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Segundo Bogdan e Biklen (1994, p. 205), “a análise de dados é o processo de busca e de organização sistemático de transcrições de entrevistas, de notas de campo e de outros materiais que foram sendo acumulados, com o objetivo de aumentar a sua própria compreensão desses mesmos materiais e de lhe permitir apresentar aos outros aquilo que encontrou”. Segundo Guerra (2006), “todo material recolhido numa pesquisa qualitativa é geralmente sujeito a uma análise de conteúdo, mas esta não constitui, no entanto, um procedimento neutro, decorrendo o seu acionamento e a sua forma de tratamento do material do enquadramento paradigmático de referência”.

De acordo com Guerra (2006, p. 69), “a análise de conteúdo pretende descrever as situações, mas também interpretar o sentido do que foi dito. Segundo Coutinho (2015, pp. 221- 222), “durante a interpretação dos dados, é preciso voltar atentamente aos marcos teóricos, pertinentes à investigação, pois eles dão o suporte e as perspetivas significativas para o estudo”. A relação entre os dados obtidos e a fundamentação teórica é que dará sentido à interpretação. Para Bardin (1997 e Esteves, 2006, citados em Coutinho, 2015, p. 222), as interpretações serão sempre no sentido de buscar o que se esconde sob a aparente realidade, o que significa verdadeiramente o discurso enunciado, o que querem dizer em profundidade certas afirmações/ constatações aparentemente superficiais.

Segundo Bogdan & Biklen (1994, p. 149), o termo dados refere-se aos materiais em bruto que os investigadores recolhem do mundo que se encontram a estudar; são os elementos que formam a base da análise. Os dados incluem[...] transcrições de entrevistas e os elementos

necessários para pensar de forma adequada e profunda acerca dos aspetos da vida que pretendemos explorar.

Os dados recolhidos nas entrevistas foram transcritos e analisados numa tabela na qual tive em conta os seguintes elementos: categorias, subcategorias, sub-subcategorias e unidade de registo dos dados. Os dados do inquérito por questionário foram analisados estatisticamente que irão originar tabelas e gráficos tendo como referência a opinião dos inquiridos. Segundo Poirier e Valladon (1983, citados em Guerra, 2006, p. 80), categoria é uma rubrica significativa ou uma classe que junta, sob uma noção geral, elementos do discurso. O sentido da identificação da categoria deve ser bem explícito, mas não unívoco, isto é, não há vantagem em dizer o tipo de variação a não ser que haja uma posição única em todas as entrevistas. Segundo Coutinho (2015, p. 221), a categoria é uma forma geral de conceito, uma forma de pensamento. São rubricas ou classes que reunem um grupo de elementos (unidades de registo) em razão de caraterísticas comuns. A categorização permite reunir maior número de informações à custa de uma esquematização e assim correlacionar classes de acontecimentos para ordená-los. Para Guerra (2006, p. 69), uma vez realizada as entrevistas, torna-se necessário transcrevê-las para papel.

A categorização dos dados obedece a determinados critérios, de acordo com Bardin (2011 e Esteves, 2006, citados em Coutinho, 2015), tais como:

Exclusão mútua: um elemento não pode ser classificado em duas ou mais categorias; homogeneidade: para definir uma categoria, é preciso haver só uma dimensão de análise, eles devem ser separados em diferentes categorias; pertinência: as categorias devem dizer respeito às intenções do investigador, aos objetivos da pesquisa, às questões norteadas, às caraterísticas da mensagem; objetividade e fidelidade: definir bem as categorias, os índices e indicadores para não haver distorções na análise dos dados; produtividade: as categorias serão produtivas se os resultados forem férteis em inferências, em hipóteses novas, em dados exatos. (p. 221)

Para que a análise dos dados oriundos das entrevistas sejam coerentes com o estudo, deve-se ter em conta os critérios de exlusão mútua, homogeneidade, pertinência, objetividade, fidelidade e produtividade tal como já foram referenciados. Estes princípios visam dar consistência nos instrumentos de pesquisa, análise e tratamento dos dados para que os mesmos correspondam apenas numa só unidade de registo e que possam espelhar as intenções do investigador para o alcance dos objetivos da pesquisa.

De acordo com Ramos e Noranjo (2014, p. 202), “os dados do questionário foram analisados com base os seguintes aspetos: “codificação. É a atribuição de símbolos ou números a toda e cada uma das categorias das respostas recolhidas na informação. Formação de tabelas: consiste em agrupar os dados em tabelas convenientemente preparadas, o que facilita a aplicação dos métodos estatísticos. Segundo Ramos e Noranjo (2014), as respostas das

perguntas abertas das entrevistas e inquéritos têm de ser agrupadas de acordo com as tendências, tendo como referência os aspetos positivos e negativos.

Quadro 1 - Categorias dos fatores da escolha da escola

Categoria Subcategoria Sub-subcategoria

Factores intrínsecos da escolha da escola Gestão da escola privada Ambiente tranquilo Organização dos alunos

Comportamento positivo dos alunos Melhoria do aproveitamento escolar Desenvolvimento pessoal

dos estudantes

Comunicação escola-família

Comprometimento do professor no ensino Comprometimento dos professores no serviço

Higiene escolar Disciplina dos alunos Transporte escolar

Controlo dos alunos pelos professores Controlo de alunos pelos seguranças Número reduzido

de alunos nas turmas

Participação dos pais na tomada de decisão da escola privada

Maior responsabilização à escola Privada Projeto educativo Factores extrínsecos à escolha da escola Gestão da escola pública e privadas

Poucas escolas públicas Ensino

Condições materiais Higiene

Número de alunos nas salas de aulas Posição social

Capacidade financeira

Mensalidades de outros colégios Indisciplina de alunos noutros colégios Quadro 2 - Categorias da cultura organizacional, clima organizacional e currículo

Categoria Subcategoria Sub-subcategoria

Cultura organizacional Elementos tangíveis da cultura organizacional Espaço interno Sala de aula Piscina Campo desportivo

Ambiente natural interno (Jardim) Uniforme Elementos intangíveis da cultura organizacional Valores Crenças Regras Rituais religiosos

Cerimónias religiosas e outras Normas internas

Clima

organizacional

Resultados

Relações interpessoais Rendimento acadêmico

Comportamento cognitivo do aluno Comportamento afectivo do aluno Satisfação pessoal do aluno

Currículo

Valorização das aprendizagens

Comunicação escrita excelente Comunicação verbal excelente Aprendizagem de bons hábitos Aquisição de práticas de estudos Focado na leitura

Focado na Matemática Focado na Música

Focado em Princípios religiosos Ensino de Natação

Estudos nos museus Olimpiadas do saber Quadro 3 - Categorias do projeto educativo e eficácia da escola

Categoria Subcategoria Sub-subcategoria

Projeto educativo

Missão

Formar bons cristãos para serem bons profissionais e pais de famílias

Valores

Fé em Deus Rigor Retidão

Dedicação nos estudos Solidariedade

Criatividade Honestidade

Valorização do aluno Socialização do indivíduo Motivação nos estudos

Eficácia da escola Gestão de ensino Liderança Escola-família Ensino-prendizagem Ambiente de aprendizagem

Quadro 4- Blocos e objetivos da entrevista

Blocos Objectivos

Bloco A

Caraterísticas do entrevistado

Motivar os entrevistados, explicando-lhes como será feita a entrevista e que instrumentos será utilizado para colheita das informações, garantir o anonimato e a confidencialidade.

Bloco B

Percepção dos sujeitos sobre as razões da escolha da escola

Perceber as razões que levam as famílias para escolher as três escolas privadas em Luanda Bloco C

Perceção dos sujeitos sobre o porque da escolha de uma escola em vez de outra

Compreender as razões dos sujeitos na escolha de uma escola privada em vez de outra escola pública ou privada.

Bloco D

Perceção dos sujeitos sobre os aspetos culturais da organização escolar

Perceber se os aspetos culturais da organização interna jogam papel decisivo na escolha da escola

Bloco E Perceber se o clima organizacional é relevante em relação à escolha da escola.

Bloco F

Perceção dos sujeitos sobre as aprendizagens dos alunos

Analisar se as aprendizagens essenciais

proporcionadas pelo currículo jogam um papel relevante na escolha da escola.

Bloco G

Perceção dos sujeitos sobre a influência do projeto educativo na escolha da escola

Compreender em que medida é que o projecto educativo tem sido um elemento de atração para as famílias optarem por escolher uma escola privada que eles acham ser de referência.

CAPÍTULO 6- ANÁLISE, TRATAMENTO E DISCUSSÃO DOS DADOS