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3 DA POSSIBILIDADE DE PARTILHA EXTRAJUDICIAL DIANTE DO

3.4 DA ANÁLISE JURISPRUDENCIAL

Quando é analisado a realização do procedimento de jurisdição voluntária na existência de testamento, com seu prévio registro, pode-se perceber que o procedimento é executado de acordo com o entendimento de cada Estado da Federação, em que é regido por Provimentos da Corregedoria Geral de Justiça de cada Estado, como por exemplo dos seguintes:

Entre eles São Paulo (Prov. 37/2016), Rio de Janeiro (art. 297, parágrafo único, Código de Normas CGJ), Rondônia (Prov. 13/2018), Paraíba (art. 310, Código de Normas, CGJ), Mato Grosso do Sul (art. 10, Prov. 165/2017), Goiás (art. 10, Prov. 24/2017), Bahia (art. 186, Código de Normas), Ceará (Prov. 18/2017, CGJ), Santa Catarina (Prov. 18/2017) e Minas Gerais (MESSIAS, 2020, p. 156).

No Rio Grande do Sul, o procedimento é regido pelo Provimento nº 028/2019-CGJ, em que prevê no seu art. 613, §§2º, e 3º:

§2 - Havendo expressa autorização do juízo sucessório competente, nos autos do procedimento de abertura e cumprimento de testamento, sendo todos os interessados capazes e concordes, poderão ser feitos o inventário e a partilha por escritura pública, que constituirá título hábil para o registro imobiliário. § 3º - Poderão ser feitos o inventário e a partilha por escritura pública, também, nos casos de testamento revogado ou caduco, ou quando houver decisão judicial com trânsito em julgado declarando a invalidade do testamento, observadas a capacidade e a concordância dos herdeiros. (RIO GRANDE DO SUL, 2019).

Outrossim, aponta-se que não existia um consenso entre todos os Estados da Federação na prática do ato de inventário extrajudicial na existência de testamento, visto que cada um possui o seu, mas que em grande parte possuía o mesmo entendimento.

Afinal, independentemente do local do procedimento, este é influenciado pela necessidade de efetividade e celeridade, como depara-se no entendimento de Salomão Cateb: “Há muito busca a sociedade outro tipo de inventário, mais dinâmico e menos oneroso. Essa opção, pela via administrativa, pode resultar em solução mais rápida e, ao mesmo tempo, concorrer para o desafogo do Poder Judiciário [...]” (CATEB, 2008, apud MESSIAS, Assim pode ser compreendido que:

[...] o inventário extrajudicial, pela sua agilidade, rapidez e eficácia de resultados, fazendo sempre convergir a cooperação entre todos os interessados, deverá ser a regra a predominar na partilha de bens quando todas as pessoas envolvidas forem capazes, tornando o lento, demorado e burocrático inventário judicial a exceção, adotado quando houver interesse de incapaz ou litígio entre os herdeiros. (CATEB, 2008, apud MESSIAS, 2020, p. 156).

De outro ponto, o assunto tende a ser pacificado por meio do entendimento expresso pela argumentação do Superior Tribunal de Justiça ao julgar a possibilidade de realizar o inventário extrajudicialmente, diante da homologação de testamento, no Recurso Especial nº 1.808.767 – RJ (2019/0114609-4), vislumbra-se a ementa:

RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSO CIVIL. SUCESSÕES.

EXISTÊNCIA DE TESTAMENTO. INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL.

POSSIBILIDADE, DESDE QUE OS INTERESSADOS SEJAM MAIORES, CAPAZES E CONCORDES, DEVIDAMENTE ACOMPANHADOS DE SEUS ADVOGADOS. ENTENDIMENTO DOS ENUNCIADOS 600 DA VII JORNADA DE DIREITO CIVIL DO CJF; 77 DA I JORNADA SOBRE PREVENÇÃO E SOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL DE LITÍGIOS; 51 DA I JORNADA DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL DO CJF; E 16 DO IBDFAM. 1. Segundo o art. 610 do CPC/2015 (art. 982 do CPC/73), em havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial. Em exceção ao caput, o § 1º estabelece, sem restrição, que, se todos os interessados forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras. 2. O Código Civil, por sua vez, autoriza expressamente, independentemente da existência de testamento, que, "se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha amigável, por escritura pública, termo nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz" (art. 2.015). Por outro lado, determina que "será

sempre judicial a partilha, se os herdeiros divergirem, assim como se algum deles for incapaz" (art. 2.016) - bastará, nesses casos, a homologação judicial posterior do acordado, nos termos do art. 659 do CPC. 3. Assim, de uma leitura sistemática do caput e do § 1º do art. 610 do CPC/2015, c/c os arts. 2.015 e 2.016 do CC/2002, mostra-se possível o inventário extrajudicial, ainda que exista testamento, se os interessados forem capazes e concordes e estiverem assistidos por advogado, desde que o testamento tenha sido previamente registrado judicialmente ou haja a expressa autorização do juízo competente. 4. A mens legis que autorizou o inventário extrajudicial foi justamente a de desafogar o Judiciário, afastando a via judicial de processos nos quais não se necessita da chancela judicial, assegurando solução mais célere e efetiva em relação ao interesse das partes. Deveras, o processo deve ser um meio, e não um entrave, para a realização do direito. Se a via judicial é prescindível, não há razoabilidade em proibir, na ausência de conflito de interesses, que herdeiros, maiores e capazes, socorram-se da via administrativa para dar efetividade a um testamento já tido como válido pela Justiça. 5. Na hipótese, quanto à parte disponível da herança, verifica-se que todos os herdeiros são maiores, com interesses harmoniosos e concordes, devidamente representados por advogado. Ademais, não há maiores complexidades decorrentes do testamento. Tanto a Fazenda estadual como o Ministério Público atuante junto ao Tribunal local concordaram com a medida. Somado a isso, o testamento público, outorgado em 2/3/2010 e lavrado no 18º Ofício de Notas da Comarca da Capital, foi devidamente aberto, processado e concluído perante a 2ª Vara de Órfãos e Sucessões. 6. Recurso especial provido. (BRASIL, 2019).

A partir da jurisprudência do Tribunal, é possível concluir que a norma criada por meio da Lei 11.447/2007, deve ser amoldada dentro de seus objetivos, utilizando para isso, a evolução do ordenamento jurídico, em que preceitua no Código de Processo Civil, de 2015, a celeridade do processo, e efetividade, o direito comparado, e a interpretação mais favorável da lei, para a sua aplicabilidade, como ressalta-se a seguir.

A primeira importante manifestação foi feita através da aprovação do texto conciliador do Enunciado nº 600, da VII Jornada de Direito Civil, promovida pelo Conselho da Justiça Federal em 2015: “Após registrado judicialmente o testamento e sendo todos os interessados capazes e concordes com os seus termos, não havendo conflito de interesses, é possível que se faça o inventário extrajudicial.” (BRASIL, 2015).

Desse entendimento, com a ampliação do texto anterior, entendeu-se que mesmo que houvesse testamento, se este fosse homologado judicialmente, poderia ser facultado a realização do inventário extrajudicial. Nesse sentido, no ano de 2016 foi fixado pelo CJF na I Jornada de Prevenção e Solução Extrajudicial de Litígios, a tese do enunciado nº 77 a seguinte redação:

Havendo registro ou expressa autorização do juízo sucessório competente, nos autos do procedimento de abertura e cumprimento de testamento, sendo todos os interessados capazes e concordes, o inventário e partilha poderão ser feitos por escritura pública, mediante acordo dos interessados, como forma de pôr fim ao procedimento judicia. (BRASIL, 2016).

Para fundamentar a decisão foi utilizado pelo Ministro relator Luis Felipe Salomão, o Enunciado nº 600, aprovado na VIII Jornada de Direito Civil, e o Enunciado nº 16, do Instituto Brasileiro de Direito da Família, que prevê “Mesmo quando houver testamento, sendo todos os interessados capazes e concordes com os seus termos, não havendo conflitos de interesses, é possível que se faça o inventário extrajudicial.” (BRASIL, 2019). Em importante trecho destaca-se a equiparação com o direito francês, que detêm os mesmos requisitos do direito brasileiro, e expressa a liberdade de escolhe sobre o modo de realização do inventário, pelo seguinte trecho:

O Código Civil francês, artigo 819, prevê: “Si tous les héritiers sont présents et capables, le partage peut être fait dans la forme et par tel acte que les parties jugent convenables” (“Se todos os herdeiros estão presentes e são capazes, a partilha pode ser feita na forma e pelo ato que as partes julguem conveniente”) (BRASIL, 2019).

Também equipara com o direito português, que no mesmo condão, possibilita a realização por meio de escritura pública, quando na existência de bens imóveis:

O Código Civil português, artigo 2.102,1, afirma que a partilha pode fazer-se extrajudicialmente, quando houver acordo de todos os interessados, ou por inventário judicial, nos termos previstos na lei do processo; a partilha extrajudicial deve ser feita por escritura pública se na herança existirem bens imóveis, como exige o Código do Notariado (BRASIL, 2019).

Utiliza-se ainda da comparação com demais países, a fim de averiguar que é este um procedimento comum em outros lugares, e que no Brasil, ainda não existe consenso quanto a sua aplicação.

Neste sentido, menciona que o Código de Processo Civil de 2015, aborda mecanismos de pacificação, abordando as serventias extrajudiciais, em que pese da grande importância a desjudicialização de procedimentos, passando a considerar a escritura pública como meio formal adequado ao seu processamento, e que nas palavras citadas de Daniel Amorim Assumpção Neves, equipara-se “[...] à sentença judicial quanto a sua eficácia executiva.” (NEVES, 2016).

De outro ponto, ao abordar a redação dada pelo art. 610 do CPC/2015, o julgador contextualiza a facultatividade do procedimento dada pela norma, conforme aponta o doutrinador Rodrigo da Cunha Pereira:

Não há nenhum exagero ao afirmar que a Lei nº 11.441/07 é de extrema importância, introduziu um avanço notável, representa verdadeiro marco no Direito brasileiro, porque faculta aos interessados adotar um procedimento abreviado, simplificado, fora do Poder Judiciário, sem burocracia, sem intermináveis idas e vindas. O cidadão passou a ter razoável certeza do momento em que começa e da hora em que acaba o procedimento, a solução de seu problema. E isso é fundamental, sobretudo quando se trata de superar a crise dolorosa e aduda na relação familiar (BRASIL, 2019).

Assim, verifica-se que a interpretação das normas legais utilizadas, buscam dar uma maior aplicabilidade aos procedimentos que possuem reflexos sociais, econômicos e jurídicos, reduzindo a burocracia, e da formalidade dos atos de transmissão de direitos hereditários, para obter uma maior celeridade, em uma tendência de desjudicialização de litígios (TARTUCE, 2018).

Nesta linha de pensamento, verifica-se que a Lei de introdução às normas do direito brasileiro – LINDB, em seu art. 5º59, e o Novo CPC, em seus arts. 3º, §2º60 , 4º61 e 8º62, buscam os fins sociais, assim como exigência do bem comum, em que se aplica na norma que autoriza o inventário extrajudicial, para a redução da formalidade e burocracia, para proporcionar o maior número de procedimentos e de soluções para as controvérsias por meios alternativos ao aparato estatal (FIGUEIREDO, 2015).

Assim, diante do cumprimento dos requisitos que são a ausência de litigiosidade, e de que todos os herdeiros sejam capazes e concordes com a manifestação de última vontade, sendo procedido o registro judicial do testamento, ou autorização do juízo sucessório, não é razoável que seja impedido a realização do inventário extrajudicial, sob pena de violação dos princípios da efetividade da

59 “Art. 5º - Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.” (BRASIL, 1942).

60 “Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.” (BRASIL, 1942).

61 “Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.” (BRASIL, 1942).

62 “Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.” (BRASIL, 1942).

tutela jurisdicional e a razoável duração do processo. Com efeito, a interpretação dada ela doutrina:

De modo que, se antes da vigência da lei era possível a prática do ato notarial, não há razão para sustentar que desde o dia 5 de janeiro de 2007 não é mais possível a realização de inventário e partilha por escritura pública quando houver testamento, devendo ficar a ressalva de que, nesses casos, a escritura precisa ser homologada judicialmente. Interpretar de outro modo seria até mesmo absurdo, pois, nesse caso, o notário teria competência legal exclusiva para elaborar o testamento público e não poderia elaborar a escritura pública de partilha. (BRASIL, 2019).

Nesse ponto, a interpretação a men legis, que implementou o procedimento de inventário extrajudicial teve como objetivo desafogar o judiciário, ao afasta a necessidade de seguir o rito judicial, que não se justificaria pelos seus custos, complexidade e inevitável demora (FIGUEIREDO, 2015).

Assim, nada impede que diante de eventual litígio, venha a se demandar em juízo, mas afasta-se essa obrigatoriedade desde logo de se demandar pela via judicial, sendo necessário apenas o registro, ou seja, em processo judicial específico, regulados pelos arts. 735 a 737 do CPC/2015, destacando-se neste ponto a lição mencionada na decisão pelo relator, de Cristiano Chaves:

Todavia, em proibição pouco coerente, a legislação não admite o uso da via administrativa de inventário se o falecido deixou testamento. Nesse caso, imperativo o manejo de inventário em juízo, por conta da necessidade de prévia homologação do testamento. O argumento não convence. Ora, o que se mostra necessário proceder em juízo é a homologação do testamento. Assim, se o testamento já foi homologado judicialmente, garantida está a sua idoneidade, não se vislumbra qualquer óbice a impedir a partilha amigável, entre capazes, pela via cartorária. Injustificável, portanto, a vedação. (CHAVES, 2016, p. 518).

Nesse sentido, devemos verificado, que apesar de existirem contradições acerca da aplicação do procedimento de inventário extrajudicial na existência de testamento válido, a sua aplicação remonta ao objetivo de sua criação, para proporcionar a celeridade e efetividade do processo, na busca pela desjudicialização e busca por meios de solução de litígios. De modo que a sua aplicação no procedimento administrativo, não acarreta nenhum prejuízo, a nenhum dos interessados, como também deixa de onerar o sistema judiciário, apenas exigindo dele atuação para que seja feita o registro, e abertura do testamento pela via judicial. Por fim, a conclusão feita pelo julgador ao mencionar:

Com efeito, penso que a só existência de testamento não pode servir de motivo para impedir que o inventário seja levado a efeito administrativamente. “Não existindo litígio ou conflito de interesses, sendo todas as partes maiores e capazes, nada mais justifica, pois, que tais questões continuem a ser levadas ao Poder Judiciário, que, na maioria desses casos, terá sua função limitada a mero papel homologatório, de chancelar aquilo que já foi decidido pela livre-vontade das partes. (BRASIL, 2019).

Deste ponto o pode-se concluir que o processo deve apenas ser um meio, e não de torna-se um entrave, para a concretização do direito. Pois, se a vida judicial é prescindível, não há razoabilidade em coibir, diante da ausência de conflitos de interesses, que herdeiros maiores e capazes, possam utilizar a via administrativa para dar a efetividade a um testamento que é tido como válido pela justiça.

Dessa forma, de modo a realizar a interpretação da Lei 11.441/2007, de modo que possa alcançar o seu objetivo pleno, em proporcionar a celeridade e efetividade processual, prestigiando o acesso à justiça, garantindo a facultatividade de adoção do procedimento de inventário extrajudicial, na existência de testamento, desde que,

CONCLUSÃO

A presente pesquisa teve como temática a análise da Lei 11.441/2007, e a sua inserção dentro do direito sucessório, com a aplicação da lei para a sua utilização do inventário extrajudicial, na existência de testamento, diante da sua homologação em juízo, visando a diminuir a produção de litígios no judiciário brasileiro. A abordagem teve por base doutrinas, legislação, e em importante decisão jurisprudencial, para fundamentar as regras aplicáveis no procedimento extrajudicial de inventário, em que realiza uma interpretação para garantir que o objetivo da referida lei seja alcançado e proporcionar a usa utilização ainda que na existência de testamento, a fim de afastar a burocracia, e aproximar-se da efetividade e celeridade processual.

Nesse contexto, como principais discussões está o aspecto histórico do direito sucessório, e a recepção dos princípios no ordenamento jurídico brasileiro que disciplina a matéria, analisando as modalidades sucessórias e o procedimento de inventário e testamento. Além disso, demonstra o conflito entre as normas vigentes, em que não regulamentou de modo inequívoco o inventário extrajudicial, tornando-se necessário a regularização por Provimentos das Corregedorias Gerais da Justiça de cada Estado, e a sua interpretação de acordo com procedimentos vigentes no ordenamento para a realização, abertura, homologação e cumprimento dos testamentos.

Desse ponto, demonstrou que o procedimento de inventário extrajudicial apesar de não possuir uma regulamentação com maior complexidade, foi inserido no ordenamento jurídico para afastar a burocracia do procedimento, diminuir a produção de litígios no sistema jurídico brasileiro, e dar maior celeridade e efetividade, motivo pelo qual a existência de testamento, não pode ser um óbice para a utilização do inventário extrajudicial, que obrigaria as partes a buscar a solução pelo procedimento contencioso de inventário judicial.

Outrossim, a fundamentação da pesquisa demonstrou que a utilização do procedimento é também argumentada pela aplicação do direito comparado, eis que

o ordenamento jurídico brasileiro, teve influência de outros ordenamentos, como o português e francês, que permitem a realização de inventário extrajudicial na existência de testamento, ainda assim, a utilização do procedimento de jurisdição voluntária, aplicado no inventário extrajudicial mostra-se o mais eficiente para as partes.

Pode-se analisar também, que a mudança proposta pela Lei 11.441/2007, poderia ser ainda mais profunda, ao outorgar a função para abertura, registro e cumprimento de testamento, para outro órgão da função jurisdicional, o que tornaria desnecessário a participação do judiciário em todo o processo de inventário extrajudicial na existência de testamento, que poderia ser objeto de estudo para a ampliação da desjudicialização no direito sucessório.

As principais hipóteses previstas eram de que o desenvolvimento dos institutos do direito sucessório, e os procedimentos previstos no ordenamento jurídico, são determinantes para uma interpretação flexibilizada da lei 11.441/2007, para que seja possível a utilização do inventário extrajudicial na existência de testamento, como for de diminuir os processos litigados judicialmente.

Por fim, conclui-se que o conflito entre as normas que disciplinam a matéria de direito sucessório e o inventário extrajudicial, não pode ser determinante para impedir a realização do procedimento diante da existência de testamento, desde que este tenha sido homologado em juízo, sendo neste sentido, a decisão jurisprudencial proferida pelo Superior Tribunal de Justiça, de modo a pacificar o entendimento, e proporcionar de forma plena a efetividade e celeridade processual, a fim de diminuir a demanda litigiosa que abarrota o judiciário. A principal justificativa para a interpretação, foi baseado no estudo da jurisprudência, dos princípios do direito sucessório, e a comunicação entre as normativas previstas no ordenamento brasileiro, e que teve como contribuição o estudo para uma interpretação unânime do procedimento de inventário extrajudicial na existência de testamento, a ser

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Álvaro Villaça. Curso de direito Civil: direito das sucessões. São Paulo: Saraiva educação, 2019.

BRASIL. Conselho da Justiça Federal. Enunciado nº 600 da VII Jornada de Direito

Civil. Após registrado judicialmente o testamento e sendo todos os interessados

capazes e concordes com os seus termos, não havendo conflito de interesses, é possível que se faça o inventário extrajudicial. Brasília, 2015. Disponível em: <https://www.cjf.jus.br/enunciados/enunciado/824>. Acesso em: 16 abr. 2021. ______. ______. Enunciado nº 77 da I Jornada de Prevenção e Solução

Extrajudicial de Litígios. Havendo registro ou expressa autorização do juízo

sucessório competente, nos autos do procedimento de abertura e cumprimento de testamento, sendo todos os interessados capazes e concordes, o inventário e partilha poderão ser feitos por escritura pública, mediante acordo dos interessados, como forma de pôr fim ao procedimento judicial. Brasília, 2016. Disponível em: <https://www.cjf.jus.br/enunciados/enunciado/948>. Acesso em: 16 abr. 2021. ______. Conselho Nacional de Justiça. Resolução nº 35, de 25 de abril de 2007. Brasília, DF: 2007. Disponível em: <https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/179>. Acesso em: 20 jun. 2021.

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