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DEBILIDADES ESTRUTURAIS DO MERCADO DE TR AIS DO MERCADO DE TR AIS DO MERCADO DE TR AIS DO MERCADO DE TRABALHO ABALHO ABALHO ABALHO

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DEBILIDADES ESTRUTURAIS DO MERCADO DE TRAIS DO MERCADO DE TRAIS DO MERCADO DE TRAIS DO MERCADO DE TRABALHOABALHOABALHO ABALHO

No mercado de trabalho em Portugal continua a persistir um conjunto de características estruturais que manifestam alguma rigidez comportamental, colocando problemas à competitividade do país e à qualidade e sustentabilidade do emprego e, ao mesmo tempo, têm dificultado a transição deste para um modelo económico baseado no conhecimento, inovação e tecnologia.

“A qualificação dos portugueses, valorizando o conhecimento, a ciência e a tecnologia e a inovação, bem como a promoção de níveis elevados e sustentados de desenvolvimento económico e sociocultural e de qualificação territorial, num quadro de valorização da igualdade de oportunidades e do aumento da eficiência e qualidade das instituições públicas”. Estes são os desígnios estratégicos para o período 2007-2013 eleitos, no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), com o objetivo de retomar a trajetória de convergência real da economia portuguesa face aos padrões médios europeus.

O baixo nível de potencial humano (manutenção de baixos níveis de habilitação escolar e de qualificação da sua mão de obra), perfila-se como uma das principais debilidades estruturais da população portuguesa que, não obstante os progressos dos últimos 30 anos, apresenta diferenciais significativos relativamente à UE. A percentagem de jovens que, em Portugal, abandonaram prematuramente a escola, ascendia, em 2010, a 28,7%, contra os 14,1% da UE27. Por outro lado, a percentagem de jovens diplomados com o ensino secundário ou superior (58,7%) é ainda baixa comparativamente com a UE27 (79,0%).

O nível de participação em formação profissional é, também, inferior em Portugal, dado que em 2010, cerca de 5,8% da população adulta participou num curso de formação, ao passo que na UE27 esse valor é de 9,1%. Sabendo-se que são os trabalhadores menos qualificados e os mais idosos que mais dificuldades demonstram no acesso à formação profissional, a situação no nosso país torna-se ainda mais grave.

A existência de desajustamentos entre competências oferecidas e procuradas é uma outra debilidade do mercado de trabalho em Portugal. A título de exemplo, podemos referir que são os diplomados do ensino superior que têm engrossado o desemprego mais qualificado. Os licenciados em áreas estratégicas como a matemática, ciência e tecnologia são insuficientes e, aqueles que têm uma fraca procura da estrutura produtiva, nomeadamente das áreas das ciências humanas, são excessivos. Por outro lado, continua escassa a oferta em formações intermédias e tecnológicas, que são muito procuradas pelas empresas.

O tecido produtivo e empresarial é composto, principalmente, por pequenas e muito pequenas empresas e o padrão de especialização da economia assenta em atividades de baixo valor acrescentado, com fraca incorporação de conhecimento e inovação nos produtos e processos. O tecido produtivo e empresarial é pouco recetivo à inovação, oferece reduzidas possibilidades de formação aos seus trabalhadores, é deficiente na adaptabilidade e sustentabilidade e caracteriza-se pelo recrutamento de pessoal pouco qualificado.

Os jovens saídos precocemente do sistema educativo e não qualificados, as mulheres, os ativos com mais de 45 anos, os desempregados de longa duração e os detentores de baixos níveis de qualificações, sentem dificuldades

acrescidas de (re)inserção no mercado de trabalho, não obstante as medidas de política de carácter inclusivo que têm vindo a ser adotadas para corrigir essa desvantagem, face à restante população. No caso dos jovens, a situação é particularmente preocupante, porque se tem vindo a assistir a um continuado aumento da taxa de desemprego juvenil, que mais que duplica face à do desemprego global, e que tanto atinge os menos como os mais qualificados. É igualmente junto deste segmento etário que as alternâncias entre emprego e desemprego são mais frequentes e a instabilidade no trabalho tende a ser maior. A componente de longa duração (estrutural) do desemprego tem vindo a acompanhar a evolução crescente do desemprego e tem contribuído para a deterioração do seu perfil qualitativo e, quanto mais se prolonga no tempo, mais difícil se torna o retorno ao trabalho. Este fenómeno é particularmente representativo junto dos adultos com 45 e mais anos, das mulheres e dos menos escolarizados e qualificados.

São conhecidas as assimetrias regionais, consubstanciadas nos binómios litoral/interior e urbano/rural e em termos da evolução e estrutura do emprego/desemprego. O Norte tem sido particularmente atingido com um agravamento do desemprego, a sofrer os efeitos da especialização do tecido produtivo e do baixo nível de qualificação da mão-de-obra, por um lado, e dos processos de reestruturação sectorial e deslocalização de empresas, por outro.

No plano sectorial, a economia nacional tem vindo a evoluir no sentido da terciarização, com os Serviços a criar emprego, mas a níveis inferiores à UE. O sector agrícola continua a deter um peso ainda elevado na estrutura global do emprego. A composição sectorial mostra também o predomínio de atividades tradicionais, intensivas em mão- de-obra e com um baixo grau de aplicação de tecnologias de informação e comunicação.

O trabalho por conta própria ou independente, em Portugal, continua significativo e é um dos mais elevados no seio da UE. Numa situação de economia desfavorável, o volume de trabalhadores independentes tende a aumentar com a particularidade de que muito deste empreendedorismo surge de uma necessidade concreta de resolver um problema de emprego (em sectores de serviços de baixo valor acrescentado e com baixas taxas de sobrevivência e crescimento reduzidos), e não tanto de projetos inovadores que valorizem as oportunidades de negócio em áreas tecnológicas.

As diferentes formas de trabalho atípico e precário, que compõem o emprego não permanente, continuam a assumir um peso elevado no funcionamento do mercado de trabalho. Com uma forte componente de instabilidade socioprofissional associada, condicionam os projetos de vida dos assalariados portugueses.

É importante destacar, na caracterização do emprego em Portugal, o pouco significado do emprego a tempo parcial, face aos padrões médios europeus, onde uma percentagem considerável de trabalhadores, principalmente mulheres, exercem a sua atividade com este regime de trabalho.

As debilidades estruturais enunciadas, que urge rapidamente alterar, têm sustentado o modelo da subqualificação do mercado de trabalho português que, a persistirem no tempo, dificultam a trajetória de convergência real da economia portuguesa aos níveis de produtividade e competitividade europeus, num contexto de alargamento comunitário e de globalização dos mercados à escala mundial.

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