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5) QUE CARA TEM O TIPO?

DAMA-CENTRAL

A Dama-Central destaca-se e caracteriza-se pela sobriedade que lhe é imposta pela idade. Seus vestidos, obrigatoriamente, devem ter mangas longas e decotes que circundam o pescoço.

- 1 vestido de seda lisa em cores escuras

- 1 vestido de linho, de cores neutras (grafite, azul marinho.).

- 1 “tailleur” de “tweed”.

- 1 “robe de chambre” em veludo. - 1 par de meias de seda cor da pele. - 1 par de meias de seda preta.

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- 1 par de sapatos de salto alto (que pode chegar a 4 cm.) nas cores branco ou preto.

Quando a Dama-Central faz-se presente em cenas de Alta Comédia, deve trajar-se sempre visando à elegância e à discrição. Poderá usar jóias valiosas e vistosas, incluindo brilhantes, que são como troféus conquistados ao longo das muitas batalhas da vida.

- 1 vestido “soirée” de tafetá, invariavelmente preto.

Este traje deve ser austero, porém dotado de nobreza. O decote aceitável é o que desce apenas alguns dedos abaixo do colo.

- 1 casaco de peles.

- 1 capa de cetim para saída de bailes ou concertos. - 1 par de sapatos de salto alto de verniz na cor preta.

“SOUBRETTE”

A “Soubrette”, assim como o Baixo-Cômico, veste-se em concordância com a sua ocupação profissional imaginada pelo autor da peça, mas possui algumas peças básicas que não podem faltar em seu guarda- roupa.

- 1 vestido leve e colorido, normalmente usado para sair. - 1 vestido de cores neutras para o trabalho.

- 1 par de meias de seda cor da pele.

- 1 par de sapatos sociais, de salto médio (por volta de 4 cm). Cabe quase sempre às “Soubrettes” os papéis das criadinhas, copeiras, damas de companhia ou arrumadeiras ruidosas, bisbilhoteiras que trabalham em residências da alta burguesia.

Eis as peças necessárias para a composição adequada do tipo: - 1 vestido-uniforme em cores claras para atividades diárias. - 1 vestido-uniforme preto para ocasiões especiais.

- Variados aventais, imaculadamente brancos.

CARICATA

Por ser um tipo muito específico, a caricata pode se trajar da forma que melhor atender às necessidades do ensaiador. Deve-se levar em

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conta o tipo físico da atriz, buscando sempre vesti-la com roupas e acessórios contrários à sua natureza, para que dessa forma seja possível acentuar-lhe ainda mais o aspecto cômico. Considera-se um figurino bem resolvido de

caricata aquele que faz o público rir a partir da sua primeira visão, mesmo

antes da atriz abrir a boca para dar suas falas. Tudo na caricata é voltado para o exagero, pois é justamente essa a natureza do tipo.

“VAMP”

O tipo “Vamp”, quanto ao figurino, é o que goza de maior liberdade de criação, pois a roupa pode ser a mais austera possível, porém usada de forma audaciosa. Para a composição deste tipo, a atriz, ou o ensaiador, podem exagerar nas transparências que funcionam muito bem sob as luzes do palco. Meias rendadas são fundamentais.

Jóias ou bijuterias são indispensáveis e deverão ser sempre muito grandes e ruidosas.

Decotes devem ser tão profundos quanto o permitido pelos atributos da atriz. Sapatos infinitamente altos e pontiagudos. Desnecessário dizer que só há uma cor para a “Vamp”: a preta.

“COQUETTE”

Transita livremente entre alguns tipos no que diz respeito à vestimenta. Pode trajar-se como uma Ingênua, ou uma Dama-galã. O ensaiador deve ter o cuidado de encontrar as roupas que se ajustem melhor ao físico da atriz, favorecendo-lhe os dotes naturais.

Podemos entender visualmente a Coquette como uma Dama-galã mais “apimentada”, porém sem nada que possa chamar a atenção a ponto de torná-la exagerada.

“VEDETTE”

Por ser um traje excêntrico, ou seja, aquele que é desenhado e concebido especificamente para uma determinada finalidade, não há um guarda-roupa próprio para atrizes especializadas no tipo “vedette”. A única coisa que delas se espera é que, se desejam continuar nessa profissão, não deverão evitar esforços para manter a boa aparência física que, sem dúvida, é o principal requisito para o seu desempenho cênico.

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b) – ADEREÇOS

Também chamados de acessórios, são elementos imprescindíveis para a complementação do figurino e também se distribuem de acordo com os tipos, observando-lhes as características particulares. Os adereços são extremamente importantes, pois auxiliam o ator na representação, colaborando com a leitura que o espectador faz da personagem.

Desnecessário dizer que os adereços também estão submetidos às leis da lógica teatral e deverão estar em sintonia com o tempo e o espaço nos quais se desenvolve a ação do texto.

É comum atores e atrizes usarem adereços de sua propriedade, pois os mesmos exigem certa familiaridade no manejo, o que faz aumentar ainda mais o tom de naturalidade alcançado pelo intérprete.

b.1) – Adereços elementares para os tipos masculinos GALÂ

Assim como as peças do figurino, os adereços aqui enumerados atendem a todos os tipos de galãs, excluindo-se apenas o galã típico, que invariavelmente lança mão de um verdadeiro arsenal de elementos com o objetivo de despertar o riso na platéia.

- 1 chapéu de feltro, modelo Borsalino, (tipo clássico) em cores escuras, como cinza chumbo, marrom ou preto.

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- 1 chapéu panamá para acompanhar os ternos de linho. - 1 chapéu do tipo palheta.

- 1 “cache col” de lã.

- 1 “écharpe” de seda branca para acompanhar o “smoking”. - 1 lenço de seda branco para o bolso do jaquetão.

- Camélia ou cravo para a lapela. - 1 cigarreira de prata.

- 1 piteira de marfim.

Anéis, abotoaduras, prendedor de gravata e relógio de pulso são aceitos como adereços próprios de um Galã.

Mais recentemente, temos visto galãs fazerem uso recorrente de óculos escuros, que lhes conferem não apenas certa elegância estrangeira, como também um impenetrável ar de mistério.

GALÃ TÍPICO

- 1 chapéu de palha, semelhante aos que são usados por roceiros.

- 1 chapéu côco para conferir-lhe cômica elegância. - 1 guarda-chuva.

- 1 flor exagerada para a lapela. - 1 mala velha.

- 1 “pito” caipira.

Jóias poderão ser usadas como recurso do indivíduo que, tendo nascido sem berço e conquistado tardiamente o poder aquisitivo, faz uso delas de forma ostensiva.

CENTRO

Os adereços aqui mencionados atendem às duas variantes de Centro: o nobre e o cínico.

- 1 chapéu de feltro, ou de lã, nos moldes clássicos, nas cores preta, marrom ou cinza.

- 1 boné de “tweed”.

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- 1 bengala de madeira nobre engastada em punho de prata. - 1 “écharpe” de seda branca para acompanhar o “smoking” ou fraque.

- 1 lenço de seda branco para o bolso do terno. - Camélia ou cravo para a lapela.

- 1 par de luvas escuras. - 1 par de luvas brancas. - 1 cachimbo.

- 1 cigarreira de ouro. - 1 piteira de marfim.

Anéis, abotoaduras, prendedor de gravata e relógio de bolso, com longa corrente de ouro, são aceitos como adereços pertinentes a um tipo Centro.

- Monóculo, ou “lorgnon”, ou “pince nez” são adereços que conferem nobreza e distinção ao tipo.

“VEGÊTE”

- 1 cartola para complementar o fraque.

- 1 bengala de madeira nobre engastada em punho de prata. - 1 “écharpe” de seda branca para acompanhar o “smoking‟ ou fraque.

- 1 lenço de seda branco para o bolso do terno. - Camélia ou cravo para a lapela.

- 1 par de luvas brancas. - 1 charuto.

BAIXO-CÔMICO

Não há adereços complementares para o Baixo-cômico. O ator fica à vontade para acrescentar à composição da figura os elementos que melhor se prestarem à clareza da personagem, visando a provocar o riso, naturalmente.

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b.2) – Adereços elementares para os tipos femininos

INGÊNUA

- 1 par de luvas de renda. - 1 leque juvenil.

- 1 sombrinha com orla rendada.

- 1 bolsa de alça média em cores claras. - 1 bolsa grande confeccionada em palha. - 1 boina de lã.

- 1 chapéu de palha.

- 1 chapéu de feltro de abas curtas, próprio para viagens. - 1 lenço de cabeça.

DAMA-GALÃ

- 1 par de luvas de seda de cano curto. - 1 par de luvas de seda de cano longo. - 1 leque de madrepérola e renda.

- 1 bolsa de verniz de alça curta em cor escura. - 1 carteira larga para usar debaixo do braço. - 1 chapéu de feltro de abas largas.

- 1 chapéu de feltro tipo “cloche” com “voilette”. - 1 turbante de cetim em cores escuras.

- 1 longa “écharpe” de seda em cor neutra para combinar com qualquer traje.

DAMA-CENTRAL

- 1 par de luvas de seda de cano curto. - 1 par de luvas de seda de cano longo. - 1 leque de marfim e plumas de avestruz.

- 1 bolsa de verniz de alça média em cor escura.

- 1 bengala fina de madeira nobre engastada em prata. - 1 par de peles de raposa para arrematar o “tailleur”. - 1 chapéu tipo “casquette”.

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“SOUBRETTE”

- 1 tiara branca de organdi. -1 espanador de plumas.

CARICATA

Cabe à imaginação da atriz que vai viver a caricata encontrar os adereços necessários à composição do tipo, sempre lembrando que o que determina sua figura é o excesso e o exagero. Todo e qualquer elemento, a título de adereço que venha a fazer parte do figurino da caricata deverá ser tratado de forma especial, conferindo-lhe um tom cômico, como lhe convém.

“ VAMP”

Qualquer adereço nas mãos de uma “Vamp” deve ser manipulado como uma arma usada para a conquista amorosa. Leques e piteiras ajudam a construir o tipo. Apenas à “Vamp” é permitido usar jóias sobre luvas de cano longo. Este mesmo recurso quando utilizado por qualquer outro tipo feminino, que não a Caricata, pode conferir à personagem um indesejável ar de vulgaridade.

“COQUETTE’

A “Coquette” pode fazer uso de qualquer adereço feminino, desde que não sejam atributos de uma “Vamp”. Em suas mãos tudo adquire um ar de

leveza e elegante malícia.

“VEDETTE”

Não possui adereços próprios, já que todos os elementos que compõem o seu figurino partem de uma concepção única e harmônica, que nada possuem de realista. Adereços de cabeça com grandes arranjos de plumas, assim como outros tantos, igualmente confeccionados em materiais de extrema leveza, para complementar a parte posterior do figurino, exigem complexos mecanismos de sustentação sobre o corpo. Isso é fundamental para dar segurança à atriz, permitindo gestos amplos com delicadeza e desembaraço.

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c) – MAQUIAGEM

O desejo de incorporar a essência de outra pessoa, de forma intencional e voluntária, assumindo uma personalidade diferente é um dos caminhos mais conhecidos para que se chegue às transformações arquetípicas da consciência humana. Sabemos que a maquiagem é um dos recursos para que este objetivo seja alcançado.

Máscara e maquiagem sempre andaram juntas pelos caminhos percorridos pelo homem nos diversos estágios evolutivos da história da humanidade. O homem das cavernas já se valia dela em seus rituais religiosos para personificar divindades, ou entidades que tinham sempre como objetivo estabelecer um elo de comunicação entre os planos terrestre e sagrado. Durante o Renascimento a maquiagem ganha em exagero, já que na maioria das vezes sua função era cobrir imperfeições, ou fazer com que o indivíduo encontrasse uma forma diferenciada de se fazer notar frente aos demais que estavam à sua volta.

Historicamente, principalmente no mundo ocidental, repetidas vezes a maquiagem foi vista como algo pecaminoso ou corruptor dos valores morais. Colorir o rosto é um elemento altamente significativo para encobrir a verdadeira face de um ser social. Mesmo assim, até mesmo quando a igreja tentou banir a maquiagem do repertório de hábitos de seus fiéis, sabemos que ela nunca deixou de existir e que o homem sempre desejou pintar sua face, como se esse exercício fosse parte de sua própria essência.

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Não podemos nos esquecer de que em várias circunstâncias o recurso da maquiagem serviu para que o homem encontrasse algum tipo de proteção contra fenômenos naturais. Exemplo disso é a sombra negra, ou verde, aplicada sobre as pálpebras dos egípcios, que ajudava a rebater os raios solares, atuando assim como uma espécie de óculos escuros. Um aspecto é incontestável: a maquiagem sempre serviu para que o ser humano mostrasse aos seus semelhantes outra face de si mesmo, distinta daquela com a qual estavam habitualmente acostumados.

A maquiagem cotidiana, usada em larga escala pelas mulheres, mas hoje também utilizada pelos homens para corrigir imperfeições, parte da idéia de que a sua principal função é construir um “eu” idealizado. Para o selvagem, de qualquer tribo, de qualquer região e de qualquer época, representa um signo que lhe confere posição social, como também pode ter uma função religiosa em seus ritos e cerimônias. Em teatro a coisa é diferente. A maquiagem serve para aumentar a ilusão de que o ator é alguém que, no plano real, todos sabem que ele não é.

No universo teatral a maquiagem vem sendo usada desde os seus primórdios na Grécia antiga, assim como em todo o Oriente. O objetivo para a utilização desse recurso é totalizar a caracterização da personagem, acentuando expressões que lhe são próprias. Serve também para determinar uma idade cronológica, quando houver incompatibilidade entre ela e a idade real do ator que lhe empresta o corpo, alterando alguns traços conforme as necessidades da montagem.

A maquiagem pode ser observada como uma máscara que se move sobre o rosto do ator, de acordo com suas expressões, oferecendo maiores garantias para que o intérprete atinja a plenitude da construção de sua personagem. Em qualquer situação, quando se faz utilizar conscientemente, a maquiagem pode realçar alguns aspectos ou exagerá-los de forma intensificada e histriônica. Para o profissional do palco, costuma-se dizer que o ato de maquiar-se é o último passo em direção à totalidade da construção de outro ser.

No âmbito teatral, a maquiagem funciona como mais um dos elementos empregados para construir uma personagem que, em síntese, é diferente do ator que a interpreta. Vale dizer que por meio dessa estratégia,

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debaixo dos refletores, o ator torna-se mais convincente e acredita comunicar melhor para a platéia a complexidade psicológica da personagem de acordo com as intenções do autor.

A maquiagem, associada aos outros elementos que ajudam a compor uma personagem, permite ao ator recuperar um jogo de aparências, experimentando situações diversas, chegando inclusive a colocar-se no lugar do outro e até mesmo a assimilar a sua sombra, o seu vulto, o rastro da sua passagem.

A maquiagem sintetiza e traduz parte expressiva da criação do ator. Ela destaca principalmente aquele aspecto que, de imediato é notado pela platéia. A pintura facial atua como um excelente recurso para que o intérprete chegue mais perto do ponto de encontro com o outro ser que irá representar, confundindo o público e, algumas vezes, a si mesmo.

Constantin Stanislavski, em uma de suas obras, Minha vida na

Arte, faz uma curiosa observação a respeito da maquiagem que acreditamos

ser de extrema valia para a compreensão absoluta de sua função.

“Um traço de minha maquiagem deu uma expressão cômica e viva à minha fisionomia, e subitamente algo se modificou dentro de mim. Tudo o que até então estivera obscuro tornou-se claro e tudo que ainda não tinha fundamento encontrou, de repente, uma razão que o justificasse; tudo em que eu não acreditava veio ao encontro da minha verdade em um só instante. (...) Alguma coisa amadurecera em meu interior, impregnando-se lentamente de vida enquanto ainda estava em estado embrionário, e agora, finalmente, germinava. (...) Uma pincelada fortuita de maquiagem em meu rosto serviu para vicejar a flor do papel.” (STANISLAVSKI, 2002, p. 68)

A maquiagem é um elemento que deve estar devidamente harmonizado com os demais estabelecendo uma unidade visual. O recurso faz com que toda a concepção do espetáculo gire em torno de um mesmo eixo, sem nenhuma espécie de distorção.

Cenografia, iluminação, figurino e maquiagem, são os principais componentes que constituem o caráter imagístico da encenação. Todos os

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itens devem, em uníssono, buscar um ponto de convergência, voltados para um objetivo único dentro de uma linguagem extremamente singular como a do teatro.

A iluminação é um fator determinante para que a maquiagem possa cumprir plenamente sua função. Ambos estão intimamente ligados, dentro de uma relação de dependência, sendo que a maquiagem está diretamente subordinada ao poder da luz que tanto pode ressaltá-la, como anulá-la por completo. É preciso compreender que a iluminação e a maquiagem trabalham com uma mesma referência que é a cor, porém vindas de fontes distintas e miscíveis entre si diante dos olhos do espectador.

A iluminação teatral é o resultado que se obtém sobre o palco por força da cor-luz, enquanto que a maquiagem manifesta-se por meio da cor-

pigmento. Uma é etérea e impalpável, enquanto que outra é concreta e dotada

de intensa materialidade.

Quando dissemos que a maquiagem está relacionada à iluminação é porque a luz pode modificá-la, alterando por completo intenções e impedindo que o objetivo do ator seja atingido. A recíproca jamais será verdadeira. Cor-luz mistura-se à cor-pigmento e modifica-a por meio de uma fusão de tons que se imprimem na retina do espectador.

Não podemos deixar de levar em consideração o fator distância- física que separa o palco da platéia e, conseqüentemente, o ator da observação do espectador. O bom senso indica que para curtas distâncias basta um mínimo de maquiagem. Para grandes distâncias, o que é visto pelo público é muito mais sutil e diluído em relação à visão que o ator tem de si mesmo, no momento em que, em frente ao espelho, constrói a máscara de sua personagem.

c.1) - A MAQUIAGEM NO CIRCO-TEATRO

No circo-teatro a maquiagem é ainda mais importante do que no teatro convencional. Além de ser um complemento indispensável ao figurino, permite ao público uma rápida identificação do tipo que o ator está incorporando, fornecendo principalmente alguns dados significativos de sua personalidade. É preciso relevar que na estética do circo-teatro a imagem

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apresentada ao espectador é de extrema importância. Esse aspecto é bastante valorizado, tanto pelas companhias mais bem informadas, quanto por aquelas que ainda estão em busca de um perfil de identificação.

Assim que o teatro adentrou o circo, o único recurso de iluminação conhecido e disponibilizado era a ribalta: um anteparo metálico, ou de madeira, que oculta algumas luzes colocadas na boca-de-cena, no limite extremo entre o palco e a platéia. A ribalta ilumina o elenco de baixo para cima. Graças a uma ilusão de óptica, o efeito obtido acaba por aumentar a estatura dos atores.

O circo-teatro e, conseqüentemente, o Pavilhão Arethuzza, não usavam apenas a ribalta e em sua fase mais elaborada, quando passaram a reproduzir sobre o palco as grandes montagens operísticas ou cinematográficas, filtradas pelo crivo do melodrama.

Nessa fase surgiram as varas de sustentação de refletores, ou panelões, que lançavam a luz no sentido inverso da ribalta e, nesses casos, era permitido o uso da cor que passa a ter uma função psicológica na condução da atmosfera das cenas.

No Circo-Teatro a maquiagem acompanha os mesmos princípios da maquiagem teatral regular, sofrendo apenas algumas alterações que tendem a aumentar os efeitos desejados.

No que diz respeito aos tipos, dividindo-os de acordo com o padrão de maquiagem a ser adotado, podemos separá-los em dois blocos distintos: não caricatos e caricatos. Há um terceiro bloco que seria assim como uma zona de penumbra, entre o claro e o escuro. Personagens que podem ser caricatos, ou não, dependendo apenas da concepção do ator que irá representá-los.

Há que se levar em conta o fato de que qualquer tipo pode ser construído a partir do exagero que busca o efeito cômico, transformando até mesmo uma ingênua em uma caricata irreconhecível. Mas não é esse o caminho escolhido pela maioria. Obedecendo à divisão que propusemos no parágrafo anterior, relacionamos aqui a distribuição das personagens em uma tabela que distingue caricatos de não caricatos.

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Personagens Masculinas Personagens Femininas

Não Caricatos

Galã Ingênua

Galã Amoroso Dama Galã

Galã Tímido Dama Central

Central “Vedette”

Centro

Opcionalmente

Caricatos

Galã Dramático “Soubrette”

Galã Cínico “Coquette”

Galã Cômico

Caricatos

Galã Típico Caricata

Baixo Cômico

“Vegête”

Enquanto isso... Este era o padrão adotado no Pavilhão Arethuzza e que Fernando Neves continua aplicando nos

espetáculos que dirige atualmente. Segundo o entendimento desse diretor, é o que melhor atende às necessidades de suas montagens, ao mesmo tempo em que preserva a tradição criada pelas companhias de pavilhão. Fernando sublinha que no circo- teatro a maquiagem é imprescindível e torna-se um elemento extremamente significativo na semiologia da encenação.

A maquiagem das personagens classificadas como não caricatas deve apenas corrigir pequenas imperfeições naturais da pele do intérprete. Outra de suas funções é acentuar alguns traços marcantes na expressão fisionômica, como olhos, sobrancelhas e boca, além de conferir beleza e elegância às figuras.

Em oposição, as personagens notadamente caricatas, podem fazer uso de um vasto repertório de recursos, tendo sempre como intenção

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