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4.1 APRESENTAÇÃO DAS COOPERATIVAS UNIDADES

4.1.2 Cooperativa Central Agro-industrial Ltda. (Confepar)

a) A origem 14

Segundo o projeto da fábrica da empresa Kamby S/A - Indústria de Produtos Alimentícios (1976), hoje Confepar, o objetivo principal da implantação da fábrica de leite em pó em Londrina era absorver o excesso de leite em épocas de safra na região.

Na ocasião, um dos argumentos utilizados para pleitear o financiamento foi que a sua localização em Londrina era estratégica, pois se encontrava no meio de duas regiões consideradas pelo governo federal como bacias leiteiras: o Norte Velho e o Norte Novo do Paraná.

Assim, a fábrica não teria problemas relacionados com o abastecimento de matéria-prima e muito menos de escoamento da produção, uma vez que o suprimento tanto regional como nacional era comprovadamente deficitário, especialmente nos períodos de entressafra. Nessa época o governo, para suprir o abastecimento de leite no país, a exemplo de hoje, realizava importações de leite em pó.

14Informações obtidas no projeto de implantação da fábrica de leite em pó da empresa Kamby S/A - Indústria de Produtos Alimentícios (1976) e na Carta Consulta elaborada pela Confepar e enviada para a Ocepar em 1998, para fins de enquadramento no Plano de Revitalização das Cooperativas (Recoop).

A Confepar foi constituída em 1982, por quatro cooperativas centrais formadas por 30 cotas, sendo mais tarde repassadas para suas 30 cooperativas singulares para aquisição da unidade Kamby S/A- Indústria de produtos Alimentícios. A maioria dessas cooperativas singulares atuava na atividade leiteira, sendo que algumas delas atuavam na área de grãos, mas colaboraram para dar viabilidade ao negócio.

Após a concretização da operação de compra da empresa, os seus entrepostos de recebimento de leite foram repassados para as cooperativas que atuavam nas respectivas regiões, pelos mesmos valores de aquisição.

b) O início das atividades

Durante dez anos a Confepar funcionou como uma industrializadora. Adquiria o leite in

natura de cooperativas (filiadas ou não) e de empresas não-cooperativas. Depois

industrializava e comercializava leite em pó integral e outros produtos derivados, com a marca Polly. Prestava, ainda, serviços de secagem de leite e, esporadicamente, de ovos para outras empresas. Assim, funcionava como reguladora da bacia leiteira do Paraná.

Em julho de 1995, os dirigentes da Confepar resolveram mudar a forma de atuação da empresa, em virtude das dificuldades decorrentes da falta de matéria-prima. Dessa forma, a empresa deixou de exercer atividades de compra e venda de produtos lácteos e passou a ser uma empresa essencialmente prestadora de serviço de secagem de leite e envazadora de leite longa vida paras as filiadas e para terceiros.

Nos dois anos seguintes continuou prestando serviços de secagem de leite para terceiros e dependendo da remessa da sobra de leite das filiadas, mas as mesmas direcionavam, primeiramente, o leite in natura para as suas respectivas indústrias, para a fabricação de leite pasteurizado, queijos e outros derivados. Somente após, o que sobrava do leite era enviado para a Confepar industrializar leite em pó e leite longa vida com as suas marcas. Entretanto, a estrutura da Confepar era muito grande para ser viabilizada somente com a prestação de serviços para terceiros e o custo dos serviços cobrados das filiadas acabava sendo super faturado, o que onerava o preço final dos produtos fabricados para as mesmas.

serviços para as suas filiadas e terceiros. Nos anos posteriores passou a funcionar no sistema integrado com outras cooperativas. Em 1997 a Confepar possuía nove filiadas que, juntas, tinham um capital integralizado na Confepar na ordem de R$ 3.388.349,50. Na figura 5 é demonstrado em percentuais a participação de cada uma das filiadas no capital: Cooperativa de Laticínios do Paraná Ltda. (CCLPL), Cooperativa de Laticínios de Maringá Ltda. (Colmar), Cooperativa Agropecuária de Londrina Ltda. (Cativa), Cooperativa Central Norte Ltda. (Centralnorte), Cooperativa de Laticínios de Mandaguari Ltda. (Colari), Cooperativa Platinense dos Cafeicultores Ltda. (Coplac) e Cooperativa de Laticínios de Curitiba Ltda. (Clac).

FIGURA 5 – POSIÇÃO DE CAPITAL DE COOPERATIVAS FILIADAS, EM 1997 FONTE: Cooperativa Central Agro-industrial Ltda. (1997)

NOTA: Elaboração própria com base nas informações da pesquisa.

As filiadas enviaram para a Confepar, no ano de 1997, um volume de 128.816.424 litros de leite, com a finalidade de produzir leite longa vida, leite em pó e soro em pó.

Manteve uma média/ano de 198 funcionários, atuando nas diversas áreas da empresa. Gerou uma receita bruta, no ano, de R$ 9.921.375,57, com despesas totais de R$

Clac 0,18% Coplac 4,54% Colmar 13,35% Cativa 29,96% CCLPL 0,53% Colari 12,65% CentralNorte 38,79%

8.057.945,78, resultando em uma sobra líquida no exercício de R$ 1.863.49,79. A figura 6 demonstra os percentuais das despesas e sobras líquidas em relação às receitas.

FIGURA 6 – DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS E SOBRAS LÍQUIDAS EM RELAÇÃO ÀS RECEITAS, EM 1997

FONTE: Cooperativa Central Agro-industrial Ltda. (1997)

NOTA: Elaboração própria com base nas informações da pesquisa.

c) Os concorrentes15

No tocante à venda de leite em pó, as principais concorrentes eram e continuam sendo grandes empresas atuantes no mercado nacional, dentre as quais a Nestlé Brasil Ltda. e a Fleischmann Royal. No setor de leite longa vida destacavam-se cooperativas como Batavo, SUDCOOP, Clac e Paulista, além de empresas como o Laticínios Líder Ltda., a Parmalat e muitas outras empresas vindas de regiões diferentes.

d) O crescimento16

15Informações obtidas na Carta Consulta elaborada pela Confepar e enviada para a Ocepar em 1998, para fins de enquadramento no Plano de Revitalização das Cooperativas (Recoop).

16Informações obtidas na Carta Consulta elaborada pela Confepar e enviada para a Ocepar em 1998, para fins de enquadramento no Plano de Revitalização das Cooperativas (Recoop).

Custos das Vendas 54,82% Despesas Tributárias 1,50% Despesas Operacionais 19,15% Sobras Liquidas do Exercício 18,78% Deduções das Vendas 5,75%

Em 1989 a Confepar construiu uma unidade de concentração de leite em Marechal Cândido Rondon-PR, visando reduzir o custo do frete de transporte de soro de leite oriundo da fábrica de queijo da sua filiada SUDCOOP, que até então era enviado para secagem em Londrina. Em 1994 adquiriu uma unidade de envase de leite longa vida para fabricação do produto com a marca Polly.

e) O mercado de atuação17

A Confepar nunca atuou diretamente na aquisição de matéria-prima junto ao produtor rural, tendo sempre adquirido a mesma de empresas cooperativas e laticínios, uma vez que as suas filadas já o faziam. Portanto, não fazia concorrência com elas. Atuava no mercado nacional através de um departamento comercial próprio, efetuando venda de leite em pó e de leite longa vida.

f) As dificuldades18

Com o aumento da capacidade de produção individual das cooperativas e com o aumento da concorrência por empresas não-cooperativas vindas de outras regiões e estados, o leite produzido no Estado do Paraná, que até então estava disponível quase que na totalidade para as cooperativas, diluiu-se para muitas empresas. Isso fez com que a Confepar, aos poucos, fosse perdendo a sua característica de industrializadora de leite excedente, principalmente no período de safra, ficando, assim, inviabilizada a sua proposta inicial que consistia na transformação do leite in natura excedente da região, em leite em pó.

Em julho de 1995 os dirigentes das filiadas da Confepar resolveram mudar o seu perfil e transformaram-na em uma empresa prestadora de serviços. Ou seja, a Confepar recebia a matéria-prima das filiadas, a industrializava, repassava os custos de fabricação e devolvia os produtos acabados para as filiadas comercializarem individualmente com as suas respectivas

17Informações obtidas de forma verbal com funcionários da empresa, em outubro 2001.

18Informações obtidas da Carta Consulta elaborada pela Confepar e enviada para a Ocepar em 1998, para fins de enquadramento no Plano de Revitalização das Cooperativas (Recoop).

marcas próprias, além de continuar prestando serviços para empresas particulares, fora do sistema cooperativista e para cooperativas não filiadas.

Nessa época, os presidentes das cooperativas singulares de leite do Norte do Paraná manifestavam a intenção de criar uma cooperativa central, com o intuito de centralizar as suas atividades industriais e comerciais em uma única plataforma, a fim de otimizar a produção e a comercialização. Assim, passaram a considerar a hipótese de a Confepar ser essa empresa. Porém, havia o inconveniente de estarem filiadas à Confepar outras cooperativas fora da região Norte do Paraná, como era o caso das cooperativas SUDCOOP, CCLPL, Clac e Cooperativa Agropecuária de Cascavel Ltda. (Coopavel).

Para resolver esse problema, os presidentes das cooperativas de leite do Norte do Paraná articularam para que as cooperativas de outras regiões se desligassem da Confepar . Assim, em novembro de 1996 isso aconteceu, ficando filiadas somente as cooperativas singulares de leite do Norte do Paraná.Com o desligamento das cooperativas centrais do grupo, (Batavo e SUDCOOP), descaracterizou a continuidade da cooperativa na forma de uma confederação e a cooperativa foi transformada em uma cooperativa central.

A partir desse momento começou a busca de uma integração industrial em torno da Confepar, através da integração das cooperativas, objetivando obter a competitividade necessária e volumes de matéria-prima para que a única indústria de leite em pó do Paraná e Santa Catarina permanecesse nas mãos do sistema cooperativista, trazendo benefícios e tranqüilidade aos produtores. Entretanto, não se chegava a um consenso que viabilizasse a desejada integração, a qual só veio a ocorrer mais tarde, devido à exigência de integração das cooperativas de leite do Norte do Paraná em torno da Confepar, estabelecida pelo Recoop, tendo sido o projeto denominado Nova Confepar.

Na seqüência são apresentados e discutidos os resultados da pesquisa de campo e, após, segue-se a conclusão deste trabalho.

4.2 PROCESSO DE FORMAÇÃO, ESTRUTURAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO