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Dados da entrevista (E1_D) feita ao docente de História do GE

4. TRATAMENTO DE DADOS

4.2. Dados da entrevista (E1_D) feita ao docente de História do GE

Seguidamente, apresentamos o tratamento de dados referente à entrevista feita ao docente do GE, previamente à aplicação da SDI. Como havíamos referido, pretendemos, com esta entrevista, conhecer qual a prática escritural do docente na aula de História, no 7.º

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ano de escolaridade, a fim de confirmar a presença ou a ausência de um lugar de destaque dado à escrita.

Por outro lado, pretendemos esclarecer, desde já, que, da análise dos dados, identificámos três grandes categorias e, respetivamente, cinco, quatro e uma subcategorias, de que abaixo damos conta. Optámos por transcrever excertos da entrevista dada pelo docente, sempre que considerámos que tal poderia ser pertinente – ou seja, em prol, portanto, de uma melhor contextualização, transcrevemos a passagem, sublinhando apenas os dados que dizem respeito à subcategoria em causa.

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Tabela 4.: Dados da entrevista (E1_D) feita ao docente de História do GE

Categorias subcategorias Síntese dos dados

1. At ivi d ad e d e es cr it a soli cit a d a re ce n te m e n te aos alu n os 1.1. Identificação da

atividade «um trabalho de casa» 1.2. Conteúdo programático em estudo «Grécia» 1.3. Descrição da atividade

«o trabalho de casa era composto de duas ou três questões/ que passavam// uma pela identificação simples de/ de alguns conteúdos num texto/ e depois tinha uma/ se já não me engano/ para fazerem uma relação entre conteúdos// era um texto em que se pedia que fizessem uma análise/ relacionando dois conteúdos»

1.4.

Relevância da atividade para a aprendizagem dos alunos

«importantíssimo/ porque é uma forma que eles têm não só de aplicar os conhecimentos que aprendem na oralidade/ na aula/ como também está relacionado com algumas das competências essenciais da disciplina/ nomeadamente o aprender a relacionar conhecimentos/ a analisá-los//»

1.5. Dificuldades sentidas pelos alunos na consecução da atividade

«as dificuldades prendem-se essencialmente com a análise do texto e a capacidade de o tornarem em informação/ prática/ portanto eles leem o texto/ mas depois têm muita dificuldade em extrair a informação/ essa é uma das dificuladades/ a outra tem a ver com a própria redação/ eles têm muita dificuldade em organizarem/ por escrito/ as ideias»

2. At ivi d ad es d e es cr it a d o m an u al e d o cad er n o d e at ivi d ad es 2.1. Opinião sobre as mesmas

« as propostas pelo manual até são razoáveis/ não há é depois tempo para/ na prática/ as poder aplicar/ porque são noventa minutos semanais / no caso do 7.º ano / e é muito difícil/ porque se se for a explorar/ dadas as dificuldades que eles têm/ não conseguimos dar matéria// são adequadas às competências essenciais da disciplina// não são adequadas à extensão do programa e ao tempo que temos para dar»

2.2. Frequência do seu uso

«em contexto de sala de aula/ confesso que (a frequência) não (é muito regular)// para casa tento sempre em todas as aulas/ até porque são semanais/ tento sempre enviar e começo sempre a aula seguinte com a análise/ nem que seja uma análise oral/ mas em que procuro ajudá-los a sistematizar as ideias/ mas não é com a frequência que eu queria e então em contexto de aula é difícil»

2.3.

Procedimento, aquando do seu uso

« em contexto de sala de aula/ confesso que (a frequência) não (é muito regular)// para casa tento sempre em todas as aulas/ até porque são semanais/ tento sempre enviar e começo sempre a aula seguinte com a análise/ nem que seja uma análise oral/ mas em que procuro ajudá-los a sistematizar as ideias/ mas não é com a frequência que eu queria e então em contexto de aula é difícil»

2.4. Modo de correção

« tento levar (de) todos (os alunos, para corrigir em casa)/ só mesmo em alturas de maior concentração de trabalho/ aí incido mais nos alunos com mais dificuldades/ planos de recuperação/ por exemplo/ mas quando levo/ pelo menos por período levo duas a três vezes/ de todos os alunos» « quer nos trabalhos de casa quer em outros trabalhos ou nas fichas de avaliação/ tento fazer sempre umas observações/ em que tento destacar o que está bem e o que pode melhorar e normalmente os aspetos que refiro até são sempre relativos à redação e à apresentação das ideias»

3. In te raç ão com o d oc en te d e P or tu gu ês 3.1. Frequência das interações

« não é assim com muita/muita regularidade/ mas sim/ sim conversamos/ até porque normalmente/ até a nível de aproveitamento e de avaliação que se faz de desempenho numa disciplina e na outra eles acabam por ser similares/ porque as dificuladdes são transversais e portanto falamos muito/ até falamos com regularidade»

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Se atentarmos na síntese dos dados respeitantes às várias subcategorias, pela ordem apresentada no quadro, percecionamos, desde logo, que, no que respeita à atividade de escrita solicitada, esta não se enquadra num contexto processual de (aprendizagem de) escrita, pois a instrução dada aos alunos limita-se a solicitar a resolução das questões apresentadas, visando obter-se, unicamente, um produto final para avaliar (ou não), não se tendo qualquer preocupação com o processo propriamente dito de escrita.

Continuando a análise, destaca-se, desde logo, o facto de o docente considerar a escrita importante, por, como o próprio refere, grande parte da avaliação dos alunos, acerca dos «conhecimentos que aprendem na oralidade» (depreendendo-se que esse aprender «na oralidade» acontece, ao ouvirem as exposições orais do professor), ser feita através da escrita e, ainda, convocar outros conhecimentos. Daí, portanto, que o docente considere que faz parte das «competências essenciais da disciplina, nomeadamente o aprender a relacionar conhecimentos».

Por outro lado, atendendo à extensão do programa e à pressão sentida quanto à necessidade de cumprir o mesmo, o docente não solicita tantas vezes quantas desejaria a realização, em sala de aula, das atividades propostas no manual adotado e no respetivo caderno de atividades bem como outras, pedindo aos alunos que as resolvam em casa e, na aula seguinte, inicia-se a mesma com a respetiva correção oral, com vista a uma sistematização dos conteúdos. O docente refere, ainda, ter a preocupação de, em cada período letivo, levar para corrigir, em casa, duas a três fichas, por aluno, fazendo as devidas anotações nas mesmas, quanto a pontos fortes e fracos.

Por fim, o professor manifesta ter consciência de que as dificuldades sentidas pelos alunos na consecução das atividades escritas se prendem, por um lado, e «essencialmente, com a análise do texto e a capacidade de o tornarem em informação prática», e, por outro, «com a própria redação», já que os alunos, ainda segundo o próprio, «têm muita dificuldade em organizarem, por escrito, as ideias».

Face ao exposto, pensamos ver confirmado o lugar de pouco destaque dado à escrita, associado, simultaneamente, a práticas tradicionais de ensino da escrita: por outras palavras, torna-se evidente, portanto, a ausência de um ensino explícito e sistemático desta competência.

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