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Dados da entrevista (E2_D) feita ao docente de História do GE

4. TRATAMENTO DE DADOS

4.8. Dados da entrevista (E2_D) feita ao docente de História do GE

Após a aplicação da SDI e da FAF (vulgo, teste), entrevistámos o docente de História, com o intuito principal de, através do seu olhar, saber se os alunos aderem mais às atividades de escrita processual e se este confirma ou não demonstrarem os discentes mais construção de conhecimento e aperfeiçoamento da competência escrita, comparativamente com o que ocorre com outras matérias já lecionadas e de idêntico grau de dificuldade e com idêntico tempo contabilizado. E esclareçamos também desde já que, da análise dos dados realizada, identificamos três categorias e várias subcategorias – (1.1., 1.2., 1.3.); (2.1., 2.2.); (3.1. (3.1.1., 3.1.2.), 3.2., 3.3., 3.4.). Note-se que optamos por transcrever excertos da entrevista dada pela docente, sempre que consideramos ser pertinente, para uma melhor contextualização.

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Tabela 8.: Dados da entrevista (E2_D) feita à docente de História do GE

Categorias subcategorias Síntese dos dados

1. Como decorreu a realização da SDI, em torno da produção processual de texto expositivo- informativo

1.1. Descrição da adesão da turma «reagiram bem// primeiro/ de forma apreensiva/ mas/ depois reagiram bem»

1.2. Dificuldades sentidas pelos alunos e suas causas

«a principal dificuldade foi o pesquisar autonomamente a informação// a partir dos documentos/ serem capazes de ir procurar/ selecionar e depois colocá-la nos seus devidos lugares»

« essa dificuldade/ eu atribuo-a a uma lacuna que os alunos têm ao nível da pesquisa/ da selecção e tratamento da informação»

1.3.

Papel assumido pela escrita na aprendizagem propriamente dita pelos alunos

«a escrita é fundamental»

«é a base/ no meu ponto de vista/ para toda a aprendizagem deles// em todas as áreas»

2.

Atividades de escrita processuais, no âmbito da SDI

2.1. Opinião sobre as mesmas

«este tratamento que fizemos foi muito importante e era bom que tivéssemos tido mais tempo para o fazer e de forma mais continuada// mas foi bom»

2.2.

Avaliação dos resultados obtidos pelos alunos, no final do processo

«eu estaria a mentir se eu dissesse que houve grandes evoluções/ até porque foi muito/ muito curta a-- mas houve alguma evolução// e prova disso é que o-- a ficha de avaliação que eles fizeram a seguir/ tiraram notas francamente satisfatórias/ bem mais satisfatórias que nos testes anteriores// foi/ foi positivo»

«na pergunta que implicava o desenvolvimento de um texto/ houve uma melhor ordenação das ideias» 3. Outras possíveis utilizações deste dispositivo didático 3.1.

Ponderação acerca do uso deste tipo de atividades processuais de escrita

« já já/ já/ já é/ já/ para o ano/ penso que sim» «o que eu pondero voltar a fazer com quase toda a

certeza é voltar a fazer-- é realmente esta preparação em termos de trabalho da matéria/ porque acho que é muito importante para a organização das ideias e ao mesmo tempo para eles saberem fazer uma seleção da informação adequada»

3.1.1.

Em caso afirmativo, quais os procedimentos e frequência de uso

«talvez muito nos moldes como foi feito agora»

3.1.2.

Em caso afirmativo, há previsão de uma maior interacção com o docente de Língua Portuguesa

«sim»

3.2.

Avaliação do papel que este processo de escrita pode assumir para auxiliar os alunos a aprender mais e melhor

«este papel é fundamental é muito importante»

3.3.

Avaliação (e explicação) do papel que este processo de escrita pode assumir para auxiliar os alunos a desenvolver a capacidade escritural

«eu considero que é importante/ também tudo/ tudo o que implique-- eu acho que em todas as atividades que impliquem os alunos a escreverem mais// aprenderem a escrever// tratarem a forma como escrevem// eu acho que é fundamental»

3.4.

Adoção deste processo de escrita nas outras disciplinas, a propósito dos géneros que lhes são próprios

«concordo concordo// tenho quase a certeza

absoluta que vai ser muito difícil/ não é mas

considero que é importante»

Observando o quadro de síntese dos dados, tomamos conhecimento, na verdade, de que os alunos reagiram bem às atividades processuais de escrita propostas, em contexto de aula de História, embora, como testemunha o docente, tenham, inicialmente, reagido de forma apreensiva.

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No que concerne às Dificuldades sentidas pelos alunos e suas causas, o docente aponta como principal dificuldade a pesquisa autónoma e a seleção de informação, encontrando a sua causa numa lacuna que os alunos manifestam, precisamente, a este nível: a saber, a pesquisa, a seleção e o tratamento de informação.

O docente de História reitera, ainda, o testemunho dado, aquando da entrevista realizada previamente à aplicação da SDI, dizendo considerar a escrita fundamental no processo de ensino e aprendizagem, em, aliás, todas as áreas do saber.

Prosseguindo esta análise, e passando-se para a 2.ª categoria, destaca-se o facto de o docente ter considerado o dispositivo didático implementado deveras importante, apesar de ter correspondido a uma experiência esporádica e muito breve. Facto este que o docente parece lamentar, apesar de se considerar impotente para ultrapassá-lo (devido, aliás, aos argumentos já apresentados inicialmente: noventa minutos semanais de aula, o que contrasta com um extenso programa a cumprir).

Quanto à Avaliação dos resultados obtidos pelos alunos, no final do processo, o professor afirma que estaria a mentir, se dissesse que tinha havido grandes evoluções; todavia, adianta que os resultados obtidos na FAF, sobre os conteúdos lecionados, foram francamente satisfatórios, bem mais do que nas FAF anteriores. Quando solicitado para precisar, a que níveis, concretamente, essa evolução se verificara, o docente, muito assertivamente, responde que, «na pergunta que implicava o desenvolvimento de um texto, houve uma melhor ordenação das ideias».

Relativamente à 3.ª categoria, também o próprio docente revela ter aderido a este tipo de atividades de escrita e, quando questionado sobre se prevê uma maior interação com o professor de Língua Portuguesa, na eventualidade de ter determinada dúvida, no que à produção escrita diz respeito, este responde afirmativa e assertivamente. Note-se que, aquando da primeira entrevista (previamente à aplicação da SDI), o docente afirmara, aliás, considerar a escrita importante, devido ao facto de grande parte da avaliação dos alunos, acerca dos «conhecimentos que aprendem na oralidade», ser feita através da escrita. Agora, quando interpelado acerca do papel que este processo de escrita pode assumir para auxiliar os alunos a aprender mais e melhor, começa por responder que todas as atividades que impliquem os alunos na escrita são importantes («eu considero que é importante/ também tudo/ tudo o que implique-- eu acho que em todas as atividades que impliquem os alunos a escreverem mais// aprenderem a escrever// tratarem a forma como escrevem// eu acho que

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é fundamental»), imediatamente precisando que todas as atividades que impliquem a aprendizagem da escrita são fundamentais («eu considero que é importante/ também tudo/ tudo o que implique-- eu acho que em todas as atividades que impliquem os alunos a escreverem mais// aprenderem a escrever// tratarem a forma como escrevem// eu acho que é fundamental»). Vemos, pois, neste testemunho, uma consciencialização por parte do docente de que não é suficiente promover atividades de escrita com os alunos. É necessário, aliás, promover atividades de (ensino e) aprendizagem da escrita. Recordemos, ainda, que o professor, aquando da primeira entrevista, manifestou ter grande preocupação em solicitar atividades de escrita (quanto mais não fosse para trabalho de casa), por considerar ser de extrema importância, precisamente, os alunos escreverem. Por fim, quanto à Adoção deste processo de escrita nas outras disciplinas, a propósito dos géneros que lhes são próprios, o docente concorda e considera tal importante; porém, afirma ter quase a certeza absoluta de que vai ser muito difícil essa implementação.

Em jeito de conclusão, apraz-nos então dizer que docente e discentes mostram-se quer convencidos das potencialidades das atividades processuais de escrita quer conscientes da importância de desenvolverem atividades de escrita que considerem aspetos linguísticos que dependam de operações cognitivas de alto nível, tais como: aprender as tipologias textuais próprias das várias disciplinas ou usar a escrita para aprender.