• Nenhum resultado encontrado

Para entender o universo digital, é necessário conhecer o meio universal de comunicação eletrónica que permite, nos dias de hoje, a intercomunicação de pessoas em pra&camente qualquer ponto do planeta, bem como o acesso quase imediato a uma quan&dade inimaginável de informações58.

A história da internet pode ter seu marco inicial no ano de 196959. Os primeiros

computadores eram máquinas caras e pesadas, acedíveis a poucas empresas e universidades, além dos órgãos governamentais. Por isso, eram usados cole&vamente.

O avanço tecnológico no campo da informá&ca permi&u uma redução no tamanho e no custo de construção dos computadores, ao tempo em que, proporcionalmente, cresciam em capacidade e velocidade de processamento. Aos poucos, foi ganhando forma o conceito do computador pessoal, tornando popular o seu uso em pequenas empresas e a&vidades pessoais.

A essa época, já era sensível a necessidade da intercomunicação entre computadores, no compar&lhamento de dados à distância e no acesso remoto aos recursos de um computador mais potente do que aquele ao alcance [sico do usuário. Outra u&lidade seria a comunicação e troca de informações entre usuários remotos. Nesse ponto, surgiram as primeiras networks60, interligando computadores pessoais e

58 RUSBRIDGER, editor-chefe do periódico londrino The Guardian, faz importante advertência sobre a disponibilidade de dados eletrónicos: “Até a atual geração de nerds de computadores, ninguém havia se dado conta de que era possível sair por aí com o equivalente a bibliotecas inteiras, repletas de armários e cofres fechados a cadeados – milhares de documentos e milhões de palavras” (in HARDING, Luke - Os arquivos Snowden: a história secreta do homem mais procurado do mundo. Trad. KLESCK, Alice e CORREIA, Bruno. Rio de Janeiro: LeYa, 2014, prefácio).

59 DEL RE FILIPPO, Denise e SZTAJNBERG, Alexandre. Bem vindo à Internet. Rio de Janeiro: Brasport, 1996, p. 19. 60 Do inglês: rede de trabalho.

aqueles de grande porte em redes locais. Pequenas redes começaram a surgir já no final dos anos 60, desde redes internas ligadas por cabo, até aquelas mais amplas, u&lizando os serviços públicos de telecomunicações, com acesso a transmissão via satélite e canais de micro-ondas.

O passo seguinte foi, naturalmente, a interligação de redes, com a criação das inter-redes. Em inglês, internetwork, ou, simplesmente, internet. Para entender o conceito, imaginemos uma universidade tradicional, nos primórdios do uso da informá&ca, com sua rede interna de computadores. Para compar&lhar seu banco de dados com outra universidade, que &vesse também sua própria rede interna, ligava-se o computador central de uma das redes ao computador central da outra. Dessa forma, todos os usuários internos de uma universidade teriam acesso aos equipamentos e dados da outra61.

Ampliando esse universo, as “redes de redes” vão sendo interligadas a outras “redes de redes”, até que um número indeterminado delas forme uma rede única, maior e universal.

O embrião que deu origem à internet que conhecemos hoje (ou o catalisador da fusão entre as redes de todo o mundo) foi o projeto conhecido como ARPANet (Advanced Research Project Agency Network), promovido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, com o propósito de interligar agências militares e centros de pesquisa, além de estudar a construção de redes confiáveis. Aos primeiros computadores, localizados nos estados norte-americanos da Califórnia e Utah, foram se somando outros, através de ondas de rádio e de satélite.

O desenvolvimento de protocolos de transferência de dados foi feito com o obje&vo de permi&r a comunicação de equipamentos de diferentes marcas, estruturas e sistemas operacionais, ampliando ao máximo a possibilidade de abertura da rede à diversidade de usuários, até que, em 1983, o primeiro passo para essa realidade foi dado: a reestruturação do backbone62 em um seguimento militar (MILNet) e um

61 A esta altura de nosso estudo, basta que saibamos da comunicação em si, não adentrando o detalhamento técnico dos protocolos de iden&ficação e comunicação entre computadores u&lizados na transferência de dados. Sua importância, porém, não é ignorada, chegando a ser apontados como fator principal de regulação e domínio do ambiente das redes digitais (LESSIG, Lawrence - Code - version 2.0. New York: Basic Books, 2006, p. 84).

académico (ARPANet), con&nuando interligados no que se denominou DARPA Internet (o D significando Defense), hoje conhecida apenas como Internet.

Durante a década de 1980, as conexões da ARPANet foram sendo transferidas para o novo backbone da Na onal Science Founda on – NSF, que interligava cinco centros de supercomputadores espalhados pelos Estados Unidos, no que se considerava, à época, uma rede de alta velocidade63.

Em meados da década de 1990, o número de computadores interligados à rede dentro dos Estados Unidos já era superado por aqueles instalados em outros países, transformando a Internet numa ampla rede mundial, a World Wide Web - WWW64.

Embora seja uma rede aberta, o acesso à internet se dá através de portas e caminhos. O usuário que pretende compar&lhar os dados da rede precisa de um provedor de acesso, ou seja, precisa inserir numa pequena rede local, conectando o seu computador ao computador central (backbone) dessa rede, que está, por sua vez, conectado a uma rede maior, através da comunicação com o computador central daquela, e assim progressivamente, até que estejam todos conectados com todos.

Importante perceber que, apesar da independência das conexões, o principal backbone mantém-se nos Estados Unidos, o que significa que grande parte das informações e dados transmi&dos através da internet transita por solo norte- americano.