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Os reflexos das relações históricas a partir da “Livre Expressão” entre Arte e Educação e a formação em Artes Visuais na modalidade de Ensino a Distância

1.3 A trajetória histórica da arte educação no Brasil e sua importância na formação acadêmica em EaD

1.3.1 Os reflexos das relações históricas a partir da “Livre Expressão” entre Arte e Educação e a formação em Artes Visuais na modalidade de Ensino a Distância

No texto anterior apresentamos uma visão histórica contextualizada sobre a Educação e o ensino da arte no mundo e no Brasil. Nesta etapa do texto, a proposta é fazer uma discussão sobre as especificidades teóricas e práticas da disciplina em questão. Embora nossa perspectiva seja o ensino da Arte na linguagem de artes visuais, defendemos a importância do ensino da arte em qualquer uma de suas linguagens, principalmente por sua pulsante força emancipadora e libertadora.

Contudo, na escola o professor irá se deparar com conteúdos a serem ministrados referentes as quatro linguagens (artes plásticas, música, dança e teatro). O que sugerimos é que o professor estabeleça uma meta e encaminhe seus objetivos para sua formação, tentando contextualizar, quando possível, atividades que abranjam as outras linguagens.

Não julgamos que um possível insucesso do ponto de vista pedagógico e metodológico para o ensino da arte esteja ligado às linguagens oferecidas e à amplitude de possibilidades, pois tais fatores deverão ser organizados pelos professor.

Muitos projetos iniciados no país sobre as questões educacionais, e do próprio ensino da arte, sofrem mudanças bruscas, geralmente influenciadas por fatores externos. Estas mudanças trazem embutidas diversos pontos de vista e pareceres, ideológicos, filosóficos, que influenciam as propostas pedagógicas, ocasionando ummovimento desordenado, responsável por gerar, inclusive as mazelas com que se depara na educação de jovens e crianças.

Apesar de ser um movimento em constante evolução, a Educação requer uma prática comprovada com resultados abrangentes e que dispõe de um tempo para atingir resultados satisfatórios. No entanto, sabe-se que muitas das vezes, a Educação não tem conseguido acompanhar os rumos políticos que mudam com mais rapidez. Em contrapartida, não há um respeito pelo trabalho já realizado, ou em execução, por parte de quem assume a direção dos órgãos competentes nas Secretarias Federais, Estaduais e Municipais.

Como constatamos no texto anterior, o ensino da Arte dos anos de 1960 a 1980tornou- se “o reino do vale-tudo, em nome da liberdade da emoção, com um propósito ideológico de

excluir as classes populares do direito a um processo educativo emancipatório que levariam os alunos a leituras de mundo mais elaboradas” (MACHADO, 2010, p. 85). Tudo isso favoreceu ainda mais a secundarização da disciplina nos currículos brasileiros.

A Educação e a Arte não estão dissociadas em suas questões sócio culturais, históricas e politicas, e na construção da aprendizagem diante do complexo universo humano e suas imbricações. A vivência com a disciplina possibilita a formação de conceitos ou desconstrução dos mesmos a partir de um conhecimento alicerçado em questões que envolvem o universo do aluno e da arte educador, muitas das vezes sendo responsável por humanizar o ser e direcioná-lo para uma nova postura em relação ao meio em que vive.

Porém, é importante que se explicite que as conjecturas aqui suscitadas devem ser consideradas do ponto de vista de uma abordagem referente aos assuntos sobre as questões da sensibilização e significação para a estética, semiótica, leitura do mundo através de imagens e da história da arte e a avaliação e fruição da prática, conteúdos diretamente relacionados às artes visuais. Contribuindo para que o ato de ensinar esta linguagem venha a garantir que estes temas estejam integrados nos planejamentos dos docentes de artes. Promovendo uma apropriação das questões da realidade em que se vive contextualizadas com o que se aprende de novo.

Nos anos de 1960, os estudos de John Dewey propõem o ensino de uma arte como experiência sensorial e emocional. O que veio a propagar a ideia de uma prática do Fazer ingênuo. Apesar de o país entre os anos de 1964 e 1978 ter sofrido uma ditadura militar repressiva, o ensino da arte é regulamentado no currículo escolar. E cria-se os primeiros cursos de licenciatura em artes. No entanto, com o propósito de atender uma educação tecnicista voltada para o desenho e a produção da indústria local.

Pode parecer antagônico que na mesma década a arte poderá ser concebida como Livre Expressão e ao mesmo tempo deva atender a interesses do sistema político vigente, que na época era repressor. Mas a verdade é que nos anos iniciais até o oitavo ano doensino fundamental, o ideal era desconstruir as possibilidades de uma visão crítica a respeito do que era imposto por este sistema, e mesmo com o advento da fotografia e da televisão ainda não havia uma preocupação em interpretar as imagens oferecidas. Dois fatores importantes se configuram neste caso. Adquirir uma TV naqueles tempos era algo inviável economicamente à maioria das famílias brasileiras. E a censura encarregava-se de coibir qualquer ação artística que representasse ameaça ao sistema através deste veículo. O conhecimento das artes, de forma alguma poderia desempenhar o papel de incentivador e questionador do que se pregava

na época.

Nos anos 1990, o progresso no ensino da arte contempla as questões sociais, culturais e históricas do indivíduo. Nesta fase da história da educação para a arte, destaca-se a importância da Proposta Triangular. Sobre isso Machado observa que:

A partir deste contexto histórico, compreendo que a Abordagem Triangular, como superação do modelo tradicional de currículo em Arte, na medida em que ela propõe a emancipação dos sujeitos sociais pelo processo arte/educativo, ou seja, pelo poder de se tornar leitor, ou melhor, pela possibilidade de ler e reler o mundo das imagens criadas pelas obras de arte pelas imagens criadas, a partir das obras de arte. A leitura de mundo assim proposta, ganha uma dimensão ampliada, crítica e emancipatória (MACHADO, 2010, p. 88).

A Abordagem Triangular propõe um caminho para o ensino da arte no Brasil. A democratização dos museus, a história da arte, passam a ser trabalhados com contexto e significado. A abordagem propõe uma epistemologia e sugere estudos dos conteúdos específicos da arte tendo como base as obras de arte. E talvez o fator mais desafiador da proposta de Ana Mae Barbosa seja a mediação do professor que deverá contextualizar os aspectos sócio culturais e históricos do indivíduo em seu habitat, isto é, que o ele vê e o que ele aprende, tornando-se significativos para o mesmo. Machado afirma que:

A obrigatoriedade da Educação Artística não representava, em absoluto, a efetiva oferta de um ensino de arte crítico e criativo. Antes, porém, estava comprometida com modelos estrangeiros de manutenção de dependência. Barbosa foi a pioneira na produção teórica sobre Arte/Educação no Brasil. Nas discussões de 1981 que tem por título. Dez anos de resistência, busca compreender a trajetória de ensino de artes no período de 1971 a 1981, no qual tornou-se disciplina obrigatória nos currículos de 1º. e 2º. graus. (MACHADO, 2010, p.107).

As transformações para o ensino da disciplina a partir dos anos de 1990 não se deram apenas nos campos epistemológicos, metodológicos e avaliativos da disciplina. Houve também uma grande procura por profissionais habilitados para ensinar a disciplina. Visto que a partir da aprovação da LDB, todas as escolas da rede pública e particular deveriam oferecer em seus currículos o ensino da arte. Neste mesmo contexto, veremos a seguir a história da evolução da formação acadêmica através da modalidade de ensino a distância, inclusive com ofertas para as faculdades de arte

Por se tratar de uma modalidade que difere do modelo presencial, suscita muitas indagações e requer muitos estudos à respeito do assunto. Não é nossa perspectiva discutir a

validade de uma ou outra modalidade, visto que ambas tem suas especificidades e características que atendem aos públicos com condições diferentes de espaço, tempo relógio e condições geográficas.

Mas torna-se mister que estejamos dispostos a pesquisar e tentar contribuir cada vez mais para esta modalidade de ensino a distância, visto ser uma forma de ensino que já prevalece de outros tempos e que evoluiu com a velocidade das tecnologias dos dias atuais. O que significa que cada vez mais pessoas estarão sendo usuárias deste sistema de ensino, o que irá requerer dos estudiosos da educação muita atenção, pois desta modalidade serão formados futuros profissionais da educação e futuros arte educadores.

Independente da forma como adquire sua graduação, o professor em sua prática docente irá deparar-se com uma escola repleta de individualidades e ao mesmo influenciadapelas ações do poder vigente. Deverá estar preparado para enfrentar o pouco espaço para expor suas vivências e ideias. Geralmente, será o último a ser ouvido (para ser otimista) e o primeiro a ser considerado o executor de um projeto ou outro que sempre parte do sistema em vigor e desagua no âmbito escolar. A partir de uma formação que o embase para refletir a educação e o ensino da arte considerando uma visão crítica, o professor poderá ser um agente transformador do ambiente em que atua.

A seguir tentaremos contribuir para melhor compreender como se deu a ideia de secundarização da arte no currículo e na própria concepção da sociedade. Problema que permanece até os dias atuais, com ações políticas e discussões a respeito deste tema.

1.3.2 Aspectos sócio culturais, históricos e políticos que contribuíram para

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