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Zabalza (1994) diz que o Currículo é o conjunto dos pressupostos de partida, das metas que se deseja alcançar e dos passos que se dão para as alcançar; é o conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes que são consideradas importantes para serem trabalhados na escola, ano após ano. Este autor refere ainda que o professor deverá provar, em termos científicos, as decisões tomadas e deve conhecer os meios que o levam à prática para que se obtenha bons resultados de aprendizagens com o grupo de crianças e, eventualmente, proceder a alterações, se necessário. Contudo, para Spodek (1993) as experiências organizadas proporcionadas às crianças são feitas num enquadramento escolar. Para este autor são as próprias crianças que originam o Currículo. A circular do Ministério da Educação sobre Gestão do Currículo na Educação Pré-escolar (Circular nº17/DSDC/DEPEB/2007), diz-nos que o desenvolvimento curricular é da responsabilidade do educador, que este deve prever e organizar o tempo estruturado e flexível para que todos os momentos tenham sentido para o grupo de crianças, com o objetivo de promover processos de desenvolvimento e de aprendizagens pensadas e organizados com intenção pelo educador. Nesta circular, há dois documentos de apoio para organização e gestão do currículo:

• Projeto Curricular de Estabelecimento/Escola – que define as estratégias de desenvolvimento do Currículo, visando adequá-lo ao contexto de cada estabelecimento/escola ou de Agrupamento e integrado no respetivo Projeto Educativo;

• Projeto Curricular de Grupo/Turma – que define as estratégias de concretização e de desenvolvimento das orientações curriculares para a Educação Pré-Escolar e do Projeto Curricular de Estabelecimento/Escola, visando adequá-lo ao contexto de cada grupo/turma. A organização do Currículo auxilia o educador a operacionalizar as orientações curriculares contribuindo para alterar positivamente a perceção social da importância do Ensino Pré-escolar.

Zabalza (1994) diz que a existência de Currículos que valorizem a Educação Pré- escolar e difundam esta perspetiva contribui para o reconhecimento, pela sociedade, do direito das crianças a uma educação de qualidade antes da sua entrada na escolaridade obrigatória e para o reforço da posição da Educação Pré-escolar na perceção social e na própria organização do sistema educativo. Assim na construção de um Currículo pretendemos definir orientações globais que sejam explícitas e que apoiem a prática pedagógica dos educadores.

4. Modelo Pedagógico Adotado

O modelo pedagógico adotado por nós é o Movimento Escola Moderna (MEM). Pela nossa passagem ao longo de alguns anos, por vários Jardim-de-infância enquanto educadora de apoio pode-se constatar que é um método bastante utilizado até no 1º Ciclo do ensino básico com o qual nós não só concordamos como apoiamos. O modelo do MEM assenta, desde 1966, na autoformação cooperada entre docentes cujas práticas educativas constituem ensaios estratégicos e metodológicos apoiados por uma reflexão teórica contínua e uma forte componente de interação com as famílias e comunidade educativa, baseada numa herança sociocultural que é redescoberta com o apoio dos pares e dos adultos. Os docentes que se associam a este modelo, para Grave-Resendes e Soares (2002), põem em prática metodologias ativas e diferenciadas de trabalho pedagógico, que fomentam a participação democrática dos educandos, tanto na vivência em cooperação na sala de aula como nos contextos da vida escolar.

Partindo sempre das necessidades e interesses do grupo de crianças e partilhando com ele a gestão dos conteúdos, dos tempos e dos recursos. Este modelo afirma-se, tal com é referido por Grave, Resendes e Soares (2002), sociocêntrico, cuja prática democrática da gestão dos conteúdos, das atividades, dos materiais, do tempo e do espaço se fazem em cooperação. A participação dos alunos na organização, gestão e avaliação cooperadas de toda a vida da turma constitui um exercício de cidadania democrática ativa.

Neste modelo as crianças/alunos participam na organização, gestão e na avaliação do dia-a-dia do grupo originando um exercício de cidadania democrática ativa. Com estratégias de aprendizagem, valoriza-se o ensino mútuo e cooperativo o que implica um reforço no sentido de cooperação de forma a contribuir para o desenvolvimento educativo e social da criança, isto é, a criança tem de fazer para aprender visto ser através da ação que ela descobre, compreende e se desenvolve. Para Grave, Resendes e Soares (2002), a pedagogia deste modelo distingue-se pelo modo como organiza e gere a vida da sala, ou seja, pela forma como considera a opinião de cada criança e pela forma como respeita as decisões tomadas em conjunto.

As aprendizagens realizam-se através do fazer da experiência, da interação cooperada, pela participação de todos e pela partilha entre todos. Este modelo concebe

de sentimentos, tendo como objetivo estimular a curiosidade natural da criança promovendo a sua autonomia e auxiliando-a no seu processo de formação como individuo e como cidadão, desenvolvendo as competências de saber ser, saber aprender e saber fazer. Desta forma, este tipo de aprendizagem democrática origina a liberdade de pensamento e a expressão na criança que vai permitir encaminhar as aprendizagens conforme as capacidade e as necessidades e, simultaneamente, proporciona um ambiente que leva a criança à descoberta, à resolução de problemas e ao trabalho de grupo. O modelo pressupõe que o espaço educativo seja organizado em função dos conceitos de ensino-aprendizagem para permitir que as crianças realizem simultaneamente atividades várias em diferentes métodos de trabalho quer em pequeno grupos quer em pares, individualmente ou em coletivo.

O ambiente da sala deverá ser estimulante e agradável sendo que as paredes são utilizadas como expositores constantes das produções das crianças para desta forma, também, embelezar a sala. Em relação às atividades, este modelo apresenta dois períodos de tempo diferentes: período da manhã e período da tarde. Neste modelo pedagógico a planificação de todo o trabalho, bem como a sua avaliação, realizam-se diariamente em reunião de cooperação pelas crianças e pelo educador. Pensamos que o educador no MEM é considerado como um executador indispensável da educação incitando o exercício de valores, a autonomização e a colaboração. Pensamos também que é um promotor da organização participada tendo a responsabilidade de incentivar a expressão individual da criança, a sua atividade em grupo num espírito de entreajuda e cooperação. Tem ainda a responsabilidade o desenvolvimento da socialização da criança, a valorização do pensamento lógico e das iniciativas em relação à leitura e escrita através das interações estabelecidas diariamente. Tem ainda a função de gerir e guiar as atividades, as descobertas, as dificuldades apoiando e compreendendo a criança nas diferentes tarefas e adequando sempre o processo ensino-aprendizagem ao conhecimento prévio da mesma.

Concluindo, pensamos que as crianças ao serem envolvidas neste Sistema de Educação Pré-escolar têm um importante papel de promoção e de uma organização participada tanto por elas como o educador. A criança estimula a cooperação e torna-se ouvinte ativo, com expressão livre e uma atitude crítica, sendo responsáveis por manter e estimular a autonomia.

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