• Nenhum resultado encontrado

3 COREOGRAFIAS DIDÁTICAS E AS TEORIAS E TEORIZAÇÕES DO

4.1 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: HISTÓRIA E

Apesar da preocupação com a formação de professores ser preconizada (ao menos em termos epistemológicos) a partir do início do século XIX, com os estudos sobre a escola e o processo de ensino é nos anos de 1970 que o tema da formação continuada vai ganhando força e visibilidade no âmbito educacional.

Esse fato decorre, principalmente, da própria conjuntura e demandas educacionais, as quais reforçam a necessidade de enfrentamento das reprovações, evasão e distorção idade-série já evidenciadas naquele período.

Aliada a isso a promulgação da lei 5.692 de 1971, a qual fixa bases e diretrizes para a educação nacional naquele período, realça a necessidade, no âmbito nacional, de políticas educacionais articuladas com o processo de formação continuada de docentes.

Já em seu parágrafo primeiro do Artigo 11, evidenciamos que

§ 1º Os estabelecimentos de ensino de 1º e 2º graus, funcionarão entre os períodos letivos regulares para, além de outras atividades, proporcionar estados de recuperação aos alunos de aproveitamentos insuficientes e ministrar em caráter intensivo, disciplinas, áreas de estudos e atividades planejadas com a duração semestral, bem como desenvolver programas de aperfeiçoamento de professores (grifo nosso) e realizar cursos especiais de natureza supletiva (BRASIL, 1971).

Mesmo não muito latente nos discursos de formação de professores, a qual priorizava a formação inicial, a questão da formação continuada aparece de forma mais específica no artigo 38 da mesma lei

Art. 38. Os sistemas de ensino estimulação, mediante planejamento apropriado, o aperfeiçoamento e a atualização constante aos seus professores e especialistas de educação (BRASIL, 1971).

Podemos perceber, assim, que desde aquele período do (ainda que de forma bastante tímida), já se iniciavam as preocupações com a formação de docentes, exigida para uma melhor atuação desse profissional e, consequentemente, qualificação da educação.

Nesse cenário, vai emergindo, de forma mais evidente ao longo dos próximos anos, o entendimento de que a formação inicial já não dava conta de contemplar, de forma efetiva e atualizada, as diferentes habilidades, competências construtos de um contexto tão dinâmico e multifacetado como contexto educacional. Como desdobramento desta lei e considerando a realidade educacional vivenciada são implantados o que denominou-se de centros de Formação e aperfeiçoamento de professores (inicialmente em seis estados e, posteriormente, estendido a outros nove) do magistério (CEFAMs), institucionalizando-se, assim, as inquietações que circulavam em torno desse profissional que necessitava de mecanismos de atualização periódica que lhe assegure a superação das eventuais deficiências da profissão.

Todavia, ainda estava muito improviso o modo de organização e desenvolvimento desse aperfeiçoamento citado na lei, o que ocasionou o surgimento de diferentes interpretações e ações em torno desse processo formativo.

É somente com a lei de Diretrizes e Bases vigentes (Lei nº 9.394 de Dezembro de 1996) que o tema de formação continuada de professores ganha força e centralidade nos debates educacionais.

No título que trata “Os Profissionais da Educação” título VI, a lei expressa em seus artigos 61, 63 e 67 a temática da formação continuada de professores.

No artigo 61, por exemplo, a lei assim se expressa:

A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e as características de cada fase do desenvolvimento do educando terá como fundamento:

I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço (BRASIL, 1996).

Ratificando e regulamentando esse artigo, o decreto nº 3.276 de Dezembro de 1999 acrescenta que tais cursos de formação de professores para a educação básica precisa considerar como requisitos a “articulação entre os cursos de

formação inicial e os diferentes programas e processos de formação continuada

(BRASIL, 1999).

Considerando essas assertivas legais, é possível considerar que já se reconhece, nos textos expressos de trechos, das leis, a existência de possíveis

lacunas entre a formação inicial e continuada de docentes, a qual pode ser minimizada a partir da articulação entre esses dois processos formativos.

Sendo considerada a “Década da Educação”, nos anos de 1990, de fato a formação de professores ganha importância, ampliando a necessidade de processos de educação continuada.

Assim, e retomando o texto da LDB vigente (lei nº 9.394/96) que trata da temática da formação continuada de professores, em seu artigo 63 a lei assim se expressa:

Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão:

III- programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis (BRASIL, 1996).

Podemos identificar o reconhecimento da abrangência do processo educacional de formação continuada de professores para todos os níveis do sistema educacional brasileiro, ratificando a compreensão de que dinâmica do contexto educacional frequentemente requer novas demandas o que implica na busca da atualização docente no cumprimento de sua prática profissional cotidiana.

No artigo 67, a questão da formação continuada de docentes, aparece articulada à questão da valorização profissional. Vejamos:

Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público.

II- Aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim (BRASIL,1996).

Nessa perspectiva, a lei evidencia os elementos da profissionalização docente como uma das dimensões presentes em seu processo formativo.

Acerca da profissionalização, Imbernón (2001) admite que

(...) se aceitamos que a docência é uma profissão, não será para assumir privilégios contra ou “a frente” dos outros mas para que, mediante seu exercício, o conhecimento específico do professor e da professora se ponha a serviço da mudança e da dignificação da pessoa. Ser profissional da educação significa participar da emancipação das pessoas (IMBERNÓN, 2001, p. 39).

Nessa perspectiva, e em consonância com o contexto social, o MEC vem estabelecendo várias iniciativas, dentre as quais podemos citar a criação de programas diretamente relacionados à formação continuada dos professores (a Rede Nacional de Formação Continuada de Professores da Educação Básica e o pró-letramento, por exemplo – criados em 2004 e 2010, respectivamente).

Ainda quanto a Rede Nacional de Formação Continuada de Professores de Educação Básica, cabe pontuar que esta emerge com a proposta de construir com a qualificação da formação de professores e estudantes, articulando universidades e centros de Pesquisa e Desenvolvimentos da Educação, juntando esforços para que a educação seja coerente com as demandas da educação atual para uma formação cidadã, em cumprimento ao seu papel no âmbito social.

Com esses programas e com outras iniciativas de órgãos públicos e privados, no âmbito nacional e internacional, começa a se desenhar, de forma mais efetiva a caracterização do(s) processo(s) de formação continuada de professores na atualidade.

Paralelamente, aos avanços e iniciativas legais, e debate envolvendo a formação continuada de professores vai se intensificando, demonstrando que esse tema já não poderia ser mais silenciado nos debates que envolvem a prática educativa.

Já no ano de 2002, a elaboração dos Referenciais para a formação de professores ratifica a necessidade de formação profissional para um novo perfil de professor que tenha a possibilidade de qualificar a educação em articulação aos desafios do mundo globalizado.

Nessa direção, iniciativas com a publicação de livros e artigos e promoção de eventos sobre a temática da formação continuada de docentes vai aparecendo, cada vez mais, com maior recorrência, reafirmando a pertinência deu um olhar significativo sobre a temática, especialmente em articulação com as demandas contemporâneas previstas para a escola e para a atuação dos docente.

Assim, evidenciamos hoje a caracterização da formação continuada de professores numa perspectiva abrangente, que envolve os aspectos relativos tanto à sua profissionalização quanto à sua profissionalidade, os quais se articulam diretamente com as perspectivas legais e normativas vigentes sobre a temática.

4.2 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES E TECNOLOGIAS: