Criação da EV

No processo de formação da EV, a manufatura do pedido deve ser decomposta em tarefas a serem executadas entre empresas com certa predisposição à colaboração (Organização Virtual), no intuito de realizar uma distribuição adequada de tais tarefas.

O processo de negócio da EV tem início na instância Broker, conforme pode ser observado na Figura 14. As atividades que compõe este processo são apresentadas na Tabela 7.

Figura 14 – Atividades realizadas na Criação da EV Fonte: Elaboração própria

Tabela 7 - Descrição das atividades realizadas na “Criação da EV”

Atividade Caracterização Referencial

Identificar Oportunidades

Envolve a identificação de clientes alvo, elaborar previsão de vendas, relacionamento direto com o cliente da EV e com futuros clientes, bem como a identificação de demandas a serem atendidas pela EV

Vallejos (2005)

Definir Estrutura Projeto

Definição dos processos necessários para atender à demanda Cruz-Cunha e Putnik (2009) Desenvolver Estrutura

do Produto

Representação das relações de item-pai e itens-filho para a definição da necessidade de materiais.

Pires et al. (2008) Pré-Definir

Competências Necessárias

Definição dos recursos necessários para o atendimento da demanda: recursos físicos, recursos de ontologia, recursos tecnológicos e de conhecimento necessários para o atendimento da demanda definida. Fator de definição da capacidade das empresas participantes.

Carvalho et al. (2008)

Definir Parceiros da Empresa Virtual

Seleção dos parceiros, por meio de métodos específicos conforme exposto no capítulo 2 no tópico 2.2.3.1 (Fase de Criação)

Camarinha-Matos et al. (2009) Fonte: Elaboração própria

Entre as atividades que compõe a fase de “Criação da EV” está o processo de “Elaborar Planejamento Agregado”, o qual tem fundamental importância no processo de desenvolvimento da EV, por isso será melhor detalhado no item 4.1.1.1 deste tópico.

Caso ocorra alguma dificuldade ou problema na elaboração do planejamento agregado ou na tomada de decisão em relação aos parceiros previamente selecionados, novos parceiros são propostos e o processo continua até que sejam definidos os parceiros ideais para a operação da EV, como pode ser entendido através do gateway de decisão “Planejamento Agregado está Validado?”.

Cabe destacar o processo “Definir Estrutura do Projeto”, o qual funciona como um agrupamento de atividades de produção que estão orientados aos elementos do projeto ser desenvolvido na EV. Dessa forma, o broker organiza e define o escopo geral do projeto, o qual será utilizado para definir ou confirmar um entendimento comum do projeto.

Cada nível descendente representa um incremento no detalhamento da descrição dos elementos do projeto, como pode ser observado na Figura 15.

Figura 15 - Exemplo genérico de Estrutura de Projeto

Fonte: Elaboração própria

De posse dos resultados gerados com o planejamento agregado, as empresas selecionadas em conjunto com o broker realizam a “Reunião Executiva” com o intuito de formalizar a parceria de modo contratual. As atividades que compõe esse processo de negócio na fase de criação da EV são destacadas na Tabela 8.

Tabela 8 - Descrição dos processos realizados na “Reunião Executiva”

Atividade Caracterização Referencial

Detalhar Contrato para EV

Definição de regras, critérios para tomada de decisão, responsabilidades e limites de autonomia e ação dos participantes. Além disso, os papéis e a disponibilidade de recursos são formalizados para cada membro participante. Nessa atividade é gerado o “Estatuto e Regras de Governança”, código de ética e a documentação contratual que detalha a EV.

Roth et al. (2012)

Registrar EV Com a elaboração do contrato, cabe registrar a EV formalizando a Documentação da Empresa Virtual. Em alguns casos, este processo pode ser retirado em decorrência do funcionamento contínuo da EV, o que garante que tal registro já fora executado.

Cruz-Cunha e Putnik (2009) Fonte: Elaboração própria

Para Vallejos (2005), além da estrutura organizacional para a EV, devem ser criados o estatuto, o código de ética, as normas e procedimentos de funcionamento da EV. No estatuto deve- se prever, por exemplo, a estrutura da EV, as obrigações e as responsabilidades dos parceiros.

Além disso, no código de ética são tratados os aspectos comportamentais, as gratificações e as punições dos parceiros da EV. As normas e procedimentos de funcionamento da EV tratam da dinâmica de funcionamento do grupo de empresas que compõe e do ciclo de vida da EV estabelecida. Tais documentos devem ser estudados e revistos, por todos os parceiros, periodicamente inclusive pelo broker dada suas características de gestão de atividades da EV.

Deve-se definir também os papéis e responsabilidades dos agentes da EV, da mesma forma deve compartilhar a informação e o conhecimento necessários para a colaboração e o sequenciamento da produção com as outras empresas participantes.

4.1.1.1 Elaborar Planejamento Agregado

Através da perspectiva adotada para a presente pesquisa, o planejamento agregado fornece o suporte para a adaptação de recursos da produção para atingir aos objetivos estratégicos da produção (VOLLMANN et al., 2005).

O PAP inclui decisões do tipo: volume a ser produzido por unidade de tempo; níveis de estoque por período; recursos necessários em cada período; níveis de pedidos pendentes; necessidade de horas extras, entre outras (FERNANDES e GODINHO, 2010).

Nesse sentido, o processo de “Elaborar Planejamento Agregado” tem por proposta gerar planos inter-relacionados, com base nas informações das empresas participantes, servindo como apoio para o processo de tomada de decisão compartilhada entre as empresas participantes.

A partir disso, são definidos os parâmetros para aplicação dos dados obtidos no modelo, com o objetivo de ampliar a habilidade do broker em relação à tomada de decisão para a operação da EV.

Tal processo é destacado na Figura 16, além de caracterizado na Tabela 9.

Figura 16 - Elaborar Planejamento Agregado

Fonte: Elaboração própria

Tabela 9 - Descrição do processo de “Elaborar Planejamento Agregado” (início)

Atividade Caracterização Referencial

Levantar Dados Históricos das Empresas Participantes

Selecionar e analisar dados históricos para ampliar o conhecimento acerca das empresas participantes, útil para verificar a capacidade de integração das empresas.

Camarinha- matos et al. (2009

Inserir Dados no Modelo de Simulação

Os dados históricos das empresas participantes e as variáveis definidas para o processo de modelagem são inseridos no modelo.

Simular o Processo de Atendimento da Demanda

Por meio dos dados históricos vinculados com as varáveis definidas, simula-se o processo de planejamento da EV analisando a capacidade, produção e abastecimento. Além disso, por meio dos cenários gerados na simulação do modelo, são elaborados planos alternativos para a tomada de decisão compartilhada. Por meio destes, o broker propõe condições de operação para as empresas participantes. Planejar o Abastecimento

da EV

Estabelece os níveis gerais de abastecimento de matéria prima para um período. Nesse nível de planejamento um conjunto de comparações com a variação da demanda, ou dos níveis de produção com a necessidade de materiais permite antecipar a tomada de decisões.

Pré-Planejar a Produção da EV

Define os níveis gerais de funcionamento da produção para a EV, além de servir de subsídio para o processo de “Planejar a Produção da EV”, oferecendo cenários para a atividade “Consolidação de Ordens de Produção”.

Goulart (2000)

Fonte: Elaboração própria

Tabela 9- Descrição do processo de “Elaborar Planejamento Agregado” (continuação)

Atividade Caracterização Referencial

Planejar a Capacidade da EV

Consiste no estabelecimento dos níveis gerais de capacidade para um período de médio/longo prazo. Nesse nível de planejamento um conjunto de comparação com a variação da demanda, ou dos níveis de produção com a capacidade permite antecipar a tomada de decisões.

Definir Cenário São definidos os termos para a viabilidade operacional para o atendimento da demanda. Além disso, são analisados os melhores cenários e a partir disso são definidas as estratégias e as restrições que podem interferir no comportamento da EV

Bremer et al. (2008)

Planejar Macro Operações

A partir das características gerais do projeto o processo de manufatura é caracterizado em macro operações que serão sequenciadas e definidas para as empresas participantes.

Meihua et al. (2008) Fonte: Elaboração própria

A atividade “Simular o Processo de Atendimento da Demanda” será decomposta no modelo de DS desenvolvido para a presente pesquisa, pois a partir deste modelo simula-se o processo de atendimento da demanda analisando taxas de abastecimento, de produção e a capacidade de cada membro participante.

Dessa forma, por meio dos cenários gerados na simulação do modelo, são elaborados planos alternativos para a tomada de decisão em relação ao “Planejar o Abastecimento da EV”, ao “Pré-Planejar a Produção da EV”, e “Planejar a Capacidade da EV”. Por meio destes, o broker ganha condições de operação de modo eficiente a formação / operação da EV.

Embora esse processo seja relativo, pois depende de inúmeras características das empresas participantes do PCP da EV, é uma tentativa de tratar as decisões do PAP de maneira apropriada ao nível de incerteza da operação compartilhada entre os membros da EV.

A definição das características pertinentes ao desenvolvimento de modelo de referência para EV, conforme trabalhos encontrados na literatura, geraram o escopo e definiram os requisitos a serem atendidos pela presente pesquisa. Com isso, a partir da estrutura do modelo de referência proposto, foi definido o enfoque da presente pesquisa para o planejamento de médio prazo, englobando, principalmente, as atividades de PAP, na gestão da demanda, no planejamento de necessidades de recursos, e na definição geral

Além disso, para a execução deste trabalho, foi determinado que a EV deve operar em um ambiente orientado a pedidos (basicamente em ambientes MTO – Make-to-Stock - ou ETO –

Engineering-to-Order), em decorrência das características necessárias para a operação deste tipo

holística para encadeamento entre as variáveis do PCP para EV, o que, segundo Venkateswaran e Son (2005), amplia a capacidade de tomada de decisão para processos compartilhados.