• Nenhum resultado encontrado

DAVID BRINK E A RESPOSTA AO ARGUMENTO DA RELATIVIDADE E AO ARGUMENTO DA ESTRANHEZA DE MACKIE

A POLÍTICA DE DAVID HUME; UMA RECONCILIAÇÃO DISTINTA ENTRE LIBERALISMO E

DAVID BRINK E A RESPOSTA AO ARGUMENTO DA RELATIVIDADE E AO ARGUMENTO DA ESTRANHEZA DE MACKIE

Diego Echevenguá Quadro*

Introdução

O objetivo do nosso presente texto é apresentar as respostas do filósofo moral David O. Brink aos argumentos antirrealistas em ética empregados por J.L. Mackie: o argumento da relatividade e o argumento da estranheza. Iniciaremos com a questão do realismo moral em metaética, depois passaremos para a explicação de ambos os argumentos empregados por Mackie, e, por fim, apresentaremos as respostas de David Brink a Mackie e sua defesa de uma teoria funcionalista da moral como suporte para o seu realismo moral.

Realismo, ceticismo e moral

O realismo moral deve ser entendido como uma variante específica do que podemos chamar de realismo global: a tese metafísica de que existem fatos independentes de nossa percepção, e de que estes fatos são logicamente autônomos em relação às nossas crenças e evidências para eles. No domínio da ética esta tese metafísica é entendida como sendo a tese de que existem fatos morais objetivos e que as proposições da ética são dotadas de um conteúdo cognitivo que pode ser verdadeiro ou falso. Podemos definir o realismo moral como constituído de três premissas fundamentais e que constituem o núcleo epistemológico e ontológico do realismo moral:

P1: Existem fatos morais.

P2: Fatos morais são ontologicamente e logicamente independentes. P3: Proposições da ética possuem valor cognitivo de falsidade ou veracidade.

* Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas. Acadêmico vinculado ao

Para o realismo moral a relação que liga a existência de fatos morais com as proposições que enunciam tais fatos é uma relação lógica e ontológica1. Isto implica que os termos utilizados nos discursos morais como “correto”, “errado”, “justo”, “injusto” e etc. correspondem às propriedades e às relações dessas propriedades com os fatos morais existentes. Nossas melhores teorias morais possuem valor explicativo na medida em que correspondem a tais fatos e a maneira em que as propriedades de tais fatos estão encadeadas em nossas práticas morais.

O ceticismo moral pode ser entendido como uma tese restrita do ceticismo aplicada ao campo do conhecimento moral. Podemos compreender o ceticismo moral como sendo a negação da existência de fatos morais independentes e a existência de valores objetivos no domínio da ética. Como uma tese restrita do ceticismo o ceticismo moral pode ou não implicar um compromisso com o ceticismo global. Atrelada a uma concepção de ceticismo global o ceticismo na moral é a negação radical da existência de qualquer fato moral, como o ceticismo global é a negação da existência de qualquer fato independente. Enquanto uma tese cética restrita ao campo da moral o ceticismo moral é apenas a negação da existência de um tipo determinado de fatos e propriedades: os morais. Portanto, o ceticismo restrito ao campo da moral não assume o compromisso ontológico e epistemológico de negar a totalidade dos fatos possíveis sobre o mundo, mas apenas os fatos restritos ao domínio da moral.

Sem dúvida tal tese é uma espécie de ceticismo deflacionado, pois não assume o radicalismo epistemológico de negar todos os fatos possíveis sobre o mundo. Dessa forma, o compromisso ontológico assumido é bem menos problemático, o cético restrito à moral pode negar a existência de fatos e valores morais objetivos e ao mesmo tempo aceitar o realismo sobre o mundo empírico e o discurso das ciências empíricas como a melhor forma de compreender a realidade. O ceticismo aplicado à ética afirma que existe um problema com o realismo no âmbito da ética, problema este que não é identificado em relação a outras disciplinas como a ciência, a lógica e a matemática. Dentro desta perspectiva de ceticismo o realismo é uma tese

1 Devo tais considerações ao texto seminal de Richard Boyd: How to be a Moral Realist. O

download do texto pode ser feito neste site:

<https://www.researchgate.net/publication/240034001_%27How_to_Be_a_Moral_Realist%27 >.

plausível em várias outras áreas, mas apresenta problemas de objetividade quando tentamos aplicar seus parâmetros à ética e à investigação moral.

No livro de Mackie Ethics: Inventing Right and Wrong encontramos uma defesa desse segundo tipo de ceticismo, um ceticismo aplicado unicamente ao domínio da moral. Mackie utiliza o ceticismo moral como uma tese antirrealista para a negação de valores objetivos. Para Mackie uma visão de mundo coerente e plausível não abarca a existência de valores objetivos, o tecido da realidade e a estrutura do mundo não comportam fatos, valores e propriedades morais. A partir dessa perspectiva ontológica fatos morais e propriedades constitutivas desses fatos não possuem estatuto ontológico, e, dessa forma, não fazem parte de uma visão de mundo científica e moderna. Sendo assim, há um déficit de objetividade que é constitutivo e imanente ao discurso moral que não encontramos em outras áreas e domínios de investigação. Mackie compreende desta forma o ceticismo moral:

Primeiro, o que eu chamei de ceticismo moral é uma doutrina negativa, não uma doutrina positiva: diz o que não existe, não o que existe. Diz que não existem entidades ou relações de certo tipo, valores objetivos ou requerimentos, que muitas pessoas acreditaram existir. É claro, o cético moral não pode deixar tudo como está. Se sua posição deve ser plausível, ele deve fornecer uma abordagem que de conta de explicar como as outras pessoas incorreram naquilo que ele considera um erro, e esta abordagem deve incluir algumas sugestões positivas sobre como valores falham em ser objetivos, sobre o que foi tomado como erro, ou sobre o que levou a crenças falsas sobre valores objetivos. Mas isto será um desenvolvimento da teoria, não seu núcleo: seu núcleo é a negação. Segundo, o que eu chamei de ceticismo moral é uma tese ontológica, não uma tese linguística ou conceitual. Não é, como a doutrina chamada de subjetivismo moral, uma visão sobre o significado dos juízos morais2.

Contudo, este segundo tipo de ceticismo - ceticismo aplicado ao caso específico do realismo moral - possui certa fraqueza frente ao realismo moral. Cabe ao cético moral o ônus da prova de que o realismo na moral possui um déficit de objetividade. Por que devemos conceder um estatuto

2 MACKIE, J.L. Ethics: Inventing Right and Wrong. New York: Penguin Books, 1990, p.17-18.

epistêmico diferenciado ao realismo na moral do que na ciência? Esta posição inicial assumida pelo antirrealista na ética enfraquece sua posição teórica. Ao aceitar que o realismo é uma tese plausível em muitos domínios investigativos, mas não na ética e na moral o cético precisa mostrar o porquê dessa falta de objetividade na ética. Cabe ao cético apresentar as razões para esse cenário epistêmico menos objetivo que o discurso moral apresenta frente aos outros domínios do saber.

Outro ponto que o cético deve dar conta é o fato de que em nossas práticas morais hodiernas o realismo moral é simplesmente pressuposto. Ao agirmos tomamos como dado que nossas ações são corretas ou erradas de forma independente da escolha que fazemos. Mackie é sensível a este ponto, por isso assume que o seu ceticismo toma a forma de uma teoria do erro; tal teoria deve oferecer razões de por que o compromisso epistemológico com a ideia da objetividade dos valores é equivocado.

A pretensão de objetividade, no entanto, enraizada na nossa linguagem e pensamento, não é autovalidante. Ela pode e deve ser questionada. Mas a negação dos valores objetivos terá de ser apresenta não como o resultado de uma abordagem analítica, mas como uma "teoria do erro", uma teoria que embora a maioria das pessoas ao fazer julgamentos morais afirmem, entre outras coisas, estar apontando para algo prescritivamente objetivo, essas afirmações são todas falsas. É isso que faz o nome “ceticismo moral” apropriado3.

Esta segunda versão de ceticismo que Mackie apresenta vem balizada por duas formas de argumentação. A primeira apela para a questão de que muitas das nossas disputas morais demonstram não encontrar uma resolução aparente; esta argumentação assume o nome de argumento da relatividade, e lava em conta que o desacordo moral sobre questões práticas é de certa forma mais forte que sobre outras questões. A segunda forma de argumentação apela para a questão de que valores objetivos são “misteriosos” em relação ao tecido da realidade e à estrutura do mundo; esta argumentação recebe o nome de argumento da estranheza. Mackie usa ambos os argumentos contra a tese do realismo moral e para fortalecer sua tese de um ceticismo moral de segunda ordem. Veremos agora ambas as argumentações de forma detalhada.

Mackie e o argumento da relatividade e o argumento da estranheza Mackie lança mão desses dois argumentos para sustentar sua postura antirrealista em relação à objetividade da moral. O primeiro destes argumentos é o argumento da relatividade, e se vale da variabilidade e diversidade de perspectivas e avaliações morais entre diferentes culturas para concluir que não existem fatos morais, apenas diferenças de atitudes, abordagens e visões em relação à moral.

Discordância sobre códigos morais parece refletir a adesão das pessoas e participação em diferentes modos de vida. A ligação causal parece ser, principalmente, que versa: é que as pessoas aprovam a monogamia porque participam de uma forma monogâmica de vida, em vez de que elas participam de uma forma monogâmica da vida, porque elas aprovam a monogamia. Claro, os padrões podem ser uma idealização do modo de vida a partir da qual eles surgem: a monogamia em que as pessoas participam pode ser menos completa, menos rígida, do que aquela que são levados a aprovar. Isso não quer dizer que os juízos morais são puramente convencionais. É claro que há e houveram hereges e reformadores morais, pessoas que se voltaram contra as regras estabelecidas e práticas de suas próprias comunidades por razões morais, e muitas vezes por razões morais que nós endossaríamos. Mas isto pode geralmente ser entendido como a extensão, de modo que, apesar de nova e não convencional, parecia a eles que seria necessário para a consistência, de regras para as quais eles já haviam aderido como decorrente de uma forma de vida existente. Em suma, o argumento da relatividade tem alguma força simplesmente porque as variações reais nos códigos morais são mais facilmente explicadas pela hipótese de que elas refletem formas de vida do que pela hipótese de que elas expressam as percepções, a maioria delas seriamente inadequada e mal distorcida, de valores objetivos4.

Mackie compreende que a tese da relatividade, entendida como a manifestação do desacordo moral entre diferentes culturas e comunidades, não implica necessáriamente em ceticismo. Não é por que há desacordo em outras áreas como as ciências empíricas que tais áreas do saber carecem de objetividade. O que Mackie parece querer dizer é que o

desacordo no campo da moral é de certa forma mais fundamental e corrosivo para a objetividade do que em outras áreas do saber como as ciências naturais. O realismo na ciência apenas pressupõe que grande número de disputas podem ser resolvidas em princípio, na ciência estas disputas aparecem como mais facilmente cabíveis de resolução, enquanto que na moral parece haver a possibilidade de uma inconclusão em relação às principais disputas. A incomensurabilidade dos valores morais parece ser uma realidade hodierna no campo da moral.

Podemos inferir desta tese da relatividade dos valores que ações consideradas corretas ou equivocadas a partir de um ponto de vista moral são assim consideradas apenas contigentimente. Aliado a isso Mackie comprime contra o realista moral a noção de que disputas morais são de fato disputas, ou seja, não existe um pano de fundo moral comum que pode servir de terreno seguro para um embate entre incomensuráveis no âmbito da moral. Enquanto as ciências naturais possuem em suas disputas um pano de fundo compartilhado que serve de platô para disputas e embates no campo da ciência entre diferentes teses e teorias, na moral a variabilidade de códigos e decálogos morais apenas evidencia a ausência de qualquer terreno comum que possa servir de base para as disputas morais entre distintas comunidades. A incomensurabilidade dos valores é a regra na ética e na moral, enquanto que na ciência encontramos uma situação litigiosa bem menos evidente.

Sendo assim, Mackie pressiona contra o realismo na moral a tese da relatividade dos valores morais. Seu modelo de objetividade e investigação precisa é o modelo das ciências empíricas, que nos permite, por comparação e analogia com o discurso moral, observar e detectar um grande défict de objetividade por parte do discurso ético-moral. Para Mackie esta é a força lógica do argumento da relatividade.

Enquanto o argumento da relatividade apela para a tese do desacordo amplo entre distintas visões de mundo em relação à moral, o argumento da estranheza apela para a ideia de que fatos e propriedades morais objetivos teriam de ser de uma natureza ontológica tão distinta das propriedades naturais que seriam “estranhos” e precisaríamos de uma faculdade quase sobrenatural para acessarmos estes fatos. Dessa maneira, possuímos boas razões a posteriori para rejeitarmos a tese do realismo moral. O argumento da estranheza é um argumento que possui dois níveis argumentativos, o primeiro é ontológico e afirma que o realismo moral é uma doutrina ontologicamente estranha, pelo fato de que valores objetivos

teriam de ser de um tipo totalmente diverso das propriedades que encontramos no mundo natural; o segundo nível argumentativo é epistemológico e deriva do compromisso ontológico que o realista moral supostamente assume, se é verdade que propriedades morais são ontologicamente estranhas, então seria necessário um tipo diferente de cognição por parte dos humanos para garantir o acesso epistêmico e cognitivo a essas propriedades.

As Formas de Platão dão uma imagem dramática do que valores objetivos teriam de ser. A Forma do Bem é tal que o seu conhecimento fornece ao conhecedor tanto um sentido e um motivo primordial; algo ser bom conta a pessoa que conhece este bem como persegui-lo e o motiva para persegui-lo. Um bom objetivo seria visto por qualquer um familiarizado com ele, não por causa de qualquer fato contingente que esta pessoa, ou cada pessoa, é constituída de tal forma que deseja esse fim, mas justamente porque o fim “tem-de-ser-perseguido” esta de certa forma incorporado a ele5.

Vemos nesta passagem que para Mackie valores morais teriam de ser de uma espécie similar às Formas de Platão para que pudessem ser objetivos. O acesso epistêmico a esses valores deveria garantir ao sujeito não apenas o conhecimento do bem ou do caminho correto a seguir, mas também motivar o sujeito a agir de acordo com esse bem. Podemos perceber então que Mackie atrela à parte epistemológica do argumento da estranheza o comprometimento com o internalismo por parte do realista moral. O internalismo em metaética é a tese de que propriedades morais e fatos morais necessariamente devem motivar ou fornecer razões para o sujeito agir. Sendo assim, para Mackie o realismo moral é uma tese inflacionada de um ponto de vista metafísico, pois assume que fatos morais e propriedades morais devem ser objetivamente prescritivos.

Apesar de Mackie não ser claro em relação ao tipo de internalismo que o realista moral deve assumir, podemos fazer uma dupla distinção categorial para melhor compreendermos a posição internalista. A tese internalista de que o conhecimento de fatos morais necessariamente motivam o agente para realizar determinada ação pode ser entendida como internalismo motivacional; a tese internalista de que o conhecimento de fatos morais necessariamente fornecem ao indivíduo razões para agir

moralmente pode ser compreendida como internalismo de razões. A tese externalista não aceita nenhum dos dois tipos de internalismo.6 Para Mackie no campo da filosofia moral o realismo moral esteve sempre comprometido com uma forma de internalismo. Mackie cita os exemplos de Platão, Hume e Sidgwick como internalistas presentes na história da filosofia moral. Dessa maneira, alguma forma de internalismo estaria atrelada ao senso comum moral tradicional.

Vemos que para Mackie o realista moral está comprometido com uma tese realista inflacionada que o força a assumir vários compromissos metafísicos, como o do dualismo ontológico, no qual propriedades morais são tão diferentes que devem pertencer a um reino ontológico distinto; o compromisso com a categoricidade e universalidade das proposições morais que devem superar e se colocar num nível acima dos particularismos morais e a tese do internalismo, em que fatos morais necessariamente motivam ou apresentam razões para que o agente inicie uma ação moral. Tais compromissos são fortes e fazem com que o realismo moral apresentado por Mackie assuma uma roupagem metafisicamente inflacionada. A partir de agora apresentaremos a resposta do filósofo moral David O. Brink ao argumento da relatividade e estranheza, onde o filósofo busca mostrar que a percepção de Mackie sobre o que seria um compromisso teórico com um tipo de realismo moral não necessita de um compromisso metafísico tão forte para que o relalismo na moral seja o caso. Nos concentraremos principalmente na refutação de ambos argumentos que Mackie utiliza contra o realismo na moral por parte de Brink. Por fim, traremos a tese de Brink que busca defender o realismo moral através de uma teoria funcionalista da moral.

David Brink e a crítica ao argumento da relatividade

O tipo específico de ceticismo que Mackie esposa considera que a relatividade no que tange a códigos morais, valores e concepções de bem é a melhor explicação para o desacordo moral, seja dentro de determinadas comunidades ou entre distintas sociedades. É claro que Mackie reconhece que a mera existência do desacordo em determinada área não implica na verdade do ceticismo. Tomemos o exemplo da ciência, a existência da discordância e do conflito de teses dentro de uma comunidade científica

6 BRINK, David O. Moral Realism and The Sceptical Arguments from Disagreement and

não implica que devemos assumir o antirrealismo científico como a melhor explicação para a existência do desacordo. O que Mackie acredita é que o desacordo dentro da ética é mais forte do que em outras áreas. A existência de conflitos morais insolucionáveis é o que para Mackie faz com que o ceticismo moral seja a melhor explicação para a existência do desacordo dentro da ética. Simplesmente não existem fatos morais que poderiam balizar nossa investigação e mediar através de critérios objetivos nossas disputas morais. Para Mackie a relatividade dos valores é o que se encontra por trás de toda variabilidade de concepções morais distintas. Não existe um solo comum no qual diferentes comunidades poderiam partilhar princípios morais de primeira ordem, o que existe é um terreno movediço e inconstante de valores diversos e contingentes. Sendo assim, na moral o desacordo assume uma dimensão mais fundamental do que em outras áreas. Não se trata de aplicar princípios morais comuns a todos em distintas circunstâncias e sociedades, para Mackie disputas morais são disputas autênticas. A relatividade dos valores para Mackie é a explicação mais plausível para a natureza do desacordo moral e a argumentação que oferece menos compromissos epistêmicos e ontológicos fortes.

Contudo, um realista moral, ao estilo de David Brink, não precisa comprar a tese de que para termos uma objetividade no campo da moral todos os conflitos autênticos devem ser solucionados. Tal argumentação atrela o realismo moral a uma concepção que parece sustentar que em um determinado ponto da investigação chegaríamos ao fim e a solução de todos os conflitos, algo pofundamente implausível. Da mesma forma que nas ciências naturais não encontramos um horizonte final para nossas investigações científicas, é implausível que na ética encontremos tal ponto de repouso investigativo.

Brink argumenta de que nem todos os desacordos na moral são autênticos desacordos, dessa forma, estes são passíveis de serem solucionados. O realista moral para Brink precisa apenas assumir a existência de princípios morais de primeira ordem - princípios morais compartilhados - e que aplicados a distintas circunstâncias e lugares geram o desacordo. Mas a mera existência do desacordo não precisa ameaçar o realismo moral de forma definitiva. A moral não possue a mesma objetividade que opera no campo das ciências, pois é algo irredutivelmente humano, e se manifesta no domínio das ações e atitudes dos homens. Por sua essencia a moral é contingente. Contudo, a mera existência da contingência no domínio das ações não é suficiente para demitir toda a