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8 POR UMA COREOGRAFIA FORMATIVA INOVADORA: ELEMENTOS

8.2 COREOGRAFIAS DIDÁTICAS DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE

CONSTRUINDO AS BASES DOS ELEMENTOS PARA UMA PROPOSTA FORMATIVA INOVADORA

Em se tratando de uma proposta com uma abordagem que focaliza a formação continuada de professores com analogia à abordagem das coreografias didáticas propostas por Zabalza (2006), as dimensões apresentadas são articuladas entre si e se articulam aos componentes das coreografias.

Nessa direção, há de se ressaltar que a organização que apresentamos a seguir, estruturada para fins didáticos, não é engessada, mas processual e cíclica, relacionando-se mutuamente. Além disso, a nossa intenção é refletir sobre os elementos de composição de uma proposta que procura dar conta da formação continuada de professores no âmbito do uso pedagógico das tecnologias digitais, caracterizando as especificidades previstas para esse processo.

Dentre as dimensões que consideramos significativas no processo de formação de professores para o uso pedagógico das tecnologias, destacamos a dimensão contextual, a dimensão profissional, a dimensão institucional-formal, a dimensão teórica-conceitual, a dimensão técnica, a dimensão emocional e relacional, a dimensão pragmática e a dimensão avaliativa. Essa organização pode ser idealizada na figura a seguir:

Figura 31- Dimensões envolvidas na Formação Continuada de Professores para o uso pedagógico das tecnologias digitais na proposta de tese

Conforme apresentado na figura acima, consideramos que além das dimensões evidenciadas por ocasião da análise dos dados é possível a inclusão de mais dois elementos que conjuntamente articulados aos demais podem contribuir com a compreensão dos elementos indispensáveis à construção de propostas formativas continuadas inovadoras para uso pedagógico das tecnologias digitais nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Dentre as dimensões que acrescentaríamos na composição da definição dos elementos, destacam-se a dimensão emocional e relacional e a dimensão avaliativa. Entendemos que tais dimensões envolvem elementos imprescindíveis relativos à formação continuada de docentes e não podem ser suprimidas no processo formativo na rede investigada.

Na dimensão emocional e relacional evidenciam-se os elementos relativos ao “eu” do sujeito aprendiz, o qual interfere fortemente nas relações que estabelece com o meio físico e social, tal como preconizado na proposta vygotskyana.

É nessa dimensão que estão relacionados os aspectos mais particulares do sujeito (seus interesses, vontades, preferências) é o olhar sobre o ser individual e suas emoções, as quais podem contribuir (ou não) com a construção de novas aprendizagens.

Vale pontuar que, não se trata aqui de particularizar o processo formativo a partir das emoções de cada sujeito, especialmente num contexto tão plural e multifacetado quanto o investigado. Mas, ao contrário, é preciso pensar estratégias de que o contexto formativo continuado de docentes se estabeleça enquanto um contexto acolhedor que respeita as particularidades dos sujeitos, sem perder de vista o alcance dos objetivos educacionais previstos.

Entendemos ser este um grande desafio!

Entretanto, se considerarmos os professores como aliados nesse processo, desde a sua concepção (no movimento da antecipação) até a consolidação do produto da aprendizagem (especialmente, se considerado a avaliação como retroalimentadora desse processo), é bem possível que alcancemos êxito, uma vez que professores e multiplicadores (formadores em tecnologias na educação) aparecem como co-responsáveis pelas ações (e reações) decorrentes do seu processo de formação continuada para o uso pedagógico das tecnologias digitais.

Quanto à dimensão avaliativa esta refere-se à retroalimentação do processo pedagógico efetivado nas formações continuadas e se articula com a

perspectiva diagnóstica, formativa e somativa desse processo. Isto significa que o processo não se encerra com o produto da aprendizagem, mas é reconstruído a partir do feed-back que se estabelece nesse processo. Além disso, é possível desenvolver a estratégia da autoavaliação com os docentes, promovendo a reflexão de sua atuação no processo formativo de aprendizagem.

Esse direcionamento traz à tona a participação efetiva do aprendiz (professor) o que suscita sua autonomia, protagonismo e engajamento nas práticas formativas vivenciadas.

Vale pontuar, entretanto que apesar de reconhecermos que a perspectiva avaliativa está presente ao longo de todo o processo pedagógico, inclusive enquanto um elemento da mediação docente, ela aparece fortemente imbricada no componente produto das coreografias didáticas, ganhando força e visibilidade enquanto uma atividade que proporciona a retroalimentação do processo pedagógico com uma maior possibilidade de alcance e intervenção.

Assim, mesmo considerando uma perspectiva formativa e contínua da avaliação da aprendizagem docente, a partir do componente produto nas coreografias didáticas, fica mais visível o que foi construído em termos de aprendizagem. Isto significa que, com a finalização de um processo de construção de determinadas aprendizagens previstas, especialmente àquelas no âmbito das tecnologias digitais, é possível obter não apenas um panorama macro do processo pedagógico vivenciado, mas, principalmente identificar avanços e lacunas oportunizadas com o desenvolvimento desse processo,

Assim, entendemos que a dimensão avaliativa realça a avaliação da aprendizagem como retroalimentadora do processo formativo vivenciado, inclusive enquanto um elemento inerente e/ou constituinte desse processo.

A partir desta tese, evidenciamos, mais efetivamente, o componente da avaliação nas coreografias didáticas da formação continuada de docentes dos anos iniciais do Ensino Fundamental para o uso pedagógico das tecnologias digitais na tentativa de realçar a retroalimentação desse processo, o que nos conduz a compreender o que, de fato, foi significativo e o que, de fato precisa ser melhorado, ampliado, ou ainda, excluído da prática formativa vivenciada.

Além disso, entendemos que é a partir do componente da avaliação nas coreografias didáticas de professores para o uso pedagógico das tecnologias digitais, que novas antecipações são fomentadas e previstas, uma vez que esta

avaliação fornece dados sistemáticos do contexto, dos sujeitos, dos processos e das aprendizagens construídas.

Vejamos, na figura a seguir, como podem se configurar os componentes das coreografias didáticas no processo de formação continuada de professores para o uso das tecnologias digitais nos anos iniciais do Ensino Fundamental:

Figura 32 - Coreografias didáticas, Formação Continuada de Professores e Tecnologias

Fonte: Etiane Valentim da Silva Herculano (2019).

Há de se destacar também que a avaliação nesse processo formativo de docentes para o uso pedagógico das tecnologias digitais não deve acontecer numa perspectiva de verticalidade, mas, ao contrário, é preciso, tal como nos demais componentes envolver todos os sujeitos e/ou variáveis do processo pedagógico.

Ainda retomando o modelo de Zabalza (2006) em articulação com nossas proposições vejamos como se apresenta essa configuração:

Figura 33 - Coreografias didáticas e Formação Continuada de Professores

Na figura acima é possível visualizar como pode ser organizada uma proposta de formação continuada de professores numa perspectiva das coreografias didáticas em articulação com nossas proposições. O detalhamento de cada um dos elementos que compõem essa pirâmide será explicitada nas linhas que se seguem.

No contexto sócio-educacional são evidenciados os elementos do contexto, tanto em termos das questões sociais, na qual a cena pedagógica se desenvolve, tanto em termos educacionais, observando-se os fundamentos basilares da ação pedagógica. Esse contexto se articula com a dimensão contextual, explicitada anteriormente e coaduna com o componente da antecipação nas coreografias didáticas. Esse aspecto relaciona-se, diretamente, com a dimensão

contextual e a dimensão institucional-formal.

Ainda no componente da antecipação e, posteriormente ao mapeamento socioeducacional da prática pedagógica, decorre o planejamento compartilhado da cena. Nessa direção, não apenas um, mas muitos sujeitos representativos de diferentes segmentos (professores, técnicos, multiplicadores, gestores, coordenadores pedagógicos) estão envolvidos e dele participam. Essa atitude, além de fomentar o sentimento de pertencimento e de reconhecimento profissional, promove o engajamento do docente. Assim, essa atitude relaciona-se à dimensão

emocional relacional, pois focaliza aspectos emocionais do bem estar e motivação

dos docentes.

As vivências formativas - fazendo uso de várias modalidades, lócus e recursos, as vivências formativas se constituem na vivência coletiva das práticas planejadas. Tais momentos relaciona-se com a formação na prática, às quais se referem ao entendimento da formação como um momento de crescimento e ampliação de suas habilidades e competências profissionais, bem como da construção de aprendizagens demandas e significativas para sua prática cotidiana. Assim, nesse contexto são evidenciadas a dimensão teórica-conceitua, a dimensão

emocional e relacional, bem com a dimensão pragmática do processo formativo,

retomando o movimento de ação dos sujeitos na construção de suas aprendizagens. Nas construções coletivas estão relacionadas às interações próprias envolvidas na construção de conhecimentos. Esse processo envolve, especialmente, elementos da dimensão emocional e relacional, os quais implicação na construção das aprendizagens pelos docentes. Resgatando a perspectiva do sociointeracionismo, o sujeitos constrói seus conhecimentos na interação com a

coletividade e/ou com seus pares, estabelecendo aprendizagens significativa, tal como propõe a perspectiva de Ausubel.

Ainda no processo de formação continuada de professores para o uso pedagógico das tecnologias digitais, as interações e feed-backs são evidenciados os elementos do processo avaliativo. Nesse sentido, e apesar de entendermos que esse elemento também se evidencia na colocação em cena (na perspectiva da avaliação formativa, por exemplo), é nesse momento que se tem uma maior visibilidade do processo pedagógico desenvolvido e das atividades consolidadas.

No momento da socialização de propostas são evidenciadas o produto das aprendizagens construídas ao longo do processo de ensino e aprendizagem. É nesse momento que se destacam o que foi apreendido, isto é, como o conhecimento construído é expresso por cada sujeito individualmente e no grupo, revelando as singularidades do processo e, ao mesmo tempo alinhadas com os conhecimentos e estratégicas compartilhadas no processo formativo. Esse momento é crucial no processo de formação continuada de professores, uma vez que um dos elementos propostos por Tardif (2002) ao discutir sobre os saberes da docência, referem-se às experiências (vividas) que articuladas com as experiências compartilhadas, enriquecem seu repertório saberes que envolvem o exercício de sua profissão.

Desse processo de construções compartilhadas na formação continuada de docentes emergem ações inovadoras, as quais se articulam com as perspectivas que se “abrem” para a efetivação, na prática pedagógica junto aos estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental, de ações e/ou práticas inovadoras com o uso pedagógico das tecnologias digitais.

Na verdade, esse é, de fato, o foco de todo o processo formativo voltado a formação continuada de professores: garantir a consolidação dos direitos de aprendizagem discente em consonância com sua formação cidadã no mundo contemporâneo e tecnológico em que vivemos.