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2.2 DIÁLOGOS MULTIRREFERENCIAIS ENTRE RPL E COGNIÇÃO

2.3.3 Da Aprendizagem às Estratégias de Ensino e de Aprendizagem no EMA da

A utilização da palavra “aprendizagem” nos diálogos cotidianos não é um problema; entretanto, definir aprendizagem ou aprendizado é algo bastante complexo.

Segundo Abbagnano (2007, p. 85),

a aprendizagem é a aquisição de uma técnica qualquer, simbólica, emotiva ou de comportamento, ou seja, mudança nas respostas de um organismo ao ambiente, que melhore tais respostas com vistas à conservação e ao desenvolvimento do próprio organismo.

Mesmo depois de lermos o conceito supracitado de “aprendizagem” – conceito atribuído pela psicologia moderna –, ainda é difícil afirmar que ela significa vir a saber algo ou adquirir um determinado conhecimento e/ou habilidade. Isso porque, normalmente, quando aprendemos alguma coisa, somos capazes de concordar a respeito; logo, esse processo é chamado de aprendizagem. Mesmo assim, enfrentamos problemas quando tentamos formular e desenvolver uma definição para aprendizagem.

Para Catania (2008, p. 22), “não há definições satisfatórias. Ainda assim, podemos estudar a aprendizagem. Fazemos isso sempre que observamos como os organismos vêm a se comportar de maneiras novas. [...] Aprendizagem significa coisas diferentes, em diferentes momentos, para diferentes pessoas.” Diante do exposto, estudar o processo de aprendizado de cada educando é singular, pois vários fatores podem influenciar a aprendizagem, como, por exemplo, as diversidades que cada educando traz consigo. A herança genética, tipo de educação recebida, a questão sociocultural, a cognitiva, a emocional, as condições econômicas, entre outros, são elementos responsáveis pelas diversidades entre os educandos. São esses elementos que identificam a diversidade de cada educando e o levam a se comportar de maneira diferente/nova durante o processo de aprendizagem.

Em outras palavras, o processo de aprendizagem dos educandos é influenciado pelas diversidades que o educando traz consigo. Portanto, é importante que os educadores percebam, observem, considerem e deem atenção aos elementos supracitados, pois eles são responsáveis pelas diversidades entre os educandos e podem influenciar os processos de ensino e de aprendizagem.

Freire e Campos (1991, p. 5) ressaltam a importância de valorizar o saber que traz o educando para a escola:

o ensino deve sempre respeitar os diferentes níveis de conhecimento que o aluno traz consigo à escola. Tais conhecimentos exprimem o que poderíamos chamar de a identidade cultural do aluno – ligada, evidentemente, ao conceito sociológico de classe. O educador deve considerar essa “leitura do mundo” inicial que o aluno traz

consigo, ou melhor, em si. Ele forjou-a no contexto do seu lar, de seu bairro, de sua cidade, marcando-a fortemente com sua origem social.

Quantos educadores reconhecem e respeitam a identidade cultural dos educandos? Quantos educadores fazem – quando é iniciado o contato com a classe – a avaliação diagnóstica, com a utilização de questionários, entrevistas ou outros procedimentos de investigação para a identificação sociocultural dos educandos?

Esses levantamentos prévios podem auxiliar os educadores a fazerem uma seleção de estratégias de ensino e de aprendizagem.

Nesse sentido, Kuethe (1974, p. 57) destaca que

[...] não basta que o educador conheça apenas os correlatos empíricos da aprendizagem. Ele deve avaliar essa informação em termos de um sistema de valores, a fim de determinar a sua relevância para o processo de ensino e aprendizagem na sala de aula.

Sendo assim, em convergência com as ideias de Kuethe (1974), as informações coletadas nos levantamentos prévios devem ser (re)avaliadas pelos educadores a fim de auxiliá-los no desenvolvimento de estratégias para o processo de ensino e de aprendizagem no EMA da RPL, ou seja, os levantamentos prévios de informações dos educandos podem auxiliar os educadores na construção de planos (estratégias) que têm como objetivo o desenvolvimento cognitivo a partir das experiências vivenciadas no EMA da RPL.

Segundo Bordenave e Pereira (1998), estratégias de ensino envolvem um percurso definido ou criado pelos educadores para direcionar os educandos a partir de uma teorização para ser aplicada na sua práxis pedagógica.

Comumente, ao discutir as “estratégias de ensino e de aprendizagem” no processo pedagógico, os educadores utilizam expressões como: métodos de ensino, métodos didáticos, técnicas pedagógicas ou técnicas de ensino. Essa fragmentação é decorrente do processo histórico de organização dos conceitos relativos a estratégias de ensino e de aprendizagem que revelam discrepâncias nem sempre baseadas em diferentes opiniões, mas, muitas vezes, resultados de diferentes formas de conceituação. Diante do exposto, iremos adotar nesta investigação o conceito de estratégias de ensino definido por Bordenave e Pereira (1998).

É importante destacar que existem várias estratégias de ensino e de aprendizagem, como a aula expositiva, a dialógica, os recursos audiovisuais, os estudos de casos, os softwares educacionais, dentre outras, e cabe a cada educador definir qual é a mais adequada

para o grupo para o qual ele irá lecionar.

Gostaríamos de salientar que para cada oficina ministrada no EMA da RPL, além de ser definida a estratégia de ensino, os educadores buscam escolher e utilizar recursos didáticos adequados às atividades desenvolvidas – a escolha e a utilização inadequada dos recursos podem dificultar os processos de ensino e de aprendizagem dos educandos.

Nesse sentido, os motivos para a escolha e utilização inadequada dos recursos didáticos podem ser: educadores que dominam apenas uma estratégia de ensino, por exemplo, a da exposição; outros, que, apesar de conhecerem diferentes estratégias, têm medo de usá-las por não se sentirem seguros; além de outros diversificarem suas estratégias unicamente pelo desejo de diversificar, não se preocupando em adequá-la ao grupo para o qual estão lecionando.

Dessa forma, devem ser observados alguns quesitos para a escolha e utilização do recurso didático, como, por exemplo, escolher o recurso sobre qual tiver o domínio; saber se a infraestrutura do local permite e possibilita o uso do recurso; levar em conta o tempo em que o – ou cada – recurso será utilizado ou aplicado; em caso de dúvidas na expressão de alguma ideia, tentar encontrar outra alternativa para explicá-la; preparar o material didático que vai ser utilizado no EMA da RPL com antecedência, pois isso possibilita prévias revisões; escolher com antecedência os assuntos que vão ser dialogados, o que auxilia na elaboração do material e dos objetivos pretendidos com os processos de ensino e de aprendizagem.

Diante disso, é importante lembrar que essa relação entre recursos didáticos e os processos de ensino e de aprendizagem nem sempre assegura uma situação de motivação para os educandos, pois motivar implica despertar e manter o interesse do(s) educando(s) em aprender.