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A EJA em Diadema

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CAPITULO 1: A ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL

1.3 A alfabetização de jovens e adultos em Diadema, em São Paulo e no Brasil

1.3.3 A EJA em Diadema

É importante recorrer à história recente de políticas para a alfabetização de jovens e adultos para compreender problemas e avanços em tais políticas. Neste sentido, destaco a seguir alguns momentos.

As primeiras notícias sobre o funcionamento de salas de aula para a alfabetização de jovens e adultos em Diadema datam de 1965. As salas de aula foram instaladas pelo governo do estado de São Paulo, acompanhadas pela Delegacia de Ensino (hoje denominada Diretoria Regional de Ensino). Diadema era uma cidade recém-criada, tinha apenas cinco anos, sua população era pequena e dispersa pelo território do município. Essas salas funcionaram de 1965 a 1973. Entre 1973 e 1986, primeiro o MOBRAL e na sequência a Fundação Educar mantinham as turmas de alfabetização de jovens e adultos no município.

Com a criação do Mobral pela Lei nº 5.379, de 15 de dezembro de 196710, medida política federal para alfabetização de jovens e adultos que dura até 1985, a ditadura faz valer nesta modalidade educacional sua concepção ideológica de educação e de funcionamento da sociedade brasileira. O analfabetismo reconhecidamente pelos governos militares, como uma “mancha na imagem” do desenvolvimento do país, causava um mal estar denotando um atraso nas políticas de base que necessitariam ser superadas.

10 O MOBRAL foi implantado com três características básicas. A primeira delas foi o paralelismo em relação aos demais programas de educação. Seus recursos financeiros também independiam de verbas orçamentárias. A segunda característica foi a organização operacional descentralizada, através de Comissões Municipais espalhadas por quase todos os municípios brasileiros, e que se encarregaram de executar a campanha nas comunidades, promovendo-as, recrutando analfabetos, providenciando salas de aula, professores e monitores. Eram formadas pelos chamados “representantes” das comunidades, os setores sociais da municipalidade mais identificados com a estrutura do governo autoritário: as associações voluntárias de serviços, empresários e parte dos membros do clero. A terceira característica era a centralização de direção do processo educativo, através da Gerência Pedagógica do MOBRAL Central, encarregada da organização da programação, da execução e da avaliação do processo educativo, como também do treinamento de pessoal para todas as fases, de acordo com as diretrizes que eram estabelecidas pela Secretaria Executiva. O planejamento e a produção de material didático foram entregues a empresas privadas que reuniram equipes pedagógicas para este fim e produziram um material de caráter nacional, apesar da conhecida diversidade de perfis linguísticos, ambientais e socioculturais das regiões brasileira. DI PIERRO, M. C. & HADDAD, S. pp 114-116.

Em 1985, o Decreto nº 91.980, de 25 de novembro, determinou que o Mobral passasse a se denominar Fundação Nacional de Educação de Jovens e Adultos (Fundação Educar). Diferentemente do Mobral, a Fundação Educar passou a fazer parte do Ministério da Educação e, ao contrário do Mobral, que desenvolvia ações diretas de alfabetização, exercia a supervisão e o acompanhamento junto às instituições e secretarias que recebiam recursos transferidos para execução de seus programas.

Essa política teve curta duração, pois em 1990 — o Ano Internacional da Alfabetização —, em lugar de tomar a alfabetização como prioridade, o presidente Fernando Collor extinguiu a Fundação Educar, não criando nenhuma outra ação importante que assumisse suas funções. Constata-se, a partir de então, a ausência do governo federal como articulador nacional e indutor de uma política de alfabetização de jovens e adultos no Brasil.

Em 1997, cria-se a Comunidade Solidária e dentre suas ações a Alfabetização Solidária no governo Fernando Henrique Cardoso.

Tendo em vista esse quadro, ao ser eleito presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva empreendeu políticas na área educacional, dentre as quais o Brasil Alfabetizado,11 que alocou, depois de anos, verba pública exclusiva para alfabetização de jovens e adultos. Mais um avanço a se apontar em relação a educação e alfabetização de jovens e adultos foi a inauguração da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secad) do Ministério da Educação, criada em julho de 2004. Compõem a Secad áreas como alfabetização e educação de jovens e adultos, educação do campo, educação ambiental, educação em direitos humanos, educação escolar indígena e

11 “O MEC, por intermédio do FNDE, concederá assistência financeira para ações de alfabetização de jovens e adultos e formação de alfabetizadores às entidades federais, estaduais, municipais e privadas de ensino superior sem fins lucrativos e a organismos da sociedade civil sem fins lucrativos com experiência em educação de jovens e adultos. O intuito é viabilizar a inclusão e combater as desigualdades educacionais, buscando formas que ampliem o acesso e a continuidade da escolarização em todos os níveis para aproximadamente 20 milhões de brasileiros com mais de 15 anos que não tiveram, na idade adequada, acesso à escola. No programa Brasil Alfabetizado, a assistência será direcionada ao desenvolvimento de projetos para a Alfabetização de Jovens e Adultos e Formação de Alfabetizadores. MEC - Ministério da Educação. Brasília. 2003.” Disponível em: <www.mec.gov.br>. Acesso em: out. de 2013.

diversidade étnico-racial, temas antes distribuídos em outras secretarias. O objetivo da Secad é supervisionar ações nessas áreas desenvolvidas no Brasil para a redução das desigualdades educacionais, por meio da participação de todos os órgãos públicos educacionais empenhados em políticas públicas que assegurem a ampliação do acesso à educação. Esta secretaria foi reformulada em 2011 e, cumprindo uma premissa de aperfeiçoamento de sua atuação em todo território nacional, passou a ser designada pela sigla Secadi.

Enquanto ação governamental no âmbito federal reveste-se de importância, neste momento, mas essas iniciativas parecem necessitar de estratégias para dar conta, acima de tudo, das desigualdades persistentes nesta modalidade educacional.

Vale ainda citar, nos anos 1940 a 1950, ações como o Fundo Nacional de Ensino Primário de Educação de Adultos, em 1942; a Campanha de Educação Rural, na década de 1950; e a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo, em 1958.

Havia o Movimento Eclesial de Base (MEB), criado em 1961, o Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi), coordenado por Sergio Haddad, e o Instituto Vereda, entre outras instituições e organizações não governamentais que empreendiam ao longo dos anos que durou a ditadura militar, projetos desenvolvidos para a alfabetização de jovens e adultos em diferentes cidades do Brasil.

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