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Saúde das mulheres, direitos sexuais e direitos reprodutivos

3.2 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

3.2.2 O II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres

3.2.2.3 Saúde das mulheres, direitos sexuais e direitos reprodutivos

I. Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres, em todas as fases do seu ciclo vital, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e a ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde integral em todo o território brasileiro, sem discriminação de qualquer espécie, sendo resguardadas as identidades e especificidades de gênero, raça/etnia, geração e orientação sexual.

(BRASIL, 2008, p. 80)

Este eixo pretende estimular o debate e criar medidas efetivas que resultem em uma política de saúde pública que possa garantir os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres em todas as fases do seu ciclo de vida, buscando compreender os ciclos geracionais e os grupos populacionais.

O Sistema Único de Saúde informa que são as mulheres as maiores usuárias da rede de atendimento (BRASIL, 2008). Desta forma, a política de saúde precisa, não apenas pelo significado numérico de mulheres atendidas mas porque historicamente o padrão de atendimento foi construído desigualmente entre os gêneros, ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no SUS.

A redução da morbidade e mortalidade de mulheres no Brasil e, principalmente por causas evitáveis, deve ser encarada como um desafio para as instâncias de gestão do sistema de saúde.

São as principais causas de mulheres (BRASIL, 2008): a) doenças cardiovasculares; b) acidente vascular cerebral; c) neoplasias (câncer de mama, pulmão e colo do útero); d) doenças do aparelho respiratório; e) doenças do sistema endócrino, nutricionais e metabólicas (como a diabetes); e, f) causas externas.

A saúde sexual e reprodutiva merece destaque por seus inúmeros desdobramentos. Se, por um lado a anatomia feminina comporta cuidados especiais com sua saúde, são mais suscetíveis a doenças sexualmente transmissíveis de transmissão vertical, como a sífilis e o HIV/AIDS. As mulheres negras têm maior incidência de diabetes tipo II, miomas, hipertensão e anemia (BRASIL, 2008).

Números de mortalidade materna ainda são alarmantes no país. Em 2005 foram 74,6 óbitos a cada grupo de 100 mil nascidos vivos. Em países considerados desenvolvidos este índice se encontra entre 6 e 20 mortes por grupos de 100 mil nascidos vivos (BRASIL, 2008). Necessita-se ainda de uma preocupação especial com a qualidade dos atendimentos obstétricos e de acesso à assistência pré-natal, principalmente em regiões do nordeste brasileiro e em áreas rurais.

O planejamento familiar é apontado por este eixo do II Plano Nacional de Políticas para Mulheres. Questão de saúde pública que precisa de investimento, bem como a questão do parto, vertiginosamente crescendo no tipo cesariana. Outra questão de especial atenção é a necessidade de deslocamento para o interior, de unidades preparadas e capacitadas para partos mais seguros.

A questão do aborto tem se colocado de forma bastante freqüente nas discussões acerca dos direitos reprodutivos das mulheres, e absorvido pelas instituições públicas. O que chama atenção para o debate vai além da questão do direito reprodutivo e perpassa as conseqüências que um aborto domiciliar ou em clínicas irregulares pode causar: 50% deles apresentam graves complicações (BRASIL, 2008). É, portanto, uma questão de saúde pública que precisa desvencilhar-se dos preconceitos e das amarras sociais de gênero e aprofundar um debate com profissionais e usuários do SUS.

A organização de uma vigilância epidemiológica pelo Ministério da Saúde e pelas Secretarias Estaduais e Municipais aparece como importante, seja no atendimento materno ou no atendimento e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.

A „Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher‟, lançada em 2004, foi construída por segmentos da sociedade civil e movimentos feministas, tendo a participação importante da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres e da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Incorpora a partir de um recorte de gênero os preceitos do Sistema Único de Saúde como a integralidade e promoção da saúde, buscando atrelar os debates recentes sobre direitos sexuais e reprodutivos.

Aumentar o acesso das mulheres à assistência em saúde e aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, com especial atenção ao combate da violência doméstica e sexual são elementos principais das linhas mestras deste eixo.

Além disto, a atenção em saúde das mulheres indígenas, em situação de prisão, lésbicas, bissexuais, mulheres que fazem sexo com outras mulheres, travestis e transgêneros tem estado no centro dos debates sobre a necessidade de implantação de políticas especificas para estes grupos, dadas suas condições particulares e o histórico preconceito a elas instaurado.

São prioridades: a) promoção à saúde das mulheres no climatério; b) estímulo para a organização da atenção às mulheres com queixas ginecológicas; c) estimular a implantação e implementação da assistência em planejamento familiar; d) promover a assistência obstétrica qualificada e humanizada, especialmente entre as mulheres negras e indígenas, incluindo a atenção ao abortamento inseguro, de forma a reduzir a morbimortalidade materna; e) promover a prevenção e o controle das doenças sexualmente transmissíveis; f) redução da morbimortalidade por câncer cérvico-uterino e a mortalidade por câncer de mama; g) promover a implantação de um modelo de atenção à saúde mental das mulheres, considerando as especificidades étnico-raciais; h) estimular a implantação da Atenção Integral à Saúde das Mulheres, por meio do enfrentamento das discriminações e do atendimento às especificidades étnico-raciais, geracionais, regionais, de orientação sexual, e das mulheres com deficiência, do campo e da floresta e em situação de rua; i) fortalecimento da participação e mobilização social em defesa da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher; j) propor alterações de legislação com a finalidade de ampliar a garantia do direito à saúde, contemplando os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde.