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Das categorias das mulheres a que recorrem os citadinos e dos amigos e intermediários

uando Kama é praticado pelos homens das quatro castas segundo as regras da Sagrada Escritura (isto é, em matrimônio legal) com virgens de sua própria casta, torna-se um meio de obter prole legítima e boa reputação, e não se opõe aos costumes do mundo. Pelo contrário, a prática de Kama com mulheres de castas superiores e com as mulheres que já foram gozadas por outros, embora da mesma casta, é proibida. Mas a prática de Kama com as mulheres de castas inferiores, mulheres expulsas da própria casta, mulheres públicas e mulheres casadas duas vezes1 não é estimulada nem proibida.

O objetivo da prática de Kama com tais mulheres é apenas o prazer.

As Nayikas,2 portanto, dividem-se em três gêneros, a saber, as donzelas, as mulheres

casadas duas vezes e as mulheres públicas. Gonikaputra é de opinião que há um quarto gênero de Nayika, ou seja, a mulher a que se recorre em ocasião especial, embora fosse casada anteriormente com outro. Essas ocasiões especiais ocorrem quando o homem pensa o seguinte:

Essa mulher é voluntariosa e foi desfrutada antes por outros que não eu. Posso, portanto, recorrer a ela com segurança, como se fosse uma mulher pública, embora pertença a casta superior à minha, e ao fazer isso não estarei violando os mandamentos de Dharma.

Ou então:

É uma mulher casada duas vezes e que foi desfrutada por outros antes de mim; não há, portanto, objeções a que eu recorra a ela.

Ou então:

Essa mulher conquistou o coração de seu marido, grande e poderoso, e o dominou, sendo ele amigo de meu inimigo; se, portanto, ela se unir a mim, fará com que o marido abandone o seu inimigo.

Ou então:

descontente comigo, ou com más intenções a meu respeito.

Ou então:

Tornando-me amigo dessa mulher, realizarei o objetivo de algum amigo meu, ou provocarei a ruína de algum inimigo, ou realizarei algum outro objetivo difícil.

Ou então:

Unindo-me a essa mulher, matarei seu marido e com isso ficarei com suas grandes riquezas que ambiciono.

Ou então:

A união com essa mulher não encerra qualquer perigo e me proporcionará riquezas, das quais muito necessito em virtude da minha pobreza e da incapacidade de manter-me. Dessa maneira conseguirei suas grandes riquezas sem qualquer dificuldade.

Ou então:

Essa mulher me ama ardentemente e conhece todos os meus pontos fracos; se, portanto, eu não me quiser unir a ela, tornará públicas as minhas faltas e com isso manchará meu caráter e minha reputação. Ou me fará alguma acusação grave, da qual talvez seja difícil livrar-me, e com isso serei arruinado. Ou talvez ela me indisponha com o marido, que é poderoso e está sob seu controle, ou o aproximará de meu inimigo, ou ela própria se unirá a esse inimigo.

Ou então:

O marido dessa mulher violou a castidade de minhas mulheres e portanto retribuirei a injúria seduzindo as dele.

Ou então:

Com a ajuda dessa mulher matarei um inimigo do rei que procurou asilo junto a mim, e a quem o rei mandou que eu matasse.

Ou então:

A mulher a quem amo está sob a influência dessa mulher. Procurarei, por intermédio desta, chegar àquela a quem amo.

Ou então:

Essa mulher me levará a uma donzela que possui riquezas, beleza, mas que é inacessível e está sob o controle de outras pessoas.

Ou, finalmente, assim:

Meu inimigo é amigo do marido dessa mulher e, portanto, eu farei com que ela se una a ele, provocando com isso a inimizade entre ambos.

Por essas razões, e por outras semelhantes, pode-se recorrer às mulheres de outros homens, mas deve-se compreender claramente que isso só é possível por motivos especiais e não pelo simples desejo carnal.

Charayana acha que nessas circunstâncias há também um quinto gênero de Nayika, ou seja, a mulher que é mantida por um ministro, ou que ocasionalmente com ele se relaciona; ou a viúva que pode ajudar na realização dos propósitos de um homem junto à pessoa com quem se une.

Suvarnanabha acrescenta que a mulher que leva vida ascética, sendo viúva, pode ser considerada como um sexto gênero de Nayika.

Ghotakamuka diz que a filha de uma mulher pública e a criada, que ainda sejam virgens, constituem uma sétima categoria de Nayika.

Gonardiya defende a doutrina de que qualquer mulher de boa família, depois de ter chegado à idade adulta, é um oitavo tipo de Nayika.

Esses quatro últimos gêneros de Nayika não diferem muito dos quatro primeiros, pois não há um objetivo diferente na união com elas. Vatsyayana é, portanto, de opinião que há apenas quatro tipos de Nayikas, ou seja, a donzela, a mulher casada duas vezes, a mulher pública e a mulher a quem se recorre com um objetivo especial.

As seguintes mulheres não devem ser desfrutadas: • A leprosa

• A lunática

• A expulsa da sua casta • A que revela segredos

• A que expressa publicamente o desejo de relações sexuais • A muito branca

• A muito preta • A que cheira mal

• A que é parente próxima • A que é amiga

• A que leva vida de ascetismo

• A esposa de um conhecido, de um amigo, de um brâmane culto, e do rei

Os seguidores de Babhravya dizem que qualquer mulher que tenha sido desfrutada por cinco homens é pessoa adequada a ser desfrutada. Mas Gonikaputra acha que, mesmo quando isso acontece, as esposas de um conhecido, de um brâmane culto e do rei devem constituir exceção.

São os seguintes os gêneros de amigos: • Aquele com quem se brincou na infância • Aquele a quem se está ligado por um favor

• O que tem as mesmas inclinações e gosta das mesmas coisas • O que é companheiro de estudos

• O que conhece nossos segredos e faltas, e cujos segredos e faltas também conhecemos • O filho das amas

• Aquele que é criado junto conosco • O amigo hereditário

Tais amigos devem possuir as seguintes qualidades: • Dizer a verdade

• Não se modificarem com o tempo • Serem favoráveis aos nossos objetivos • Serem constantes

• Serem livres de cobiça • Não serem influenciáveis • Serem discretos

Charayana diz que os homens estabelecem amizade firme com os lavradores, os barbeiros, vaqueiros, floristas, farmacêuticos, vendedores de folhas de bétel, taverneiros, mendigos, Pithamardas, Vitas e Vidushakas, e também com as mulheres dessas pessoas. O intermediário deve possuir as seguintes qualidades:

• Habilidade • Ousadia

• Conhecimento das intenções dos homens pela sua aparência externa • Ausência de confusão, isto é, não deve ser tímido

• Conhecimento exato daquilo que os outros dizem ou fazem • Boas maneiras

• Conhecimento dos momentos e locais adequados à realização de diferentes coisas • Tino comercial

• Compreensão rápida

• Aplicação rápida de remédios, isto é, recursos rápidos e fáceis Esta parte termina com o seguinte versículo:

O homem inventivo e prudente, acompanhado de um amigo e conhecedor das intenções alheias, bem como do momento e local convenientes para cada fim, pode facilmente ser bem-sucedido mesmo junto de uma mulher muito difícil de conquistar.

outro.

2. Qualquer mulher que possa ser possuída sem pecado. O objetivo do gozo das mulheres é duplo, ou seja, o prazer e a procriação. Qualquer mulher que possa ser possuída sem pecado para a realização de um desses dois objetivos é uma Nayika. O quarto gênero de Nayika que Vatsya descreve mais adiante não é desfrutada nem por prazer, nem para a procriação, mas apenas para a realização de alguma finalidade especial e imediata. A palavra Nayika é mantida no texto como um termo técnico.

PARTE II

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