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O DECRETO 12.175 – REGULAMENTAÇÃO DA VENDA DO ACARAJÉ NAS RUAS DA CIDADE

No documento Acarajé: tradição e modernidade (páginas 99-102)

CAPITULO II MERCADO DO ACARAJÉ VENDEDORAS E VENDEDORES DE ACARAJÉS

O DECRETO 12.175 – REGULAMENTAÇÃO DA VENDA DO ACARAJÉ NAS RUAS DA CIDADE

Coincidência ou não, a iniciativa contemporânea de regulamentar a atividade de venda do acarajé e mingau na cidade por parte da Prefeitura Municipal de Salvador, ocorreu no mesmo ano que em baianas conhecidas: Dinha e Regina, disputavam “quase a tapas” pontos de venda no bairro do Rio Vermelho.Publicado em 25 de novembro de 1998, na gestão do então prefeito Antonio Imbassahy, o decreto de n 12.175 dispôs sobre a organização e funcionamento do comércio de acarajés e mingau pela cidade.O decreto serviu como mecanismo regulatório na padronização de indumentárias e tabuleiros, na higienização e controle no manuseio de alimentos, localização, distância dos tabuleiros e as possíveis multas, caso não fossem cumpridas as determinações.

O 1˚ artigo estabelece que a atividade de venda de acarajé ou mingau em logradouros públicos está condicionada a emissão de alvará de autorização emitido pela SESP( Secretaria de Serviços Públicos).:

A exploração de atividade de comércio informal exercida pela baiana de acarajé ou de mingau depende de alvará de autorização, que será outorgado a titulo precatório, em caráter pessoal e intransferível, em conformidade com as normas estabelecidas no presente Decreto e demais legislação aplicável.( Diário Oficial do Município, Salvador, 25 de novembro de 1998)

Em parágrafo único ele completa:

No caso da morte da titular poderá ser liberado novo alvará de autorização para o herdeiro legalmente habilitado, ressalvado em qualquer hipótese o interesse publico para efeito da outorga.( ibdem)

O parágrafo 2 º, inciso 2º confirma a obrigatoriedade do traje típico:

§ 2˚- As baianas de acarajé, no exercício de suas atividades em logradouro publico, utilizarão vestimenta típica de acordo com a tradição da cultura afro- brasileira (ibdem.)

Cumprindo a obrigatoriedade imposta pela lei, durante as incursões a campo, constatamos que na via principal a maioria das vendedoras trabalha devidamente trajada. As ajudantes, no entanto, vestem roupas mais práticas, leves, camisetas ou guarda- pó com o slogan do tabuleiro e o número telefônico destinado a encomendas e entrega em domicílio. Apesar de encarar o sol forte com roupas pouco práticas, elas concordam que é necessário o indumentário. A lei também estabelece, no artigo 13º que é proibido:

II- Comercializar produtos diversos dos especificados no alvará. Por tal infração, a vendedora se sujeita a receber uma multa de 40 UFIR’s, cerca de R$42.57. Apesar de contra a lei, tal pratica é comum no Centro da cidade. Delma, que trabalha no “Acarajé da Tonha”, localizado próximo ao Shopping Lapa, a estratégia funciona da seguinte forma explica:

Com R$ 1,00,o cliente pode comprar um acarajé( sem camarão) e leva de graça um copo de refrigerante..tem cliente que não dispensa o refrigerante, ás vezes o guaraná tá até quente, e eles querem assim

mesmo....para eu não sair perdendo o refrigerante não pode ser um refrigerante de marca, nem coca-cola ,nem pepsi, são refrigerantes “pebas”.

Ciente da proibição ela continua:

Eu sei que é proibido por lei, mas todo mundo vende e graças a Deus a prefeitura não nos persegue

Além desta, existem outra situações passiveis de multa:

II- Comercializar bebidas alcoólicas e refeição em geral, 40 UFIR. IV- Utilizar tabuleiros que ultrapassem dimensões superiores 1,20 x 0,60 m ou tabuleiros abertos, 30 UFIR’s

V- Utilizar vestimenta em desacordo com a tradição baiana de acarajé e de mingau 30 UFIR’s

VI- Não manter os equipamentos em perfeito estado de conservação e higiene 30 UFIR’s

VII- Deixar de manter no equipamento recipiente apropriado ao recolhimento de detritos provenientes do exercício da atividade, inclusive para coleta do azeite fervido, óleos e outros 30 UFIR’s VIII- Ceder, locar ou transferir para terceiros a autorização obtida 30 UFIR’s

IX- Fazer uso de bancos, caixotes, tabuas, mesas e cadeiras de qualquer tipo ou similar 20 UFIR’s

X- Alterar a localização dos equipamentos sem previa autorização da SESP 20 UFIR’s

XI- Utilizar aparelhagem de som, de qualquer tipo, que venha a causar perturbações a tranqüilidade da população 20 UFIR’s

XII Colocar copos, garrafas e cigarros dentro do tabuleiro 20 UFIR’s” ( ibdem)

Quanto à organização do espaço, fica estabelecido pelo artigo 9˚ que os tabuleiros e todos os outros equipamentos utilizados pelas baianas devem ser instalados diariamente, respeitando o horário fixado pelo alvará. Alem disso, eles não podem estar localizados nos seguintes locais:

I.em áreas que possam perturbar a visão dos condutores de veículo; II.em passeios fronteiros a monumentos em geral ou prédios tombados pela União e junto a organizações de segurança.

III.em frente, fundos e laterais, em um raio mínimo de 50m(cinqüenta metros), de colégios, hospitais, repartições públicas, quartéis entradas de instalações residenciais, salvo autorização, por escrito, do responsável por qualquer um desses estabelecimentos, atendida, entretanto, a conveniência pública.

IV.em calçadas, onde a faixa livre de circulação de pedestre, apos a implantação do equipamento, seja inferior a 1,00 m( um metro)

V.em locais que, a critério do poder público municipal, comprometam a estética urbana, histórica, paisagística, a higiene, a preservação do meio ambiente, a tranqüilidade publica e a segurança da população; VI. em vias expressas com elevado número de veículos .( Artigo 10º) Por conta da preocupação com a higienização do espaço, com a qualidade dos produtos vendidos, e estado de saúde da vendedora, fica estabelecido que a carteira de saúde é documento essencial para emissão do alvará, assim, como para sua renovação anual.Estabelece o parágrafo 1º, do artigo 2º que as iguarias comercializadas nos tabuleiros estão sujeitas a inspeções periódicas pela Vigilância Sanitária, com objetivo de coletar e analisar em laboratório amostras dos produtos comercializados .

ASSOCIAÇÃO DE BAIANAS DE ACARAJÉ, MINGAU E SIMILARES DO ESTADO

No documento Acarajé: tradição e modernidade (páginas 99-102)