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Convenção de Seul MIGA (Agência Multilateral de Garantia de

No documento NVESTIMENTOSI NTERNACIONAIS E AC (páginas 80-83)

PARTE I – DOS INVESTIMENTOS INTERNACIONAIS

5.2. Convenção de Seul MIGA (Agência Multilateral de Garantia de

de Investimentos)115

A criação da MIGA116 foi aprovada na reunião anual do Conselho de Governadores do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)

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Inexiste texto oficial no idioma português adotado pelo Brasil, razão pela qual o texto a seguir está em português conforme adotado em Portugal: Artigo 25 – (1) A competência do Centro abrangerá os diferendos de natureza jurídica directamente decorrentes de um investimento entre um Estado Contratante [...] e um nacional de outro Estado Contratante, diferendo esse cuja submissão ao Centro foi consentida por escrito por ambas as partes”.

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Convention on the Settlement of Investment Disputes between States and Nationals of Other States. Mais informações em: <http://www.worldbank.org/icsid>. Acesso em: 25 de jan. 2006.

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O tratado que deu origem a esta agência foi aberto para assinatura em 11.10.1985 e entrou em vigor em 12.04.1988.

de 1985, realizada na Coréia, em Seul. A MIGA é um organismo que busca garantir os investimentos estrangeiros contra riscos não comerciais, como forma de fomentar o fluxo de investimentos entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, e entre os próprios países em desenvolvimento.

Sua missão também é promover os investimentos diretos estrangeiros117 nos países em desenvolvimento, para ajudar no crescimento econômico, na redução da pobreza e melhorar a vida das pessoas em geral.

Podem aderir à MIGA todos os países-membros do Banco Mundial que, ao ratificarem a Convenção de Seul, passam a usufruir de todos os benefícios oferecidos; os países são enquadrados nas seguintes categorias: (i) categoria I - países desenvolvidos e industrializados; e (ii) categoria II - países em desenvolvimento.

A MIGA aponta para o fato de que quase 28% da população mundial - 1.7 bilhões de pessoas – vive com menos de 1 dólar por dia e outros bilhões de pessoas vivem sem água potável e sem saneamento básico. Para isso, considera que:

Investimentos estrangeiros diretos podem desempenhar um papel crítico na redução da pobreza, através da construção de estradas, por exemplo, fornecendo água potável, eletricidade e, sobretudo, gerando empregos. Assumindo estas tarefas, o setor privado pode ajudar as economias a crescerem e fazer com que os governos utilizem o seu dinheiro em necessidades sociais, enquanto se beneficiam da oportunidade de fazer investimentos rentáveis.118

Dessa forma, verificando que o ambiente para investimentos e o cenário político possuem forte impacto na tomada de decisão pelo investidor e tendo em vista

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Outros programas nacionais de seguros contra risco antecederam a criação da MIGA. Podemos citar a OPIC (The Overseas Private Investment Corporation), dos Estados Unidos; a MITI (The Ministry of International Trade and Industry, do Japão; a ECGD (Export Credits Guarantee Department), do Reino Unido da Grã-Bretanha; a EDC (Export Development Corporantion), do Canadá. Quase a totalidade destas agências integram a The International Union of Credits and Investment Insures (The Bern Union). The Berrn Union é uma associação dos agentes públicos de exportadores de crédito e de asseguradores de investimentos cuja finalidade é o intercâmbio de informações entre os seus membros. 117

Foreign Direct Investment – FDI. 118

Texto original: “Foreign direct investors can play a critical role in reducing poverty, by building roads, for example, providing clean water and electricity, and above all, providing jobs. By taking on these tasks, the private sector can help economies grow and avert the need for governments to use funds better spent on acute social needs, while taking advantage of the opportunity to make profitable investments.” Disponível em: <www.miga.org>. Acesso: 25 de jan. 2006.

que os países mais pobres não oferecem boas condições naqueles dois requisitos, a MIGA vem oferecer solução para esses problemas através da concessão de seguro contra risco político; da assistência técnica aos investidores (informações jurídicas dos países, etc.); e da mediação de disputas. É, portanto, uma forma de ajudar “investidores” a lidar com tais riscos, através da concessão de seguros a determinados ‘projetos’.

Por “investidor”, a MIGA considera todas aquelas pessoas nacionais de um país-membro da MIGA, desde que não sejam também nacionais do país onde se está realizando o investimento. As pessoas jurídicas podem ser enquadradas como “investidores”, desde que tenham sua sede principal num país-membro da MIGA, ou que tenham a maioria do seu capital detido por pessoas nacionais de um país-membro.

Os projetos que podem ser assegurados pela MIGA incluem todos aqueles investimentos realizados a partir de um país-membro e que tenham como destino um país em desenvolvimento, associados à expansão, à modernização, à reestruturação financeira e à privatização de empresas públicas.

A Convenção de Seul, em seu artigo 12119, ao estabelecer quais investimentos internacionais podem ser objetos das garantias, definiu-os de maneira

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Artigo 12 - Investimentos Contemplados

a) Entre os investimentos contemplados como elegíveis para cobertura estará o capital aplicado a juro, incluindo empréstimos de médio ou longo prazo feitos ou garantidos por titulares de ações na empresa envolvida, bem como as formas de investimento direto que venham a ser determinada pela Junta.

b) A Junta, mediante maioria especial, poderá estender a elegibilidade a qualquer outra forma de investimento de médio ou longo prazo; todavia, empréstimos que não os mencionados no inciso (a) supra, somente poderão ser contemplados se estiverem relacionados a um investimento especifico que a Agência garante ou virá a garantir.

c) As garantias deverão restringir-se aos investimentos a serem feitos após o registro do pedido de garantia junto à Agencia.

Esses investimentos poderão incluir:

i) qualquer transferência de moeda estrangeira feita para modernizar, expandir ou desenvolver um investimento preexiste;

ii) o uso de receitas provindas de investimentos existentes e que poderiam de outra forma ser transferidos fora do país anfitrião.

a) Ao garantir m investimento, a Agência deverá avaliar:

i) a viabilidade econômica do investimento e sua contribuição ao desenvolvimento do país-anfitrião; ii) a observância das leis e dos regulamentos locais sobre investimentos;

iii) a coerência entre o investimento e os objetivos de desenvolvimento e as prioridades determinadas pelo Governo do país-anfitrião; e

iv) as condições de investimento no país-anfitrião, incluindo a disponibilidade de tratamento justo e imparcial, bem como de proteção legal para o investimento.

abrangente, dando ampla discricionariedade ao Conselho de Administração da MIGA para definir quais investimentos devem ser assegurados, que deverá guiar-se pelo conceito de investimento estrangeiro elaborado pelo FMI120.

Os seguros oferecidos pela MIGA cobrem aproximadamente 70 a 95% dos investimentos de médio e longo prazo, assim declarados pelo país receptor, estando assegurados os seguintes riscos: (i) restrições à repatriação de divisas; (ii) perdas resultantes de atos ou omissões do Poder Legislativo ou Executivo do Estado receptor do investimento que provoquem a perda da titularidade sobre o investimento, expropriação, ou a perda do controle sobre os benefícios obtidos com o investimento; (iii) cancelamento dos contratos por parte do Estado receptor do investimento, nos casos em que o investidor não pode ter acesso à justiça competente em face de demoras indevidas da justiça local ou quando não pode executar decisões proferidas em seu favor; (iv) perdas sofridas devido a conflitos armados ou guerras civis; e (v) outros riscos não comerciais que podem ser garantidos mediante um acordo entre o investidor e o Estado receptor do investimento, com a aprovação da MIGA.

Desde sua criação, até a data deste trabalho, a MIGA já emitiu mais de 800 apólices de seguro, no valor de US$ 14.7 bilhões, para projetos envolvendo mais de 91 países em desenvolvimento. Segundo dados da própria MIGA121, 42% dos seguros realizados são para investimentos que têm como destino países com alto risco e baixa renda, como por exemplo, países da África.

No documento NVESTIMENTOSI NTERNACIONAIS E AC (páginas 80-83)