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2 – DAS MANIFESTAÇÕES DA AMINISTRAÇÃO JUDICIAL reconhecimento da confusão patrimonial e essencialidade dos bens.

Victor Andrade Costa Teixeira OAB/GO 33

III – DO MÉRITO

III. 2 – DAS MANIFESTAÇÕES DA AMINISTRAÇÃO JUDICIAL reconhecimento da confusão patrimonial e essencialidade dos bens.

Tem-se atuante no processo de recuperação judicial em questão, na condição de auxiliar do juízo, a empresa Valor Administração Judicial – Brasil a quem compete, dentre outras atribuições, fiscalizar as atividades da empresa recuperanda, à luz do disposto no art. 22, inciso II, alínea a, da Lei nº 11.101/2005, veja:

Art. 22. Ao administrador judicial compete , sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: (...)

II – na recuperação judicial :

a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial;

Pois bem. A par do mister encarregado a figura do Administrador Judicial do feito recuperacional e, diante dos pleitos perpetrados pela recuperanda Agravante, de suspensão/cancelamento dos atos de expropriação/execução extrajudicial realizados pelo banco Agravado, o r. juízo primevo proferiu decisão (Doc. 14), determinando a intimação do seu agente de confiança para manifestação sobre a essencialidade dos bens, que ora se pretende salvaguardar.

Nesse ponto, a Valor Administração Judicial – Brasil, na condição de longa manus do r.juízo singular, após proceder com a análise apurada sobre documentos e bens da recuperanda Agravante, bem como vistorias nos imóveis correspondentes, assim se manifestou:

“Sendo assim, em que pese o caráter de essencialidade ter sido constatado de forma individual e específica nos imóveis de matrículas 20.341, 1409 e 1879, há que se melhor analisar as questões adiante.

Como é cediço, está em andamento perícia judicial com o objetivo de esclarecer vários aspectos controvertidos, mas destacam-se dentre estes a revisão do quadro de credores e a verificação de ocorrência ou não de confusão patrimonial.

O desdobramento lógico do trabalho pericial passará necessariamente pela análise dos lastros jurídicos dos créditos, pela legitimidade do polo ativo e possíveis consequências pelos atos em análise, inclusive patrimoniais, o que

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poderá alterar severamente a realidade fática verificada. Em decorrência

deste fato, orienta a melhor cautela que sejam resguardados os direitos e privilegiada a coletividade, em detrimento do interesse individual de um único credor.

Neste átimo processual em que está sob verificação e validação o quadro de credores e práticas da recuperanda que podem ter desdobramentos de diversas ordens, inclusive patrimoniais e com consequências processuais previstas na Lei de Regência, convém, repita-se - neste átimo processual - resguardar o acervo patrimonial da devedora. Da mesma forma, considerando a

superação do dualismo pendular e a nova temática da distribuição do ônus recuperacional e observados o atual contexto fáticoprocessual, esta Administradora Judicial sugere que seja preservado o acervo patrimonial devedora até a homologação da perícia.” (Trecho da

manifestação do administrador Judicial – grifo e destaque nosso)

Veja-se, Eminente Desembargador, o Administrador Judicial apresentou seu parecer (Doc. 10), em 06/03/2020, sobre a essencialidade dos bens, informando, inequivocamente, a essencialidade das matrículas 20.341, 1409 e 1879, e devido a necessidade de Perícia Técnica (em andamento) para elucidação da confusão patrimonial entre a Pessoa Jurídica da Recuperanda e a Pessoa Física do sócio, até porque, frise-se, trata-se de empresa individual, que, por força do próprio tipo societário, o patrimônio da pessoa jurídica e da pessoa física do proprietário se confundem, sendo esta matéria demonstrada desde a petição inicial, a Administração Judicial manifestou no sentido de preservar o acervo patrimonial da devedora até a homologação da perícia!!!!!

Não bastasse a manifestação supratranscrita, a Valor Administração Judicial – Brasil, em 19/06/2020 (Doc. 15), novamente se posiciona sobre a questão em debate, pontuando, mais uma vez, que está em andamento perícia judicial com o objetivo de esclarecer vários aspectos, notadamente quanto a confusão patrimonial e, que o desdobramento lógico do trabalho pericial poderá resultar em consequências de ordem patrimonial, o que, certamente, alterará toda a realidade fática e financeira da recuperanda, concluindo que as melhores práticas do Bom Direito autorizam a suspensão dos procedimentos extrajudiciais correlacionados aos bens citados, no estado em que se encontram!!!!

Segue parte da manifestação do Administrador Judicial (Doc. 15):

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Ocorre que, embora os pronunciamentos alhures destacados, proferidos pela Administração Judicial do processo de recuperação judicial da empresa Agravante, o r.juízo a quo reconheceu parcialmente a essencialidade dos bens, notadamente quanto aos imóveis de matrícula nº 1.409 e 1.879, obstando, pois, qualquer prática de consolidação da propriedade dos mesmos pelo banco Agravado e, deixou de fora dessa proteção necessária e temporária os imóveis de matrícula nº 471, 11115, 2000, 1592, 84.144, 84.145 e 1.590, estando esses sujeitos a sequência dos atos de expropriação, inclusive, ao leilão designado para o dia 17/07/2020!!! Veja:

Por outro lado, não é possível reputar a essencialidade de bens subutilizados, baldios, ou com finalidade meramente recreativa, assim como verificado pelo Administrador Judicial, em relação aos

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bens representados pelas matrículas nº 471, 11115, 2000, 1592, 84.144, 84.145 e 1.590, motivo pelo qual indefiro o pedido correlato.

(...)”

Para muito além das características destacadas pelo juízo singular, que, de certa forma, afastaram a essencialidade do bens, deve-se levar em consideração que, embora o r.juízo possua a titularidade de decisão sobre o processo, este acabou extrapolando o princípio da função social da Recuperação Judicial, visto que este visa justamente a Recuperação do Devedor, em prol da coletividade.

Neste aspecto, vale destacar que as práticas realizadas pelo banco Agravado e, de certa forma, endossadas pelo r.juízo de primeiro grau, prejudicam sobremaneira a sobrevivência da empresa em Recuperação Judicial, ora Agravante, sobretudo porque implica na obstaculização de bens potenciais para o adimplemento de demais dívidas, de forma que a manutenção da decisão como posta causa evidentes riscos não só para a empresa Agravante em si, mas também para a coletividade de credores, empregados e para a sociedade em geral.

A recuperação judicial tem o intuito de propiciar a empresa a superação das dificuldades econômico-financeiras, visando à preservação da atividade e evitando os negativos reflexos sociais e econômicos que o encerramento das atividades empresariais poderia causar, nos moldes do art. 47, da Lei n. 11.101/2005.

Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.

Sob essa ótica, tem-se que deve ser garantido a empresa em Recuperação Judicial as condições mínimas e, a proteção do acervo patrimonial se revela essencial nesse quesito, de modo a viabilizar a manutenção da atividade e fazer cumprir os objetivos da Lei nº 11.101/2005.

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Registra-se que, o Administrador Judicial do processo, Valor Administração Judicial – Brasil, possui o contato próximo e direto com a empresa recuperanda Agravante e, portanto, conhece da realidade financeira, econômica e, da própria atividade empresarial desenvolvida ao ponto, pois, de possuir a propriedade necessária à constatação da essencialidade dos bens e, à defesa de manutenção de todos esses bens na possa da Agravante, conforme apresentado.

Portanto, a decisão guerreada, além de trazer notório prejuízo financeiro à empresa Agravante, acarreta ao processo recuperacional correspondente verdadeira insegurança aos credores e demais interessados, na medida em que se apresenta fora dos limites propostos pelo Administrador Judicial do processo, principal agente de fiscalização do processo de Recuperação Judicial da empresa Agravante, de modo que o esvaziamento patrimonial poderá fatalmente implicar na inviabilidade do cumprimento do plano recuperacional, podendo levar a Agravante à falência, cabendo registrar que a natureza jurídica da constituição das garantias da Agravada está sendo questionada em incidente próprio, objeto de embargos ainda não decidido.

Sem olvidar que, a decisão vergastada traduz verdadeira inobservância ao elo de confiança que deve permear a relação do magistrado do processo recuperacional em questão com o AJ em atuação, acarretando, conseguintemente, a desestabilização das relações dos demais agentes envolvidos, empresa recuperanda Agravante e a coletividade de credores.

Desta feita, tendo em conta os pronunciamentos proferidos pela Administração Judicial do processo de recuperação judicial da empresa Agravante, que, por sua vez, reconhecem inequivocamente a essencialidade dos bens e a necessidade de elucidação da confusão patrimonial entre a Pessoa Jurídica da Recuperanda e a Pessoa Física do sócio, pugna seja reformada a r. decisão com a concessão da tutela de urgência com o fim específico de compelir a Agravada a CANCELAR os trâmites da Execução Extrajudicial promovida, cancelando-se, por conseguinte os registros de consolidação da propriedade, não só do imóveis de matrículas 1.409, 1.879, MAS TAMBÉM dos imóveis de matrícula 20.341, 471, 11115, 2000, 1592, 84.144, 84.145 e 1.590, abstendo-se assim da realização de LEILÃO, designado para o próximo dia 17/07/2020, referente aos imóveis objeto dessa demanda, e, diante da hipótese de já ter sido realizado, sustar-lhe os seus efeitos até que se julgue o mérito da ação.

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III.3 – IMPUGNAÇÃO DE CRÉDITO ENVOLVENDO A AGRAVADA NÃO