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4.3 ANÁLISE MULTIVARIADA

4.3.2 Correlação linear bivariada

Foi realizada a análise de correlação linear bivariada, com vistas a identificar as correlações entre as dimensões formadas pela análise fatorial. Todas as correlações são significantes (p<0,05). Foi estabelecido um padrão de cores para auxiliar na identificação das correlações, baseado na classificação proposta por Pestana e Gageiro (2005), com vistas a

diferenciar a apresentação das correlações. O azul escuro representa uma correlação forte (acima de 0,71), o azul médio representa uma correlação moderada 2 (entre 0,56 e 0,70), a cor azul representa uma correlação moderada 1 (valores entre 0,40 e 0,55), e a cor rosa representa uma correlação fraca (entre 0,21 e 0,39), e as correlações bem fracas não estão coloridas (menor que 0,20).

A correlação bivariada é usada quando um relacionamento entre as variáveis é esperado, mas a direção dessa relação não pode ser prevista (FIELD, 2013). Conforme o autor explica, embora seja possível compreender as relações que combinações de variáveis venham a formar, é inoportuno supor que uma coisa, obrigatoriamente, leva à outra. Isso acontece porque outras variáveis (terceira variável) podem estar afetando os resultados. A Tabela 26 apresenta as cores e os valores considerados.

Tabela 26 – Valores baseados na correlação

CORRELAÇÃO FORTE (0,71 OU MAIS)

CORRELAÇÃO MODERADA NÍVEL 2 (0,56 A 0,70) CORRELAÇÃO MODERADA NÍVEL 1 (0,40 A 0,55) CORRELAÇÃO FRACA (0,21 A 0,39)

CORRELAÇÃO BEM FRACA (MENOR 0,20) Fonte: Adaptado a partir de Pestana e Gageiro (2005).

A maior correlação identificada é entre a dimensão Ferramentas de Comunicação e a Comunicação Vertical (0,646), e é uma correlação moderada em nível 2 (PESTANA; GAGEIRO, 2005). As ferramentas que compõem a dimensão Ferramentas de Comunicação Interna são o informativo interno, os murais e os eventos, meios pelos quais a comunicação vertical é favorecida em âmbito organizacional, ao passo que duas dessas ferramentas (mural e informativo) são meios estáticos, que não permitem a ocorrência de feedback no processo de comunicação. Os eventos, ainda que representem um momento de integração e troca de informações, por conter um protocolo ou roteiro formalizado, pouco permitem a ocorrência da comunicação horizontal entre os funcionários e a empresa. Em termos moderados, à medida que a Comunicação Vertical aumenta, o uso de ferramentas de comunicação interna também cresce.

A segunda maior correlação é entre o fator Comunicação Vertical e o fator Liderança, com uma carga de 0,644, classificada como moderada nível 2 (PESTANA; GAGEIRO, 2005). No fator Comunicação Vertical há uma predominância de ações de comunicação onde o principal emissor da comunicação formal e informal é o gestor, que ele é um importante ator na mediação das relações entre os funcionários e a direção da empresa. O fator liderança é

composto por variáveis que retratam o líder com sua orientação voltada às tarefas e ao relacionamento. Assim, é possível inferir que, em termos moderados, à medida que a comunicação vertical aumenta, cresce a necessidade de existir um líder que faça a mediação das questões de relacionamento entre os membros da organização e que direcione os funcionários às suas tarefas.

A correlação entre Aprendizagem Organizacional e a Comunicação Vertical foi de 0,562, o que representa uma correlação moderada nível 2 (PESTANA; GAGEIRO, 2005). As variáveis de Aprendizagem Organizacional dizem respeito à formalização da aprendizagem por meio de relatórios informativos, reuniões periódicas e normativas que descrevam os procedimentos e processos da organização. Desse modo, pode-se inferir que quanto maior a verticalização da comunicação interna, maior será o aprendizado formal, em nível organizacional, ou, quanto maior for a aprendizagem em nível organizacional, maior será a necessidade de existência da comunicação verticalizada.

A correlação entre o fator Comprometimento Afetivo e o Comprometimento Normativo é de 0,593, portanto, uma correlação moderada nível 2 (PESTANA, GAGEIRO, 2005). As questões que formaram o fator Comprometimento Normativo referem-se à obrigação do funcionário em permanecer na organização e ao sentimento de culpa e obrigação em permanecer na empresa. Já o fator Comprometimento Afiliativo relata o comprometimento do funcionário baseado no sentimento de satisfação em fazer parte do grupo e da empresa, e seu apego a este sentimento de pertença. Pela correlação, à medida que o comprometimento advindo da relação onde o funcionário fica na organização porque se sente parte da empresa aumenta, aumentará seu comprometimento com as obrigações e normas a serem seguidas na instituição.

A correlação entre o fator Reconhecimento Organizacional e o Comprometimento Afiliativo é de 0,596, por tanto, é uma correlação moderada nível 2 (PESTANA; GAGEIRO, 2005). No fator Reconhecimento Organizacional a ênfase é no reconhecimento entre os colegas da empresa e os membros do grupo, e no Comprometimento Afiliativo, o indivíduo revela seu desejo em permanecer, motivado pela sua satisfação e motivações pessoais para com a organização e seu grupo. A correlação indica que à medida que o reconhecimento do sujeito perante seu grupo e sua organização aumenta, maior será seu comprometimento com ambos, visto que um fator aumenta à medida que o outro aumenta.

As demais correlações, as quais estão abaixo de 0,55 estão expressas na Tabela 27, destacadas pelas cores, conforme indicou a Tabela 26.

Tabela 27 – Correlação de Pearson entre dimensões da fatorial

AIND AGRU AORG LID CAFE CAFI CINS RECO CNOR FCOM CCIN CVERT FATOR AIND 1 ,256 ** ,174** ,136** ,127** ,299** ,366** ,215** ,168** ,128** ,161** ,145** FATOR AGRU 1 ,434 ** ,519** ,163** ,398** ,235** ,316** ,267** ,380** ,266** ,504** FATOR AORG 1 ,451 ** ,049 ,293** ,304** ,149** ,280** ,520** ,327** ,562** FATOR LID 1 ,126 ** ,430** ,242** ,381** ,284** ,548** ,340** ,644** FATOR CAFE 1 ,326 ** ,118** ,206** ,144** ,170** ,057 ,116** FATOR CAFI 1 ,451 ** ,596** ,593** ,420** ,272** ,480** FATOR CINS 1 ,256 ** ,382** ,306** ,179** ,245** FATOR RECO 1 ,306 ** ,317** ,210** ,341** FATOR CNOR 1 ,334 ** ,181** ,412** FATOR FCOM 1 ,460 ** ,646** FATOR CCIN 1 ,416 ** FATOR CVERT 1

Fonte: Dados da pesquisa (2017).

Chama atenção o fato de que entre os construtos de Aprendizagem Organizacional, a maior correlação é entre Aprendizagem Grupal e Aprendizagem Organizacional, contudo, a correlação pode ser considerada moderada em nível 1. O fator Liderança apresentou uma correlação moderada nível 1 com os fatores Aprendizagem Grupal e Organizacional, o que indica que embora a liderança possa afetar o aprendizado do indivíduo, seu alcance torna-se maior com o grupo e estende-se à organização.

O construto Aprendizagem Individual possui uma correlação baixa com todos os demais construtos, o que permite inferir que não está acontecendo aprendizado com relação à liderança, com o comprometimento que o indivíduo possui com a organização e com as implicações que isso geraria. O que o grupo e a organização internalizam, também não está se correlacionando com a aprendizagem do indivíduo.

O comprometimento afetivo também apresentou baixas correlações com todos os construtos. Isso permite inferir que quanto menos comprometido afetivamente o sujeito for, a tendência é de que menos envolvido com a comunicação interna, com o uso de suas ferramentas, com as questões de liderança, e dos próprios comprometimentos ele será.

O comprometimento instrumental, que mede o comprometimento do indivíduo com base na análise que ele realiza com relação aos custos e benefícios que ele possui em permanecer na organização, possui baixa correlação com os demais fatores. Isso indica que quanto mais ele se comprometer com a organização de forma instrumental, mais ele deve se envolver nas questões de liderança, de comunicação e ferramentas e aos demais comprometimentos.

A partir da análise de correlação dos fatores, os dados passam a compor a base para a análises subsequentes de regressão.

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