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PARTE II – DA CONTRAPARTIDA SOCIAL

6.1. Histórico

Com a finalidade de contextualizar nosso ponto de vista, explicitaremos brevemente a construção histórica e a conceituação dos direitos humanos, bem como suas principais características. Nossa intenção é relacionar tais direitos com o dever de responsabilidade social das empresas (englobando o conceito de sustentabilidade, qual seja, a atuação empresarial deve ser ecologicamente correta, economicamente viável e socialmente justa) e sua conseqüente atuação econômica e social.

Nas palavras de José Damião de Lima Trindade:

Por onde começar uma história de Direitos Humanos? Isto depende do ponto de vista que se adote. Se for uma história filosófica, teremos que recuar a algumas de suas remotas fontes na antiguidade clássica, no mínimo até ao estoicismo grego, lá pelos séculos II ou III antes de Cristo, e a Cícero e Diógenes, na antiga Roma. Se for uma história religiosa, é possível encetar a caminhada, pelo menos no ocidente, a partir de certas passagens do Sermão da Montanha. Se for uma história política, já podemos iniciar com algumas das noções embutidas na Magna Charta Libertatum, que o rei inglês João Sem Terra foi obrigado a acatar em 1.215123.

Conforme acima transcrito, as origens dos direitos humanos reportam às origens do homem, passando pela Grécia de Aristóteles, por São Tomás de Aquino e pelo discurso dos jusnaturalistas, entre outros, ficando evidente no século XVIII, através dos iluministas — que tinham o homem e a razão como centro do universo —, que o ser humano possui direitos a ele inerentes, baseados na sua racionalidade.

De forma a evitar uma reconstrução histórica dos direitos humanos, podemos dizer que de fato se desenvolveram em resposta à atuação de um Estado

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TRINDADE, José Damião de Lima. A História dos Direitos Humanos. Direitos Humanos: construção da liberdade e da igualdade. São Paulo : Centro de Estudos da Procuradoria Geral do Estado, 1998. p. 23.

repressor e totalitário e estabeleceram garantias e liberdades ao cidadão comum contra os excessos daquele.

Hanna Arendt124 afirma que “os direitos humanos não são um dado, mas um construído, uma invenção humana, em constante processo de construção e reconstrução”. E Flávia Piovesan, em suas palestras sobre o tema, também assevera que os direitos humanos são “um mínimo ético irredutível da dignidade humana” e têm como destinatário toda e qualquer pessoa humana.

Os primeiros movimentos a favor dos direitos humanos, como por exemplo, a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, enfocaram mais as liberdades individuais, ou seja, os direitos civis e políticos, em detrimento dos direitos humanos econômicos, sociais e culturais, tendo em vista que naquela época nem mesmo aqueles direitos – direito de participar ativamente da vida política e determinar o rumo da nação e do próprio indivíduo – eram ainda assegurados ao cidadão. Nas palavras de Jayme Benvenuto Lima Jr.125:

As tensões sociais, desde sempre existentes, em menor ou maior grau, ainda não eram, ao tempo dessas declarações, compreensíveis enquanto tal para alçá-las a direitos exigíveis na mesma proporção que os direitos humanos civis e políticos. É importante, no entanto, observar que elas já se misturavam aos reclamos dos direitos humanos, numa prova de que tais direitos somam um todo indivisível e interdependente, ainda que à época de sua constituição não fosse possível ter tal clareza.

Embora as guerras entre as nações, e aqui citamos mais especificamente as duas guerras mundiais, tenham trazido perdas irreparáveis de vidas, foi exatamente após elas que se verificou o maior avanço dos direitos humanos.

Após a 1ª Guerra Mundial podem-se apontar dois marcos importantes na construção dos direitos humanos: (i) primeiro, em 1919, em meio à Conferência de Versalhes, o Pacto da Sociedade das Nações que criou a Liga das Nações, visando a

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LAFER, Celso. A Reconstrução dos Direitos Humanos: Um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo : Cia das Letras, 1988. p.134.

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LIMA JR., Jayme Benvenuto. Os Direitos Humanos Econômicos, Sociais e Culturais. Rio de Janeiro: Renovar, 2001, p. 20

manutenção da paz e da segurança internacional126, e (ii) na mesma Conferência de Versalhes, temos a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), voltada a assegurar condições dignas de trabalho à pessoa humana.

Desses dois marcos, entendemos que a OIT representa maior avanço em termos de direitos humanos, uma vez que, pela primeira vez, a pessoa do trabalhador ou mesmo a pessoa humana se encontra como sujeito de direito, como sujeito central de um organismo internacional ou de um tratado internacional.

Fazemos esta observação porque nem mesmo a Liga das Nações tinha como sujeito central o ser humano. Na realidade, a Liga preocupava-se muito mais em estabelecer os direitos dos Estados em caso de guerra ou ameaça127 do que direitos mínimos aos seres humanos.

Não obstante, vale lembrar, contudo, o contexto em que os direitos dos trabalhadores, expressos na criação da OIT, surgiram.

O início do século XX foi marcado por uma série de “revoltas” populares reivindicando melhorias nas condições de trabalho. A atividade industrial desenvolvida a partir do século XVIII não se preocupou muito em conceder aos trabalhadores condições mínimas de trabalho. Verificou-se ao longo dos séculos

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O art. 23 do Pacto da Sociedade das Nações estabelece que “Sob a reserva e em conformidade com as disposições das Convenções internacionais atualmente existentes ou que serão ulteriormente concluídas, os membros da Sociedade: 1. esforçar-se-ão por assegurar e manter condições de trabalho equitativas e humanas para o homem, a mulher e a criança nos seus próprios territórios, assim como em todos os países aos quais se estendam suas relações de comércio e indústria e, com esse fim, por fundar e sustentar as organizações internacionais necessárias; 2. comprometem-se a garantir o tratamento equitativo das populações indígenas dos territórios submetidos à sua administração; 3. encarregam a Sociedade da fiscalização geral dos acordos relativos ao tráfico de mulheres e crianças, ao comércio do ópio e de outras drogas nocivas; 4. encarregam a Sociedade da fiscalização geral do comércio de armas e munições com o país em que a fiscalização desse comércio é indispensável ao interesse comum; 5. tomarão às disposições necessárias para assegurar a garantia e manutenção da liberdade do comércio e de trânsito, assim com equitativo tratamento comercial a todos os membros da Sociedade, ficando entendido que as necessidades especiais das regiões devastadas durante a guerra de 1914 a 1918 deverão ser tomadas em consideração; 6. esforçar-se-ão por tomar medidas de ordem internacional a fim de prevenir e combater moléstias.

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Pacto da Sociedade das Nações. “Art.16. Se um Membro da Sociedade recorrer à guerra, contrariamente aos compromissos tomados nos artigos 12,13 ou 15, será "ipso facto" considerado como tendo cometido um ato de beligerância contra todos os outros Membros da Sociedade. Estes comprometer-se-ão a romper imediatamente com ele todas as relações comerciais ou financeiras, a interdizer todas as relações entre seus nacionais e os do Estado que rompeu o Pacto, e a fazer cessar todas as comunicações financeiras, comerciais ou pessoais entre os nacionais desse Estado e os de qualquer outro Estado, Membro ou não da Sociedade”.

XVIII e XIX condições subumanas de trabalho nas indústrias recém-criadas, com jornadas de trabalho superiores a dezesseis horas diárias, trabalho infantil e discriminação salarial no que diz respeito ao trabalho da mulher.

Neste contexto, podemos lembrar a famosa greve de 1909 realizada por um grupo de operárias da indústria têxtil Triangle Shirtwaist de Nova Iorque128. A reivindicação principal era a redução da jornada de trabalho, de mais de dezesseis horas por dia, para dez horas, sem mencionar que, pelo mesmo trabalho, estas operárias recebiam menos de um terço do salário dos homens. Dois anos mais tarde, em 25 de março de 1911, cerca de cento e trinta mulheres morreriam em um incêndio ocorrido na fábrica.

Dessa forma, tem-se que o clamor para melhores condições de trabalho e direitos mínimos no que diz respeito ao trabalhador eram reivindicações constantes da classe operária da época e necessitavam de resposta urgente por parte dos governantes; daí a criação da OIT.

Os princípios fundamentais da OIT, estabelecidos pela Declaração da Filadélfia de 1944 são:

a) o trabalho não é uma mercadoria; b) a liberdade de expressão e de associação é uma condição indispensável a um progresso ininterrupto; c) a penúria, seja onde for, constitui um perigo para a prosperidade geral; d) a luta contra a carência, em qualquer nação, deve ser conduzida com infatigável energia, e por um esforço internacional contínuo e conjugado, no qual os representantes dos empregadores e dos empregados discutam, em igualdade, com os dos governos e tomem com eles decisões de caráter democrático, visando o bem comum129.

Posteriormente ao fim da 2ª Guerra Mundial, ocorreu, em 1945, a criação da Organização das Nações Unidas que tem por objetivo

manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e

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Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Incêndio_na_fábrica_da_Triangle_Shirtwaist. Acesso em: 15 de jan. 2006.

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chegar, por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma perturbação da paz130,

desfazendo de vez a concepção, até então imutável, de soberania nacional.

No tocante à soberania nacional, Henrique Marcello dos Reis aponta que “enquanto outrora o Estado ou o monarca que o representava eram titulares da soberania absoluta, agora é o povo que está investido, por intermédio das normas de direitos humanos, dessa soberania. Essa concepção de soberania, formulada na DUDH, no PIDCP – Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos – e no PIDESC – Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – , é denominada de soberania popular”131.

O grande objetivo das Nações Unidas, tendo em vista o seu documento constitutivo, é impedir que os seres humanos fiquem novamente à mercê de tiranos e governos totalitários que abusam dos seus cidadãos não respeitando o mínimo ético da dignidade humana. Assim, “na concepção dos autores da Carta, o destino dos seres humanos nunca mais seria uma simples questão de livre determinação dos Estados”

132

.

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Carta das Nações Unidas (1945). “Artigo 1 - Os propósitos das Nações unidas são: 1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma perturbação da paz;

2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio de igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal;

3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e 4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses objetivos comuns”.

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Op. cit. p. 96. 132

Texto original: “In the mind of the authors of the Charter, no longer was the fate of human beings simply a matter for the free determination of States”. BHATT, Umesh. Human Rights – achievements

Ainda, segundo Umesh Bhatt, “a humanidade, como um todo, na recém criada Nações Unidas, falaria e agiria não só para promover a paz, mas para preservar, proteger e defender a dignidade da pessoa humana” 133.

A ONU é composta por seis órgãos principais: (i) Assembléia Geral; (ii) Conselho de Segurança; (iii) Conselho de Tutela; (iv) Conselho Econômico e Social; (v) Corte Internacional de Justiça; e (vi) Secretariado. Dentre eles, destacamos o Conselho Econômico e Social134, que tem por função principal a coordenação dos trabalhos em matéria econômica e social, a fim de assegurar a implementação eficaz dos direitos humanos no que diz respeito aos direitos econômicos e sociais.

Justamente nessa época, após a 2ª Guerra Mundial, houve um salto muito grande em relação aos sujeitos de Direito Internacional. Até então, o Estado era o único sujeito de direito no âmbito internacional; porém, após os tratados acima mencionados e, mais vigorosamente, após a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a pessoa passou a orbitar nesta mesma esfera jurídica como sujeito de direito, podendo demandar, internacionalmente, a garantia dos seus direitos básicos.

Segundo Patrícia Helena Massa Arzabe e Potyguara Gildoasssu Graciano, “é com a Declaração que o discurso dos direitos humanos toma forma e conteúdo mais precisos, passando a transitar cada vez com maior intensidade nos âmbitos político e jurídico”135.

Neste contexto, os direitos humanos passam a concernir a todas as nações, ficando o Estado sujeito à interferência externa, na medida em que não observe e garanta aos seus cidadãos os direitos humanos fundamentais. “A verdade é que os diretos humanos modificaram o direito internacional de forma significativa. Com

133

Texto original: “Humanity, as a whole, in the newly created United Nations, would speak and act not only to promote peace but to preserve, protect and defend the dignity of the human person”. Op. cit. p. 1.

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Carta das Nações Unidas. “ARTIGO 62 - 1. O Conselho Econômico e Social fará ou iniciará estudos e relatórios a respeito de assuntos internacionais de caráter econômico, social, cultural, educacional, sanitário e conexos e poderá fazer recomendações a respeito de tais assuntos à Assembléia Geral, aos Membros das Nações Unidas e às entidades especializadas interessadas”.

135

ARZABE, Patrícia Helena Massa. GRACIANO, Potyguara Gildoasssu. A Declaração Universal dos

Direitos Humanos – 50 anos. in Direitos Humanos: construção da liberdade e da igualdade. São Paulo :

efeito, se há um princípio incontestável após a Segunda Guerra Mundial, é aquele que estabelece que a forma pela qual um Estado trata seus próprios cidadão não pode ser extraída somente de seu direito interno”136.

O Estado passa a estar sujeito a uma ordem internacional de direitos que uma vez ratificados pelo país devem ser respeitados, lembrando-se que “os direitos humanos não contestam, isto é certo, a soberania dos Estados. O direito internacional não substitui o direito interno, mas, antes de tudo, fornece aos Estados soberanos instruções sobre os direitos internacionalmente aceitos”137.

Dessa forma, apesar de os direitos humanos estarem em constante construção, assim como vimos acima, podemos verificar seu assentamento definitivo e sua internacionalização, após a 2º Guerra Mundial, com o repúdio de todas as nações às atrocidades cometidas pelo regime nazista138. Foi a partir desse movimento de aversão às atrocidades cometidas na guerra que o mundo se uniu em busca de limites mínimos de defesa da dignidade humana; para tanto, a Assembléia Geral da ONU adotou, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, estabelecendo os direitos básicos inerentes a cada ser humano. A Declaração Universal é “uma fonte contínua de inspiração e apresenta as fundações para a proteção e promoção internacional dos direitos humanos [...]”139.

Cumpre observar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos não se perfez por meio de um tratado internacional, mas, sim, foi adotada pela ONU através de uma resolução da Assembléia Geral. Independentemente, tem sido

136

REIS, Henrique Marcello dos. Relações Econômicas Internacionais e Direitos Humanos. São Paulo : Quartier Latin, 2005. p. 96.

137

REIS, Henrique Marcello dos. Relações Econômicas Internacionais e Direitos Humanos. São Paulo : Quartier Latin, 2005. p. 90.

138

De fato a origem dos Direitos Humanos não possui data definida, podem ser verificados, em certos termos, até no Código de Hamurabi de 1694 AC, no qual se encontram os “Direitos e Deveres dos Oficiais, dos Gregários e dos Vassalos em Geral, Organização do Benefício” que dispõe, entre outros, sobre os direitos dos prisioneiros de guerra, passando pela Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, e Liga das Nações. Apenas tomamos a Declaração Universal dos Direitos Humanos como marco por ser o documento que melhor prevê os direitos mínimos de defesa da dignidade da pessoa humana de forma clara e precisa.

139

Texto original: “The significance of the Universal Declaration of Human Rights is not easily overestimated: it stands out as a continuous source of inspiration and lays down the foundation for the international promotion and protection of human rights and fundamental freedoms by the United Nations and its Member States”. BHATT, Umesh. Human Rights – achievements and challenges. Dehli : Vista International Publishing House, 2005. p. 214.

amplamente adotada por todas as nações como Direito Costumeiro Internacional, sendo inclusive citada como fonte de Direito em decisões judiciais. A Declaração Universal deve ser concebida “como a interpretação autorizada da expressão ‘direitos humanos’140 constante da Carta das Nações Unidas141”. Além disso, como veremos abaixo, influenciou na elaboração de diversas constituições nacionais do pós-guerra, como por exemplo a brasileira que traz consigo diversos direitos oriundos da Declaração. Desta forma, não paira dúvida sobre a validade legal e basilar da Declaração Universal em matéria de direitos humanos fundamentais.

Dessa feita, segundo Umesh Bhatt, “a Declaração Universal não representou um denominador mínimo de respeito aos direitos humanos; ao contrário, representou padrões desejáveis para a obtenção dos direitos humanos os quais eram muito elevados, quase utópicos para aquela época, os quais permanecem, em muitos aspectos, objetivos ainda a serem alcançados pelas nações atualmente”142.

Os 30 artigos que constituem a Declaração Universal dos Direitos Humanos enunciam duas grandes categorias de direitos: os direitos civis e políticos e os direitos econômicos, sociais e culturais. Embora os direitos civis e políticos tenham tido um maior reconhecimento no mundo quando da promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos do que os direitos econômicos, sociais e culturais, ambas categorias são tratadas como indivisíveis, interdependentes e interligados.

140

A Carta das Nações Unidas faz menção aos Direitos Humanos em seu artigo 1: “ARTIGO 1 - Os propósitos das Nações Unidas são:

1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma perturbação da paz;

2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio de igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal;

3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e 4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses objetivos comuns”. (grifo nosso)

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PIOVESAN, Flávia Cristina. Direitos Humanos ... Op. cit. p. 152. 142

Texto original: “The Universal Declaration did not represent a minimum common denominator of respect for human rights; on the contrary, it presented desirable standards in the attainment of human rights which were very high, almost utopian for that time, and which remain, in many respects, the objectives to be attained by the nations today”. Op. cit. p. 2.

Não obstante, com intento de tornar os direitos civis e políticos e os direitos sociais, econômicos e culturais juridicamente válidos e vinculantes, foram ainda elaborados dois tratados internacionais específicos sobre o tema, ambos adotados em 1966: (i) o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, e (ii) o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos; ambos delineiam e esclarecem os direitos concebidos e previstos na Declaração Universal.

Segundo Henry Steiner e Philip J. Alston143

a Declaração Universal dos Direitos Humanos reconhece dois tipos de direitos humanos: o tradicional direito civil e político, e os direitos econômico, social e cultural. Em transformando as provisões da Declaração em documento legalmente vinculantes, as Nações Unidas adotaram dois tratados internacionais distintos, que

No documento NVESTIMENTOSI NTERNACIONAIS E AC (páginas 85-96)