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4.7 A CVRD e a Estruturação do Conglomerado Empresarial (Anos 80)

4.7.2 Outros Empreendimentos

Ouro

As primeiras iniciativas da CVRD no setor aurífero remontam a meados dos anos 70, quando foram iniciados os estudos tecnológicos para o aproveitamento do ouro encontrado em associação com o minério de ferro de suas reservas em Itabira. Foi, contudo, na década de 1980, com a divulgação dos primeiros resultados das pesquisas realizadas pela Docegeo nos depósitos de minério aurífero por ela descobertos em 1978 no nordeste da Bahia (na chamada faixa Weber, entre os municípios de Araci e Teofilândia), que o ouro passou a figurar como uma alternativa atraente de investimento para a Companhia (CVRD, 1992).

Em 1983, paralelamente aos investimentos no desenvolvimento do Projeto Ouro Itabira, a CVRD contratou uma empresa de engenharia nacional, a Paulo Abib, para viabilizar a lavra, pelo processo de céu aberto, das jazidas de Fazenda Brasileiro, nas proximidades de Teofilândia, e implantar instalações para a recuperação do metal pelo processo de lixiviação em pilha. Com capacidade para a produção anual de 500 quilos de ouro, o Projeto Fazenda Brasileiro iniciou suas atividades em novembro de 1984. Ao final de 1985, o total acumulado da produção bruta de ouro da Vale já somava 772 quilos, incluindo os 117 quilos produzidos em Itabira (Id).

Ainda em 1985, foi instituída no âmbito da CVRD a Superintendência de Metais Nobres (SUMEN), que passou a coordenar as atividades da empresa neste novo segmento. Entre outros projetos, a SUMEN foi encarregada do desenvolvimento da segunda fase do Projeto Fazenda Brasileiro, compreendendo a implantação da lavra subterrânea e de uma segunda planta de recuperação do metal, desta vez pelo processo CIP (Carbon in Pulp), de maior rendimento (Id).

Conforme o previsto, a mina subterrânea e a planta CIP da Fazenda Brasileiro começaram a operar em meados de 1988, com uma produção de 400 quilos de ouro bruto (Id).

Ainda em Minas Gerais, a CVRD iniciou, em 1988, a lavra subterrânea da jazida de Caetés e a implantação do Projeto Riacho dos Machados, para a exploração da jazida de Ouro Fino, descoberta pela Docegeo no norte do estado. Por essa época, estimulada com os novos achados da Docegeo na região de Antas, no município baiano

de Santa Luz, a Companhia deu início à implantação do Projeto Maria Preta, para a extração, pelo processo de lavra a céu aberto, de 500 toneladas anuais de minério e seu beneficiamento por processos de gravimetria e CIP. A planta de Maria Preta, dimensionada para gerar 700 quilos anuais de metal, foi inaugurada em julho de 1990 (CVRD, 1992).

A última frente aberta no setor aurífero foi o Projeto Igarapé Bahia, para a extração do ouro encontrado na região de Carajás. Já em 1988 foram produzidos, em escala experimental, 100 quilos de ouro. A produção bruta de ouro da CVRD entre 1985 e 1987 atingiu uma média anual de 630 quilos. Desde então, os volumes produzidos foram se elevando consideravelmente, atingindo 1,5 toneladas em 1988, do total da produção aurífera Brasileira de 56,4 t, e 2,8 toneladas em 1989, do total de 54,5 toneladas (Id).

Cobre

Tradicional importador de cobre, o Brasil dispendia elevadas somas com a aquisição do produto no exterior. Tendo em vista reverter esse quadro, a Vale do Rio Doce elaborou o projeto Cobre Salobo na região de Carajás. A descoberta do cobre de Carajás foi resultado de exaustivos levantamentos iniciados no final dos anos 60 e intensificados na década seguinte por técnicos da Docegeo, que culminaram com a localização, em 1977, de enorme reserva no igarapé de Salobo, avaliada em 1,2 milhões de toneladas (uma das maiores do mundo). A extraordinária dimensão da jazida, aliada ao alto teor de cobre do minério (0,85 %) - cinco vezes superior ao do extraído pela Caraíba Metais na Bahia estimulou a Companhia a planejar a exploração de Salobo (CVRD, 1992).

Em sua primeira fase, o projeto constou de pesquisas e análises do minério, do ponto de vista qualitativo e quantitativo. Foi constatado que, dada a sua dureza, a liberação de sulfetos de cobre ocorria a uma granulometria muito fina exigindo elevada energia de moagem. Essa característica tornava o minério de cobre de Salobo mais caro que o importado e requeria novos investimentos em pesquisas para viabilizar a redução dos custos de seu aproveitamento, de modo que ficasse atraente para os consumidores domésticos. Em 1980, cerca de 60% dos investimentos da CVRD na Docegeo destinaram-se ao projeto Cobre Salobo (Id).

Em relação ao volume da produção, procurou-se adequar a disponibilidade produtiva à real situação do minério. Foi estimada a extração de 6,9 milhões de toneladas anuais de minério de cobre, o que equivaleria a uma produção de cerca de 80 mil toneladas/ano do metal. A metalurgia do cobre seria processada pela Caraíba Metais na Bahia, uma vez que essa empresa, controlada do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), sócio da CVRD no projeto, era detentora da tecnologia da metalurgia e operava em grande parte com concentrados importados (Id).

Carvão Mineral

Apesar de seu reiterado interesse pela exploração de carvão mineral no Rio Grande do Sul, a Companhia Vale do Rio Doce pouco avançou nesse terreno na década de 1980. A assinatura de protocolo, em março de 1986, entre a CVRD e a empresa privada gaúcha Companhia de Pesquisas e Lavras Minerais (Copelmi) - a primeira do

ranking carbonífero brasileiro - para a constituição da empresa mineradora Passo de Areia S.A. não resultou em nada de concreto. A nova empresa, da qual a Vale participaria com 40% do capital, teria por objetivo a exploração da jazida de carvão metalúrgico de Santa Terezinha Osório e a de carvão energético de Guaíba. A empresa, contudo, acabou não sendo constituída (CVRD,1992).

Ao mesmo tempo em que se mostrava reticente em relação à exploração do carvão gaúcho, a Vale do Rio Doce estabeleceu, ainda em 1987, os primeiros contatos com o governo de Moçambique visando ao aproveitamento das jazidas de carvão mineral existentes naquele país africano, onde a CPRM (Companhia de Pesquisa dos Recursos Minerais) já havia efetuado trabalhos de pesquisa. Em agosto de 1989, foi assinado um acordo entre as partes para a elaboração de projeto de exploração - via complexo mina- ferrovia-porto - das reservas de carvão metalúrgico de Moatize, estima- das em 6 bilhões de toneladas, espalhadas por 3.200 quilômetros quadrados junto ao rio Zambezi. Segundo cálculos da CVRD, os investimentos deveriam chegar a 1,5 bilhão de dólares, desembolsados ao longo de cinco anos de trabalho. A produção fora estimada em 7 milhões de toneladas anuais de carvão metalúrgico, que se destinariam, em sua maior parte, para o Brasil, Japão e Itália(Id).

Níquel

As pesquisas desenvolvidas pela Docegeo em Carajás revelaram a existência de um potencial de minério de níquel superior a 100 milhões de toneladas, com teores entre 1,2 e 2,2 %, distribuídos nos depósitos do Vermelho, Onça e Puma. O depósito do Vermelho, descoberto em 1974, foi escolhido pela CVRD para o aproveitamento de 45 milhões de toneladas da reserva. Estimou-se uma produção de 1,6 milhão de toneladas anuais de minério e 20 mil toneladas/ano de níquel contido em ferro níquel, envolvendo investimentos da ordem de 150 milhões de dólares. A produção seria destinada basicamente ao mercado interno (MAYRINK, 2002).

Entretanto, a conjuntura recessiva provocou um desaquecimento da indústria mundial do níquel, organizando a formação de grandes estoques do produto e conseqüentemente a diminuição do ritmo de produção. Tal fato provocou uma retração nos investimentos, o que afetou o desenvolvimento do projeto de Vermelho, que acabou não entrando em operação na década de 1980 (Id).

Caulim

As descobertas em 1988 de duas jazidas de caulim no Pará - uma na região do rio Capim, com potencial de reserva da ordem de 170 milhões de toneladas, e outra na região de Almerim, com 50 milhões de toneladas - levou a CVRD a investir na pesquisa desse mineral, que vinha apresentando um emprego crescente no setor de celulose. No ano seguinte, a Companhia procedeu a estudos de caracterização em amostras de caulim, visando subsidiar as pesquisas geológicas para a avaliação de seu potencial em aplicações diversificadas (MAYRINK, 2002).

Em 1990, foi concluído um estudo de viabilidade técnico-econômica da jazida Capim 1, situada em São Domingos do Capim, que apresentou resultados satisfatórios quanto à qualidade e à competitividade do produto no mercado internacional, paralelamente, desenvolveram-se estudos destinados a aprimorar as diversas etapas do beneficiamento do caulim, inclusive a de calcinação. Ainda naquele ano, foi encerrada a avaliação de reservas nas áreas 1 e 6 da região do rio Capim, com a cubagem de 120 milhões de toneladas de minério in situ (Id).