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CONVENÇÕES E CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS RATIFICADAS PELO

Internacionalmente a presença de Conferências garante documentos que legislam a favor de direitos humanos e, nestes, direitos das mulheres. O Brasil é signatário e tem feito-se presente em diversos destes documentos, espelhando na construção da Política Nacional para Mulheres pressupostos construídos por diversos países em conjunto.

Os trinta artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos53, de 10 de dezembro de 1948, pleiteiam direitos iguais para todas as pessoas, bem como para grupos sociais distintos. A Assembléia Geral das Nações Unidas proclamou a igualdade de direitos

53 Disponível em <http://www.onu-brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php>. Acesso em 31 de maio de

entre homens e mulheres e os definiu como direitos humanos fundamentais. Em seu artigo II, a Declaração reitera que os direitos nela expressos devem ser considerados sem qualquer discriminação em razão de raça ou sexo.

A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher54 – CEDAW – elaborada pela ONU em 1979, representa o documento mais importante para os Estados Signatários em termos de proteção social da mulher. Define as discriminações e, paralelamente, traça uma agenda de ações de combate às violências. Destacada a importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a CEDAW constitui-se a primeira legislação internacional específica para as mulheres. Suas recomendações são norteadas pelas preocupações em promover os direitos humanos e a importância da repressão a qualquer espécie de discriminação contras as mulheres. A Política Nacional para as Mulheres, do Brasil, cita em vários momentos as recomendações desta Convenção.

Considera-se ainda que a Convenção da Mulher, como ficou conhecida, seja tomada como parâmetro mínimo de ações dos Estados na promoção dos direitos das mulheres.

A Conferência Mundial de Direitos Humanos da ONU, de 1993, conhecida como Conferência de Viena55, reforçou a idéia de indivisibilidade dos direitos humanos. Como esforço dos movimentos de mulheres a Assembléia instituída nesta Conferência redefiniu os espaços das esferas pública e privada. Desta forma, as violências domésticas passaram à consideração de crimes contra os direitos humanos. Reiterou, também, o combate às formas de racismo, xenofobia e outras discriminações associadas ao gênero, além da igualdade imprescindível das condições sociais, políticas e econômicas e de direitos entre homens e mulheres.

A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, conhecida por Conferência do Cairo56, realizada em setembro de 1994, constituiu-se em um marco no que

tange ao desenvolvimento do debate a respeito dos direitos reprodutivos das mulheres. Seu Relatório não disponibiliza uma Declaração, mas um Programa de Ação, tomado como referência para políticas populacionais em diversos países do mundo.

54 Disponível em:

<http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/images/stories/PDF/docsfund/instru_inter_cedaw.pdf>. Acesso em 31 de maio de 2010.

55 Disponível em: <http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/images/stories/PDF/docsfund/conf_viena.pdf>.

Acesso em 31 de maio de 2010.

56 Disponível em:

<http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/images/stories/PDF/docsfund/instru_inter_cairo.pdf>. Acesso em 31 de maio de 2010.

A Organização dos Estados Americanos – OEA – em Assembléia Geral em 1994, instituiu a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, ou como ficou conhecida, Convenção de Belém do Pará57, reforçou que a violência contra as mulheres é uma violação de direitos humanos e constitui-se como o Acordo sobre violência mais importante internacionalmente. Sobre ele muitas ações foram constituídas na Política Nacional para as Mulheres no Brasil.

Esta Convenção definiu ações para a prevenção, medidas punitivas aos agressores e de apoio às vitimas de violência. A violência contra a mulher é considerada como toda expressão, ações e condutas de qualquer espécie, baseadas no gênero e que possam causar morte, danos ou sofrimentos às mulheres, sem distinção de espaço público ou privado. Definiu também, os aspectos das violências físicas, sexuais e psicológicas, além de fazer um chamado especial em relação à condição das mulheres que sofrem discriminação de raça/etnia.

No ano de 1995 foi realizada a Conferência Mundial sobre a Mulher, chamada de Conferência de Pequim58 e intitulada de Ação para a Igualdade, o Desenvolvimento e a Paz. Seus aspectos principais foram o debate a respeito da feminização da pobreza mundial, as formas de exclusão das esferas de poder e a violência contra as mulheres. A Plataforma de Ação resultou em uma série de recomendações que orientam a adoção de políticas que promovam a igualdade entre homens e mulheres.

Esta Conferência indicou doze áreas prioritárias sobre a questão dos direitos das mulheres: a) feminização da pobreza; b) a desigualdade no acesso à educação; c) acesso desigual aos serviços de saúde; d) a violência; e) os conflitos armados e sua incidência sobre as mulheres; f) a relação desigual das mulheres no mundo do trabalho e no acesso a recursos; g) a desigualdade na política e instâncias de decisão; h) a falta de mecanismos estatais que promovam os direitos das mulheres; i) mídia e estereótipos nos meios de comunicação, bem como desigual acesso a estes; j) as questões decisórias a respeito de recursos naturais e meio ambiente; e, k) a necessidade de proteção dos direitos das crianças.

A Conferência de Pequim registrou a importância dos conceitos de gênero, de empoderamento e de transversalidade nas políticas e ações de Estado na defesa dos direitos das mulheres e do combate à violência.

57 Disponível em: <http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/images/stories/PDF/docsfund/instru_inter_belem_para.pdf>. Acesso em 31 de maio de 2010. 58 Disponível em: <http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/images/stories/PDF/docsfund/instru_inter_pequim.pdf>. Acesso em 31 de maio de 2010.

A Declaração do Milênio59, de setembro de 2000, é fruto da reunião de 147 chefes de Estado na Cúpula do Milênio, promovida pela ONU. Definiu oito metas para que os Estados- parte atinjam até o ano de 2015. São elas: a) Valores e Princípios; b) Paz, Segurança e Desarmamento; c) O Desenvolvimento e a Erradicação da Pobreza; d) Proteção do nosso Ambiente Comum; e) Direitos Humanos, Democracia e Boa Governança; f) Proteção dos Grupos Vulneráveis; g) Responder às necessidades especiais da África; e, h) Reforçar as Nações Unidas.

Recomenda entre as ações propostas, a promoção da igualdade dos sexos e a autonomia das mulheres. Além disto, recomenda a criação e garantia de meios para combater a pobreza, a fome e as doenças que afetam especialmente as mulheres. A Declaração do Milênio ressalta e se compromete com o combate à violência contra as mulheres proposta pela Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher.

Marco regulatório importante para as questões dos direitos das mulheres também é encontrado na Declaração e Programa de Ação da III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, a Conferência de Durban60, realizada na África do Sul em setembro de 2001. Afirma que o racismo, a xenofobia e a intolerância correlata atingem as mulheres de forma diferenciada, tornando-as mais vulneráveis nas situações de pobreza e violência. São formas ainda mais graves de violação dos direitos humanos das mulheres.

A Organização Internacional do Trabalho – OIT – também se apresenta no debate da defesa dos direitos das mulheres. Notadamente suas Convenções representam recomendações que expressam a preocupação internacional pela igualdade de condições de trabalho entre homens e mulheres. Destacam-se as Convenções 100 e 111, que tratam, respectivamente, da igualdade de salários entre os gêneros, e do combate à discriminação racial no ambiente de trabalho somada às questões de gênero. Ambas as Convenções foram ratificadas pelo Brasil e fazem parte da Declaração da OIT sobre os Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho e seu Seguimento61.

59 Disponível em: <http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/images/stories/PDF/docsfund/declar_milenio.pdf>.

Acesso em 31 de maio de 2010.

60 Disponível em: <http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/images/stories/PDF/docsfund/conf_durban.pdf>.

Acesso em 31 de maio de 2010.

61 Disponível em: <http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/images/stories/PDF/crise/con_oit_100_111.pdf>.

A OIT apresentou também a Convenção 15662, em que trata da igualdade de tratamento para trabalhadores e trabalhadoras que apresentam responsabilidades familiares. Esta Convenção ainda não foi ratificada pelo Brasil.