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de 2012 Cria grupo de Trabalho Educação do Campo em Minas Gerais.

“Não basta saber ler que 'Eva viu a uva' É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu

Resolução 2.031, de 2012 Cria grupo de Trabalho Educação do Campo em Minas Gerais.

Decreto 46.218, de 2013. Cria a Comissão Permanente de Educação no Campo em Minas Gerais.

Decreto 46.233, de 2013. Altera o Decreto nº 46.218, de 16 de abril de 2013, que cria a Comissão Permanente de Educação do Campo em Minas Gerais.

Resolução 2.606, de 2014, da Secretaria de Estado da Educação – SEE. Estabelece o valor per capita de bolsas aos alunos do ensino fundamental e médio do Programa de Apoio Financeiro às Escolas Família Agrícola (EFA) do Estado de Minas Gerais.

Resolução 2820 de 2015. Institui as Diretrizes para a Educação Básica nas escolas do campo de Minas Gerais.

Resolução 2.769, de 2015, da Secretaria de Estado da Educação – SEE. Estabelece, para o exercício de 2015, os critérios para a transferência de recursos financeiros aos municípios, para atendimento ao transporte escolar dos alunos de zona rural matriculados na rede estadual de ensino.

Resolução 2.774, de 2015, da Secretaria de Estado da Educação – SEE. Estabelece o valor per capita de bolsas aos alunos do ensino fundamental e médio do Programa de Apoio Financeiro às Escolas Família Agrícola (EFA) do Estado de Minas Gerais.

Resolução 684, de 2005, da SEE. Regulamenta o pagamento de bolsas aos alunos, de que trata o Programa de Apoio Financeiro às Escolas Família Agrícola do Estado de Minas Gerais.

Resolução 4116, de 2019 (SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO - SEE) Estabelece critérios e define procedimentos para inscrição, classificação e designação de candidatos para o exercício das funções públicas das escolas em áreas de assentamentos na Rede Estadual de Ensino da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG).

Fonte: Assembleia Legislativa de Minas Gerais (2019). Organização: Nogueira (2019).

Conforme foi apresentado nos quadros 3 e 4, muitas são as políticas norteadoras da Educação do Campo, contudo, ainda demanda maior comprometimento do Estado em institucionalizá-las. Neste contexto, observou-se que enquanto nos níveis de ensino que são de responsabilidade dos municípios, o fechamento de escolas é constante, no cenário nacional no que diz respeito aos cursos técnicos a realidade é oposta, nos últimos anos houve um crescimento na criação de Institutos Federais com cursos técnicos agrícolas em diferentes habilitações, e no Triângulo Mineiro estes cursos são predominantemente ligados ao agronegócio.

4.3 A dupla face do “agro” na expansão dos cursos técnicos agrícolas em contraponto com o fechamento de escolas no campo no Triângulo Mineiro

A educação é sem dúvidas parte da luta pela terra, não a Educação oferecida nos moldes do Estado, mas a almejada pelos povos do campo, como ferramenta na construção e fortalecimento da sua identidade. Trata-se de uma contradição permanente entre duas construções frágeis, pois tanto a Educação do Estado quanto a Educação dos Movimentos Sociais apresentam limitações e aspectos que se contrapõem ideologicamente. Segundo Ramos Filho (2013, p. 37),

a intensificação de um suposto dinamismo do setor do agronegócio agiria como vetor impactante na redução da pobreza, mediante a geração de empregos assalariados. Assim, propõe ações que buscam na realidade garantir custos mais baixos de produção para este setor mediante políticas governamentais de controles cambiais, realização de um modelo de reforma trabalhista rural que viabilize uma precarização ainda maior do trabalho, bem como investimentos públicos na educação rural. Neste último, a preocupação não é viabilizar um direito universal e promover a escolarização, capacitação, qualificação, formação e politização dos pobres rurais com vistas à construção de sua autonomia, mas, efetivamente, busca-se escolarizar os pobres do campo para que domine um determinado ofício ou conhecimentos básicos que serão necessários ao trabalho nas fazendas, escritórios ou cozinhas das corporações que atuam e controlam a agricultura comercial e suas agroindústrias.

Neste sentido, pode-se afirmar que, não apenas o projeto educacional nas escolas, mas que também os Institutos e Universidades Federais são uma extensão concreta do Estado. Basta que se observe onde se concentram, quais os cursos e sob qual perspectiva de desenvolvimento estão alicerçados. As instituições que representam o Estado são capturadas por segmentos que compreendem e defendem o campo/rural apenas como lócus da produção e não como lugar de reprodução da vida.

Ao passo que milhares de escolas no campo – prioritariamente, municipais e de ensino fundamental - são fechadas, os Institutos Federais continuam se expandido com ensino médio, técnico e superior em unidades mantidas em áreas rurais. Segundo o MEC (2016), de 1909 a 2002, foram construídas apenas 140 escolas técnicas no país, contudo, entre 2003 e 2016, foram construídas mais de 500 novas unidades, seguindo o plano de expansão da educação profissional, totalizando 644 campi em funcionamento, a maior expansão de toda sua história. Neste mesmo período (2003 a 2016) foram fechadas cerca de 37 mil escolas no campo.

São 38 Institutos Federais presentes em todos estados, oferecendo cursos de qualificação, ensino médio integrado, cursos superiores de tecnologia e licenciaturas. Essa Rede ainda é formada por instituições que não aderiram aos Institutos Federais, mas também oferecem educação profissional em todos os níveis. São dois Cefets, 25 escolas vinculadas a Universidades, o Colégio Pedro II e uma Universidade Tecnológica. (MEC, 2016)

Leite (1999) aponta que os programas de Extensão Rural surgiram como uma possibilidade de transformar o rurícola brasileiro, mediante eficaz e intensivo programa educativo de base e por meio de muita persuasão. O autor afirma que os camponeses eram incentivados a usarem recursos técnicos para aumentar sua produtividade. “Neste contexto constatamos a penetração incisiva da Extensão Rural e sua ideologia no campo, substituindo a professora do ensino formal pelo técnico [...]” (LEITE, 1999, p.42).

Motta, Olinto e Oliveira (2009, p. 222) corroboram, neste sentido, ao ressaltarem que “o ano de 1946 seria decisivo para a consagração, no Brasil, da Educação Rural enquanto ramo ‘especial’ e hierarquizante de Ensino [...]”

A aprovação pelo Ministério da Educação da Lei Orgânica do Ensino Agrícola (LOEA) alijaria, definitivamente, este setor educacional da rede primária regular, mantendo-o sob tutela da Pasta da Agricultura, muito embora coubesse ao MEC a prerrogativa exclusiva de estipular suas diretrizes em âmbito nacional. A partir daí, iria operar-se uma inflexão categórica nas práticas de Educação Rural destinada à qualificação da força de trabalho no campo sob a capa ‘missionária’ da ‘difusão do princípio de desenvolvimento comunitário’, com vistas a combater o marginalismo e educar os adultos, antes de tudo para que o país possa ser mais coeso e solidário. Sempre sob a assessoria e treinamento de técnicos norte- americanos implementou-se, celeremente, a partir de fins da década de 1940, toda uma rede de agências e práticas ligadas ao Extensionismo Rural visando difundir, em larga escala, conhecimentos sobre técnicas de cultivo, tipos de sementes, etc.

Ao longo da história do capitalismo, a necessidade de qualificação em determinadas áreas vai sendo direcionada pelo mercado e institucionalizada pelo Estado. Neste sentido, Ribeiro (2010) considera que os técnicos agrícolas, foram importantes mediadores da modernização da agricultura, uma vez que eram estes, os sujeitos que por meio da assistência técnica eram responsáveis por divulgar produtos que pudessem criar dependência de uso nos cultivos dos pequenos agricultores. Conforme apontam Motta, Olinto e Oliveira (2009, p. 228),

o Extensionismo Rural praticado pelas agências de desenvolvimento - algumas delas ligadas ao próprio Ministério da Agricultura – passaria, então, a conotar todos os produtores dotados de alguma qualificação para o trabalho, nos moldes pregados pelos técnicos brasileiros e estadunidenses. Mas não apenas o trabalho do homem adulto e analfabeto, mas igualmente das mulheres - daí o surgimento de nova ‘disciplina de desenvolvimento’, a Economia Doméstica - e das crianças. (p. 223) Para tanto seriam utilizados todos os métodos de extensão possíveis, fossem visitas domiciliares; reuniões demonstrativas ou propaganda de massa, através de cartazes e folhetos de propaganda, supondo-se, com isso, estar atingindo o ‘amago’ do trabalho do extensionista: seu cunho fundamentalmente educacional [...]

Brotto (2013) ao traçar um breve histórico da Educação Profissional e Tecnológica no Brasil, aponta que ela foi iniciada em 1909 como Escola de Aprendizes Artífices. Inicialmente como instrumento de política voltado para as “classes desprovidas” (MEC, 2016a).

Ao longo da história destas instituições a nomenclatura foi sendo alterada, e em 1937, passou a ser denominada de Liceu de Artes e Ofícios. Posteriormente, em 1942, tornou-se Escola Industrial e Técnica; em 1978, Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET; em 1994, passou a ser chamado de Sistema Nacional de Educação Tecnológica; culminando na criação da Universidade Tecnológica em 2003, que, todavia, não chegou a atingir muitas localidades pois apenas 5 anos depois se consolidou a rede de Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (BROTO, 2013).

A educação rural e a formação de engenheiros e técnicos agrícolas no Brasil faz parte do projeto de expropriação da terra combinada à proletarização do agricultor. Neste contexto, o ensino federal gratuito e de qualidade, que une em um só nome a tríade do progresso: educação, ciência e tecnologia, representaria em sua essência a formação de mão de obra para as demandas do mercado que exigem qualificação rápida.

Dentre estas Instituições, destaca-se o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM), que em consonância com a Lei nº

11.892, de 29 de dezembro de 2008, foi criado por meio da integração dos antigos Centros Federais de Educação Tecnológica, Escolas Técnicas - CEFETs e Escolas Agrotécnicas. A Lei supracitada define os IFs da seguinte forma:

instituição de educação superior, básica e profissional, pluricurricular e multicampi especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas, nos termos desta Lei (BRASIL, 2008).

Atualmente, a estrutura organizacional do Instituto Federal do Triângulo Mineiro – IFTM é composta pelos campi Ituiutaba, Paracatu, Patos de Minas, Patrocínio, Uberaba, Uberlândia, Uberlândia Centro, os campi Avançados Uberaba Parque Tecnológico, Campina Verde, Ibiá, João Pinheiro, Paracatu e também pela Reitoria, localizada em Uberaba (IFTM, 2018).

Foi na década de 1980 que um novo cenário econômico e produtivo se estabeleceu, com o desenvolvimento de novas tecnologias, agregadas à produção e à prestação de serviços. Para atender a essa demanda, as instituições de educação profissional vêm buscando diversificar programas e cursos para elevar os níveis da qualidade da oferta. Cobrindo todo o território nacional, a Rede Federal presta um serviço à nação, ao dar continuidade à sua missão de qualificar profissionais para os diversos setores da economia brasileira, realizar pesquisa e desenvolver novos processos, produtos e serviços em colaboração com o setor produtivo. (IFTM, 2018)

Neste sentido, destaca-se no Quadro 5 os cursos oferecidos nos campus do IFTM, localizados no perímetro rural de municípios pertencentes ao Triângulo Mineiro.

QUADRO 5 - Cursos oferecidos nos campus do Instituto Federal do Triângulo Mineiro em 2018.

INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO - IFTM