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DA INTeRPReTAÇÃO e APLICAÇÃO DAS NORMAS CON-

No documento Revista de Direito da ESA Barra (páginas 87-98)

O interprete, diante de um sistema de Direito, não pode recebê-lo apenas como concatenação lógica de proposições, deve sentir que nesse sistema existe algo de subjacente, que são os fatos sociais aos quais está ligado um sentido ou um significado que resulta de valores, em um processo de integração dialética que implica ir do fato à norma, devendo pautar-se na experiência jurídica sem se afastar dela (ReALe, 2012. p. 580-581).

Os magistrados se baseiam na hermenêutica de um novo direito constitu- cional, para a concretização dos direitos fundamentais e da dignidade da pessoa humana, não se olvidando da aplicação de uma justa decisão em casos de tráfico de pessoas para que se efetivem os princípios de um estado Democrático de Direito.

Ingo Sarlet (2011. p. 95) mostra que é necessário que seja ressaltada a função instrumental integradora e hermenêutica do princípio da dignidade da pessoa humana, na medida em que este sirva de parâmetro para a aplicação, interpreta- ção e integração não apenas dos direitos fundamentais e do restante das normas constitucionais, mas de todo o ordenamento jurídico (SARLeT, 2011. P 95). Diante dessa interpretação entende-se que o crime de tráfico de pessoas deve ser inter- pretado à luz do princípio da dignidade humana.

Quanto à linguagem jurídica, pode-se afirmar que o Direito depende da lin- guagem para se fixar como um fenômeno social. De fato, todo ato, toda prática, toda atividade jurídica envolve atos de linguagem (BITTAR, 2015. p. 652). O Direito se manifesta pela linguagem verbal.67

Como bem assinala Andre Ramos, a primeira observação a ser feita sobre a importância da linguagem para o Direito é a letra da lei que constitui o ponto inicial de referência para a interpretação de qualquer norma (TAVAReS, 2012. p. 105). A interpretação literal não significa que a norma deve ser interpretada sem um contexto social, histórico. Porém, a interpretação literal ou gramatical seria um estágio inicial para compreensão da interpretação do texto.

A linguagem não é analisada num sistema fechado de referências, mas sim no plano da historicidade. “A interpretação do texto baseado no método herme- nêutico-linguístico procura não se desligar da existência concreta, nem da carga pré-ontológica que vem sempre antecipada” (STRECK, 2002. p. 19).

67 A linguagem verbal (linguagem natural) representa sempre a maior base de manifestação jurídica. Sobretudo grafando-se por meio da escrita.

O método fenomenológico68 utilizado para interpretação procura não se

desligar da existência concreta, nem da carga pré-ontológica que vem sempre ante- cipada. O verdadeiro caráter do método fenomenológico não pode ser explicitado fora do movimento e da dinâmica da própria análise do objeto.

“A linguagem deixa de ser uma terceira coisa que se impõe entre o sujeito e o objeto, passando a ser condição de possibilidade” (STRECK, 2002, p. 20). A linguagem jurídica constitui-se primordialmente de linguagem verbal e é um discurso autônomo, pois produz suas próprias interseções e influencia os demais discursos que o circulam.

Quando se está a falar da linguagem jurídica, deve-se sobretudo grifar que o discurso jurídico não é um discurso descontextualizado, mas um discurso que se produz no seio da vida social. A linguagem jurídica exerce-se em meio a um conjunto de sistemas em verdadeira dinâmica de fluxos e refluxos recíprocos, intromissões e extromissões. A participação do discurso jurídico no conjunto das relações sociais dota-lhe desta especial característica que é a constante mutação. (BITTAR, 2015. p. 653). O homem é um ser histórico e seu discurso jurídico também vem regado por essa historicidade.

Uma característica do sistema jurídico é de que as normas não são imutáveis, e elas podem ser modificadas através de um sistema dialético. Ou seja, as mudanças ocorrem no sistema jurídico em razão do contato com os demais sistemas sociais.

Na trama das relações sistêmicas, o sistema jurídico-semiótico69 comunica-se, inter-relaciona-se, se interage, não somente vive, mas convive. essa convivência fortalece sua dinâmica e o intercâmbio de valores, experiências, discursos, técnicas, práticas, conquistas, conhecimento, operações conceitos, símbolos, signos verbais dos fenômenos entre si, e nesse sentido, com esta carga de premissas não se pode conceber o texto (jurídico ou não) como sendo apenas a surface de um grande campo de relações enraizadas em pressupostos comuns de experiência (BITTAR, 2015. p. 653).

O discurso jurídico é mais que um discurso normativo, legalista e positivis- ta. O discurso jurídico exterioriza outras manifestações textuais e não apenas a manifestação normativa.

O conteúdo da Constituição da República possui um discurso jurídico abstrato e aberto, que necessita que o interprete integre as normas constitucionais para que

68 Lênio Streck adotou para a elaboração das suas reflexões sobre a linguagem o “método” fenomenológico, visto a partir de Heidegger, como “interpretação hermenêutica universal”. 69 Semiótica significa: s.f. Ciência que analisa todos os sistemas de comunicação presentes numa

sociedade. Semiologia: análise detalhada das representações sociais definidas como sistema de significação, tendo ou não sua origem em sistemas de comunicação. Teoria de representação

elas se tornem compreensíveis e aplicáveis.70

Lênio Streck, apoiado em Gardamer, ensina que ao interpretarmos neces- sitamos compreender e para compreender temos de ter uma pré-compreensão. Dessa forma, não se interpreta um texto jurídico (Discurso jurídico) desvinculado do sentido que o intérprete tem da Constituição (STReCK, 2002. p. 21). O discurso jurídico integra a jurisprudência acerca das manifestações jurídicas, a doutrina e o que as leis prescrevem.

É possível afirmar que uma norma jurídica que trata sobre o tráfico de pessoas será valida somente se estiver em conformidade com o princípio da dignidade humana disposto no artigo 1, II da Constituição. Pois não se interpreta um texto jurídico (um dispositivo de lei) desvinculado do sentido que o interprete tem da Constituição.

Percebe-se a mudança de mentalidade e, por consequência, mudança do Discurso jurídico quando, verificamos a evolução do discurso sobre tráfico de mulheres brancas. Inicialmente< o pavor da sociedade da época era que mulhe- res de boa família, brancas, indefesas fossem capturadas para serem forçadas a trabalhar no mercado do sexo. esse discurso vitimizava apenas um determinado grupo de mulheres.

Com a mudança de pensamento, o Tráfico de Pessoas mudou ao longo do tempo e hoje o trafico de pessoas é uma forma moderna de escravidão, na qual se explora uma pessoa em virtude se sua vulnerabilidade.

Hermenêutica significa a arte de interpretar o sentido das palavras, leis, textos.71 “A hermenêutica jurídica, para alguns, significa ape- nas a interpretação da lei; para outros, inclui também a aplicação e a integração, enfim é esta parte do processo de comunicação que vincula a lei, o interprete ou aplicador e o destinatário” (HERKE- NHOFF apud LeITe, 2015, p. 63).

LeITe (2015, p. 63) cita os chamados métodos ou processos hermenêuticos ou interpretativos, que correspondem a fórmulas científicas de interpretação da norma jurídica produzindo cada um seu resultado interpretativo. Os métodos são: o literal ou gramatical, o sistemático, o histórico, o teológico e o sociológico.

O método literal estabelece que o sentido da lei está em sua letra; o método sistemático propõe que as normas não podem ser interpretadas isoladamente, mas sim com o contexto no qual está inserida; o método histórico corresponde à análise das ideologias, do sentimento dominante e do cenário histórico e cultural

70 Neste sentido André Ramos Tavares, citando Celso de Barros, ensina que “A norma Constitucional muito frequentemente, apresenta-se como uma petição de princípios ou mesmo como uma norma programática sem conteúdo preciso ou delimitado” (TAVARES, 2012.p. 107)

71 Significado de hermenêutica do dicionário Michaelis. Disponível em: http://michaelis.uol.com. br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-rtugues&palavra=hermen%EAutica. Acesso em 08/02/16.

no qual está inserida determinada lei. No método teleológico, o interprete busca o sentido ou a finalidade da lei e o método sociológico possui alto teor político e propensão a harmonizar o Direito à dignidade humana (LEITE, 2015. p. 63-64)

em contrapartida, outros estudiosos sustentam que a hermenêutica não é uma metodologia de interpretação e sim uma condição de possibilidade.

O interprete, ao interpretar um texto de lei, está no meio do círculo herme- nêutico, pois a interpretação não é fracionada em conhecimento, interpretação e aplicação. e sim, esses três elementos (conhecimento, interpretação e aplicação) ocorrem simultaneamente. Lênio Streck nos ensina que a hermenêutica não é método e sim um processo interpretativo-compreensivo.

A hermenêutica não é um método por uma razão singela: é impossível responder à pergunta acerca de qual é o método que existe para dizer o método adequado para interpretar [...]. Isto está muito claro desde há muito, tanto em Gar- damer, como no pai do pós-positivismo, Friedrick Müller. (STReCK, 2002. p. 21). Primeiro devemos escutar o que diz a linguagem. A compreensão e a explici- tação do ser já exigem uma compreensão anterior. A hermenêutica filosófica jamais permitiu arbitrariedades interpretativas ou decisionismo por parte dos Juízes.

A visão hermenêutica define a posição filosófica do jurista, uma vez que lhe permite construir as coordenadas, os critérios e os princípios que nortearão o exercício interpretativo. No tocante aos Direitos humanos, o interprete tende a aplicar as normas jurídicas com o escopo de promover a justiça e o bem-estar.

RAMOS (2015, p. 99) nos ensina que o intérprete ao aplicar num caso concreto deve fazê-lo em conformidade com os Direitos humanos e que esta interpretação nada mais é do que a adoção da interpretação conforme a Constituição.

A interpretação conforme a Constituição é extremamente importante, na medida em que a Constituição dará validade para as demais normas do ordena- mento jurídico.

André Tavares apoiado em J.J. Gomes Canotilho nos ensina que o princípio da eficiência ou da interpretação efetiva significa que a norma constitucional deve ter em seu sentido a maior eficiência, ou, melhor dizendo, “não se pode empobrecer a Constituição” (TAVARES, 2002. p. 110).

A Constituição da República de 1988 é social, dirigente e compromissória e seu conteúdo está voltado e dirigido para o resgate das promessas de um Estado Democrático de Direito, pautado em garantias fundamentais como o respeito à Dignidade da Pessoa Humana, à Liberdade, à Igualdade. Assim como o repúdio à tortura e à escravidão.

COnClUSÃO

O tráfico de pessoas é uma prática criminosa que instrumentaliza outra pessoa vulnerável. O tráfico de pessoas, segundo as Nações Unidas, ocorrerá quando as vítimas forem exploradas em atividades sexuais, em condições de trabalho análogo a de escravo, em comércio de órgãos e tecidos, e casamentos servis. São distintas as formas de exploração e a diversidade e complexidade com que elas ocorrem. (Global Report on Trafficking in Persons,2014, P.15-16).

Numa definição mais simplificada, consiste no aliciamento e no transporte de seres humanos, utilizando-se de formas de coerção, como a força, a fraude, o abuso da situação de vulnerabilidade ou outras, com o propósito de explorá-los. É uma grave violação aos Direitos Humanos.

O Brasil, ao ratificar o Protocolo de Palermo, adotou esta nova definição sobre o tráfico de pessoas. Assumindo, ainda, o compromisso internacional de adequar sua legislação interna ao Protocolo. Há por parte do Brasil o compromisso cons- titucional de promoção, proteção e defesa dos Direitos Humanos.

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O DESAFIO DO ADVOGADO nA MEDIAÇÃO

À lUZ DO nOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIl

El DESAFÍO DEl ABOGADO En lA MEDIACIÓn A lA lUZ

DEl nUEVO CÓDIGO DE PROCEDIMIEnTO CIVIl

por Márcia dos Santos Pimentel Nunes

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por Maria Cristina Ribeiro Dantas

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REsuMO

O presente estudo se propõe a analisar o papel do advogado na mediação. Como pode e deve ser o advogado de grande importância na solução dos confli- tos tanto os judiciais quanto os extrajudiciais. Na verdade, é um desafio e tanto! Principalmente porque o advogado deve mudar sua postura diante dos conflitos, que antes era vista como belicosa já que o papel do advogado é o de defender os interesses do seu cliente independente de o resultado ser bom ou ruim para a parte adversa. Na mediação, o advogado não vê o outro como parte adversa, mas simplesmente como parte da solução de um conflito, que ao final terá sido bom para todos. No Brasil a mediação ainda é muito incipiente (sua lei é de 2015), e os operadores do Direito, principalmente a grande maioria dos advogados, ainda não

72 Bacharel de Direito pela Universidade Cândido Mendes . especialista em Direito do Trabalho; 73 Bacharel em Direito pela Universidade estácio de Sá.

se encontram motivados a promover a mediação, talvez por mero desconhecimento ou mesmo por rigidez comportamental diante das mudanças paradigmáticas por força da mediação. Esse artigo visa levar esses profissionais à reflexão de que a mediação, à parte de solucionar mais rapidamente e melhor os conflitos, não sig- nifica que o advogado abrirá mão dos seus honorários ou dos direitos pertinentes aos seus clientes. Ao contrário, ele poderá receber pelo seu trabalho num prazo muito menor e sem os desgastes próprios de um processo judicial.

PALAVRAS-CHAVE: Mediação. Advogado. Conflito. Parte adversa. Solução.

REsuMEN

el estudio se propone a analizar el papel del abogado en la mediación. Como puede y debe el abogado ser de gran importancia en la solución de los conflictos tanto los judiciales cuanto los extrajudiciales. ¡es en realidad un desafío y tanto! Principalmente, porque el abogado necesita cambiar su postura delante los conflic- tos que antes era vista como belicosa, vez que el papel del abogado es defender los intereses de su cliente a parte del resultado ser bon o malo para la parte adversa. en la mediación el abogado non ve el otro como parte adversa, mas simplemente como parte de la solución de un conflicto que al fin tendrá sido bueno para todos. En Brasil, la mediación aún es muy incipiente (su ley es de 2015) y los operadores del Derecho, principalmente la gran mayoría de los abogados, aun no se encuentra motivada a promover la mediación, quizá por mero desconocimiento o mismo por rigidez comportamental delante los cambios paradigmáticos por fuerza de la mediación. Ese artículo visa llevar eses profesionales a la reflexión de que la me- diación, aparte de solucionar más rápidamente y mejor los conflictos, no significa que el abogado abrirá mano de sus honorarios o de los derechos pertinentes a sus clientes. Al revés, el podrá recibir por su trabajo en un plazo muy menor y sin los desgastes propios de un proceso judicial.

InTRODUÇÃO

O atual modelo de monopólio estatal não mais atende aos fins a que se destina, isto é, não tem capacidade operacional de atender de modo satisfatório aos jurisdicionados, haja vista as dificuldades quantitativas e qualita- tivas enfrentadas pelos nossos tribunais, que se revelam pelos inúmeros processos que se acumulam nas estantes de suas Secretarias,

No documento Revista de Direito da ESA Barra (páginas 87-98)