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Documento Regulador dos cursos a distância e suas implicações na formação em EaD em Artes Visuais

No documento Dissertação de Marisa da Conceição Gonzaga (páginas 121-127)

3.1 PERSPECTIVAS PARA A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ARTES EM EAD: SUGESTÕES METODOLÓGICAS ATRAVÉS DO CONTEXTO ENTRE PROPOSTA

3.1.3 Documento Regulador dos cursos a distância e suas implicações na formação em EaD em Artes Visuais

Como já afirmado anteriormente, o Ensino a Distância no Brasil tem uma evolução histórica até chegar ao advento tecnológico da comunicação via internet neste século. Diante da expansão e propagação de ofertas destes cursos pelas universidades, o MEC, em conjunto com a SEED, constituiu em 2003 um Referencial de Qualidade para a modalidade de ensino a distância no Brasil. Posteriormente, em 2007, tentando fazer ajustes sobre o próprio texto do documento, apresentou o documento oficial. Segue passagem do texto:

A todos aqueles que desenvolvem projetos nessa modalidade: é a compreensão de EDUCAÇÃO como fundamento primeiro, antes de se pensar no modo de organização: A DISTÂNCIA. Assim, embora a modalidade a distância possua características, linguagem e formato próprios, exigindo administração, desenho, lógica, acompanhamento, avaliação, recursos técnicos, tecnológicos, de infra-estrutura e pedagógicos condizentes, essas características só ganham relevância no contexto de uma discussão política e pedagógica da ação educativa (BRASIL, 2007).

Como pode ser observado, o documento enfatiza a qualidade de ensino, elemento prioritário que deve ser mantido considerando a realização do mais importante fundamento citado no texto que é a Educação. E mais adiante, no mesmo texto, ainda será importante considerar o seguinte:

A natureza do curso e as reais condições do cotidiano e necessidades dos estudantes são os elementos que irão definir a melhor tecnologia e metodologia a ser utilizada, bem como a definição dos momentos presenciais necessários e obrigatórios, previstos em lei, estágios supervisionados, práticas em laboratórios de ensino, trabalhos de conclusão de curso, quando

for o caso, tutorias presenciais nos pólos descentralizados de apoio presencial e outras estratégias (BRASIL, 2007).

O texto legal, transcrito acima, servirá de introdução às nossas discussões sobre as aulas presenciais na formação do professor de Artes visuais através da EaD. Propor para o ensino a distância aulas presenciais e/ou encontros presenciais não é tarefa fácil, considerando as condições adversas de um curso a distância. As possibilidades para a aprendizagem neste aspecto de ensino requer, segundo o próprio MEC, referências específicas sobre o tema:

Neste ponto, é importante destacar a inclusão de referências específicas aos pólos de apoio presencial, que foram contemplados com as regras dosDecretos supracitados e pela Portaria Normativa nº 2, de janeiro de 2007. Destarte, o polo passa a integrar, com especial ênfase, o conjunto de instalações que receberá avaliação externa, quando do credenciamento institucional para a modalidade de educação a distância (BRASIL, 2007).

Portanto, a natureza desta discussão foi conduzida de forma a especificar as aulas teóricas e práticas consolidadas nas oficinas presenciais. E como constatado em nossa pesquisa de campo, não estão recebendo a devida atenção no que tange ao controle da qualidade, como será esmiuçado no capítulo a seguir.

O MEC apresenta neste documento referência de qualidade para estes cursos, bem como define a função dos polos presenciais. Contudo, estamos diante de alguns impasses que nos levam as seguintes indagações: Como realizar tais encontros na formação do professor de artes visuais que requer sensibilização e contextualização entre teoria e prática? E de que maneira tem sido oferecidos e vivenciados? Não são aleatórias, porém permanentes para quem se propõe a pensar em estratégias e mecanismos que contemplem de formamais contundente a prática na formação do professor de arte através desta modalidade.

Em franca expansão, a EaD configura-se como uma modalidade com especificidades particulares de ensino e aprendizagem e de relação com os sujeitos envolvidos no processo. Importante que se conheça a fundamentação, diretrizes e critérios que constituem os Referenciais de Qualidade que normatizam os aspectos de funcionamento, estruturas físicas e de recursos humanos, bem como as questões de políticas pedagógicas que envolvem as instituições que oferecem esse modelo de ensino.

Devido a estas observações, consideramos importante citar itens já delimitados em um documento divulgado no site oficial do MEC, suas especificidades, regulamentação e legalização:

No Brasil, a modalidade de educação a distância obteve respaldo legal para sua realização com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 –, que estabelece, em seu artigo 80, a possibilidade de uso orgânico da modalidade de educação a distância em todos os níveis e modalidades de ensino. Esse artigo foi regulamentado posteriormente pelos Decretos 2.494 e 2.561, de 1998, mas ambos revogados pelo Decreto 5.622, em vigência desde sua publicação em 20 de dezembro de 2005. No Decreto 5.622, ficou estabelecida a política de garantia de qualidade no tocante aos variados aspectos ligados à modalidade de educação a distância, notadamente ao credenciamento institucional, supervisão, acompanhamento e avaliação, harmonizados com padrões de qualidade enunciados pelo Ministério da Educação (BRASIL, 2007).

Compreendem-se os sujeitos desta ação: professores, tutores, acadêmicos e demais envolvidos, oportunizando mediações didáticas e pedagógicas para que aconteça o ensino e a aprendizagem de forma satisfatória e com qualidade.

Portanto, diante da flexibilidade e mobilidade, evidentemente sabemos que os cursos a distância, enfatizando os de graduação, podem ser gerados em diversos modelos e conciliação de diversas linguagens e recursos disponibilizados pelas TIC. Esta realidade e seus componentes, provavelmente, nortearão as questões metodológicas inclusive as ordenações para os encontros presenciais. Estes momentos estão definidos como: estágios supervisionados, práticas em laboratórios e trabalhos de conclusão de curso.

No caso da formação de professores de artes visuais e de licenciatura, todos estes quesitos tornam-se fundamentais para uma aprendizagem de qualidade e uma boa formação acadêmica. Ainda é importante complementar nosso pensamento com a seguinte passagem do documento do MEC: “Disto decorre que um projeto de curso superior a distância precisa de forte compromisso institucional em termos de garantir o processo de formação que contemple a dimensão técnico-científica para o mundo do trabalho e a dimensão política paraa formação docidadão” (BRASIL, 2007).

Portanto, há um parâmetro de qualidade a ser seguido. Se há falhas, estas são inevitáveis em qualquer processo de ensino aprendizagem, no entanto, é necessário uma fiscalização mais eficiente por parte do MEC em relação ao cumprimento destas especificidades.

O professor, o tutor, o aluno e a coordenação bem como os demais recursos tecnológicos e humanos devem estar harmonizados e ajustados quanto as questões do Projeto pedagógico que envolvem, o curso oferecido. Evidentemente a contextualização e a interdisciplinaridade serão a base para o desenvolvimento e o progresso desta forma deaprender (BRASIL, 2007).

Segundo o documento do MEC, quando trata sobre a estrutura dos espaçosonde acontecerão os encontros presenciais, são elencadas nele itens definindo suas principais características. Contudo, de forma geral, não encontramos registros que especifiquem estes espaços correlacionando-os ao curso que a entidade irá oferecer, conforme os documentos estudados. A não ser que os mesmos estejam definidos por cada instituição em seus documentos particulares, e esta investigação, devido às nossas limitações, não será possível realizar no momento, ficando complexo expandir o tema para esta vertente.

Sobre as instalações físicas o documento do MEC cita:

a) infra-estrutura material que dá suporte tecnológico, científico e instrumental ao curso;

b) infra-estrutura material dos polos de apoio presencial;existência de biblioteca nos polos, com um acervo mínimo para possibilitar acesso aos estudantes a bibliografia, além do material didático utilizado no curso;

c) sistema de empréstimo de livros e periódicos ligado à sede da IES para possibilitar acesso à bibliografia mais completa, além do disponibilizado no polo (BRASIL, 2007).

Diante destas especificidades, toma-se como ponto a ser discutido o item A do texto acima citado e que corrobora mais diretamente com nossa abordagem, envolvendo algumas considerações do Capítulo IV, e comparando com os dados obtidos na pesquisa de campo. Entende-se por infra-estrutura, neste caso, a organização dos espaços para receber os acadêmicos nas aulas presenciais. Este suporte tecnológico, científico e instrumental na hipótese de um curso de Artes visuais, devem estar de acordo com a deliberação:

Por outro lado, diversas áreas do conhecimento científico são fortemente baseadas em atividades experimentais. Para cursos dessas áreas, as experiências laboratoriais configuram-se como essenciais para a garantia de qualidade no processo de ensino- aprendizagem. Portanto, as instituições de ensino que venham a ministrar cursos dessa natureza deverão possuir laboratórios de ensino nos pólos de apoio presencial. Os insumos para as atividades nos laboratórios de ensino deverão ser especificados deformaclaranoprojetodocurso (BRASIL, 2007).

Nos espaços que operacionalizam as aulas práticas específicas das artes, sugerimos, por exemplo, bancadas, pias e lavatórios, suportes e pranchas para produção em papel, tela e outros suportes. Além de um ambiente iluminado e com espaço para livre movimentação do acadêmico e do professor que estiver orientando a disciplina ou oficina.

Nestes espaços, devem ser vivenciadas aulas, abordando questões teórico práticas contextualizadas, propondo aplicações interdisciplinares na prática docente. Portanto, trata-se

de um espaço fundamental, visto as questões que envolvem a sensibilização e a prática expressiva do próprio cursando, para depois integrá-las futuramente à sua prática docente, pois é o mínimo que uma entidade escolar deve esperar de um professor que se proponha a trabalhar Artes visuais em sala de aula. E ainda sobre a importância que deve ser atribuída a estes encontros citamos mais uma vez o documento do MEC:

Desse modo, nessas unidades serão realizadas atividades presenciais previstas em Lei, tais como avaliações dos estudantes, defesas de trabalhos de conclusão de curso, aulas práticas em laboratório específico, quando for o caso, estágio obrigatório – quando previsto em legislação pertinente – além de orientação aos estudantes pelos tutores, videoconferência, atividades de estudo individual ou em grupo, com utilização do laboratório de informática e da biblioteca, entre outras (BRASIL, 2007).

O documento de regulamentação do Ensino a Distância com a portaria normativa, o Decreto nº 9057, de 25 de maio de 2017, publicada no Diário Oficial da União regulamenta estamodalidade no país e torna oficial o documento elaborado em 2007. Uma inovação neste documento assinado pelo atual Ministro da Educação Mendonça Filho diz respeito à possibilidade de mais instituições oferecerem a EaD. E direciona a possibilidade de cursos absolutamente na modalidade a distância, ou seja, não será mais necessário que a instituição possua polos ou faculdades presenciais. Sabemos, no entanto, que no mesmo documento há a exigência de que ao oferecer determinado curso, os espaços para encontros presenciais devam ser concomitantes e atender as necessidades específicas da prática dos mesmos. Considerando a precária fiscalização dos órgãos competentes, fica ainda mais preocupante esta nova possibilidade oferecida pela modalidade.

Muitos fatores devem ser discutidos neste aspecto a partir desta portaria e desta nova perspectiva. Porém, uma das questões que podemos levantar é: no caso da formação de professores em Artes Visuais, quando serão oferecidas as aulas presenciais pelas instituições que se propuserem a disponibilizar apenas a modalidade a distância? Uma questão que daqui para adiante deverá permear as propostas de pesquisa daqueles que se preocupam com a formação de professores e a qualidade do ensino a distância.

Acreditamos que a aprovação desta lei com estas configurações recebe influência da comunidade internacional visando principalmente questões econômicas. A proposta deixa em segundo plano nossa realidade educacional que tem muito a progredir nas questões da modalidade do ensino a distancia. O que fica evidente quando da leitura é que, segundo o Decreto nº 9057, de 25 de maio de 2017, assinado por Mendonça Filho:

Para melhorar a qualidade da atuação regulatória do MEC na área, aperfeiçoando procedimentos, desburocratizando fluxos e reduzindo o tempo de análise e o estoque de processos. A portaria possibilita o credenciamento de instituições de ensino superior (IES) para cursos de educação a distância (EaD) sem o credenciamento para cursos presenciais. Com isso, as instituições poderão oferecer exclusivamente cursos EaD, na graduação e na pós-graduação lato sensu, ou atuar também na modalidade presencial. O intuito é ajudar o país a atingir a Meta 12 do Plano Nacional de Educação (PNE), que determina a elevação da taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida em 33% da população de 18 a 24 anos. Na mesma linha, as IES públicas ficam automaticamente credenciadas para oferta EAD, devendo ser recredenciadas pelo MEC em até 5 anos após a oferta do primeiro curso EAD (BRASIL, 2017).

Esperando contribuir com as questões que envolvem o ensino EaD na perspectiva das oficinas práticas e suas configurações, defende-se aqui que será fundamental para o ensino a distância construir na aprendizagem do acadêmico a necessidade de pesquisa e da extensão, ações estas que não precisam ser isoladas e/ou articuladas, mas que poderão estar em conjunto tanto nas aulas virtuais quanto nas presenciais.

Diante de todas estas colocações importa dizer que, por se tratar de um caminho sem volta, a EaD deve ser compreendida e repensada no que diz respeito ao ensino das ArtesVisuais e a formação de professores. Portanto, as sugestões que aqui seguem são embasadas em Estudos teóricos acerca do assunto, nas possibilidades propostas na Abordagem Triangular e nas experiências vivenciadas pela autora em sua prática docente. Alem disso, para se ter uma compreensão mais ampla da questão do ensino a distância fiz o caminho de uma formação continuada procurando vivenciar todas as etapas de um curso semi-presencial na modalidade.

O curso não foi escolhido aleatoriamente, uma vez que já faz parte de um programa de formação conveniada às redes estaduais e municipais de ensino de Mato Grosso do Sul e do Brasil, com conteúdos específicos para o ensino da Artes Visuais e o uso de tecnologias de informação. Trata-se do curso “Aprendendo com Arte” em parceria com o Instituto Arte na escola e a Fundação Wolksvagem.

Vejamos alguns pontos importantes sobre este curso, e sua contribuição para uma formação voltada às especificidades da modalidade. Embora seja um curso de formação continuada, trata-se de uma metodologia trabalhada com particularidades que o diferenciam e favorecem a aprendizagem através de uma prática contextualizada na modalidade EaD e que poderia ser norteador de estudos por instituições que oferecem esta formação.

para a formação de professores. Portanto, o intuito ao realizar este depoimento não é comparar o curso em questão com outros que são oferecidos nesta perspectiva, pois nos faltaria elementos e dados para uma reflexão dessa abrangência. Por isso, realizar-se-á aqui tão somente a apresentação da metodologia do curso baseada em nossa experiência como cursista, informações obtidas no material oferecido e no depoimento do tutor da turma da qual fizemos parte durante todo o ano de 2017.

Outro fator importante a ser ressaltado é que curso constitui-se como uma das inúmeras propostas de formação em EaD, e a metodologia foi construída e embasada na perspectiva da Abordagem Triangular. A oportunidade de participação nessa formação ampliou nossa compreensão do Ensino a Distância e colaborou para a sedimentação da convicção inicial de que a Abordagem Triangular é uma proposta que poderá atender de forma eficaz as especificidades que advém dos cursos em EaD em Artes visuais, considerando a teoria e a prática significativa e reflexiva.

3.1.4 Curso Aprendendo com Arte: uma formação semi-presencial embasada na

No documento Dissertação de Marisa da Conceição Gonzaga (páginas 121-127)

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