Nazaré Vilhena Aires, Graça Martins Gomes, Luísa Macau, Paula Figueiredo
CUIDADOS AO INDIVÍDUO SUBMETIDO A ASPIRAÇÃO DE SECREÇÕES COM EET 1 Objectivos
Definir princípios orientadores da prestação de cuidados ao indivíduo sumetido a aspiração de secreções com EET
Dotar o enfermeiro de competências para a prestação de cuidados
Promover ganhos em saúde associados à prestação de cuidados ao indivíduo submetido a aspiração
de secreções com EET
Promover ganhos em saúde associados à prestação de cuidados ao indivíduo submetido a aspiração
de secreções com EET Prevenir complicações
2. Âmbito
Aplica-se na prestação de cuidados a indivíduos submetido a aspiração de secreções com EET
3. Definições
EET
Procedimento altamente invasivo que “Consiste na permeabilização artificial das vias aéreas com recurso a um adjuvante”. (ATLS, American College of Surgeons). Traduz-se, na colocação de um tubo de plástico flexível (isto é, tubo endotraqueal) através da boca, nariz ou traqueia. A selecção entre estes locais anatómicos para criação da via aérea artificial no doente depende da finalidade do procedimento e da condição clinica do doente. A entubação endotraqueal (EET) cria uma via aérea acessível para ventilação mecânica e permite a administração de anestésicos ou outros medicamentos gasosos para dentro dos pulmões. A EET pode ser realizada durante uma situação de emergência (ex. paragem cardiorespiratória), ou como parte de um procedimento planeado (ex. cirurgia, broncofibroscopia, etc.).
Surge muitas vezes referido na literatura como intubação traqueal/intubação endotraqueal.
MANUAL DE PROCEDIMENTOS EM ENFERMAGEM
Aspiração de secreções
Edição: 01 Revisão: 03 Página 139 de
Sonda de Aspiração
Cateter de sucção com controlo de vácuo com a ponta do dedo. Numerado de acordo com o diâmetro, descartável e de uso único.
4. Referências
ARNEDO, Jesus M. Navarro et al. - Guia práctica de enfermería en el paciente critico. http://www.san.gva.es/centros/hgalica/guiaenf/TECNICA%20DE%20ASPIRACION%20SECRECION ES%20TRAQUEOBRONQUIALES.htm
BURTON, George G.; HODGKIN, John E.; WARD, Jeffrey J. – Respiratory care. A guide to clinical
practice. 4rd ed. Philadelphia: Lippincott. 1997. Xiv, 1156p. ISBN 0-397-55165-7.
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Disponível em: http://www.jstor.org/stable/10.1086/591062
FARIAS, GM [et.al] – Aspiração endotraqueal: estudo em pacientes de uma unidade de
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KOEMAN, Mirelle et al - Oral Decontamination with Chlorhexidine Reduces the Incidence of
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http://ajrccm.atsjournals.org/content/173/12/1348.full.pdf+html MARCELINO, Paulo et al – Manual de
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Técnicas e Científicas, Lda, 1ª ed, 2009. 256p. ISBN: 978-972-8930-42-4.
MARTINS, Maria Aparecida – Manual de infecção hospitalar. Epidemiologia. Prevenção.
Controle. 2ª ed. Rio de Janeiro: MEDSI. 2001. 1116p. ISBN 85-7199-256-8.
PINA, Drª Elaine [et al.], - Recomendações da Infecção Respiratória no Doente Ventilado. Ministério da Saúde. 2004. [consultado 21 Maio 2010]. Disponivel em http: //www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i008554.pdf
UFBERG, Jacob W. et al. 2005. Aspiration of gastric contents: association with prehospital
URDEN, Linda et al. 2008. Thelan: Enfermagem de Cuidados Intensivos – Diagnóstico e
Intervenção. 5ª Ed. Lusodidacta, Lisboa.
5. Responsabilidades
Enfermeiros do CHLO – Hospital de Santa Cruz
6. Descrição
6.1 Orientações Gerais
É um conjunto de acções que visam manter a permeabilidade das vias aéreas, prevenir estase de secreções, manter uma boa oxigenação, colher espécimes para análise e prevenir complicações, nomeadamente a PAV
Utilizar técnica assética.
O material para aspiração de secreções deve estar preparado junto do indivíduo. Ou pelo deve estar suficientemente próximo que o seu alcance seja instantâneo em situações de urgência.
A utilização de sondas de aspiração em circuito fechado é preconizada nos indivíduos infectados e/ou crónicos.
Aspiração de secreções pode ser efectuada por um ou dois enfermeiros, (de preferência com dois enfermeiros em indivíduos conectados a ventilador).
A existência de ruídos respiratórios, nomeadamente roncos (ruídos de tonalidade grave, audíveis nos dois tempos respiratórios) sugere estase de secreções em brônquios de grande calibre.
A existência de sibilos (ruídos de tonalidade aguda e fina, audíveis nos dois tempos respiratórios) sugere obstrução dos pequenos brônquios, quer por secreções, quer por broncoespasmo.
O aumento da pressão nas vias aéreas pode ser sugestivo de estase de secreções ou obstrução no circuito externo do ventilador.
O aumento do trabalho respiratório, associado à diminuição da Sat. O2 no doente ventilado pode ser optimizado pela aspiração de secreções.
Uma pressão de aspiração excessiva pode dar origem a hipóxia ou traumatismo da mucosa da traqueia.
A pressão de aspiração não deve ultrapassar: 60-80 mmHg para crianças com menos de 1 ano 80-120 mmHg para crianças com idade entre 1 e 8 anos 120-150 mmHg para os adultos
80-120 mmHg para adultos com mais de 75 anos
Antes de cada aspiração deve ser efectuada hiperoxigenação, para prevenir hipoxémia grave, excepto em indivíduos DPOC. Muitas complicações podem ser evitadas hiperventilando o indivíduo e oxigenando-o antes e após a aspiração de secreções.
A hiperoxigenação pode ser feita utilizando o ressuscitador manual enriquecido com O2 ou aumentando temporariamente o FiO2.
O tamanho das sondas de aspiração não deve exceder metade do calibre do tubo endotraqueal. Recomenda-se:
CH do tubo endotraqueal CH da sonda 2,0 – 3,0 3,5 4,0 – 4,5 5,0 – 6,0 6,5 – 7,0 7,5 – 8,0 8,5 – 9,0 04 05 06 08 10 12 14
A duração de cada aspiração não deve ultrapassar 5 a 15 segundos.
Aspirações prolongadas, com duração superior a 15 segundos podem provocar hipoxémia, alterações cardíacas e broncoespasmo.
Para permitir a aspiração do brônquio esquerdo, roda-se a cabeça do indivíduo para o lado direito, alinhando o queixo com o ombro direito. A aspiração do brônquio direito faz-se de forma inversa:
Aspirações desnecessárias e repetidas não só traumatizam o indivíduo como irritam a mucosa e estimulam a produção de secreções, pelo que deve ser feita auscultação dos campos pulmonares para avaliar a necessidade da aspiração.
Deve introduzir-se a sonda de aspiração no TET até se sentir resistência, recuando-a cerca de 0,5cm, para prevenir traumatismo/úlcera da traqueia.
É preconizado uma pequena interrupção entre 2 aspirações consecutivas.
Nos indivíduos com traqueostomia deve introduzir-se cuidadosamente a sonda de aspiração para minimizar o risco de traumatismo, pois o espaço morto das vias aéreas encontra-se diminuído. A instilação de cloreto de sódio a 0,9% não deve ser superior a 5cc e não deve ser feita por rotina
pois diminui a PaO2 e aumenta o risco de infecção e atelectasias. Deve ser apenas efectuada quando as secreções são espessas e viscosas ou se se verifica a existência de rolhões de muco e coágulos.
Se existirem secreções “soltas” no TET, devem aspirar-se antes de se adaptar o ressuscitador manual.
O sistema de aspiração (incluindo sondas de aspiração em circuito fechado) e o circuito externo do ventilador deve ser substituído:
- em SOS
- de 72 em 72 horas
- diariamente, nos indivíduos imunossuprimidos e imunocomprometidos
O ventilador deve ser substituído: - em SOS
- de 7 em 7 dias
diariamente, nos indivíduostransplantados, imunossuprimidos e imunocomprometidos
6.2 Recursos
Tabuleiro inox
Sondas de aspiração ou sondas de aspiração em circuito fechado Ampolas de 10 cc de cloreto de sódio a 0,9%
Seringa de 10 cc
Luvas plásticas esterilizadas
Frasco de água destilada estéril com abertura fácil Saco para resíduos
Aspirador de alta pressão Tubo de silastic
Ressuscitador manual conetado a fonte de O2 Estetoscópio
Material de higiene oral
Material para colheita de espécimes (se necessário) Avental de plástico
Máscara cirúrgica com viseira ou óculos de proteção Monitor eletrocardiográfico
6.3 Procedimento
AÇÃO JUSTIFICAÇÃO
Identificar o indivíduo Gerir risco e segurança Validar a prescrição ou quando não prescrita realiza-la
sempre que se demonstre necessário. Gerir risco e segurança Explicar ao indivíduo todos os procedimentos se consciente
e orientado
Tranquilizar o indivíduo Facilitar a colaboração Proceder à higiene das mãos ou desinfeção com solução
de base alcoólica Prevenir IACS
Avaliar estado hemodinâmico do indivíduo (ECG, PA, FC,
FR e PaO2) Prevenir complicações
Verificar o funcionamento do aspirador Garantir a segurança do indivíduo Verificar valores da última gasimetria arterial Prevenir complicações
Proceder à higiene das mãos ou desinfeção com solução
de base alcoólica Prevenir IACS
Colocar avental de plástico e máscara cirúrgica com viseira
ou óculos de proteção Prevenir IACS
Posicionar o indivíduo corretamente (cabeceira elevada 30º a 45º, se possível)
Facilitar a execução do procedimento Proporcionar conforto
Prevenir aspiração do conteúdo gástrico Auscultar os campos pulmonares bilateralmente Avaliar necessidade da aspiração Conectar fonte de O2 ao ressuscitador manual ou
aumentar o FiO2 do ventilador
Prevenir hipoxia e mobilizar secreções
Conectar a sonda de aspiração ao tubo de tygon mantendo-a protegida pelo invólucro respetivo e ligar o aspirador
Dar continuidade ao procedimento Prevenir IACS
Desconectar o indivíduo do ventilador Dar continuidade ao procedimento Instilar 3 a 5 cc de cloreto de sódio a 0,9% no interior do
TET, (0,5 a 1cc nas crianças), se necessário
Fluidificar as secreções
Adaptar o ressuscitador manual (conectado à fonte de O2)
A regulação da pressão de ar a insuflar é feita manualmente no ressuscitador manual.
Mobilizar as secreções
Adaptar o indivíduo ao ventilador Manter oxigenação/perfusão Permitir ventilação mecânica Calçar luva plástica esterilizada na mão dominante Prevenir IACS
Segurar a sonda com a mão que tem a luva esterilizada Dar início à aspiração Desconectar o indivíduo do ventilador
Introduzir a sonda de aspiração suavemente através do TET, sem ultrapassar o limite do tubo, não forçando se encontrar obstrução. A introdução é feita sem aspirar. A aspiração é feita com movimentos suaves pela mão dominante. Efetuar a aspiração até os campos pulmonares não apresentarem sinais audíveis de secreções, avaliando o estado hemodinâmico A mão não dominante segura o TET.
Prevenir o traumatismo da traqueia e árvore respiratória Prevenir a hipoxémia
Permitir a higiene traqueobrônquica eficaz
Retirar suavemente a sonda com movimentos circulares, sob aspiração intermitente, não ultrapassando os 15 segundos.
Remover as secreções Prevenir a hipoxémia Prevenir atelectasias
Adaptar o ressuscitador manual (conectado à fonte de O2) à extremidade do tubo ET, procedendo à sua insuflação. Aspirar uma última vez.
Prevenir hipoxémia Prevenir atelectasias
Conectar o indivíduo ao ventilador com a mão não
dominante. Permitir ventilação mecânica
Inutilizar a luva e a sonda de aspiração enrolando-a na mão dominante e remover a luva pelo avesso para que a sonda fique no seu interior.
Limpar o tubo de aspiração. Aspirar no interior do frasco de água destilada com o tubo de tygon e proteger a sua extremidade.
Desligar o aspirador
Prevenir IACS
Permitir desobstrução do tubo Controlar a contaminação do tubo
Auscultar os campos pulmonares bilateralmente Avaliar a eficácia da aspiração Fechar a fonte de O2 Evitar gastos desnecessários
Prevenir acidentes
Efetuar higiene oral do Doente
Prevenir IACS Proporcionar conforto
Posicionar o indivíduo ou assisti-lo a posicionar-se Proporcionar conforto Remover EPI’s
Proceder à higiene das mãos Prevenir IACS
NOTA: Se necessário repetir o procedimento, utilizar nova luva esterilizada e nova sonda de aspiração. Na aspiração de secreções utilizado sondas de aspiração em circuito fechado, as acções descritas nos
pontos 8, 12, 13 14,18 e 19 não se realizam.
6.4 Registos
Procedimento (data, hora, objectivo) Características das secreções brônquicas Reações do indivíduo
Pressão Sanguínea, Frequência Cardíaca, Frequência Respiratória e Saturação Periférica de O2,
Temperatura corporal, dor e escala da Agitação-sedação Características da auscultação pulmonar
Complicações
Educação para a saúde
7. Anexos
CUIDADOS AO INDIVÍDUO VENTILADO