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CAPÍTULO 2 – ESCOLA E CULTURA

2.6. Qualidade e eficácia escolar

Falar de qualidade escolar é ter em conta vários estudos científicos e empíricos que dão sustentabilidade ao assunto. Segundo Bostingl (1992, citado em Cabral, 1992, p. 78), nas escolas de qualidade, todos os indivíduos devem dedicar-se ao seu próprio aperfeiçoamento e ao melhoramento-pouco a pouco, dia após dia, das outras pessoas na sua esfera de influência.[...] as escolas de qualidade vêem o processo de aprendizagem como um espiral, com as energias dos alunos e dos professores dirigidas para um aperfeiçoamento ilimitado e contínuo. Para Bolívar ( 2012, p. 212), “a qualidade de ensino depende de um desenvolvimento

profissional dos professores que faculte profundos conhecimentos sobre os conteúdos melhorar a aprendizagem de todos os estudantes[...]”, por outro lado, Bolívar ( 2012, p. 217) “afirma que a qualidade do ensino tem um impacto direto naquilo que os alunos aprendem”. Para Silva (2010), “a qualidade de uma escola não é facilmente percebida, porém, existe um dos principais indicadores que é o resultado de aprendizagem dos alunos”. Lima (2008, p. 30) “afirma que a noção de eficácia é complexa e múltipla, e que para medi-la podemos escolher inúmeros indicadores: a taxa de passagem num determinado ano ou nível de ensino, o grau de aquisição de conhecimentos pelos alunos e a taxa de passagem num ano relativamente a de outro”.

Segundo Mortimore et al.(1998, citados em Silva 2010, p. 42), a eficácia da escola está direta ou indiretamente dependentes de práticas de gestão, tais como, comportamentos específicos e estratégias utilizadas pela direção e pelo corpo docente. É essencial ter-se em linha de conta que a escola e a sala de aula estão interligadas de diversas maneiras. O que o professor pode ou não pode fazer, depende em certa medida, do que acontece na escola no seu todo.

Edmundo (1979, citado em Lima, 2008, p.31) define escola eficaz como uma instituição onde não existe qualquer relação entre os antecedentes familiares dos alunos e o seu sucesso. Sammons, Hillman e Mortimore (1995, citados em Lima 2008, p.33) definiram escola eficaz como uma instituição que “adiciona valor extra ou acrescentado2” aos resultados dos seus

alunos, comparativamente com organizações que servem populações semelhantes. Stoll e Fink (1995, citados em Lima, 2008, p.41) propõe que se defina como eficaz uma escola que: promove o valor de todos os seus alunos para além do esperado; assegura que cada aluno atinge os padrões mais elevados que lhe sejam possíveis; melhora todos aspetos do sucesso e do desenvolvimento dos estudantes e continua a melhorar, ano após ano.

As escolas eficazes caraterizam-se como organizações aprendentes, ou como diz Bolívar (2012, p. 127), “comunidades de aprendizagem profissional (CAP)”. A eficácia de uma escola depende em grande medida da cultura colaborativa predominante. Segundo Bowen et

al.(2006, citados em Dinis et al., 2013, p. 9), as organizações aprendentes (OA) estão associadas com um conjunto-chave de condições e processos que suportam a capacidade de uma organização, valorizar, adquirir e utilizar informação e conhecimento tácito dos colaborados e

2As conceções de eficácia baseadas no valor acrescentado reconhecem que os alunos têm antecedentes, aptidões

para aprender, ambientes familiares e grupos de pares distintos, e que isso já influenciou as suas competências e os seus conhecimentos, quando ingressam numa instituição, por outro lado, o valor acrescentado significa pois que uma escola pode ser classificada como eficaz, independentemente do nível absoluto de vantagem ou de desvantagem social que caracteriza o seu corpo discente: as escolas que servem populações altamente desfavorecidas podem ser altamente eficazes. Do mesmo modo, as escolas que servem populações muito favorecidas podem não conseguir ser eficazes e [ poderão, até,] promover o insucesso dos seus alunos (Sammons,

stakeholders para planejar, implementar e avaliar com sucesso estratégias para atingir os objetivos. Sammons, Hillman e Mortimore (1995, citados em Lima, 2008, p. 212), as escolas eficazes são organizações aprendendentes, na medida em que os responsáveis diretivos e os docentes estão continuamente a aprender, a procurar manter-se atualizados e a aprofundar os seus conhecimentos e competências e pelo facto da aprendizagem ocorrer na própria escola e abranger toda instituição, em vez de ser desenvolvida apenas por cada um, individualmente. Para Senge et al.(2005, citado em Formosinho e Machado, 2009, p. 66), a escola que aprende é uma escola em que os seus membros são os responsáveis da sua aprendizagem.

Segundo Bolívar (2012, p. 127), “a comunidade de aprendizagem profissional possibilita que os profissioanis aprendam novas práticas e originem novos conhecimentos, com o objetivo de melhorar a aprendizagem dos alunos”. Uma escola aprendente é sem dúvida uma comunidade prática, nesta perspetiva Wenger, McDermott e Snyder (2002, citados em Bolívar, 2012, p. 131) definem-na como um grupo de pessoas que partilham uma preocupação, um conjunto de problemas ou uma paixão por um tema, e que aprofundam os seus conhecimentos e experiências neste âmbito, através de interação contínua.

Segundo Bolan, McMahon, Stoll et al. (2005, citados em Bolívar, 2012, p. 132) definem que uma comunidade de aprendizagem profissional eficaz tem a capacidade de promover e sustentar a aprendizagem de todos os profissionais na comunidade escolar, com o propósito coletivo de melhorar a aprendizagem dos alunos. De acordo com Stoll (2011, citado em Bolívar, 2012, p. 132), a comunidade de aprendizagem profissional refere-se a um grupo de pessoas que, de uma forma inlusiva e colaborativa, se apoiam mutuamente, explorando de modo reflexivo, para aprender mais sobre a prática em ordem a melhorar a aprendizagem dos alunos. Na visão de Morrissey (2000, citado em Bolívar, 2012, p. 132), as comunidades de aprendizagem profissional são construídas não só para que os professores trabalhem com maior prazer, ou para que haja um melhor ambiente nos colégios ou escolas, mas também para incrementar a capacidade dos professores como profissionais, em benefício daquilo que é mais importante como missão da escola: a melhoria da aprendizagem dos alunos. Finalmente, (Bolam et al., 2005 e Stoll et al., 2006, citados em Bolívar, 2012, p. 133) entendem as comunidades de aprendizagem profissional, como uma prática da cultura de colaboração e das organizações que aprendem, são um dos melhores dispositivos para promover uma melhoria sustentada ao longo do tempo, assim como para o incremento da aprendizagem dos alunos.