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A cultura visual e a Abordagem Triangular: Sugestão de uma prática em oficinas presenciais para os cursos EaD

No documento Dissertação de Marisa da Conceição Gonzaga (páginas 132-136)

Para iniciarmos o texto será importante refletirmos sobre os enfoques conceituais e metodológicos e o uso das tecnologias. Para tanto, citamos Fecchio, que nos esclarece a importância destas ponderações para esta perspectiva na prática docente.

A reflexão sobre os enfoques conceituais e metodológicos da arte educação a partir das tecnologias contemporâneas deve considerar os processos de contrução de conhecimento em arte. Fica claro que a forma de utilizar recursos tecnológicos está intimamente relacionada com a concepção que o educador tem da educação. Assim o que mais importa é a concepção esteja integrada ao que desejamos, à deriva do que queremos percorrer, à forma com a qual potencializaremos nos aprendizes a crítica, a reflexão, as questões que gerarão interesse e sentido. E necessário sempre ter em mente: A apropriação potente das ferramentas para a expressão, o entendimento das

poéticas propostas pela arte contemporânea mergulhada em uma revolução digital, desejar exercer na prática didática, nos fazeres e nas relações, as instâncias ética, e política (FECCHIO, 2017, p. 1).

Consideramos que a concepção da aproximação da cultura visual com a Abordagem Triangular advém dos estudos sobre a proposta de Ana Mae Barbosa para o ensino da arte, realizado pela autora acima citada e, portanto, algo que não é novo, apesar do registro da citação ser 2017, estas possibilidades pedagógicas vêm sendo fomentadas há aproximadamente 20 anos desde a apresentação da Abordagem Triangular, que coincide também com o advento da EaD à época da aprovação da LDB, em dezembro de 1996.

No que diz respeito à formação do professor, a ênfase recaiu principalmente sobre a importância da conscientização do futuro professor acerca de sua prática relacionando no momento também às questões da cultura visual. O ensino das Artes Visuais nos dias atuais requer incentivo à produção de um conhecimento que contemple e valorize as identidades culturais de cada povo e ainda que abarque o individual e o coletivo nos aspectos sociais, culturais e históricos, quando se tratar de ler o mundo das imagens. Segundo Isabela Frade:

Por discordar da disciplinarização, presente na proposta dita pós-moderna, norte- americana da década de 1980, o DEBAE, Ana Mae Barbosa altera o espectro da experiência ao designar ações entre as quais a contextualização, possibilidades de integrações com o contexto histórico, social, psicológico, antropológico, geográfico, ecológico, biológico. Associando o pensamento não apenas a uma disciplina mas a um vasto conjunto de saberes disciplinares ou não (FRADE, 2010, p. 390).

Consideramos esclarecida a definição acima e as implicações que coligam a Cultura Visual, sua definição e suas perspectivas em relação ao ensino das artes visuais, bem como sua contextualização com a Abordagem Triangular e o uso das TIC. Quanto à modalidade de ensino a distância, configuramos em nossas sugestões as questões inter e transdisciplinares, citadas como características para a aplicação desta modalidade e propostas no documento de regulação que trata da qualidade.

Nas questões de formação, acreditamos, ter apresentando alguns dos elementos que envolvem a EaD através do curso “Aprendendo com Arte”, embora o conteúdo seja mais amplo e com muitas outras perspectivas no que diz respeito ao assunto. Juntando, neste sentido, as possibilidades de conexão e expansão proporcionadas pelas TIC e a Cultura Visual, contextualizando espaços geográficos, tempo, encontros presenciais e ambientes virtuais, Frade atesta nossas considerações:

A Contextualização para Ana Mae Barbosa, encontra no ciberespaço terreno propício para se concretizar e para transformar a tecnologia de mero princípio operativo em um modo de participação e de interação. A Web, proporciona, sem dúvida excelentes condições de realizações de contextualizações, ao proporcionar vasto campo de pesquisa para sua fundamentação. Nesse sentido, a contextualização e EaD podem se articular e, se os tutores souberem tirar proveito dessa condição, ótimos resultados para promover aprendizagens poderão ser obtidos (FRADE, 2010, p. 390).

Cultura visual não é uma expressão nova, mas vem sendo estudada por Ana Mae Barbosa desde os anos de 1990. E ainda, se considerarmos o ponto de vista da história cronológica, ela aparece como tema de discussões mais contundentes no século XX, não por acaso, pois este foi o século da projeção e popularização do cinema, da televisão, da fotografia, técnicas que envolvem a discussão das imagens e de suas singularidades. Contudo, tal temática está muito em evidência atualmente, onde há uma maior aproximação do termo e sua proposta metodológica para o ensino das Artes Visuais e as transformações tecnológicas recorrentes na Educação e na formação do professor.

Qualquer indivíduo está ladeado por um grande contingente de imagens que fazem parte de seu cotidiano, dentro e fora do espaço de formação escolar, proveniente, principalmente, das tecnologias de informação e comunicação das mídias. Na perspectiva da Cultura Visual, as imagens passam a ter outras funções além das ilustrativas e dialogam com o receptor, podendo influenciar atitudes, pensamentos e escolhas pessoais. Além de que a Cultura Visual possibilita o uso da imagem e da palavra como instrumento expressivo. Consideramos a citação a seguir uma importante exemplificação para compreender a Cultura Visual e suas características:

Contemporaneamente estudos e pesquisas apontam o deslocamento da linha de arte como sendo linguagem para arte como imagética. Assim seu ensino não se daria por comunicação, mas sim por metáforas. Sairemos do campo da semiótica para o campo especifico da arte como área de conhecimento autônoma e mais determinada, onde os estudos transdisciplinares ganharãoforça (PIMENTEL,2010, p. 223).

Considerando a afirmação de Pimentel, a Cultura Visual apresenta uma perspectiva para a construção de uma formação em EaD, que poderá contemplar dentro de uma visão transdisciplinar um ensino de qualidade adequado às especificidades desta modalidade de ensino.

visual podem contribuir, com efeito, para a aprendizagem da história da arte, dos artistas e de suas obras, que muito fizeram para um registro da própria história da humanidade. Considerando os assuntos relacionados à história da arte, os mesmos são conteúdos elencados para o ensino da arte na atual Base Nacional Comum Curricular, sendo considerada por Baptista “uma perspectiva educativa que pretende ampliar os referenciais com os quais se trabalha e que nos aproxima de questões vinculadas à subjetividade dos sujeitos envolvidos nos processos de ensino aprendizagem” (BAPTISTA, 2014, p. 2).

3.2.1 As imagens e o uso das TIC na formação EaD

Atualmente, a junção entre Educação e TIC amplia de modo infinito as possibilidades e alternativas para que ocorra a aprendizagem. E esta visão não pode ser diferente na formação em EaD. Portanto, o acadêmico e a maneira como o mesmo se vê em meio às tecnologias devem ser considerados e elucidados em sua formação. Tattiana Fecchio exemplifica com mais clareza essas considerações:

Quando tratamos de arte e educação nos interessam os repertórios e as situações de aprendizagem nas quais se fazem presentes a tecnologia e as ferramentas digitais como possibilidades expressivas e comunicacionais, lembrando que ambas formam a própria subjetividade contemporânea existente no aprendiz (FECCHIO, 2017, p. 12).

À guisa de contribuição, citemos as inumeras possibilidades expressivas que poderão ser propostas pelos tutores em um exercício no qual o acadêmico poderá realizar em seu meio social e geográfico (fotografias, filmagens ou registros sonoros de um espaço simbólico ou de manifestações culturais de sua região) para, posteriormente, postar para apreciação ou apresentar em um encontro presencial. Podendo ser este um exercício disparador para vivenciar uma experiência estética no ensino a distância. Com o relato desta experiência demonstramos ser possível um ensino agregando as questões teoricas e práticas através de uma aprendizagem de qualidade. A seguir, teceremos breve comentário sobre as questões que atualmente envolvem a Base Nacional Comum Curricular e o ensino da arte no Brasil, que poderá trazer de volta alguns problemas relacionados ao ensino da arte que julgávamos superados. E que poderão atingir a forma como o docente trabalha artes visuais nas escolas deste imenso país.

No documento Dissertação de Marisa da Conceição Gonzaga (páginas 132-136)

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