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No dia 10 de agosto de 2005, em sua 353a, vistos, relatados e discutidos os autos, em conformidade com os votos e as notas eletrônicas, acordaram a Presidente e os Conselheiros do Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE – por unanimidade, aprovar as operações, com restrições. O Plenário determinou, por maioria, nos termos do voto do Conselheiro Relator (Ricardo Vilas Bôas Cueva), cumulativamente: (a) a alteração do contrato referente à mina Casa de Pedra, para que sejam dele excluídas, por anticoncorrenciais, todas as cláusulas de preferência incidentes sobre a mina de Casa de Pedra, tanto para o mercado doméstico como para o mercado internacional; (b) deverá ser unificada a participação direta ou indireta da Companhia Vale do Rio Doce na MRS Logística S/A, vinculada ao acordo de acionistas da MRS Logística que organiza o seu controle, em uma mesma pessoa jurídica. Até que se unifique essa participação, a Companhia Vale do Rio Doce deverá aceitar que a aprovação das matérias elencadas no Acordo de Acionistas da MRS Logística S/A, quando a Companhia Vale do Rio Doce não votar por sua aprovação, só deixe de ocorrer caso um outro acionista vinculado ao acordo de acionistas também não aprove tal matéria; (c) de modo a garantir a efetividade do comando constante do item (b) acima que a Companhia Vale do Rio Doce abstenha-se de vincular ao acordo de acionistas, que organiza o controle da MRS Logística S.A. em vigor, ações ordinárias decorrentes da conversão de ações preferenciais classe B, (i) de modo a que a

ele vinculadas, ou (ii) em pessoa jurídica outra que não a que vier a ser titular da participação atualmente vinculada a tal acordo, nos termos do item (b) acima; ou como alternativa às determinações cumulativas elencadas nos itens (a), (b) e (c) acima, o Plenário determinou, por maioria, que as Requerentes possam: (d) optar pela desconstituição integral do Ato de Concentração nº 08012.002838/2001-08 (Ferteco), alienando todos os ativos adquiridos na operação, bem como aqueles ativos adquiridos posteriormente à compra, mas necessários ao pleno funcionamento da Ferteco. Conforme o publicado, as Requerentes deveriam, no prazo de 30 (trinta) dias, contados a partir da publicação do Acórdão, comprovar perante o CADE o cumprimento das determinações contidas nos itens (a), (b) e (c) acima ou informar a escolha da alternativa elencada no item (d) acima. Caso optassem pela alternativa disposta no item (d), as Requerentes teriam 90 (noventa) dias, contados a partir da data em que o CADE foi informado da escolha desta alternativa, para reunir o conjunto de ativos adquiridos com a Ferteco Mineração S/A, auditá-los e avaliá-los por meio de empresa independente e idônea, e apresentá-los ao CADE, para, se aprovado pelo Plenário, aliená-los em oferta pública a compradores independentes da Companhia Vale do Rio Doce, direta e indiretamente, e que não mantenham com a Requerente qualquer relação societária e/ou corporativa. O não cumprimento das determinações acima, nos prazos acima dispostos, sujeitaria as Requerentes à aplicação de multa diária no valor de 50.000 (cinqüenta mil) UFIRs, dada a situação econômica das Requerentes, sem prejuízo da instauração de processo administrativo ou da execução judicial da decisão tomada (art. 60 e seguintes da lei nº 8.884/94). Adicionalmente às determinações acima, o Plenário determinou ainda, por unanimidade, que fossem encaminhados à ANTT, à ANTAQ e à SDE/MJ cópia da decisão, para que tais órgãos, no exercício de suas competências legais, tomassem as providências que julgassem cabíveis com relação às eventuais denúncias de abuso de poder econômico, notadamente no âmbito dos mercados ferroviários e portuários. O Plenário, por unanimidade, determinou o cumprimento da decisão, nos termos do voto do Conselheiro Relator (D.O.U., 2005).

Participaram do julgamento a Presidente Elizabeth Maria Mercier Querido Farina e os Conselheiros Roberto Augusto Castellanos Pfeiffer, Luiz Alberto Esteves Scaloppe, Ricardo Villas Bôas Cueva, Luis Fernando Rigato Vasconcellos e Luiz Carlos Thadeu Delorme Prado. Esteve presente o Procurador-Geral Substituto Mauro

César Santiago Chaves (Diário Oficial da União – D.O.U. – pág. 30 de 25 de agosto de 2005).

Há uma coisa importante a ser ressaltada aqui, a respeito da decisão do CADE. Segundo a CVRD, informação disponível no site da empresa, especificamente no

link<www.cvrd.com.br/saladeimprensa/pt/releases/release.asp?id=15546>, publicada no dia 20 de dezembro de 2005, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1a Região (Brasília) decidiu no dia 19 de dezembro de 2005, não acolher a solicitação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) pedindo a revogação da liminar que suspendeu os efeitos da decisão administrativa do Conselho. O TRF-DF entendeu estar correta a decisão liminar. Com essa decisão, de acordo com a CVRD (CVRD, 2005) “ficou suspensa a obrigatoriedade da CVRD de alterar o contrato assinado e em vigor

entre a mineradora e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), referente à mina de Casa de Pedra, para dele excluir as cláusulas de preferência incidentes sobre a mina, tanto para o mercado doméstico como para o mercado internacional”.

Também ficou suspensa “a obrigatoriedade de optar, no prazo de 30 dias, entre

a alteração no contrato de Casa de Pedra e a alienação dos ativos adquiridos com a operação de compra da Ferteco, bem como aqueles ativos adquiridos posteriormente à compra, mas necessários ao pleno funcionamento da Ferteco” (CVRD,2005).

A CVRD ingressou, no dia 07 de novembro, com Mandado de Segurança questionando o procedimento de votação do CADE no processo administrativo que julgou o descruzamento de participações societárias entre Vale e CSN, no dia 10 de agosto de 2005. Acatando os argumentos da Vale, o Juiz da 20a Vara Federal de Brasília-DF, no dia 10 de novembro de 2005, concedeu liminar à empresa, suspendendo os efeitos da decisão administrativa do CADE, por entender que a Presidente do Conselho não tem o direito de votar duas vezes na mesma sessão de julgamento como se diz ter ocorrido. O CADE recorreu no dia 07 de dezembro, buscando revogar a liminar junto ao TRF-DF., entretanto, permanece em pleno vigor o contrato de direito de preferência da Vale sobre a mina de Casa de Pedra da CSN (CVRD,2005).

CAPÍTULO 6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados obtidos desta pesquisa deixam claro que a Companhia Vale do Rio Doce, que opera há quase 64 anos, principalmente no setor de mineração, foi consolidando seu perfil empresarial ao longo do tempo. Até os anos 80, como resultado de sua política de diversificação de atividades implementada na década anterior, a CVRD assumiu a posição de maior exportador de minério de ferro, conforme mencionado e demonstrado no presente trabalho.

Na época de sua privatização, em 1997, a CVRD era um dos Sistemas Globais que o Brasil possuía, com capacidade autônoma de atrair investimentos e financiamentos externos, de realizar parcerias estratégicas e de manter uma inserção competitiva num mercado internacional altamente oligopolizado, segundo Tavares (1997), razão por que o processo de privatização da CVRD foi objeto de resistência de setores importantes da própria elite brasileira. A Vale era uma das ferramentas fundamentais para o planejamento estratégico do desenvolvimento brasileiro.

Dito isso, passa-se a discutir, neste capítulo, passo a passo, a probabilidade da CVRD como empresa privada, criar exercício de monopólio no mercado de minério de ferro dentro do Brasil, dada à sua expansão no território nacional, com base nos dados e informações obtidos da pesquisa.