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A Arte como “Livre Expressão”: a importância do conhecimento do método para a formação dos professores em Artes Visuais em EaD

2.1 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ARTES VISUAIS E AS PROPOSTAS DE CONTEÚDOS PARA O ENSINO DA DIDÁTICA NA MODALIDADE EAD

2.1.4 A Arte como “Livre Expressão”: a importância do conhecimento do método para a formação dos professores em Artes Visuais em EaD

A Arte como “Livre Expressão” é uma proposta que surgiu como um norte para o ensino da arte. No entanto, ainda que não se constitua como uma metodologia específica para este fim, sua proposta surge para o ensino da arte embasada na teoria de Jonh Dewey e Herbert Read, este último um admirador das propostas de Carl Gustav Jung (um dos discípulos de Sigmund Freud, o pai da psicanálise) e criador da Psicologia Analítica.

Outra corrente que teve influência na teoria de Dewey e seus companheiros de pesquisa, foi a Gestalt, teoria embasada nas questões da percepção humana e da visão, sendo

Koffka, Wolfgang Kohler e Max Werteimer, os alemães responsáveis pelo inicio destes estudos cientificos a respeito do assunto. Para desenvolver esta corrente filosófica estes estudiosos usaram obras de arte para compreender efeitos pictóricos na composição das obras. Em 1977 surge a Gestalt pedagogia, idealizada pelo russo Hilarian Petzold, radicado na Alemanha, que traz para a Educação uma proposta de transferir as questões terapêuticas da teoria da Gestalt para o meio educacional com o propósito de resolver as questões que permeavam os problemas pedagógicos da realidade da época. Portanto, provavelmente, origina-se, neste momento da história da Educação, a visão do ensino da arte relacionando às questões psicológicas que influenciam a aprendizagem.

A contribuição de Dewey e Read, influenciados por estes estudos entre outros, foi a visão de que o processo de criação artística do indivíduo é repleta de simbolismo, refletindo e imprimindo significados construídos por sua própria vivência e do meio que o cerca.

Augusto Rodrigues, em contato com Read, difundiu a concepção de arte baseada na expressão da liberdade criadora, isto é, as crianças deveriam produzir seus desenhos artísticos sem intervenção de um adulto. Para Lima (2012), “Rodrigues considera que a concepção estética provém de uma experiência individual de percepção, revelação, insights, emoções, desejos e motivações experimentadas interiormente por estes indivíduos na estética com conotação expressionista”2.

Atualmente, com os novos direcionamentos aprovados na BNCC para o ensino da arte, a impressão que se tem é de um retorno aos anos de 1960 e seu decurso histórico até 1980, quando, o ensino da arte apresentava sua metodologia de forma experimental, espontânea, sentimental voltada para as questões psicológicas do ensino. Aspectos como esforço, interesse, mediação do professor, ciência lógica e sequência didática não eram relevantes neste período para o ensino da arte.

Historicamente, a teoria do ensino da arte com base na psicologia principalmente da Gestalt, muito ressaltada nos anos 1980, prevalece até o início dos anos 1990. No entanto, a arte educação no Brasil, sofre até os dias atuais com uma má interpretação desta teoria e do modo aligeirado de absorver propostas para o ensino no país. Partindo desta premissa deve-se considerar que a ideia de “Livre Expressão” foi equivocadamente interpretada e nada tem a ver com os enunciados dos exercícios propostos na prática pedagógica. Ainda é comum encontrarmos na prática docente propostas como: “Desenho livre “ ou “faça um desenho”, seja “criativo e crie um belo desenho”, além da disponibilização de um material qualquer para

produzir “algo de sua criatividade”.

Considerar o fazer pelo fazer não se caracteriza como um exercício de livre expressão. Para aplicá-la, o professor necessita de conhecimento em psicologia para, por exemplo, ser capaz de provocar – e ele deve ser informado deste fato nos seus estudos – um insight, ou uma cartase, através de uma expressão artística. Deverá ser capaz também de direcionar os resultados destes insights.

Este trabalho requer um processo contínuo e muito bem delineado de trabalho, pois não é de qualquer forma que se cria uma obra, ela não nasce do nada, como muitos querem defender em suas práticas docentes, uma verdadeira incoerência advinda, provavelmente, de sua formação que não trouxe para discussão tais assuntos.

A aprendizagem da técnica pela técnica não tem contribuído para uma valorização do ensino da arte. Como se disse anteriormente, a “Livre Expressão” nada tem a ver com o deixar fazer. Na obra Arte na Educação Escolar, Fussari e Ferraz fazem a seguinte afirmação sobre a metodologia que norteou o movimento escolanovista:

Os professores desta tendência pedagógica apresentam uma ruptura com as cópias, e os modelos dos ambientes circundantes, valorizando, os estados psicológicos das pessoas. Assim as concepções estéticas predominantes passam a ser: estruturação de experiências individuais de percepção, de integração, de um entendimento sensível do meio ambiente, estética de orientação com base na psicologia cognitiva, e a expressão na revelação de emoções de insights e desejos de motivações experimentadas anteriormente pelos indivíduos estética expressiva apoiada na Psicanálise (FUSARI & FERRAZ, 2010, p. 30).

Embora as motivações para criação seja uma estética expressiva, o papel do professor não é o de mero observador. Ao contrário, ele desempenha o papel de ator disparador da ideia que constituirá a composição.Como se verá a seguirno relato de uma experiência em sala de aula, com duração de dois meses de trabalho vividos na prática docente, é possível comprovar algumas das afirmações feitas até aqui.

Inicialmente, é preciso deixar evidente que, historicamente, este movimento desponta como um primeiro caminho para pensar em uma metodologia específica para o ensino da arte nas redes de ensino.Conhecer dois movimentos distintos sobre o ensino das artes visuais contribui para a formação em EaD, principalmente no desenvolvimento das futuras ações docentes. Para tanto, escolhemos apresentar dois movimentos que são propostas metodológicas específicas para o ensino da arte e que influenciaram as ações didáticas pedagógicas até os dias atuais.

Para demonstrar as possibilidades expressivas que poderão ser desenvolvidas nestas ações, e enfatizar a teoria e a prática aplicadas em conjunto, as turmas contempladas foram o 1º e 2º. anos do Ensino Médio e o 5º. e 6º. anos do Ensino Fundamental, sediados na Escola Estadual Antônio Valadares, localizada na cidade de Terenos. O planejamento foi desenvolvido no prazo de dois meses e requereu da professora uma boa revisão de conhecimentos sobre o assunto, pois se trata de uma outra proposta da qual não faz parte de sua prática. Apontamos também a importância do ensino da Arte no Ensino Médio, uma vez que o documento da BNCC simplesmente propõe a eliminação desta disciplina nesta fase do ensino, colocando-a como coadjuvante na aprendizagem das linguagens.

Os alunos de escola pública, segundo a concepção do documento, poderão escolher as disciplinas. Ora, como escolher algo que ainda não conhecem e nem têmacesso? Fica aqui uma inquietação e algumas dúvidas sobre as reais intenções deste novo documento para a Educação no Brasil.

2.2 Relatos de uma aula a partir da metodologia da “Livre Expressão”. Uma experiência

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