relatórios anuais de contratação e término das contratações dos docentes. O último item de monitoramento foi referente à participação das escolas no Censo Escolar, no ENEM e em outros eventos do MEC para avaliar o rendimento e qualidade educacional.

A dimensão da Gestão da Educação Profissional do PAR/Brasil Profissionalizado revelou-se como a principal medida de planejamento a ser executada pelo Estado para organizar a sua Rede EETEPA. Trata-se da dimensão que impôs a necessidade de adequar a oferta do ensino profissional à legislação vigente, uma vez que as escolas da OS-ETPP estavam assentadas no Decreto 2.208/97, ofertando somente a forma subsequente e os cursos livres, sem a necessária vinculação com a educação básica.

A falta de organização da educação profissional se configurou como um dos principais problemas à elaboração do diagnóstico da rede, pois no momento de levantamento das informações sobre as escolas, a equipe da COEP/SEDUC se deparou com os seguintes entraves, como afirmou a entrevistada G1:

[...] a gente percebeu uma falta muito grande de documento, não tinham documentos (passados), de vez em quando, alguém achava uma pasta que tinha papéis da educação profissional que estava atrelada, mas tinha pouco documento. Por exemplo, toda a documentação referente a essa transição, à saída das escolas da SEDUC para a OS, o Contrato de Gestão da OS, isso tudo não tinha o registro dentro da SEDUC/PA, pelo menos não na Coordenação de Ensino Médio ou na Secretaria Adjunta de Ensino (G1).

A entrevistada continua argumentando sobre a falta de documentos e apresenta medidas adotadas para a consecução de informações no processo diagnóstico da rede estadual de ensino.

[...] Qual é a grande diferença do Brasil Profissionalizado, em termo de programa de financiamento? É que ele é feito por escola, ele é pensado e planejado para essa escola X, que se situa aqui, que tem que ter os documentos de regularidade de terreno, de dominialidade, enfim. Tinha uma série de critérios e documentos que tinha que ter, e fora isso, pra eu iniciar qualquer conversa sobre essa escola no Brasil Profissionalizado, eu tinha que saber em que escola eu queria trabalhar e qual era o

registro dessa escola no INEP, no censo, o número dela, o código da escola. Por meio disso daí, você começa a botar a escola lá e aí começa a fazer um planejamento, preencher todas as perguntas e coisas colocadas pra aquela especificamente. Então, essa foi uma primeira dificuldade porque as nossas escolas eram Escolas de Trabalho e Produção, elas não tinham registro na SEDUC e algumas não tinham registro no INEP e nem de coisa nenhuma [...] a gente teve que pedir a criação desses códigos, pelo menos pra gente começar o planejamento e foi o que aconteceu. Então eles criaram rapidamente os códigos junto com o INEP, a própria SETEC que fazia isso, já mandava o número pra gente, a gente lançava lá e conseguia trabalhar com os códigos (G1).

Conforme nos revelou a entrevistada G1, destaca-se que a falta de organização, a ausência de documentos e de informações sistematizadas sobre a educação profissional no Estado dificultou o processo de planejamento do PAR/Brasil Profissionalizado. Como as escolas da OS-ETPP não mantinham vinculação direta com o ensino regular, elas não tinham sequer cadastro no INEP.

Portanto, essa dimensão atribuiu ao Estado a obrigação de constituir e organizar a sua rede estadual de educação profissional, a fim de regulamentar os cursos por meio dos órgãos competentes, criar mecanismos que possibilitem a gestão democrática, como os conselhos escolares, diversificar a forma de oferta de vagas e cursos, principalmente, do Ensino Médio Integrado nas mais variadas modalidades e criar mecanismo de controle por meio de planos de monitoramento.