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1.1 ELEMENTOS DOUTRINÁRIOS-LEGAIS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

1.1.3 R EQUISITOS DA R ESPONSABILIDADE C IVIL

1.1.3.4 Dano

O dano é a conseqüência do ato ilícito, geradora da Responsabilidade Civil, que tem a Conduta Humana como a ferramenta para a causa do dano. Ou seja, o dano é imprescindível para que haja uma obrigação de indenizar.

Para VENOSA [2004, p.33] dano:

Dano consiste no prejuízo sofrido pelo agente. Pode ser individual ou coletivo, moral ou material, ou melhor, econômico e não econômico. A noção de dano sempre foi objeto de muita controvérsia. Na noção de dano está sempre presente a noção de prejuízo. Nem sempre a transgressão de uma norma ocasiona dano. Somente haverá possibilidade de indenização, como regra, se o ato ilícito ocasionar dano. Cuida-se portanto, do dano injusto, aplicação do princípio pelo qual a ninguém é dado prejudicar outrem (neminem laedere).

Para que recaia a Responsabilidade sobre o médico, é crucial que o paciente tenha sofrido um dano, como assevera SOUZA [ 2003, p. 45];

Sem dano, não há que falar em responsabilização do médico, em termos de Direito Civil. Este dano não tem necessariamente que ser patrimonial – material – diminuição patrimonial (violação de direitos reais ou pessoais) sofrida pelo paciente decorrida de um suposto erro médico. Pode, este dano, também, pertencer ao campo dos patrimônios não-patrimôniais – imateriais – ou seja, pode ser uma dano moral (violação de direitos de personalidade).

O elemento Dano da responsabilidade Civil serve igualmente para o conceito de Responsabilidade Objetiva como para a Subjetiva, já que significa lesão a qualquer direito, podendo ser material ou moral.

Nesse sentido DINIZ [2002, p. 51];

O dano é doutrinariamente classificado em patrimonial (material) ou extrapatrimonial (moral). O dano patrimonial, ou material, consiste na lesão concreta do patrimônio da vítima, que acarreta a perda ou deterioração, total ou parcial, dos bens materiais que lhe pertencem, sendo suscetível de quantificação pecuniária e de indenização pelo responsável. O dano patrimonial abrange o dano emergente (o que efetivamente se perdeu) e lucro cessante (o que deixou de ganhar em razão do evento danoso). O dano patrimonial vem a ser a lesão concreta, que afeta um interesse relativo ao patrimônio da vítima, consistente na perda ou deterioração, total ou parcial, dos bens materiais que lhe pertencem, sendo suscetível de avaliação pecuniária e de indenização pelo responsável. Constituem danos patrimoniais a privação do uso da coisa, os estragos nela causados, a incapacitação do lesado para o trabalho, a ofensa a sua reputação, quando tiver repercussão na sua vida profissional ou em seus negócios.

Esta indenização pode se dar de duas maneiras na concepção de REIS [1999, p. 9];

(...) a reparação específica e a indenização pecuniária. A primeira se dá pela devolução do objeto danificado, seja pela entrega do

próprio objeto, nas condições que se encontrava antes do Dano, ou por outro objeto igual. Já a indenização em dinheiro apresenta caráter secundário, porém, é a que ocorre com maior freqüência, visto que, inúmeras vezes, a reparação específica se torna impossível. Deste modo sendo, o que resta salientar, é a importância da vítima em recuperar seu status quo ante, seja pelo recebimento do competente objeto, ou pelo valor equivalente a seu prejuízo. O dano moral ganhou definição expressa com CRFB/88, em seu artigo 5º, X, porém já estava sendo acolhida anteriormente.

Por seu turno, é de extrema complexidade a avaliação do quantum debito, ademais se falar-se do dano não patrimonial ou “patrimônio abstrato”, ou seja bens e valores que não tem valoração precisa.

Corroborando com esse entendimento VARELA [2001, p. 595];

(...) ao lado desses danos pecuniariamente avaliáveis, há outros prejuízos (como as dores físicas, os desgostos morais, os vexames, a perda do prestígio ou de reputação, os complexos de ordem estética) que, sendo insusceptíveis de avaliação pecuniária, porque atingem bens (como a saúde, o bem estar, a liberdade, a beleza, a perfeição física, a honra ou o bom nome) que não integram o patrimônio do lesado, apenas podem ser compensados com a obrigação pecuniária imposta ao agente, sendo esta mais uma satisfação (Genugtuung) do que uma indenização. A estes danos dá-se o usualmente o nome de danos morais.

O valor a fixar é ato discricionário do juiz que deve levar em consideração todos os elementos que deste fato resultar.

Instrui SCHREIBER [2004, p. 4-5];

Nem sempre o valor fixado na sentença representará a justa recompensa para a aflição, pois não indenização pecuniária que apague o sofrimento humano. Pode-se considerar mais uma satisfação do que uma reparação. O que não se pode deixar de analisar é lado punitivo da indenização, que deve servir de

desestímulo ao lesante, sempre equilibrado a sua própria condição financeira.

STOCO [2004, p. 130] complementa;

Tratando-se de dano moral, nas hipótese em que a lei não estabelece critérios de reparação, impõe-se obediência ao que podemos chamar de “binômio do equilíbrio”, de sorte que a compensação pela ofensa irrogado não deve ser fonte de enriquecimento para quem recebe, e nem causa de ruína para quem dá. Mas também não pode ser tão apequenada que não sirva de desestímulo ao ofensor, ou tão insignificante que não compense e satisfaça o ofendido, nem o console e contribua para a superação do agravo recebido.

Nesse viés, compreende-se que a lesão patrimonial é aquela que é visível, palpável, sentida no patrimônio do lesado e o dano moral aquele prejuízo difícil de ser valorado conhecido também como “patrimônio abstrato”.

Portanto, vislumbra-se que o Dano é elemento fundamental para a imposição da obrigação de indenizar. O Dano é o resultado ocorrido do fato lesivo e que por fim enseja sua reparação, servindo como medida para sentença imposta, visando a reparação do dano.

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