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Cuidados e conselhos para o recém-nascido

PARTE II: Temas desenvolvidos no estágio

2. Cuidados e conselhos para o recém-nascido

2.1. Enquadramento

Nos primeiros dias após o nascimento do bebé, os pais sofrem de grande ansiedade e estão recetivos a todos os conselhos que recebem.

Aproveitando a proximidade da Farmácia da Boa Hora com a Maternidade Júlio Diniz, e devido à grande afluência de utentes que foram pais recentemente, elaborei um panfleto com os conselhos que considerei mais úteis e apropriados (Anexo XII).

2.2. Dermatite da fralda

A dermatite da fralda é um dos problemas mais frequentes, afetando 25% dos bebés durante as primeiras semanas de vida. É uma condição inflamatória localizada na zona

da pele do bebé que se encontra em contato com a fralda. Existem vários fatores que a podem despoletar como: a presença de dermatite atópica, diarreia, malnutrição, frequência das defecações, doenças infeciosas, antibioterapia e erupção dos dentes. No entanto, os principais fatores para o seu aparecimento são a oclusão e fricção. A oclusão existente pelo uso de fraldas demasiado justas e/ou com coberturas plásticas ou elásticas, diminui a circulação do ar e aumenta a humidade na zona da fralda. Isto torna a pele hiperhidratada e mais suscetível à absorção de compostos químicos. Posteriormente, a fricção entre a pele e a fralda, faz com que esta esteja mais suscetível à rutura. O contato prolongado com fezes ou urina pode despoletar a dermatite da fralda; as bactérias do cólon produzem amónia, aumentam o pH da pele e vão torna-la mas suscetível a infeções [71-73].

2.3. O farmacêutico e a dermatite da fralda

O farmacêutico deve salientar junto dos utentes que o mais importante no tratamento da dermatite da fralda é mesmo a prevenção. Devem ser promovidos os bons hábitos de tratamento da pele e higiene no recém-nascido. Os cuidados a ter são: a fralda deve ser mudada frequentemente, no mínimo seis vezes por dia, preferencialmente a seguir às refeições e à defecação; para crianças que apresentam episódios repetidos de DF, tentar deixá-la o maior tempo possível sem fralda; as fraldas devem ser absorventes, transpiráveis e não oclusivas; em cada muda de fralda, deve-se limpar com algodão e água tépida; os produtos usados devem ser adaptados à pele do bebé; a pele não deve ser esfregada mas sim enxaguada muito bem, e tem de estar bem seca antes de colocar a nova fralda. Os protetores de pele são os únicos compostos seguros para utilizar na DF, sem supervisão médica, e devem ser colocados em cada muda de fralda. Funcionam como uma barreira física entre a pele e os agentes irritantes externos, protegendo as zonas afetadas. Os princípios ativos destes compostos são geralmente a calamina, alantoína, lanolina, vaselina, talco ou óxido de zinco. Os protetores de pele que contenham benzocaína, ácido bórico ou bicarbonato de sódio devem ser evitados, devido à sua toxicidade. As formas mais severas de DF podem ser tratadas com corticosteroides tópicos de baixa potência, como a hidrocortisona 0,5% ou 1%. Quando existe suspeita de infeção secundária, deve-se encaminhar rapidamente para o médico [71-73].

2.4. Crosta láctea

agarra as células mortas à superfície formando uma placa/escama. Tem geralmente uma evolução benigna e desaparece espontaneamente, não sendo necessários tratamentos agressivos [63, 74].

2.5. O farmacêutico e a crosta láctea

A crosta láctea é facilmente controlada com uma lavagem frequente com um champô infantil e o uso de um gel emoliente que descola as crostas e elimina o sebo, deixando o couro cabeludo suave. Em casos em que o champô e o emoliente não são suficientes, pode ser aconselhado o uso de um champô antifúngico. Em casos mais graves pode ser necessária a utilização de hidrocortisona. No entanto, em qualquer dos casos, o tratamento deve ser acompanhado por um pediatra [63, 74]

2.6. Síndrome de morte súbita do lactente

A síndrome de morte súbita do lactente (SMSL) consiste na morte súbita e inexplicada de um lactente aparentemente saudável e cuja autópsia não demonstre uma causa de morte. Nos países desenvolvidos é a primeira causa de morte entre o primeiro mês e o primeiro ano de vida. A sua etiologia e patofisiologia ainda continuam por esclarecer mas os fatores de risco mais identificados são: dormir em decúbito ventral ou lateral, uso de superfícies moles para dormir, aquecimento excessivo, ausência ou insuficiência de vigilância, idade materna jovem, exposição pré e pós-natal ao tabaco e baixo peso de nascimento ou prematuridade [75, 76].

2.7. O farmacêutico e a síndrome de morte súbita do lactente

O farmacêutico pode desempenhar um papel ativo na prevenção da SMSL através de uma série de aconselhamentos básicos e que podem fazer a diferença. As recomendações mais importantes são: o lactente deve dormir em decúbito dorsal; não deve adormecer em superfícies moles (colchão mole, sofá); não se deve usar almofadas, alcofas, edredões ou peças de roupa que possam cobrir o lactente; a roupa de cama deve ficar disposta de maneira a não cobrir a cabeça, deve ficar ao nível do tronco e presa debaixo do colchão; a temperatura do quarto deve-se situar entre 18 a 21ºC, de modo a evitar o aquecimento excessivo ou a hipotermia frequente em prematuros; o aquecimento excessivo deve ser evitado, o lactente deve usar o mesmo número e tipo de peças de roupa que o adulto; não deve dormir no meio dos pais; a exposição tabágica e ao álcool pré e pós-natal deve ser evitada. A amamentação também está associada a um menor risco de SMSL. Deve ser incentivado o cumprimento do plano nacional de vacinação e as consultas de saúde infantil [75, 76].

2.8. O farmacêutico e outros conselhos úteis para o recém-nascido

Além dos conselhos anteriormente referidos, existem outros que não se referem a patologias do recém-nascido.

O banho pode ser dado apenas três vezes por semana e deve ser antes das refeições. A temperatura ambiente deve ser de 22ºC e a da água deve rondar os 36ºC, podendo esta ser avaliada com um termómetro ou com o cotovelo. Antes de despir o bebé, deve-se preparar todo o material necessário e retirados todos os objetos (anéis, pulseiras) que o possam magoar. Deve segurar-se a cabeça do bebé na parte interior do cotovelo. Nas primeiras semanas de vida, deve usar-se no banho só água; o sabão quando utilizado deve ser adequado a bebés (não conter aditivos, de pH neutro) e deve ficar limitado às áreas mais sujas. Após o banho, a pele deve ser bem hidratada [76, 77].

O coto umbilical deve ser mantido sempre limpo e seco. Enquanto não cicatrizar, não deve ser tapado com compressas, faixas ligaduras ou com a fralda. É recomendável efetuar uma limpeza uma vez por dia com compressas humedecidas com álcool puro a 70% (sem cetrimida) [76].

Diariamente, deve ser aplicado um creme hidratante adequado; para peles muito secas é aconselhável utilizar um creme nutritivo várias vezes por dia, limpando sempre as zonas húmidas antes da aplicação; o bebé não deve ser exposto diretamente ao sol nem sair de casa com temperaturas muito elevadas [76].

A roupa do recém-nascido deve ser confortável, preferindo-se o algodão ou outras fibras naturais. Não deve ser lavada com detergentes que contenham hipoclorito de sódio ou pentaclorofenol. Por norma, o lactente deve usar o mesmo número de peças de roupa que o adulto [76].

Outro dos problemas que assola os recém-nascidos são as cólicas. Estas acontecem normalmente após a amamentação e durante a noite, podendo durar alguns minutos ou algumas horas. Geralmente, deixam de existir aos dois/três meses após o nascimento. Podem ser prevenidas se as amamentações não forem excessivas ou muito rápidas ou se, depois destas, se colocar o bebé a arrotar. Em caso de cólicas, não se deve dar remédios-caseiros ao bebé, pode-se acaricia-lo suavemente e os movimentos rítmicos (embalá-lo ou passeá-lo no carrinho) podem ajudá-lo a relaxar. Se houver febre, vómitos, diarreia ou obstipação, deve-se consultar o médico [60].

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