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CAPÍTULO 2 – ESCOLA E CULTURA

2.8. O papel do professor na qualidade de ensino-aprendizagem

Segundo Oliveira (2014, p. 23), “o trabalho docente tem uma dimensão mais alargada do que o ato de transmissão de conhecimentos em salas de aulas, assumam elas as mais variadas formas. Ele também não se esgota nos limites dos processos de ensino e de aprendizagem que se desenvolvem no contexto das relações professor-aluno numa dada sala de aula”. É importante considerarmos que em contexto didático, o professor é protagonista da aprendizagem dos alunos, é ele quem desperta a vontade de aprender e é o dinamizador do processo de ensino- aprendizagem. Neste contexto, Fullan (2002, citado em Formosinho e Machado, 2009, p. 50) diz que os professores não são o objeto da mudança, eles são agentes da mudança educativa e da melhoria da sociedade.

Morzano et al. (2005, Leithwood et al.,2004, Robinson, 2007, citados em Bolívar 2012, p. 100), afirmam que dentro de todos os fatores internos da escola, depois do trabalho dos professores na sala de aula, a liderança é o segundo fator que contribui para que os alunos aprendam na escola. Estes teóricos caraterizam o professor como elemento de primeira ordem na aprendizagem dos alunos, porém, num processo de interconexão dialética que se dinamiza numa cultura colaborativa entre os intervenientes no processo de desenvolvimento curricular. Cohen et al. (2003, citados em Bolívar 2012), afirmam:

A tarefa de um professor não é, em primeiro lugar, a de ensinar, mas sim a de criar bons contextos para aprendizagem tais como: comprometer-se com os estudantes e aprendizagem; conhecer os conteúdos e a forma de ensina-los aos alunos; responsabilizar-se pela direção e orientação do trabalho dos alunos; pensar de modo sistemático sobre a prática e aprendizagem com experiência, pertencer a comunidades de aprendizagem comprometidas com a melhoria do ensino (pp.164-165).

Em contextos didáditos o papel do professor é caraterizado pelas competências e profissionalismo, por esta razão, Bolívar e Domingos (2007, citados em Bolívar, 2012) afirmam que os professores eficazes têm um conjunto de competências técnicas quando ensinam nas aulas:

Possuir e comunicar as expetativas elevadas sobre e aos alunos; planificar bem as lições, estabelecendo um contexto claro e objetivos de cada lição; utilizar uma variedade de técnicas e envolver os alunos; ter uma estratégia transparente para a gestão dos alunos, prevalecendo um sentido de ordem na turma, aplicar o tempo e os recursos de forma sábia, de modo a promover boas atividades e aprendizagem eficaz, usar um método amplo de avaliação para supervisionar a comprensão e o trabalho dos alunos (p. 219).

Bolívar (2012) afirma que o professor eficaz incorpora no processo de ensino um conjunto de atitudes, condutas, modos de gerir e concluir uma aula que as carateriza da seguinte forma:

Em relação as atitudes, os docentes acreditam que todos alunos podem aprender; assume a sua responsabilidade pela aprendizagem dos estudantes e em conseguir uma aprendizagem bem sucedida; a aula tem um clima positivo e favorável à aprendizagem. Em relação aos modos de gerir a aula, cria um contexto apropriado para a aprendizagem, utiliza estratégias de ensino diversificadas, fornece oportunidades aos estudantes para que trabalhem autonomamente e de modo cooperativo, centra-se em conteúdos relevantes, com estruturas coerentes e enfatiza os pontos chaves e avalia de modo geral para fazer um diagnóstico do progresso da turma (pp. 218- 219).

Segundo Sammons, Hillman e Martimore (1995, citados em Lima, 2008), os professores eficazes apresentam as seguintes caraterísticas profissionais:

Ensinam a turma como um todo, apresentam a informação ou as competências a aprender, de forma clara e dinâmica, conseguem manter as aulas focalizadas nas tarefas a realizar, não fazem juízos de valor sobre os alunos, ensinam de forma descontraída, têm expetativas elevadas, relativamente ao sucesso dos alunos (destinam-lhes mais trabalhos de casa, adoptam um ritmo mais rápido nas aulas, mantem-nos atentos) e relacionam-se com os estudantes de forma fácil, o que resulta em menos problemas de comportamento nas aulas. (p. 205)

A qualidade de ensino e aprendizagem dos alunos deve-se também ao comprometimento do professor para com a instituição, no desempenho das suas funções pedagógicas. A este respeito, Reyes (1990, citado em Bolívar, 2012, p. 243) identifica um conjunto de caraterísticas positivas de um professor altamente comprometido, tais como: não chegar tarde, realiza melhor o seu trabalho, influência positiva no desempenho dos alunos, acreditar e agir em favor das metas educativas da escola, esforçar-se para além do interesse pessoal e tendência para não abandonar o exercício da profissão. Por sua vez, (Firestone e Rosemblum, 1998; Daneta, 2002; Park, 2005; Razak, Darmawan e Keeves, 2009, citado em Bolívar, 2012) distinguiram quatro tipos de compromisso, segundo os níveis aos quais se distinguem:

• Compromisso com os estudantes, como cuidado e preocupação com os seus alunos: atender de modo personalizado, incrementar a aprendizagem, assim como a responsabilidade pela sua aprendizagem, particularmente naqueles casos com défices maiores (p. 237).

• Compromisso com o trabalho docente: carateriza o grau de intensidade com que uma pessoa deseja participar num trabalho e o grau de identidade psicológica de cada indivíduo com a sua profissão. Diz respeito ao vínculo psicológico entre o docente e a sua ocupação no ensino. Manifesta o seu entusiasmo pelo ensino, na sua disposição para esforçar-se em fazer um bom trabalho, e como consequência proporcionar um ensino eficaz, dedicando mais tempo aos estudantes como pessoas, assim como aos conteúdos ensinados (p. 238).

• Compromisso com a profissão, entendido como uma atitude de especial atração pela docência: satisfação e identificação com o trabalho quotidiano na sua vida [...], a sua energia é orientada para a profissão docente (p. 238).

• Compromisso com a escola, como organização e local de trabalho: identificação com os valores da escola, sentido de comunidade, desejo de continuar/permanecer na escola e o seguimento de uma linha de ação, coerente com os objetivos da respetiva escola (p. 239).

A forma como os professores se posicionam em relação à organização em que estão vinculados proporciona maior dinâmica laboral, capacidade organizativa e sucesso da mesma. Deve-se enfatizar que o comprometimento do professor com a instituição é caraterizada pela entrega em relação com a profissão, o acompanhamento individual do aluno em contexto intra e extra escolar, com a sua dedicação em relação ao ensino, com a instituição e no cumprimento dos normativos internos da mesma que figuram no regulamento interno da escola.Relacionam- se com os estudantes de forma fácil, o que resulta em menos problemas de comportamento nas aulas.

CAPÍTULO 3 - DESAFIOS INOVADORES DA GESTÃO CURRICULAR