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de Maio Colégio Sete de Janeiro

No documento Culturas escolares em Recife (1880-1888) (páginas 112-126)

Escola Particular - Rua Vidal de Negreiros - Mª do Carmo Colégio 25 de Março

Colégio de Santa Cruz

Institution française de Demoiselles Maria Brandão

Colégio de Santa Luzia Colégio Meira

Externato Rua da Penha 23 Colégio Onze de Agosto Internato Pernambucano Colégio Dois de Dezembro

Instituto Acadêmico

Escola particular de instrução primária para o sexo masculino -

Rua Velha 36

Aula Particular - Rua do Gervásio Pires n. 43 Instituto de Nossa Senhora do Carmo

Colégio de S. Luiz Gonzaga Colégio Americano – Instituto Inglês Pernambucano

112 Voltando ao Colégio Americano do Instituto Inglês de Pernambuco, os anúncios a respeito desse colégio, foram constantes no Diário entre janeiro de 1881 e fevereiro de 1883, quando o colégio mudou de endereço, da Estrada de João de Barros para a Rua Visconde de Albuquerque 254, conhecida como Rua do Hospício. A partir de 1884 a escola também deixou de aparecer na lista dos “Colégios de educação para meninos” dos “Almanaques Administrativo, Mercantil, Industrial e Agrícola da Província de Pernambuco”, mas, no edital publicado em 1886 pela Secretária da Instrução Pública de Pernambuco 255, convocando os professores a apresentarem os dados de seus alunos, constava o nome do professor William T Robinson.

Além do “Colégio Americano” do Instituto Inglês de Pernambuco, funcionou em Recife o “Colégio Americano para Instrução de Meninas”, sob a direção das professoras Maria Cândida Bandeira e sua irmã, Anna Pinto Bandeira de Magalhães. Estas professoras anunciaram, desde 1880, o novo método de ensino, somado a sua “longa prática” do magistério, como garantias de “sólida” educação para as alunas nos seguintes termos:

“O novo sistema de ensino adotado, (o americano) e, sobretudo a longa prática que têm as diretoras de magistério sempre nesta capital é a mais firme garantia de darem uma educação sólida e completa as suas alunas.” (grifo meu) 256

. Apesar do nome da escola fazer referência ao método americano, da divulgação feita pelos homens ilustrados a respeito do método em vários meios, e da historiografia do tema ser unânime em afirmar ser este um símbolo de modernidade pedagógica, para as professoras Maria Cândida e Anna Pinto– e, talvez, para os pais, mães e/ou responsáveis pelas alunas aos quais se destinava seus anúncios–,

254 Colégio Americano, Rua Visconde de Albuquerque, n. 28, Publicações a Pedido, Diário de

Pernambuco, Ano 59, n. 29, terça-feira, 6 de Fevereiro de 1883, p. 3, caixa/Rolo 139, FUNDAJ,

Recife – PE.

255

Ensino Particular, EDITAL, Diário de Pernambuco, Ano 62, n. 263, terça-feira, 16 de Novembro de 1886, p. 3-4, Caixa/Rolo 155, FUNDAJ, Recife – PE.

256

Colégio Americano para educação de Meninas, Rua do Imperador, 49, Diretora, Maria Candida Bandeira de Magalhães, auxiliada por sua irmã Anna Pinto Bandeira de Magalhães, Publicações a Pedido, Diário de Pernambuco, Ano 56, n. 15, terça-feira, 20 de janeiro de 1880, p. 3, Caixa/Rolo 127, FUNDAJ, Recife – PE.

113 a experiência bem sucedida, a prática, era a melhor fiança do seu trabalho, mais do que qualquer método.

O “Colégio Americano” das professoras Mª Cândida e Anna Pinto continuou sendo anunciado no Diário de Pernambuco até 1886, quando já gozava de antiguidade entre as instituições em funcionamento na cidade, sendo anunciado nos seguintes termos: “As aulas deste antigo e conceituado instituto para a educação de meninas abrem-se segunda-feira 11 do corrente. Recebe pensionistas, meio- pensionistas e externas”(grifo meu) 257

. O colégio também consta nas listas dos “Colégios de Educação de Meninas” publicadas nos “Almanaque Administrativo, Mercantil, Industrial e Agrícola da Província de Pernambuco”, publicados entre 1881 e 1885.

O Curso Minerva, Internato e Externato, situado na Rua do Imperador, nº 52, também anunciou utilizar o método americano. Em dezembro de 1886, o professor José Calasans de Assis, diretor do curso, fez publicar que:

“(...) tem empregado todos os esforços para adotar em seu curso o método americano, quer no ensino preparatório, quer no ensino primário, e eis o programa que pretende estabelecer: o curso primário é dividido em dois anos, constando o primeiro de rudimentos primários e ensino de coisas, método muito adotado em todos os países cultos” 258

.

Diferente do professor Robinson, o qual fez publicar anúncios sobre a contratação de professores americanos, materiais didáticos e professor de música, o professor Calasans não publicou nas terças-feiras (e em outros dias consultados), entre 1880 e 1888, no Diário de Pernambuco e nos deixou sem informações sobre sua trajetória com ou sem o método intuitivo.

O método Intuitivo ainda ocupou um lugar no currículo do Colégio Dois de Dezembro, publicado em janeiro de 1881, no Diário de Pernambuco, pelo bacharel José Bandeira de Mello e o professor José Ferreira da Cruz Vieira. O curso de instrução primária oferecido pelos professores durava três anos e era dividido em curso preliminar, elementar e complementar, da seguinte maneira:

257

Colégio Americano, Rua do Imperador, n. 43, Publicações a Pedido, Diário de Pernambuco, Ano 62, n. 8, terça-feira, 12 de Janeiro de 1886, p. 5, Caixa/Rolo 152, FUNDAJ, Recife – PE.

258

Curso Minerva, Internato e Externato, Rua do Imperador, n. 52, 1º Andar, Diário de Pernambuco, Ano 60, n. 300, terça-feira, 30 de dezembro de 1884, p. 4, Caixa/Rolo 146, FUNDAJ, Recife – PE.

114 “1º ANO CURSO PRELIMINAR

Exercícios de Intuição;

Religião – Primeiras orações do cristão, ideias fundamentais da moral cristã;

Leitura; Caligrafia;

Aritmética – as quatro operações sobre inteiros, por meio de contador mecânico;

Gramática – conhecimentos das diversas espécies de palavras pela vista dos objetos;

Desenho – desenho linear;

Ginástica – exercícios preliminares. 2º ANO CURSO ELEMENTAR Religião – Doutrina Cristã

Moral – Princípios de Moral aplicados pelo professor; Leitura – Leitura corrente de prosa e verso;

Caligrafia – Escrita corrente;

Aritmética – as quatro operações sobre inteiro, decimais e frações de sistema legal de pesos e medidas, problemas de uso comum;

Gramática – etimologia, ortografia, prática por meio do ditado; Geografia – Geografia do Brasil;

Ciências Naturais – Princípios de física e química; Higiene – curtas preleções pelo professor;

Desenho – Desenho linear e desenho a vista dos objetos de uso comum;

Ginástica – exercícios: 1º carreira cadenciada em zig-zag, em espiral e em cadeias ginásticas, 2º saltos a pé, 3º saltos em largura e altura, 4º cordas de noz, barras de esferas, etc.

3º ANO CURSO COMPLEMENTAR Religião – História Sagrada;

Civilidade – Preceitos

Leitura – Leitura da Constituição e dos deveres do cidadão, leitura e recitação de prosa e verso;

Caligrafia;

Aritmética – Proporções, regra de três e aplicações;

Gramática – Análise gramatical e lógica, exercícios de ortografia e redução;

Geografia – Princípios de Geografia universal e especialmente a do Brasil;

História – História do Brasil;

Ciências Naturais – Princípios Geral de Zoologia, botânica, fisiologia vegetal e mineralogia;

Agricultura – (ensino teórico e prático) noções de geologia, agricultura e culturas especiais mais usadas;

115 Higiene;

Desenho – desenho de ornatos, carta do Brasil e especialmente da província de Pernambuco;

Ginástica – Exercícios;

Francês – curso prático” (letra maiúscula do autor, sublinhados meus) 259.

Todo o programa iniciava-se com os exercícios de intuição e, segundo Gladys M. T. Auras 260, a palavra intuição foi introduzida no vocabulário pedagógico pelos pedagogos alemães, fazendo referência ao conhecimento sensível, alcançado através do contato material dos órgãos do sentido, com os objetos a respeito dos quais se deseja aprender. Segundo os pressupostos do método intuitivo, os sentidos– tato, paladar, audição e visão– seriam as portas para o conhecimento do mundo. O programa de ensino, ao começar pelos exercícios de intuição, pressupunha atividades através das quais as crianças eram estimuladas a observar e analisar os objetos concretos existentes em seu entorno ou colocados diante delas pelo professor.

Além dos exercícios de intuição a utilização de objetos como o contador mecânico nas aulas primárias também era uma recomendação contida nas cartilhas. Norma A. Calkins, em seu celebrado manual de “Primeiras Lições de Coisas”, prescreveu o uso desse aparelho nos “Primeiros Exercícios”:

“Lançando mão do contador, proceda o mestre, no começo, do modo que se vai esboçar. Mova uma esfera de cada vez, exigindo que os alunos digam: - ‘Uma esfera e uma esfera são duas esferas; duas esferas e uma esfera, três esferas; três esferas e uma esfera, quatro esferas’, etc” 261

.

Embora o uso de instrumentos como o contador mecânico entre outros tenham sido divulgados pelos entusiastas do método intuitivo, em 1881 não era uma

259 Colégio Dois de Dezembro, Rua do Hospício, n. 53, Publicações a Pedido, Diário de Pernambuco,

Ano 57, n. 13, terça-feira, 18 de Janeiro de 1881, p. 2, Caixa/Rolo: 135, FUNDAJ, Recife – PE.

260

AURAS, Gladys Mary Teive. “Uma vez normalista, sempre normalista”: a presença do método de ensino intuitivo ou lição de coisas na construção de um habitus pedagógico (Escola Normal Catarinense – 1911-1935). (Doutorado em Educação) Universidade Federal de Santa Catarina, 2005, p. 136.

261

CALKINS, Norman A. Primeiras lições de coisas: manual de ensino elementar para uso dos pais e professores. In: BARBOSA, Rui. Obras Completas. Rio de Janeiro. Vol. XIII, Tomo I, 1886, p. 268.

Disponível em:

http://docvirt.com/docreader.net/docreader.aspx?bib=ObrasCompletasRuiBarbosa&pesq=Licao%20d as%20Coisas. Ultimo acesso em: 30 de Agosto de 2012.

116 novidade pedagógica, pois Feliciano de Castilho, desde 1853, já recomendava a utilização desse objeto como suporte “aos primeiros exercícios de contagem vocal”. Castilho recomendava aquele aparelho por ele reunir “a vantagem de exercitar e prender a atenção dos alunos, a de tornar desde logo concreta a ideia abstrata de numeração” 262

.

Para os entusiastas do método intuitivo o uso de aparelhos desse tipo não era recomendado por tornar concretos conceitos abstratos e, sim, porque para se chegar a conceitos abstratos, seria necessário passar pelos concretos. A ideia não seria ligar o educando a concretude “das coisas”, mas torná-lo apto a, partindo da concretude das coisas, mergulhar no mundo do abstrato.

262

CASTILHO, António Feliciano de. Método Castilho para o ensino rapido e aprasivel do ler

impresso, manuscrito, e numeração e do escrever. - 2. ed. inteiramente refundida, aumentada, e

ornada de um grande numero de vinhetas. - Lisboa: Impr. Nacional, 1853, p. 274 e 276. Disponível em: http://purl.pt/185. Último Acesso 30 de Agosto de 2012.

117

Imagem 14: Contador Mecânico, suporte didático sugerido desde 1850 para o ensino da

matemática

Fonte: CASTILHO, António Feliciano de. Método Castilho para o ensino rápido e aprazível do ler impresso, manuscrito, e numeração e do escrever. - 2. ed. inteiramente

refundida, aumentada, e ornada de um grande numero de vinhetas. - Lisboa: Impr. Nacional, 1853, p. 275. Disponível em: http://purl.pt/185. Último Acesso 30 de Agosto de 2012.

O ensino da “gramática” pelo “conhecimento das diversas espécies de palavras pela vista dos objetos” também é uma prescrição contida na cartilha de Norman A. Calkins. Segundo ele, o ensino da leitura deveria ser iniciado chamando a atenção dos alunos para algum objeto cujo aspecto, nome e uso lhes fossem familiares. Em suas palavras, a sequência das primeiras lições de alfabetização das crianças devia ocorrer da seguinte forma:

“(...) nas primeiras lições de leitura, se mostrará o objeto, discorrendo a seu respeito, e proferindo-lhe o nome; após o que exigirá o mestre uma estampa desse objeto, ou o desenhará no quadro preto, induzindo os alunos a notarem como essa é a imagem ou a pintura dele. Em seguida se lhe imprimirá por inteiro o nome no quadro preto, ou apresentará impresso numa carta, ou mapa. Então aprenderá o discípulo a

118 distinguir o objeto, a sua imagem e a palavra que o nomeia (...)” (grifos em itálico do autor) 263

.

Antes de começar a ensinar as letras das palavras, as crianças deveriam ser postas em contato com muitas palavras, deixando claro serem as palavras “símbolos dos sons, das coisas e dos pensamentos” 264

. E apenas quando as crianças já estivessem familiarizadas com um número suficientemente grande de palavras, iniciariam os processos de decomposição das palavras em sílabas/sons e letras.

No Colégio Dois de Dezembro, de acordo com o currículo do “curso de instrução primária” publicado pelos professores, no tocante ao ensino de gramática, todo o primeiro ano deveria ser dedicado a conhecer novos tipos de palavras. No segundo ano, no “Curso Elementar”, eles seriam apresentados a “etimologia, ortografia e prática do ditado” e no terceiro, no “Curso Completar” finalmente se fariam “análise gramatical e lógica, exercícios de ortografia e redução”.

O desenho também assumia um papel fundamental no método intuitivo. Através de sua prática, desde os primeiros anos de aprendizado, as crianças estariam educando seus olhos e mãos, sendo também preparadas para a diversidade de suas aplicações no futuro, como o disse Valdermarian:

“(...) se o objetivo do método intuitivo é atingir um grau de aprendizagem que seja demonstrado em construções e trabalhos elaborados pelos alunos, nessa faixa etária específica, esse conhecimento pode ser amplamente avaliado por meio do desenho” 265

.

Assim como o desenho, as atividades físicas também desempenhavam um papel importante na rotina pedagógica e sua alternância com as atividades em sala de aula tendiam a criar pontos de equilíbrio. A ginástica elencada como parte do currículo de todos os níveis do programa de ensino primário do colégio Dois de

263

CALKINS, Norman A . Primeiras lições de coisas: manual de ensino elementar para uso dos pais e professores. In: BARBOSA, Rui. Obras Completas. Rio de Janeiro. Vol. XIII, Tomo 1, 1886, p. 422

Disponível em:

http://docvirt.com/docreader.net/docreader.aspx?bib=ObrasCompletasRuiBarbosa&pesq=Licao%20d as%20Coisas. Ultimo acesso em: 30 de Agosto de 2012.

264 Idem, p. 423. 265

VALDEMARIN, Vera Teresa. O método intuitivo: os sentidos como janelas e portas que se abrem para um mundo interpretado. In: SAVIANI, Dermeval; ALMEIDA; Jane Soares de; SOUZA, Rosa Fátima de & VALDEMARIN, Vera Teresa. O legado educacional do século XIX. Campinas: Editores Associados, 2006.

119 Dezembro seria responsável por proporcionar um contrapeso necessário às atividades intelectuais das crianças, além de ser mais um momento de educar os sentidos como tato, visão e audição.

No clássico livro “Arruar: história pitoresca do Recife Antigo” 266, Mario Sette

introduziu o capítulo no qual se dedicou a dissertar a respeito da educação nos tempos do Império com uma gravura do Internato Pernambucano, quando este ainda funcionava em um casarão na Ponte de Uchoa 267, na qual se viam crianças praticando esportes, brincando de roda, andando de bicicleta etc. Na legenda ele interpretou que aquela cena dizia respeito ao horário do “recreio” das crianças.

Imagem 15: Internato Pernambucano, em Ponte de Uchoa

Fonte: SETTE, Mario. Arruar: história pitoresca do Recife Antigo. Recife: Governo do

Estado de Pernambuco/Secretaria de Educação e Cultura, 1978, p. 288-289.

266

SETTE, Mario. Arruar: história pitoresca do Recife Antigo. Recife: Governo do Estado de Pernambuco/Secretaria de Educação e Cultura, 1978, P. 288’‘289.

267 O Internato Pernambucano sob a direção de Manoel Alves Viana funcionou de 1876 até 1882 em

uma chácara na Ponte de Uchoa, quando foi transferido para o edifício de n. 55 da Rua do Hospício. In: Transferência de Colégio, Publicações a Pedido, Diário de Pernambuco, Ano 58, nº. 36, terça- feira, 14 de Fevereiro de 1882, Caixa 135, p. 3, FUNDAJ, Recife – PE.

120 A gravura utilizada por Mario Sette é uma republicação e faz referência imediata àquela publicada pelo professor Manoel Alves Viana em fevereiro de 1881:

Imagem 16: Internato Pernambucano, em Ponte do Uchoa, nº 21, fundado em 1879 pelo

professor Manoel Alves Viana.

Fonte: Internato Pernambucano, Publicações a Pedido, Diário de Pernambuco, ano 57, n.

36, terça-feira, 15 de fevereiro de 1881, p. 3, Caixa/Rolo 131, FUNDAJ, Recife – PE.

Podemos perceber que a gravura reproduziu, em primeiro plano, algumas das práticas de ginástica descritas pelos professores do Colégio Dois de Dezembro, como a carreira cadenciada em zig zag, em espiral e em cadeias ginásticas sob a supervisão de um adulto à esquerda, entre os canteiros e a escada de entrada do prédio, jogo de pula corda praticado pela criança próxima ao rapaz na bicicleta, barras de esferas praticado por dois meninos sob a supervisão de um adulto próximo ao grupo de cinco meninos em uma roda. No mais, ginástica foi um dos conteúdos aos quais o professor Viana fez menção através de anúncios:

“Internato Pernambucano

121 Instrução primária, secundária, conversação das línguas inglesa e francesa, música, piano e ginástica” (grifos em negrito do autor) 268.

Embora o professor Manoel não tenha incluído nenhuma informação sobre seu método de ensino em seus anúncios, a gravura escolhida para fazer a propaganda de sua escola fez referência a uma aula de educação física ou ginástica realizada ao ar livre.

Imagem 17: Possíveis exercícios de educação física orientados pelos professores

Fonte: Internato Pernambucano, Publicações a Pedido, Diário de Pernambuco, ano 57, n.

36, terça-feira, 15 de fevereiro de 1881, p. 3, Caixa/Rolo 131, FUNDAJ, Recife – PE.

Tão amplo quanto o programa anunciado do Colégio Dois de Dezembro, foi o programa de ensino anunciado pelo Instituto Dezenove de Abril, sob a direção do diretor Augusto Porto Carreiro, em dezembro de 1886. Em sua escola o curso primário era dividido em quatro anos e as matérias se distribuíam da seguinte forma:

“4ª Série

1º Leitura corrente, interpretativa de prosa e verso. Declamação.

2º Aritmética – Proporções e suas aplicações. 3º Caligrafia até letra de fantasia.

4º Geometria: noções aplicadas a arquitetura. 5º Gramática: sintaxe.

6º Redação: exercícios originais.

7º Noções generalíssimas de Geologia. 8º Noções de Geografia.

9º Noções de História do Brasil.

268

Internato Pernambucano, Rua do Hospício, n 55, (Onde foi o colégio dos jesuítas), Publicações a Pedido, Diário de Pernambuco, Ano 61, n. 175, terça-feira, 4 de Agosto de 1885, p. 5, Caixa 150.

122

3ª Série

1º Leitura corrente de prosa e verso. 2º Aritmética: Frações e metrologia 3º Caligrafia até cursivo.

4º Desenho linear: problemas sobre as figuras em geral. Estudo de sólidos.

5º Gramática: Lexicologia, análise lexicológica.

6º Exercícios de redação. Descrição de quadros e paisagens. 7º Noções de Física e Meteorologia.

8º Noções de Cosmografia.

2ª Série

1º Leitura corrente de prosa.

2º Aritmética. Operações fundamentais. 3º Caligrafia até bastardinho.

4º Lições de coisas aplicadas á geometria. 5º Gramática: Prosódia e ortografia; análise. 6º Religião.

1ª Série

1º Leitura até soletração.

2º Lição de coisas aplicadas a Aritmética. 3º Caligrafia até bastardo” (grifos meus) 269

.

No currículo do curso primário de sua escola, o professor Augusto Porto Carreiro também incluiu as “lições de coisas”, associando o novo método ao ensino de aritmética e geometria e apenas nos dois primeiros anos do ensino primário.

Outra escola a adotar em seu currículo a “Lição das Coisas” foi o “Curso Primário e Preparatório”, em funcionamento na Rua da Imperatriz n. 15, sob a direção do professor Manuel Chrysogno da Silva Braga. Esta escola tinha um programa de ensino mais sintético se comparado aos das outras instituições de ensino já abordadas até o presente (provavelmente porque se tratava de um curso, e não de uma escola ou colégio), e era composto por apenas dez aulas, as quais eram ministradas pelo diretor da instituição, auxiliado por dois outros professores:

“1ª Aula: Leitura 2ª Aula: Declamação

3ª Aula: Gramática, teórica e prática

4ª Aula: Aritmética, teórica e prática do sistema métrico 5ª Aula: Geografia

6ª Aula: História Natural e lições sobre as coisas

269

Instituto Dezenove de Abril, Exames da Aula Infantil, Publicações a Pedido, Diário de

Pernambuco, Ano 62, n. 281, terça-feira, 7 de Dezembro de 1886, p. 3, Caixa 155, FUNDAJ, Recife – PE.

123 7ª Aula: Geometria

8ª Aula: Desenho Linear 9ª Aula: Doutrina Cristã

10ª Aula: Caligrafia.” (grifo meu) 270.

Entre as possibilidades para o uso das “lições das coisas”, o professor Manuel Chrysogno escolheu associá-la a história natural. Segundo Valdemarin, uma consequência da utilização dos pressupostos do método intuitivo era a inclusão das ciências da natureza na escola primária 271. Com o ensino centrado em experiências práticas, a sala de aula ideal para a aplicação das lições de coisas deveria torna-se um mini-laboratório científico no qual os alunos deveriam aprender testando, experimentando, trabalhando com os jogos e formas, cores, letras, cartas geográficas, etc.

Aliás, o professor José Marques Acauá Ribeiro, ao incluir “Lições de Coisas” no programa de ensino de sua escola, não o associou a nenhuma outra disciplina. O curso primário do Ateneu Brasileiro foi divido em dois anos e da seguinte forma:

“PROGRAMA DO CURSO PRIMÁRIO 1ª Série

Leitura, Caligrafia, Gramática Portuguesa elementar, Aritmética elementar, Noções gerais de Geografia.

2ª Série

Leitura, Cartografia do Brasil, Noções de História do Brasil, Lição das Coisas, Desenho Linear, Português.” (grifos em

No documento Culturas escolares em Recife (1880-1888) (páginas 112-126)