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Dados quantitativos dos anos iniciais de funcionamento do Seja, de 1987 a 1993

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CAPÍTULO 3: ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS PARA A ATUAL PESQUISA

3.5 Dados quantitativos

3.5.1 Dados quantitativos dos anos iniciais de funcionamento do Seja, de 1987 a 1993

34 Meu especial agradecimento pelos dados colhidos e organizados à Profª. Leticia Beatriz Pessa (in memoriam) e ao Prof. Reginaldo Mendes Paixão.

Foram levantados a partir de atas finais de curso, elaboradas pelos professores ao término de cada ano letivo, nas quais constam os dados de todas as classes do Seja. As atas demonstram o atendimento escolar do Serviço entre 1987, ano da fundação, até 1993, com os dados referentes ao período pesquisado (1993).

Neste período de sete anos de atuação, o Seja atendeu um total de 19.234 alunos. Em 1987, foram atendidos 1.843 e, em 1993, atingiu-se o número de 3.581 alunos, o seu maior índice. O aumento do atendimento de 1987 para 1993 foi de 94,3%. Com relação aos professores alfabetizadores, dispunha-se, em 1987, de 85 profissionais e, em 1993, de 86 profissionais. Entre os alunos atendidos nesse mesmo período, 6.769 não completaram o curso, 6.165 foram promovidos e 5.905 foram reprovados. Assim, os percentuais de evasão variam de 27,5%, em 1987, a 24,6%, em 1993, passando pelo índice mais alto de 43,6% em 1989.

Com relação aos reprovados, os índices variam de 47,7%, em 1987, a 29,2%, em 1993, sendo esse o menor do período.

Quanto aos alunos promovidos, temos 22%, em 1987, e 44,5%, em 1993. São estes o maior e o menor índice do período respectivo, ou seja, de 1987 a 1993. Quanto aos alunos transferidos, o total do período foi de 385. Os percentuais variam de 2,8%, em 1987 a 1,2%. Não se sabe, pelos documentos analisados, para quais escolas ou cursos esses alunos se transferiram. No mesmo período, 12 alunos faleceram e duas matrículas foram canceladas, o que equivale a 0,1% dos alunos atendidos em 1988 e 1993.

No cômputo geral, de 1987 a 1993, temos as seguintes medidas: aprovados, 32%; evasão e repetência, 65,9%; transferências e outros casos, 2,1%.

Conclui-se que, no decorrer do trabalho do Seja, a aprovação tem sido, em média, apenas de um terço do universo de alunos matriculados.

Quadro 1: Matriculados, evadidos, retidos, promovidos e transferidos e outros nos anos de 1987, 1988, 1987, 1990, 1991, 1992 e 1993 nas turmas de alfabetização inicial

Ano Mat. Evad. % Ret, % Promov. % Transf. % Outros %

1987 942 237 25,0 532 15% 154 16,3 19 2,0 - - 1988 1.455 549 37,7 671 46,1 200 13,8 34 2,3 1f 0,1 1989 1.482 682 46,0 505 34,1 270 18,2 25 1,6 - - 1990 1.192 48 40,8 408 34,2 275 22,9 25 2.1 - - 1991 1.230 404 32,8 450 36,6 326 26,5 50 4.1 - - 1992 1.167 318 27,3 397 34.0 439 37,6 12 1,0 1f 0,1 1993 1.419 377 26,6 499 35.2 518 36,5 23 1,6 1f 0,1 Obs. f = falecimentos.

Quando 2: Matriculados, evadidos, retidos, promovidos e transferidos e outros nos anos de 1987, 1988, 1987, 1990, 1991, 1992 e 1993 nas turmas de pós-alfabetização

Ano Mat. Evad. % Ret. % Promov. % Transf. % Outros %

1987 901 270 3.0 348 38,6 251 27,9 32 3.5 - - 1988 1.414 555 39.3 342 24,2 498 35,2 19 1,3 - - 1989 1.478 608 41,1 429 29,1 419 28,4 20 1,4 2f 0,1 1990 1.412 537 38,0 419 29,7 416 29,5 38 2,7 2f 0,1 1991 1.483 451 30,6 371 25,0 620 41,8 36 2,4 1f/1c 0,2 1992 1.497 389 26,0 381 25,4 706 47,2 19 1,3 2f 0,1 1993 2.162 504 23,3 548 25,3 1.75 49,2 32 1,5 1f/1c 0,2 Obs.: f = falecimentos; C= matrículas canceladas.

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00% 50,00% 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 Evad. % Ret % Promov. % Transf. % Outros%

Quadro 3: Índices gerais dos alunos matriculados, retidos, transferidos e outros (falecidos ou que tiveram sua matricula cancelada) nos anos de 1987, 1988, 1989, 1990, 1991, 1992, 1993 — Seja

Ano Mat. Evad. % Ret. % Promov. % Transf. % Outros % 1987 1.843 507 27,5 880 47,7 405 22,0 51 2,8 - - 1988 2.869 1.104 38,5 1,013 35,5 698 24,3 53 1,8 1f 0,1 1989 2.960 1.290 45,6 934 31,5 689 23,3 45 1,5 2f 0,1 1990 2.604 1.023 39,3 821 31,8 689 26,4 63 2,4 2f 0,1 1991 2713 851 31,6 821 30,3 949 34,8 86 3,2 1f/1c 0,1 1992 2.664 707 26,5 778 29,2 1.145 43,0 31 1,2 3f 0,1 1993 3.581 881 24,6 1.404 29,2 1.593 44,5 56 1,6 3f/1c 0,1 Obs.: f = falecimentos; C= matrículas canceladas.

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 Evad.% Ret,% Promov.% Transf.% Outros%

Quadro 4: Alfabetização segundo número de professores e alunos atendidos

Ano Número de professores Alunos atendidos Média de alunos por professor

1987 42 942 22,1 1988 36 1.455 25,9 1989 49 1.482 30,2 1990 42 1.192 28,4 1991 36 1.230 34,2 1992 27 1.167 43,2 1993 38 1.419 37,5 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 Evad.% Ret,% Promov.% Transf.% Outros%

Gráfico 3: Índices gerais do Seja (%)

Quadro 5: Pós-alfabetização, segundo número de professores e alunos atendidos

Ano Número de professores Alunos atendidos Média de alunos por professor

1987 43 901 20,9 1988 35 1.414 25,7 1989 51 1.478 29,0 1990 42 1.412 33,6 1991 37 1.483 40,0 1992 29 1.497 51,6 1993 48 2.162 45,0 22,1 25,9 30,2 28,4 34,2 43,2 37,5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993

Gráfico 4b: Alfabetização, média de alunos por professor

Média de alunos por Professor 43 35 51 42 37 29 48 901 1.414 1.478 1.412 1.483 1.497 2.162 0 500 1000 1500 2000 2500 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 Alunos Atendidos Número de Professores

Quadro 6: Índice geral de atendimento do Seja e média de alunos por professor(a)

Ano Número de professores Alunos atendidos Média de alunos por professor

1987 85 1.843 21,6 1988 111 2.869 25,8 1989 100 2.960 29,6 1990 84 2.604 31,0 1991 73 2.713 37,2 1992 56 2.664 47,6 1993 86 3.581 41,6 20,9 25,7 29 33,6 40 51,6 45 0 10 20 30 40 50 60 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993

Gráfico 5b: Pós-alfabetização, média de alunos por professor

Média de alunos por Professor 85 111 100 84 73 56 86 1.843 2.869 2.960 2.604 2.713 2.664 3.581 0 1000 2000 3000 4000 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 Alunos Atendidos Número de Professores

Em 1989 houve mudança de gestão, nota-se uma pequena ampliação no número de professores; já 1993, nota-se uma diminuição significativa na abertura de novas classes. Assim, tinha-se por classe, em 1991, 37,2 alunos(a) e, em 1992, 47,6 alunos(as) por turma, perfazendo a maior média de estudantes atendidos(as) por professor(a). Em 1993, eram 41,6 alunos.

3.5.2 Dados quantitativos atuais (2011, 2012 e 2013)

Os dados quantitativos a seguir apresentam resultados gerais de aprovação, reprovação e evasão, por escola, no Quadro 7 em 2011 e no Quadro 8 de 2012.

Estes dados foram fornecidos pelo Gedae (Gestão Dinâmica da Administração Escolar), setor da Secretaria de Estado da Educação do Estado de São Paulo, responsável pelo recolhimento de dados dos sistemas e redes de ensino do Estado e das cidades de São Paulo. No Quadro 9, vê-se o número de matriculas em alfabetização inicial no primeiro e no segundo semestre e de pós-alfabetização também no primeiro e no segundo semestre de 2013. Os números foram distribuídos por região da cidade de Diadema. Pode-se observar que há um

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993

Gráfico 6b: Atendimento do Seja, média de alunos por professor(a)

Média de alunos por Professor

índice alto de evasão: 24,29 % do total de alunos(as) matriculados(as) em 2013, de acordo com os dados fornecidos pela Secretária de Educação de Diadema. Esse percentual foi apurado sobre o total de matrículas; não foram fornecidos por unidade escolar.

Quadro 7: Dados gerais dados gerais de aprovação, reprovação e evasão, por unidade escolar no ano de 2011

Unidade escolar Aprovação Reprovação EJA I (%) Evasão

Emeb Professora Annete Melchioretto 8,4 90,7 0,9

Emeb Olga Benario Prestes 11,1 84,4 4,4

Emeb Professora Leticia Beatriz Pessa 25,7 48,6 25,7

Emeb Santa Terezinha 10,7 85,7 3,6

Emeb Carolina Maria de Jesus 15,2 66,7 18,2

Emei Vereador Jorge Ferreira 41,5 43,9 14,6

Emei Luiz Gonzaga 16,9 57,6 25,4

Emeb Candido Portinari 5,8 53,8 40,4

Emeb Santo Dias da Silva 4,6 87,4 8,0

Emeb Professora Elza Freire 0,0 67,8 32,2

Emeb Escola Cora Coralina 34,8 65,2 0,0

Emeb Anita Catarina Malfatti 4,3 66,0 29,8

Emeb Deputado Freitas Nobre 16,1 72,6 11,3

Emeb Mario Santalucia 20,0 58,2 21,8

Emeb Francisco de Paula Quintanilha Ribeiro 12,4 50,5 37,1 Fonte: dados de desempenho escolar referentes ao ano base de 2011, fornecidos pelo Gedae em julho de 2014.

Quadro 8: Dados gerais de aprovação, reprovação e evasão, por unidade escolar ano de 2012 Unidade escolar Aprovação Reprovação EJA I (%) Evasão

Emeb Olga Benário 25,53 74,47 0,00

Emeb Professora Leticia Beatriz Pessa 8,33 91,67 0,00

Emeb Rachel de Queiroz 7,53 78,49 13,98

Emeb Candido Portinari 11,36 68,18 20,45

Emeb Santo Dias da Silva 4,17 95,83 0,00

Emeb Professora Elza Freire 5,66 67,92 26,42

Emeb Cora Coralina 20,00 80,00 0,00

Emeb Anita Catarina Malfatti 14,00 68,00 18,00

Emeb Senador Atila 12,28 87,72 0,00

Emeb Deputado Freitas Nobre 28,85 71,15 0,00

Emeb Mario Santalucia 14,06 71,88 14,06

Emeb Francisco de Paula Quintanilha Ribeiro 24,39 60,98 14,63 Fonte: Dados de desempenho escolar referentes ao ano base de 2012, fornecidos pelo Gedae em julho de 2014.

Quadro 9: Dados gerais do ano de 2013, de matriculados por região da cidade

Unidade escolar Primeiro semestre Alfa Pós-Alfa Segundo semestre Alfa Pós-Alfa unidade escolar Total da Total Evadidos % Região Sul Mário Santalúcia 20 32 16 30 98 Quintanilha 30 36 24 32 122 Letícia B. Pessa 22 29 — 34 85 Região Centro Elza Freire 13 19 13 13 58 Olga Benário 16 18 16 16 66 Cora Coralina 5 14 8 15 42 Anita Malfatti 14 21 15 19 69 Região Oeste Cândido Portinari 7 9 10 12 38 Atila 21 39 20 43 123 Região Norte Rachel de Queiroz 33 27 36 26 122 Santo Dias 27 27 28 28 110 Freitas Nobre 22 15 24 19 80 Total 210 287 230 286 1.013 246 24,29

Fonte: Setor de estatísticas da Secretaria Municipal de Diadema em julho de 2014.

Os percentuais de reprovação e evasão quando somados denotam um índice de aproveitamento muito baixo. Este fenômeno repete-se ao longo dos anos de oferecimento do serviço de educação de jovens e adultos. A Escola de Ensino Básico Cora Coralina tem algumas peculiaridades. Localiza-se no centro da cidade; funciona à tarde e à noite e oferece exclusivamente Eja I e Eja II, nela funciona apenas uma turma de Eja I. Há turmas de 5º ao 8º ano de ensino fundamental, lembrando que se trata de curso supletivo. Esses dados foram fornecidos em julho de 2014 pela Secretaria de Educação de Diadema. Atualmente, a média de alunos(as) atendidos pelos professores(as) é de 21,7 em 12 escolas distribuídas em todas as regiões da cidade. Cabe ressaltar que o maior número de alunos(as) é atendido na região sul e o menor, na região oeste.

Colher esses dados numéricos, tanto na secretaria municipal como no Gedae foi muito difícil, apesar da disponibilidade para permitir que eu tivesse acesso a eles, não obtive tudo que solicitei. Organizei esses dados, de modo precário, porém não poderia abrir mão de apresenta-los, o intuito é de pelo menos apontar alguns deles que julguei serem básicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No começo, você deve escrever levado pelo vento, até sentir que esta voando. A partir daí, o ritmo e a atmosfera se desenham sozinhos. É só seguir o voo. Quando você achar que chegou aonde queria chegar é que começa o verdadeiro trabalho (PAZ, 2012, p. 13).

Nestas considerações finais, já que esta pesquisa atualiza, em parte, outra realizada há 20 anos, cabe perguntar: o que continua igual? O que se modificou?

O ambiente infantil e infantilizante parece ter mudado, pois, nos últimos anos, o fenômeno do atendimento de crianças para o ensino fundamental transformou significativamente a aparência das escolas municipais, principalmente no item relativo ao mobiliário. Iniciou-se, em 1998 o atendimento a crianças em idade escolar para frequentar o ensino fundamental nas escolas municipais, redundância vinda das exigências do Fundef. Mesmo assim os ambientes são preparados para crianças o que causa aos alunos adultos um certo estranhamento, pois as vezes não se sentem integrados ao conjunto de estudantes daquela escola.

Outra mudança significativa é o fato de atualmente quase a totalidade dos professores(as) serem graduados em nível universitário, dos que estão atuando na EJA I em Diadema apenas 03 (três) são formados no ensino médio, antigo magistério; diferente de anos atrás. Infelizmente isso não garante uma formação especifica para alfabetizadores atuarem junto a essa modalidade para que o atendimento seja mais qualificado aos alunos adultos em processo de alfabetização. Sabe-se que não há de modo generalizado no Brasil cursos em licenciaturas, pedagogia ou mesmo em programas de pós – graduação para formar estes professores(as). Há também uma descontinuidade na organização profissional dos

professores, pois atuam em diferentes turnos com crianças do ensino fundamental e suplementam sua carga horária de trabalho atuando na Eja, consequência disso é uma flutuação que impede, por vezes que esse professor acumule experiência nos cursos da Eja.

Lamentavelmente não houve mudança significativa nos níveis de evasão, estas continuam no mesmo patamar, comparativamente entre o período de instalação do serviço com o movimento de alunos nos cursos e escolas municipais dos últimos três anos.

O número de escolas em que funcionam a Eja I é muito pequeno, são apenas 12 escolas, num universo de 60 escolas municipais, enquanto que, em 1993, eram 30 escolas com 3.851 mil alunos(as) matriculados(as), cada turma composta por 30 estudantes na alfabetização inicial e 35 nas turmas de pós-alfabetização.

No primeiro e no segundo semestres de 2013 e de 2014, o total de matriculas girou em torno de 500 alunos(as) para alfabetização inicial e pós-alfabetização. Pode-se afirmar que, numericamente, o atendimento caiu significativamente, lembrando que o número absoluto de analfabetos na cidade é de aproximadamente 32 mil pessoas, 8% da população, há que se considerar esses dados, pois eles denotam uma grande desproporção entre o número de alunos matriculados nesses cursos para alfabetização de jovens e adultos e o número de analfabetos na cidade.

Observei algo que não muda nas expectativas dos(as) alunos(as) que se identifica nesse segmento, que é a valorização em obter conhecimento. Diferencia-se esse interesse em relação a alunos e alunas da classe média; em parte desta, os mais privilegiados economicamente colocam-se numa relação utilitária. Ou seja, o que interessa é “nota pra passar de ano” ou/e o “diploma”. Os alfabetizandos(as) anseiam em obter o conhecimento da leitura e da escrita porque essa conquista lhes outorga autoestima elevada.

Nesse momento do desenvolvimento da sociedade brasileira, em suas diferentes faces, deposito uma esperança especial nas discussões relacionadas à educação, área de

atuação a qual dediquei toda minha vida profissional. Importantes os destaques no Plano Nacional da Educação dados à alfabetização de jovens e adultos. Após serem apurados os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011 e do Anuário Brasileiro da Educação Básica de 2013, o PNE organizado pelo movimento Todos pela Educação, baseado nesses dados foram elencadas as 20 metas do Plano Nacional de Educação (PNE) e seus principais focos que se constituem em grandes desafios para a próxima década, como o de alocar 10% do PIB na Educação e o de matricular 3,2 milhões de crianças e adolescentes que ainda estão fora da escola. Diretamente relacionada a Eja I são as metas nove e dez que apontam o seguinte: “Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e erradicar, até o final da vigência do PNE, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional. Em 2011, cerca de 8,7% dos brasileiros com 15 anos ou mais não sabiam ler e escrever.” 35

Para a sociedade brasileira, a erradicação do analfabetismo é um grande desafio, e para cidades como Diadema também. Por isso, há que se ter um olhar agudo sobre essa questão, sobre a qual cabe ao poder público se debruçar de maneira séria e consequente.

Há ainda uma identidade da Eja I. Atualmente, ela está de certa forma difusa e diluída entre espaços escassos e por vezes isolados. Apesar disso, há que se considerar uma história construída, uma cultura desenvolvida e consolidada à luz das experiências de alunos(as), professores(as), técnicos(as), funcionários(as) e a comunidade escolar em geral.

Embora a política para alfabetização de jovens e adultos permaneça instalada na cidade por tantos anos, sua manutenção parece ter sido deixada de lado. Suas atualizações não abarcam resoluções eficientes para minimizar ou erradicar o analfabetismo, ainda com índices tão altos, portanto não foi garantido o atendimento com a qualidade adequada.

35 Material consultado: Documento – Referência. Conae 2014 (Conferência Nacional de Educação). Ministério da Educação/Secretaria Adjunta. Brasília. 2013

Quando formulei esse tema e o problematizei, fui visualizando, ao longo da pesquisa, a necessidade de debater seriamente essas questões relacionadas à alfabetização de jovens e adultos. Desejo que os problemas sejam superados e creio que possam ser. Gostaria que esse texto de algum modo pudesse contribuir para isso, que pudesse emalgum momento subsidiar uma discussão aprofundada acerca dos currículos de qualificação, com atenção especial à realidade econômica nos níveis micro e macrorregional. Possivelmente colaborar na elaboração de currículos, redes de debates e pesquisas para construir alternativas educacionais e sociais mais adequadas a essa população, bem como na articulação e na participação em rede sistemática para troca de experiência no âmbito nacional e internacional acerca das questões da educação de jovens e adultos.

Há muitos desafios lançados aos proponentes e realizadores de programas educacionais para jovens e adultos. Trata-se obrigatoriamente de buscar a gênese do analfabetismo no Brasil e explicar os contornos desse fenômeno ao longo de nossa história, bem como as consequências na vida cotidiana dessa população, para então, empreender ações que visem superar os efeitos negativos decorrentes dessa situação de analfabetismo.

Portanto, é necessário repensar a situação da educação no Brasil e, em particular, a educação de jovens e adultos, pois esta se apresenta como um campo de reflexão, socialização e releituras. Ao estudar a Eja, deve-se pensá-la como um espaço de multiplicidade. É campo de reflexão a partir do momento em que pode provocar um diálogo aberto entre os diversos sujeitos que a compõem. Outro aspecto importante é reconhecer que a Eja mostra-se também como um conjunto de direitos que obrigatoriamente devem ser ofertados e desenvolvidos para a população.

Ao pensar em soluções para reinvenção da educação de jovens e adultos, deve-se considerar modelos flexíveis para esta modalidade educacional, há cursos modulares, tele- educação, educação presencial e a distância —, para, acima de tudo, atender as expectativas

de alunos(as). Eles são estudantes que têm pressa para aprender a ler e escrever, ou que não tem tanta pressa, ou que querem apenas o certificado de conclusão, ou ainda que não se importam muito com isso. Enfim: multiplicidade e diversidade são características desses grupos, as quais nunca poderiam ser deixadas de lado.

Ainda nos falta uma formação mais ampliada para subsidiar a prática dos professores(as) alfabetizadores de Adultos, vinda da academia. Falta também uma superação dos preconceitos que atingem nossos alunos(as) , falta um atendimento mais atento e digno para essa parcela da população plena de sabedoria e vontade de participar da vida cotidiana de um modo mais efetivo e qualificado, afinal é preciso que se repare e se devolva seus direitos como cidadãos, a educação escolar é um deles.

REFERÊNCIAS

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