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Educação inclusiva, não-sexista, não-racista, não-homofóbica e não-lesbofóbica

3.2 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

3.2.2 O II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres

3.2.2.2 Educação inclusiva, não-sexista, não-racista, não-homofóbica e não-lesbofóbica

I. Contribuir para a redução da desigualdade de gênero e para o enfrentamento do preconceito e da discriminação de gênero, étnico-racial, religiosa, geracional, por orientação sexual e identidade de gênero, por meio da formação de gestores/as, profissionais da educação e estudantes em todos os níveis e modalidades de ensino.

II. Consolidar na política educacional as perspectivas de gênero, raça/etnia, orientação sexual, geracional, das pessoas com deficiência e o respeito à diversidade em todas as suas formas, de modo a garantir uma educação igualitária.

III. Garantir o acesso, a permanência e o sucesso de meninas, jovens e mulheres à educação de qualidade prestando particular atenção a grupos com baixa escolaridade (mulheres adultas e idosas, com deficiência, negras, indígenas, de comunidades tradicionais, do campo e em situação de prisão).

(BRASIL, 2008, p. 61)

O II Plano Nacional de Políticas para Mulheres reconhece que as diferenciações baseadas no gênero segmentam-se em outras e agravam-se ainda mais quando sobrepostas. A proposta por uma educação com linhas inclusivas, não-sexistas, não-racistas, não- homofóbicas e não-lesbofóbicas demonstra a opção por processos educacionais formais comprometidos com o tratamento igualitário dispensado a homens e mulheres.

Comprometer-se com este molde educacional implica em saber tratar as diferenças geracionais, étnico-raciais, de orientações sexuais, de deficiências e tantas outras que surgem

no ambiente escolar de forma a solidificar uma política educacional em que temas transversais sejam tratados para a construção de uma sociedade igualitária. Investe particularmente na idéia de mudança de padrões comportamentais de crianças e jovens a partir das primeiras séries de ensino.

O II PNPM constitui-se neste eixo como baliza para programas educacionais e por isto sugere a aproximação do Ministério da Cultura e também das Secretarias de Educação Estaduais e Municipais como forma principal de alcançar seus objetivos.

Outros Planos e Programas são citados neste eixo como coadjuvantes do processo de construção das políticas educacionais. São eles: a) Plano de Desenvolvimento da Educação (2007); b) Programa Brasil Sem Homofobia (2004); c) Política Nacional da Igualdade e Racial (2003); e, d) Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos72 (2003).

Escolarização e analfabetismo são dados importantes quando se traçam políticas educacionais nos termos da inclusão, do não-sexismo, do não-racismo, da não-homofobia e não-lesbofobia. Quando se analisam os números do analfabetismo no Brasil imbricados com os fatores citados, os números são ainda mais alarmantes.

Tabela 9 – Taxa de Analfabetismo – Brasil, 2006

(Dados em %)

Cor/Raça Total Feminino Masculino

Branca 06,50 06,65 06,32

Negra (Preta + Parda) 14,58 14,10 15,07

Preta 14,15 14,58 13,70

Parda 14,65 14,01 15,32

Outros* 07,12 07,02 07,24

Total 10,38 10,14 10,65

FONTE: BRASIL, 2008, p. 55.

* Considera as populações autodeclaradas amarelas, indígenas e as de cor/raça não declaradas.

A taxa de analfabetismo tem caído entre as mulheres, principalmente as nordestinas, segundo informa o II PNPM (BRASIL, 2008). Mas, ainda preocupa é que as mulheres são em menor número na educação especial, educação infantil, educação fundamental e no ensino de jovens e adultos.

Tabela 10 – Matrículas segundo sexo – Brasil, 2006

Modalidade de Ensino Total Sexo

Feminino (em %) Masculino (em %)

Educação Infantil 7.016.095 48,59 51,41 Ensino Fundamental 33.22.663 48,66 51,34 Ensino Médio 8.906.820 54,06 45,94 Educação Profissional 744.690 50,87 49,13 Educação Especial 375.48 42,39 57,61 Educação de Jovens e Adultos – Presencial 4.861.390 50,30 49,70 Educação de Jovens e Adultos – Semipresencial 754.901 49,38 50,62 Total 55.942.047 49,65 50,35 FONTE: BRASIL, 2008, p. 54.

O desafio deste eixo do II PNPM vai além e adentra o ensino superior no Brasil. A majoritária presença de mulheres em determinadas áreas do conhecimento e profissionais reflete a divisão sexual do trabalho, historicamente atribuindo às mulheres o papel social do cuidado, da educação, ao mundo privado. Com dados bastante antagônicos entre si, os cursos que mais matricularam mulheres e homens no ensino superior, em 2005 foram, respectivamente, Pedagogia (91,3%) e Engenharia (79,7%). Ainda assim, as mulheres foram responsáveis por 55,9% das matrículas no ensino superior daquele ano (BRASIL, 2008).

Romper com a lógica da divisão sexual do trabalho significa oferecer novos rumos para a formação profissional e isto é ofertado por este segundo grande tema do II Plano Nacional de Políticas para Mulheres a partir de programas educacionais e da reformulação da política educacional nos moldes da inclusão e respeito à diversidade. Significa transformar as sensibilidades e representações sociais acerca das relações de gênero e orientações sexuais a partir de ações com os estudantes em todos os níveis educacionais. É romper a lógica em seu mecanismo de reprodução.

Assim, revisar os currículos escolares bem como os materiais didáticos e para- didáticos com vistas a eliminar as desigualdades e oferecer uma nova visão acerca das diferenças torna-se primordial para os Planos construídos a partir da matriz nacional.

Mais ações são também previstas como: redução do analfabetismo feminino entre negras, indígenas e mulheres acima de 50 anos; ampliar o acesso ao ensino profissional e

tecnológico com equidade de gênero e raça/etnia; formar em temas da equidade de gênero e valorização das diversidades os gestores/as e servidores/as de gestão direta, das sociedades de economia mista e autarquias, além de profissionais da educação e estudantes dos sistemas de ensino público de todos os níveis; contribuir para a redução da violência de gênero; estimular a participação das mulheres nas áreas cientificas e tecnológicas.

São prioridades deste eixo: a) promover a formação inicial e continuada de gestores/as e profissionais da educação e a formação de estudantes da educação básica para a equidade de gênero, raça/etnia e o reconhecimento das diversidades; b) promover a formação de jovens e adultas para o trabalho; c) estimular a produção e difusão de conhecimentos sobre gênero, identidade de gênero e orientação sexual além de raça/etnia em todos os níveis de ensino; d) promover medidas educacionais para o enfrentamento da violência contra as mulheres; e) ampliar o acesso e a permanência na educação de grupos de mulheres com baixa escolaridade.