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4. MOBILIZAÇÃO SOCIAL PARA A CRIAÇÃO DO CBH-DOCE

4.2. A criação do comitê

Após as experiências das Descidas Ecológicas, o Movimento Pró-Rio Doce se retraiu, e segundo a representante do mesmo no CBH-Doce, isso é comum a todos os movimentos sociais, “o movimento teve aquele momento que deu aquele boom, depois deu uma retraída, e, posteriormente, o grupo retornou e se pôs de novo a andar”.

Em 2000, houve a reestruturação do Movimento Pró-Rio Doce, e segundo Catatau, essa reativação ocorreu para a formação do comitê, que era o objetivo que se mantinha ainda presente nas aspirações dos membros. Em fevereiro de 2001, iniciou-se intensa mobilização para a criação do Comitê. Em 24 de maio de 2001 durante o Seminário de Desenvolvimento Sustentável de Caratinga e Região, foi formada uma Comissão Pró-comitê, para reivindicar ao Governo Federal, através do CNRH, a criação do CBH-Doce.

Em junho foi encaminhada a documentação necessária à ANA que, junto com a Secretaria Nacional de Recursos Hídricos, a encaminhou ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

Depois de intensa mobilização, em 30 de novembro de 2001, em Aracaju, o CBH-Doce foi aprovado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos. O decreto foi assinado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso em 25 de janeiro de 2002. Foi nomeada a Diretoria Provisória, tendo como Presidente Interino, Celso Castilho de Souza, na época, Secretário da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (SEMAD-MG); e como Secretário Executivo, Domingos Sávio Pinto Martins, na época Secretário de Agricultura e Meio Ambiente do Espírito Santo (SEAMA- ES).

A diretoria provisória nomeou uma comissão especial com a finalidade de coordenar o processo eleitoral, conduzir os procedimentos e critérios para o processo de escolha e indicação dos membros do comitê, bem como elaborar proposta de Regimento Interno a ser aprovada pela Diretoria Provisória e

ratificado pelos membros do Comitê. Essa Comissão foi integrada por representantes das seguintes instituições: CESAN- Companhia Estadual de Saneamento do Espírito Santo; COPASA – Companhia de Saneamento de Minas Gerais; SEAMA- Secretaria de Assuntos do Meio Ambiente do Estado do Espírito Santo; SEMAD – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de MG; IGAM- Instituto Mineiro de Gestão das Águas; FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais; FINDES – Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo; CEMIG – Companhia de Energia de Minas Gerais; ESCELSA – Espírito Santo Centrais Elétricas S/A; UNIVALE- Universidade do Vale do Rio Doce; Comitê da Bacia do Caratinga; Comitê da Bacia do Piracicaba; Comissão do Comitê da Bacia do Rio Santo Antônio; Movimento Pró-Rio Doce; ACODE- Associação Colatinense de Defesa Ecológica; Prefeitura Municipal de Governador Valadares; Prefeitura Municipal de Linhares; ANA- Agência Nacional de Águas. Esta última foi nomeada coordenadora desta Comissão Especial.

Um plano de trabalho para a instalação do CBH-Doce foi elaborado por representantes dos poderes públicos, sociedade civil e usuários da água, que se reuniram em uma Oficina no Parque do Rio Doce, e o aprovaram em fevereiro de 2002, em Ipatinga-MG. Em abril do mesmo ano, o MPRD firmou o Convênio nº 02/2002 com a ANA, no valor de R$ 617.634,00, para execução do Plano de Trabalho para instalação do CBH-Doce, sendo considerado como Unidade Operadora. Três coordenadores dividiram a responsabilidade pela execução do plano de trabalho: 1)Coordenadores colegiados47: dividiram as responsabilidades de execução do Plano de Trabalho, ocupando a secretaria de Administração e Finanças; 2)Comunicação Social e Imprensa e; 3) Mobilização Social.

Foram ainda contratados pela unidade operadora (MPRD), conforme determinação da ANA, 7 (sete) coordenadores regionais48 e 22 (vinte e dois) mobilizadores (mais adiante serão tecidas algumas críticas relativas à escolha desses, no sentido de que deveriam ter sido contratados funcionários das

47 Daniel Pereira de Araújo, de Colatina-ES, Zaira de Andrade de Paiva, de Caratinga-MG e Paulo Célio de Figueiredo, de Governador Valadares-MG.

48 As sedes de coordenações regionais e coordenadores foram as seguintes: Caratinga/MG: Zaira de A. Paiva; Colatina/ES: Antônio Celso; Governador Valadares/MG: João César da Mata; Itabira/MG: Luciano Moreira; João Monlevade/MG: João Corgozinho; Ponte Nova/MG: Marciela Barros; São J. Evangelista/MG: Marcelo V. da Silva.

prefeituras, que ficariam sendo agentes permanentes que fariam o elo entre o comitê e os municípios). Os primeiros eram responsáveis pelos eventos e coordenação das atividades dos mobilizadores e colaboradores (voluntários, que, junto com os mobilizadores, tinham a função de ajudar a motivar as comunidades locais como parte ativa do processo de instalação do comitê). Os mobilizadores foram chamados de “ponta de lança do processo” pelos organizadores, e tinham a mesma função dos colaboradores, só que eram remunerados (verbas repassadas pela ANA ao MPRD).

Foram realizadas sete Oficinas de Formação de Colaboradores, nos seguintes municípios e datas: Manhuaçu-MG nos dias 17, 18 e 19 de junho; João Monlevade, nos dias 24, 25 e 26 de junho de 2002; Itabira-MG, nos dias 01, 02 e 03 de julho de 2002; Colatina-MG, nos dias 10, 11 e 12 de julho de 2002; Governador Valadares-MG, 21, 22 e 23 de julho de 2002 e, São J. Evangelista, nos dias 05, 06 e 07 de agosto de 2002.

Foram realizados, ainda, 17 (dezessete) Encontros Regionais entre agosto e setembro de 2002, nas cidades: Tarumirim/MG, Conceição do Mato Dentro/MG, Ferros/MG, Ipanema/MG, Raul Soares/MG, Colatina/ES, São Gabriel da Palha/ES, São J. Evangelista/MG, Nova Era/MG, Gov. Valadares/MG, Conselheiro Pena/MG, Linhares/ES, São José do Jacuri/MG, Virginópolis/MG, Ipatinga/MG, Viçosa/MG, Piranga/MG e Caratinga/MG.

Nos Encontros Regionais foram promovidas palestras que versavam sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos, sobre a bacia do Rio Doce e sobre o processo de instalação do CBH-Doce. Após a realização de todos esses encontros, abriram-se as inscrições para o cadastramento da sociedade civil organizada, usuários e poder público municipal no período de 25/09/2002 a 30/10/2002.

No segmento de organizações civis ou sociedade civil organizada se inscreveram 200 entidades em Minas Gerais. A Assembléia Geral para a eleição deste segmento foi realizada no município de Coronel Fabriciano, no dia 02 de dezembro de 2002. Já no Espírito Santo, cerca de 32 entidades se habilitaram. A Assembléia Geral ocorreu no dia 28 de novembro de 2002, em Colatina. No segmento de usuários as assembléias foram realizadas em Governador Valadares, no dia 03 de dezembro de 2002, e no Espírito Santo, em Colatina, no dia 28 de novembro de 2002. A relação dos habilitados se

encontram no Edital de convocação nº 02, de 20/11/2002, publicado no site www.ana.gov.br.