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Daniel L Stufflebeam – avaliação para tomada de decisão

2. Evolução histórica

2.4. Daniel L Stufflebeam – avaliação para tomada de decisão

A idéia central do pensamento de Stufflebeam concentra-se num modelo que direciona a avaliação com o objetivo de permitir tomada de decisão. Para esse autor, era preciso primeiramente identificar as necessidades educacionais e, só depois, elaborar os programas de avaliação.

Stufflebeam e Shinkfield (1987, p. 209) afirmam que:

Não podemos melhorar nossos programas ao menos que saibamos quais são seus pontos fracos e fortes a ao menos que disponhamos de melhores meios. Não podemos estar seguros de que nossas metas são válidas sem que ao menos pudemos compará-las com as necessidades da equipe a qual pretendemos servir. Não podemos realizar uma planificação efetiva se não conhecemos bem as opções e seus méritos relativos. E não podemos convencer aos nossos clientes de que fizemos um bom trabalho e que merece um apoio econômico continuado. 11

Nesse sentido, os autores acrescentam que, por essas razões, os trabalhos no serviço público devem ser submetidos a uma avaliação competente, em que pode ser permitido não só diferenciar o “bem” e o “mal”, como também, caminhar para um aperfeiçoamento necessário, alcançando, assim, uma maior compreensão de sua especificidade e, conseqüentemente, sendo mais responsáveis com seus patrocinadores e clientes.

Goldberg e Sousa C. (1982, p. 6) mostram que uma avaliação nos moldes de Stufflebeam deve servir não só para comprovar o valor dos programas, mas principalmente para melhorá-los.

Stufflebeam responde a seis questões, que ele acredita revelar o que pensam as pessoas e quais suas concepções sobre a avaliação. (GOLDBERG E SOUSA 1982, p. 6)

11Confira texto original: No podemos mejorar nuestros programas a menos que sepamos cuáles son sus puntos débiles y fuertes y a menos de que dispongamos de mejores medios. No podemos estar seguros de que nuestras metas son válidas a menos que podemos compararlas con las necesidades de la gente a la que pretendemos servir. No podemos realizar una planificación efectiva si no conocemos bien las opciones y sus méritos relativos. Y no podemos convencer a nuestros clientes de que hemos hecho un buen trabajo que merece un apoyo económico continuado (…)

Representações Sociais e Avaliação Educacional: o que revela o Portfolio. VIEIRA, V.M.O. 1. O que é avaliação? Avaliação é um julgamento de mérito.

2. Para que serve?

Avaliação serve tanto para tomada de decisões como para

controle.

3. Que pergunta

suscita? 4. Quem deveria fazê-la?

A avaliação suscita perguntas sobre metas, planos, procedimentos e

resultados.

A avaliação para tomada de decisões pode ser assumida por uma equipe da própria

instituição, já na avaliação para controle,

a responsabilidade deve ficar nas mãos de avaliadores externos.

5. Como fazê-la?

O processo avaliativo envolve a definição dos requisitos da avaliação, a obtenção de informações relevantes e o fornecimento das informações obtidas às

audiências apropriadas

6. Quais os critérios para julgar seu trabalho?

A informação avaliativa deveria ser julgada por sua adequação técnica, sua utilidade e seu valor

comparado a seu custo.

Figura 06 – Síntese sobre avaliação na perspectiva de Stufflebeam

Consoante as respostas de Stufflebeam, às questões apontadas, podemos entender que avaliação, para esse autor, constitui-se principalmente num processo para descrever, obter e proporcionar informações úteis para julgar e tomar decisões.

Nesse sentido, Vianna (1997, p. 100) aponta três elementos relevantes para compreensão do modelo proposto por Stufflebeam (1971):

1. avaliação é um processo sistemático, contínuo;

2. o processo de avaliação pressupõe três momentos de maior importância; 3. esboçar as questões a serem respondidas;

4. obter informações que sejam relevantes para responder às questões propostas; 5. proporcionar aos responsáveis pela tomada de decisões todas as informações

necessárias;

6. a avaliação serve para tomada de decisões.

Conforme assevera Vianna (1997, p. 99-107), Stufflebeam e outros, ao conceberem o modelo de avaliação que ficou conhecido como CIPP - contexto, imput (insumo), processo e produto, “deram-lhe um caráter analítico e racional”. Tal modelo

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compreendia diversos momentos e para cada um deles havia uma forma específica de avaliação. Vejamos:

1. Planejamento das decisões - Avaliação de Contexto:

ƒ tem como objetivo estabelecer necessidades, especificar

população/amostra de indivíduos e estabelecer os objetivos que devem concretizar as necessidades;

ƒ serve a planejamento das decisões;

ƒ proporciona elementos que servirão para justificar um determinado programa;

ƒ possibilita, ainda, analisar o inter-relacionamento das várias partes do programa, além de contribuir para decisões relacionadas ao meio.

2. Estruturação das decisões - Avaliação dos Insumos (imput):

ƒ procura estabelecer como usar os recursos para alcançar os objetivos definidos pelo programa. Oferece, enfim, todos os elementos necessários à concretização dos objetivos.

3. Implementação das decisões - Avaliação do processo:

ƒ destina-se à implementação de decisões;

ƒ realimenta, periódica e continuamente, os responsáveis pelo programa, em todas as fases do desenvolvimento do projeto;

ƒ objetiva detectar deficiências de planejamento ou implementação e monitorar vários aspectos do projeto, a fim de identificar e corrigir problemas; ƒ possibilita o registro de informações úteis para análises posteriores do programa em desenvolvimento ou de futuros programas, além de permitir o aprimoramento do programa de avaliação.

4. Reciclagem das decisões - Avaliação do produto.

ƒ determina discrepâncias entre o pretendido e o real e analisa os fatores dessa diferença.

Conforme o modelo de avaliação de Stufflebeam, a avaliação, para tomada de decisão, somente ocorre se:

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a) servir para uma decisão;

b) implicar escolha entre alternativas;

c) for usada para atribuir recursos para um próximo intervalo de tempo entre uma e outra decisão.

Acrescenta ainda que “não é só um método ou uma técnica para tomar decisões, é mais uma perspectiva para organizar e enfocar conceitos da avaliação em relação a uma futura decisão”. (VIANNA, 1997, p. 118).

Stufflebeam aponta uma diferença entre avaliação para tomada de decisão e avaliação relacionada à responsabilidade educacional: “A primeira é proativa, semelhante na sua conceituação e na sua prática, à avaliação formativa” A segunda: “é retroativa e tem um papel somativo” (VIANNA 1997, p. 108).

Quanto aos seus propósitos, uma avaliação, para Stufflebeam, de acordo com Vianna, realmente, não visa aprovar, mas sim melhorar a educação. E ressalta ainda:

Somente através de um processo que identifique suas necessidades, selecione as melhores estratégias, monitore as mudanças desejadas e meça o impacto dessas mudanças é possível evitar as distorções que podem invalidar todo um programa com vistas à promoção de mudanças na escola. (VIANNA, 1997, p. 108).

Vianna (1997, p. 109) ressalta que Stufflebeam aponta, em várias partes de seus escritos, uma preocupação com os problemas éticos envolvidos em uma avaliação e com a necessidade de um programa de pesquisa sobre as avaliações realizadas.

Mediante tal preocupação, Stufflebeam elaborou “Os Padrões para Avaliação12”, em que levou em consideração os atributos de uma avaliação: utilidade;, praticidade, propriedade e precisão. Esperava, assim, assegurar que uma avaliação satisfizesse as necessidades de informações práticas de determinados públicos.

Algumas contribuições do método de Stufflebeam para a educação podem ser verificadas, tais como: fornecimento de dados, durante a condução de um programa de avaliação para administradores e responsáveis tomarem decisões mais adequadas; incentivo às relações de “feed-back” (retro-informação); possibilidade de realização da avaliação em qualquer momento do programa.

12 Confira: VIANNA, H. M. Avaliação Educacional e o Avaliador. Tese de Doutorado. São Paulo.

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Entretanto, constatam-se também algumas limitações: pouca preocupação com valores; metodologia indefinida, tornando o processo de tomada de decisão obscuro; complexidade na utilização; alto custo financeiro; impossibilidade de algumas atividades serem percebidas como avaliativas; ruptura entre avaliação e planejamento.

Sinteticamente, assim podemos representar, por meio da figura 713 o método de avaliação de Stufflebeam:

Stufflebeam

Aspectos principais: Objetivos: Método: Análise de gestão. Racionalizar as decisões cotidianas.

Listas de opções; estimativas; retroinformações; custos;

eficiência.

Riscos:

Superestimação da eficiência; subestimação de fatores implícitos.

Vantagens:

Retomada de dados úteis para tomadas de decisão.

Figura 07 – Síntese da teoria de Stufflebeam

Assim podemos aduzir que as idéias de Stufflebeam atribuíram um papel importante à descrição do processo na avaliação, posto que afirmava ser preciso, em primeiro lugar, identificar as necessidades educacionais e, só depois, elaborar programas de avaliação centrados no processo educativo, para que fosse possível aperfeiçoar esse processo.