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Capítulo 3. Revisão da Literatura Relacionada

3.3 Determinação das características do PAP para EV

Segundo Sipper & Bulfin Jr. (1997), as tradicionais entradas para a elaboração do planejamento agregado da produção são: decisões agregadas de capacidade e linhas de produto (oriundo do planejamento estratégico da organização) e informações agregadas sobre demanda. Dessa forma, entre as decisões esperadas é possível destacar: a força de trabalho; alerta sobre necessidade de incremento da capacidade; subcontratação e horas-extras.

No sentido de identificar um conjunto de atividades favoráveis ao PAP em ambiente colaborativo, Guerrni e Freitas (2008) afirmam que a adequação do planejamento à EV mostra-se essencial para elevar os níveis estratégicos operacionais, uma vez que recursos, capacidades e competências são reunidos e precisam ser coordenados, afim de atender a demanda de forma competitiva.

Goulart (2000) afirma que para maximizar os resultados de uma EV, é necessário a existência de princípios de relacionamento pré-estabelecidos para o processo de colaboração. Para a EV obter sucesso é necessário que as empresas participantes compartilhem e integrem seus processos, o que pressupõe segundo Goulart (2000, p.72) “o estabelecimento de uma cultura de cooperação e confiança”, pois apesar da necessidade de princípios de colaboração, as empresas possuem comportamento próprio o que pode gerar conflitos de interesses quando não há o alinhamento entre os objetivos da EV e de seus membros formadores.

Nesse sentido, Vanderhaeghen e Loos (2007) propõem que cada EV defina suas regras de cooperação, bem como as bases de avaliação do processo de integração que, segundo os autores, é definido por meio de sistemas de medição de desempenho que, além de servirem para auxiliar no processo de tomada de decisão, compõe a base para a seleção de críticos para futuras EV.

Apesar de operar como empresa única com processos compartilhados entre as empresas participantes, a partir dos resultados obtidos por Rabelo et al. (1999) é possível estabelecer o PCP para EV em dois níveis:

 PCP para a EV: preocupa-se com a coordenação geral das partes formadoras da EV, bem como com os resultados obtidos. A partir de informações coletadas propõe o planejamento agregado da EV estabelecendo prazos, ordens de produção, lista de materiais, estrutura do produto, e as responsabilidades de cada empresa participantes;

 PCP para Empresas Participantes: o planejamento agregado deve ser desagregado e inserido no planejamento de cada empresa participantes de maneira eficiente para não extrapolar a capacidade de cada participante.

Camarinha-Matos e Afsarmanesh (2008) definem que o planejamento da EV consiste em desenvolver planos compartilhados entre os membros que estabeleça níveis de gerenciamento e execução do conjunto de atividades e processos de negócios para alcançar ao objetivo proposto.

Para tanto, Vernadat (2010) apresentam que as estruturas e ferramentas de integração dos processos produtivos para EV devem ser concebidos, controlados e avaliados a partir de um ponto de vista holístico e sistêmico, pois estes são a chave para a operação das empresas participantes, de modo que sua infraestrutura esteja alinhada com as características da organização e o controle de processos de negócios.

Dessa forma, na perspectiva da produção, Chalmeta e Grangel (2005) afirmam que o mecanismo de planejamento para a EV deve ser capaz de disponibilizar para os responsáveis de tomada de decisão condições de:

 Entender de que maneira alterações no comportamento da demanda impactam no processo produtivo;

 Otimizar a utilização compartilhada dos recursos e tecnologias disponíveis;

 Permitir o controle do fluxo de ordens da produção, em caso de ocorrências que perturbem esse fluxo, a fim de garantir o cumprimento dos prazos de entrega;

 Desenvolver mecanismos configuráveis de acordo com a estrutura empresarial. Com isso, é possível perceber que o PAP para EV, certamente, traz novos desafios para a gestão das empresas participantes, pois para tal é necessária uma ampla capacidade de coordenação na administração de todos as variáveis inerentes aos processos, sem a qual o processo de formação de uma EV está sujeito a grandes problemas operacionais (GOULART, 2000; PIRES et al., 2003; NEVES e GUERRINI, 2010; HUANG et al., 2013).

Para Castro et al. (2011), a execução do PAP em redes de empresas com operações compartilhadas algumas dificuldades são apontadas:

 Previsão da demanda: problemas com a baixa aderência da previsão de demanda tem se mostrado o principal empecilho para o PCP no contexto de alta concorrência no qual as organizações estão inseridas, pois essa realidade pressupõe preocupação com o atendimento da demanda e com a minimização de custos de produção;

 Variação nos níveis de eficiência: em função da variabilidade da demanda é necessário a alta flexibilidade no desenvolvimento do processo produtivo, o que em diversos casos eleva os custos de preparação e programação das etapas produtivas, bem como aumenta a quantidade de material em processo;

 Gerenciamento de Recursos Humanos: em um padrão de demanda bastante variável o PCP tem a responsabilidade de administrar a utilização da força de trabalho da organização o que pode causar aumento nos custos de produção;

 Gerenciamento de Estoque: por meio da variabilidade de funções e mesmo a caracterização do ambiente (ou estratégia) da produção há grande dificuldade em

estabelecer uma proposta de coordenação para a gestão do estoque, em função da variabilidade da demanda e do lead time de re-suprimento;

 Gestão de Relacionamentos inter e intra organizacionais: por administrar informações de diversas áreas e / ou empresas, o PCP está em constante processo de negociação com os diferentes agentes dentro do processo produtivo, onde é necessário ponderar sobre diferentes interesses fazendo com que os recursos disponíveis atendam ao planejamento.