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CORPO INDIVIDUAL, CORPO SOCIAL:

No documento CORPO: ficção, saber, verdade (páginas 71-80)

passagens discursivas

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Alfredo Gil2

1 Trabalho apresentado no Congresso Internacional da APPOA – Corpo: ficção, saber e verdade,

novembro de 2015, em Porto Alegre.

2 Psicanalista; Membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre (APPOA) e da Association Lacanienne Internationale (ALI). E-mail: alfredo.gil@wanadoo.fr

Alfredo Gil

A

ntes de definir o título: “Corpo individual, corpo social: passagens discur- sivas”, eu havia pensado em dois outros: “O que um corpo nos ensina sobre o corpo social” ou “De um corpo ao corpo social”.

São dois títulos que, como vocês percebem, seguem uma trajetória, quero dizer são vetorizados de um ao outro, do individual ao social. Isso se deve ao fato de que durante o trabalho de formalização mínima, trabalho de elaboração para compartilhar com os colegas este fragmento clínico, me dei conta de algo que diz respeito ao social. Foi pensando neste caso que algo de uma dimensão discursiva do social me saltou aos olhos, como o nariz no meio da cara. Mais exatamente, de um ponto de enodamento forte – se a minha análise está correta – entre uma dimensão discursiva do social e a subjetividade que se desdobrava naquela relação transferencial com meu paciente.

Mas antes quero fazer algumas observações sobre diferentes manei- ras de considerar esses dois registros – o individual e o social – que, como sabemos, são tão antigos como a psicanálise, mas que podem ser trata- dos diferentemente, variando o enfoque, não somente segundo as diferentes orientações analíticas, mas também conforme as disciplinas convocadas no diálogo com a psicanálise (antropologia, literatura, filosofia, etc). Por tudo isso, vemos que o debate é complexo, e aqui só pretendo fazer algumas alu- sões para indicar o quão vasto ele é. Qualquer que seja o enfoque, a meu ver, o importante é não pensar que um possa ser causal ao outro, que o indivíduo, por exemplo, seria um puro produto do social, forma de secreção do social3.

Há asserções que fazem pensar numa equivalência. Por exemplo, le- mos em Lacan: “o coletivo não é nada senão o sujeito do individual” (Lacan, [1945]1998, p.213); e diz isso logo após ter feito referência à Psicologia das massas e análise do eu (Freud, [1921]1991) onde sabemos que Freud afirma que não há psicologia individual que não seja “simultaneamente” uma psico- logia social, tornando a diferença quase factícia. Outras asserções acentuam a primazia do social sobre o individual. Penso, por exemplo, no prefácio de Contardo Calligaris, em Clínica do social – ensaios, no qual afirma: “Não existe uma psicanálise do individual e outra “aplicada” ao sintoma social”. Até aqui poderíamos considerar que Calligaris apresenta os dois registros como equivalentes tal qual as citações anteriores de Lacan e Freud, mas ele

3 Observação neste sentido, ver Costa, com a distinção entre “corpodiscurso” e “corpolinguagem”

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acrescenta: “Pois o sintoma é sempre social. [...] o que chamamos de indivi- dual, a singularidade, é sempre o efeito4 de uma rede discursiva, que é a rede mesma do coletivo” (Calligaris, 1991, p.12).

Mas encontramos na obra freudiana ângulos de análise em que a pri- mazia do que emana do indivíduo condiciona um certo tipo de laço social, relação que deve seu enlace ao destino pulsional, particularmente à pulsão anal, e que nos leva a pensar que possa haver uma primazia da “psicologia individual”. Encontramos ao menos dois textos capitais, que apontam explici- tamente neste sentido, que são Caráter e erotismo anal ([1908]2002) e Sobre transformações das pulsões em particular no erotismo anal ([1917]1997), nos quais Freud avança a ideia de que a “educação da nossa civilização atual” traz consubstancialmente a presença dos destinos do erotismo anal pela via da sublimação.

No que me diz respeito e relativo àquele paciente (e aí começo a me re- ferir ao título do meu trabalho, no qual aproximo esses dois termos), tentarei apresentar como o tempo da psicanálise em intensão – que chamei de tem- po de formalização do caso – me levou, de modo bastante surpreendente e inesperado, ao registro do que chamamos de psicanálise em extensão, mais exatamente de particularidades do social, de aspectos do discurso social pelo qual estamos tomados. Em outros termos, tentarei expor o modo como um tipo de economia subjetiva5 veio me revelar algo que do social, do sintoma social, eu já havia percebido, porém não de maneira tão articulada ao meu exercício clínico.

São pacientes bastante conscientes de suas dificuldades em “funcio- nar”6, dificuldade em funcionar com o outro, de simplesmente estar na pre- sença do outro quando ele não sabe, ou quando não está explicitado no encontro o que se espera dele. Esta variante da inibição se traduz clinica- mente numa queixa em que o sujeito diz não ter confiança em si mesmo; “falta de confiança em mim”, equação que se ouve frequentemente na língua francesa. O que me importa aqui é o estatuto desta falta, colocando a se-

4 O grifo é nosso.

5 Não se trata de propor uma tipologia clínica, mas de pensar o funcionamento deste paciente

junto com outros que têm chamado minha atenção nestes últimos anos.

6 Jean Bergès estabelece uma diferença entre a função e o funcionamento, que são noções a

serem retomadas num trabalho aprofundado. Neste sentido Bergès (2007) e Balbo e Bergès (1996).

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guinte questão: de que se trata esta falta, estando dada uma interioridade que parece se caracterizar pela vacuidade subjetiva que, no entanto, busca a confiança? Trata-se de uma economia subjetiva, digamos, de uma posição existencial, que, por exemplo, diante da necessidade de tomar decisões, de fazer escolhas, parece reduzir sua condição a uma atitude, a seu próprio comportamento, comportamento que apoia sua conduta, não numa intros- pecção ― seja ela conflitante ― na qual termos contraditórios se disputam, por razões morais, como é o caso, por exemplo, entre amor e desejo, mas, ao contrário, numa dependência radical do sujeito ao Outro, que viria informá-lo sobre como agir e o que fazer.

Trata-se de um jovem de 34 anos, que veio me ver durante um ano e meio, e que aborda imediatamente, na primeira sessão, um problema com o qual se defrontava no seu trabalho. Há quatro anos ele era funcionário num setor, correspondendo à sua formação, onde estava sendo acusado de ter feito uso fraudulento, para fins pessoais, de documentos a que somente ele podia ter acesso. Não vou entrar nos detalhes. Ele estava muito chateado com a situação, pois é pessoa honesta e séria. Era uma acusação grave, implicando dinheiro do contribuinte, mas que, para ele, não era fonte de an- gústia nem de ansiedade (e de fato ele foi inocentado duas semanas após). Poderia acrescentar que expressões afetivas como angústia, ansiedade, es- tresse não pareciam fazer parte, de modo explícito em todo caso, de suas manifestações subjetivas. De todo modo, este não era o motivo da consulta. Aliás, ele não veio me ver pelas razões que habitualmente levam al- guém a buscar um psi – sofrimento, angústias, insônias, separação, etc. Pelo contrário, eu estava diante de alguém que parecia decidido e bastante deter- minado a realizar sua demanda. Ele tinha uma demanda explícita, mas reco- nhecia uma dificuldade em realizá-la, apesar de todas as decisões que vinha tomando neste sentido – razão pela qual veio consultar: a falta de confiança em si para encontrar, conhecer e ter relação com uma mulher.

Para tanto, ele já havia tomado uma série de iniciativas: tinha investido na sua aparência, na sua vestimenta, fazia bastante esporte, preocupava- -se na sua maneira de falar e agir. Enfim, como afirmei, ele estava bastante determinado.

Eu logo percebo que o encontro comigo se inscreve numa série de outros endereçamentos que poderiam ajudá-lo a obter o dito objeto, que sa- tisfaria a sua demanda, ou seja, a de encontrar uma mulher. Ele participa de sessões coletivas e individuais com um coach que dá todas as dicas e ensina como paquerar, como abordar uma moça, o que dizer e não dizer, os assuntos que deve evitar, tudo isto com simulações, situações e exercícios práticos.

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Ele também se inscrevera em dois sites da internet: um de encontro, onde coloca foto, perfil, do que gosta, do que não gosta, o tipo de relação que pretende ter, etc. O outro site, que se chama Vamos sair, propõe encontros em bar ou restaurante, boate, tal hora e tal dia, e as pessoas se inscrevem e se encontram. Mas criar o seu perfil na internet – escolher as fotos e des- crever-se – não é uma coisa simples, precisando ser orientado pelos seus amigos.

Do ponto de vista transferencial, ele não me coloca necessariamente numa posição de alguém que deva dizer como ele deve agir. Claro que as ocasiões e questões não faltaram, mas aos poucos eu fui me deslocando desta série. O que não o impediu, durante um ano e meio, que falasse, ine- vitavelmente, a cada sessão, dos progressos feitos no aprimoramento de um eventual encontro. Acho que fui me tornando aos poucos o endereço que reunia todos os outros, ou seja, lugar onde fazia um apanhado pelo relato de tudo o que se passava nos outros endereçamentos, se questionando sobre seus obstáculos no encontro com o outro-mulher.

Durante o período em que veio me ver, ele encontrou duas mulheres: o que me permitiu acompanhá-lo do início ao fim nessas duas relações que duraram aproximadamente quatro meses cada uma.

A cada vez, o contato inicial se fez pela internet: as primeiras trocas de mensagens, um diálogo no qual se engaja buscando aqueles centros de interesses comuns que possam justificar um encontro de “verdade”; claro que tudo isto com dúvidas e incertezas sobre se ele avançava no caminho certo. Mas enquanto o outro (a outra) respondia positivamente, considera- va boa a sua estratégia. Depois, veio a troca de número de telefone, que denota um passo importante na relação, na confiança que vai se estabe- lecendo entre eles. E isto avança sessão após sessão, até que finalmente eles se encontram. Tudo é sempre bem pensado e calculado: por exemplo, como ela é de origem espanhola ele pensa, com um ar esperto e ingênuo, que seria legal levá-la a um bar frequentado sobretudo por hispanofônicos. Segundo ou terceiro dia eles vão ao cinema. E ele percebe, sente, durante o filme, que seu braço toca o dela e que ela deixa a coisa rolar, aceitando este contato físico.

Se estou reconstituindo os fatos desta forma é porque é assim que a fala dele chega a mim e que as coisas são vividas por ele, nesta progressão e deste modo.

Tudo isto lhe parecendo muito positivo, ele não resiste e decide na saída do cinema pedir para beijá-la. Ela recusa, afirmando que isso ainda não esta- va em seus planos. Ele fica bastante decepcionado, mas logo vai dar a volta por cima, revisitando e tentando entender o porquê da recusa. Talvez ele te-

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nha se precipitado “finalmente ela tinha me dito tal e tal coisa que deveria ter me feito esperar, ser mais paciente, etc”. Então ele vai reconsiderar e revisar tudo o que aconteceu para que o erro não se repita.

A segunda mulher que encontra coloca de um modo mais radical o que do sexual neste homem adveio ou não. Como pensar, e aqui avanço uma questão hipotética, uma interioridade subjetiva cujo alicerce parece não ter seu fundamento no sexual? Ele tenta compreender à luz de sua história pas- sada sua timidez, sua relação de dependência com sua mãe, etc. Mas o que ressalta e chama atenção na forma discursiva dada às suas experiências é que elas parecem mais o relato de experimentos que encontros libidinais. Como se a excitação e a tensão destes encontros se devessem mais ao sen- timento de uma tarefa que avança num work in progress.

Esta segunda mulher é mais paciente. Ela é mais experiente e a intimi- dade vai mais longe, acarretando outros problemas para ele. Por exemplo, um dia eles estão passeando, abraçados, lado a lado, e ele tem um sentimento de desajuste, de um incômodo, um desconforto na maneira de andar ao seu lado. Ele tem a impressão de que há um descompasso, pois está convencido de não saber como pegá-la pela cintura. Outro dia, ao fazer massagem, ela reclama que ele a estava machucando. Beijar é aquela coisa, na boca tem a língua, saliva, dentes, também não é fácil. O desfecho da relação foi que um dia ela decide terminar, evocando inclusive sua dificuldade em beijá-la, coisa de que por sinal ele se dava perfeitamente conta. Profundamente desaponta- do, ele é tomado por um sentimento de tristeza e vergonha.

Para um esboço de conclusão, retomando o que dizia no início sobre esta falta de interioridade em contraponto ao que desta há de libidinal, pode- mos afirmar que meu paciente busca responder ao desejo do outro, inclusive no que este tem de constitutivo de cada um de nós, ou seja, o desejo é o desejo do Outro. Assim, ele busca antecipar o que o outro espera dele, mas não sabendo como se situar com relação a ele, sempre supõe um outro que saberia como fazer: seu amigo, o coach, etc. Mas o que me leva a colocar a questão de um tipo de interioridade que não teria seu alicerce no sexual deve-se ao fato de que, diante do Che vuoi? não há nada nele que se apa- rente a uma resposta fantasmática. Nada que lhe permita captar o outro num encaixe fantasmático.

A inibição neste quadro clínico, que podemos qualificar de fóbico, chama atenção pela ausência da dimensão agressiva enquanto componente libidi- nal, cujo sadismo seria a expressão por excelência masculina. Em outros termos, quando falo de componente agressivo da libido, cujo sadismo seria a expressão por excelência masculina, me pergunto simplesmente o que disso advém para o meu paciente. Nada que se assemelhe à análise de Freud,

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como via possível do destino pulsional ([1912]1997), quando afirma que um homem não ama e deseja no mesmo momento o mesmo objeto.

A outra consequência desta ausência de agressividade, e seu compo- nente sádico, me leva a pensar nesta interioridade, que, se existe, não fun- ciona num registro da culpabilidade; em todo caso, nunca ouvi nada que me inclinasse a pensar neste sentido. Em compensação o âmbito da vergonha7 é onipresente.

Este tipo de paciente me ajudou a pensar outro ponto que considero uma extensão do que acabo de dizer, e que é relativo à minha prática com as crianças, em particular com os pais.

A psicanálise, e a psicologia de modo geral, promoveu a ideia, incon- testável, de uma psicologia da criança, de que ela é um sujeito, que deve ser respeitado na sua singularidade; Françoise Dolto com todo seu tato clínico participou da popularização deste pensamento com seus programas de rá- dio. Atenção: não estou fazendo um processo de acusação contra Dolto, pois seria completamente anacrônico da minha parte. O que me interessa é que esta psicologização progressiva da imagem de uma criança autônoma pare- ce ter seu contraponto – e aí retorno às dificuldades frequentes, com as quais os pais parecem estar confrontados – com o surgimento de pais incrivelmen- te dependentes. Dependentes do quê? No mínimo do amor, o amor como algo que pode nos tornar profundamente dependentes. Mas não somente. O problema é que se tornou cada vez mais difícil conjugar amor com a ideia de educar os filhos, e a gente assiste ao drama de pais que, transformados em educadores, acabam tendo que serem eles mesmos educados para educa- rem seus filhos. Vejam bem a semelhança na maneira de “funcionar” entre a demanda dos pais, de como fazer com os filhos, e a do meu paciente, que não sabia como fazer para encontrar uma mulher; ou seja, algumas pessoas parecem estar em busca do manual de instruções que viria informá-las de como os pais devem funcionar – a partir do momento em que eles ocupam o lugar que socialmente lhes outorga esta função – assim como o homem que tenta funcionar como tal junto a uma mulher. Fico cada vez mais impressiona- do como um homem, um pai, às vezes ocupando cargos de grande respon- sabilidade profissional, no mundo das finanças, se encontra completamente desamparado diante de seus filhos, infantilizado, querendo saber se o que faz e diz é certo ou errado, sem saber como se comportar.

7 O estatuto da vergonha mereceria um amplo desenvolvimento neste caso. A este respeito e à

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Colocando entre parênteses um instante as questões ideológicas que fazem o comércio atual das terapias comportamentais (coach e variações), gostaria de levantar a hipótese de que talvez estejamos assistindo à emer- gência de um sujeito do comportamento que corresponderia à evolução da nossa sociedade.

Lacan postula, em duas situações diferentes de seu ensino, a existên- cia de momentos históricos que tornaram possível a emergência do sujeito da psicanálise, e do dispositivo da psicanálise como tal. Afirma Lacan, em 1965, na esteira dos estudos de Alexandre Koyré, considerado como seu guia, que, antes do século XVII, século de gênio, “a psicanálise como prática e o inconsciente como descoberta teria sido impensável” (Lacan, [1965]1998, p.870-871), ou seja, transformações históricas são condições necessárias para a emergência do sujeito da psicanálise. Mais cedo no seu ensino, mas mais tarde no processo histórico, desta vez não se referindo a Koyré, mas a Émile Durkheim, para falar do declínio social da imago paterna como causa do que ele chama uma crise psicológica (Lacan, [1938]2001, p.60-61), Lacan diz que, provavelmente, é a esta crise que se deve o surgimento da psicaná- lise. Estas são considerações sobre o sujeito da psicanálise. Foi assim que me perguntei, ouvindo estes pacientes (este em particular) se, independen- temente de considerações ideológicas, o sucesso, relativo é claro, mas cada vez mais importante de uma terapia que se chama comportamental, não se deve à emergência de um sujeito do comportamento.

Esta posição existencial reduzida ao comportamento, animada não por uma economia propriamente libidinal, mas comportamental8, devido ao que chamei de falta de interioridade, de vacuidade subjetiva, donde esta dificulda- de em se situar na relação com o outro, tem por efeito, de modo massivo, a presentificação do outro como exterioridade radical da qual ele vai depender, correlativa a uma impossibilidade de encontrar nele uma resposta fantas- mática. Ou seja, aquela trajetória moebiana que se expressa na frase bem conhecida da primeira lição do seminário de Lacan, O objeto da psicanálise ([1965-1966]1999), que, como sabemos, corresponde ao texto dos Escritos, A ciência e a verdade – “O sujeito está, se nos permitem dizê-lo, em uma exclu- são interna a seu objeto” (Lacan, [1965]1998, p.875) – parece não funcionar. Em outros termos, a montagem fantasmática proposta por Freud em Bate-se numa criança (Freud, [1919]2002) coloca em cena os desdobramentos que a

8 Neste sentido, além dos trabalhos de Pierre-Henri Castel, citados acima, encontramos algumas

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frase de Lacan implica. No caso do meu paciente, é como se a reversibilidade das posições passiva e ativa da gramática freudiana estivesse obstruída. O que me dá vontade de dizer que algo o impossibilita de ser obsessivo.

Tratei aqui de avançar algumas pistas de trabalho que exigem, a meu ver, um desenvolvimento metapsicológico mais aprofundado, além, é claro, da necessidade de discorrer sobre as consequências técnicas para o ana- lista, quando confrontado a este tipo de variante do tratamento-padrão, se é que este já existiu.

REFERÊNCIAS

BALBO, Gabriel; BERGÈS, Jean. L’enfant et la psychanalyse. Paris: Masson, 1996. BERGÈS, Jean. Le corps dans la neurologie et dans la psychanalyse. Paris: Erès, 2007.

CALLIGARIS, Contardo. Clínica do social; ensaios. São Paulo: Escuta, 1991. CASTEL, Pierre-Henri. Âmes scrupuleuses, vies d’angoisse, tristes obsédés: obses- sions et contrainte intérieur de l’antiquité à Freud, Tomo I. Paris: Ithaque, 2011. ______. La fin des coupables: obsessions et contrainte intérieur de la psychanalyse aux neurosciences; suivi de Le cas paramord, Tomo II. Paris: Ithaque, 2012.

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