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O MERCADO DA MASSA DE ACARAJÉ : INDUSTRIALIZAÇÃO E PRODUÇÃO EM GRANDE ESCALA

No documento Acarajé: tradição e modernidade (páginas 86-89)

CAPITULO II MERCADO DO ACARAJÉ VENDEDORAS E VENDEDORES DE ACARAJÉS

O MERCADO DA MASSA DE ACARAJÉ : INDUSTRIALIZAÇÃO E PRODUÇÃO EM GRANDE ESCALA

Apesar de se mostrar uma atividade sem muitas possibilidades de mudanças, o mercado de massa de acarajé vem inovando. No momento em Salvador dispomos de duas modalidades: a massa de acarajé em pó da marca “Tropicana Espaciarias”, que é vendida em embalagens de 500g, e a massa passada na hora, que pode se encontrada em três boxes localizados na Feira de São Joaquim e em alguns negócios em Itapuã.

A massa de acarajé em pó Antonina e Cozinha Baiana, já fora do mercado, segundo o fabricante, na época venderam bastante em Salvador em outras capitais do país. Atrevés de pesquisas na web, encontramos também a empresa Oya alimentos Ltda, sediada em São Paulo, que comercializa uma linha de alimentos típicos da culinária baiana, inclusive, a “farinha de acarajé”.O meu interesse pela empresa se explica pelo fato dela comercializar o “kit acarajé”, sobre o qual darei explicação mais adiante

ACARAJÉ EM PÓ

Tivemos conhecimento da massa de acarajé Antonina e Cozinha Baiana através de pesquisas na web, no site inventabrasilnet, cujo titulo da reportagem era: “Acarajé em pó”. Através de e-mail contatamos o autor da mesma, que disponibilizou o endereço eletrônico de Jose Clarindo Bittencourt, inventor do produto. Por sorte Clarindo Bittencourt residia em Salvador, no bairro de Itapuã, e mostrou-se interessado em divulgar seu trabalho Após contato, ele nos concedeu uma entrevista, onde pudemos colher informações sobre o “acarajé em pó”.

José Clarindo Bittencourt começou a produzir o acarajé em pó no inicio dos anos 80 em São Paulo, onde montou uma fabrica. O acarajé em pó era produzido através de uma técnica que utilizava: desidratação, pré-cozimento e empacotamento a vácuo do feijão. Segundo ele, essa técnica era vantajosa porque conservava por total o valor nutricional e o sabor do feijão, além disso, diminuía consideravelmente as perdas ocorridas durante o processo de produção. Ele explica: “Feijão em pó, ele tem maior poder de sabor que o da baiana. As baianas quando lavam, o feijão perde no mínimo 20 % do sabor do feijão, tira a goma do feijão..”.

A “Massa de Acarajé Antonina” e “Cozinha Baiana” foram fabricadas em São Paulo, mas, distribuídas para supermercados na Bahia, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Aqui na Bahia na época para o Paes Mendonça que foi meu primeiro cliente.Eu coloquei a massa do acarajé nas maiores redes de super mercado do Brasil.O Pão de Açúcar em São Paulo, porque minha mãe foi professora de lá da Rede...na Rede Carrefour em Belo Horizonte, Rio de Janeiro...em todo supermercado de elite.Transferi minha fábrica para a Bahia por causa de um “amigo” que me prometeu conseguir financiamento, mas infelizmente não deu certo...Em 1992 aqui em Salvador fiz uma degustação no Hiper Bom Preço, nós vendemos em uma semana 10 caixas com 48 unidades, nós vendemos 480 caixas fora o vatapá !”

No entanto, apesar do sucesso inicial, o produto não conseguiu se firmar no mercado. Para Bittencourt o insucesso foi devido à imperícia dos consumidores no trato com a massa:

Existe o chamado “ponto da massa” que muita gente não sabe.Tem gente que bota água demais. A pessoa compra o acarajé para fazer em casa... não bota cebola, não bota sal, não tem a dosagem certa para que a massa fique boa.Mesmo tendo o modo de fazer escrito na caixa as pessoas não prestam atenção. Nem todo mundo tem paciência...tem que fazer uma ou duas vezes para ficar perfeito. As vezes também usa dendê “vagabundo” e ai o acarajé fica rançoso .Dessa forma a fabricação do acarajé tornou-se inviável.”

Apesar do insucesso do empreendimento, ele acredita, em termos de rendimento e qualidade, que o acarajé preparado com o “pó” teria condições de concorrer com o acarajé produzido por Cira, que segundo ele é um dos melhores de Salvador.Em tom de desafio ele disse: “Cira é considerado o melhor acarajé da Bahia. Eu como acarajé em Cira. Eu faço um acarajé em pó..vou botar o meu acarajé ao lado do dela, você vai provar e me dizer qual vai estar melhor !

Segundo seus cálculos com 250 gramas de massa em pó é possível confeccionar 50 ou 60 acarajés pequenos, tipo “tira-gosto”. Comparando o valor do acarajé vendido em Itapuã por Cira, que custa R$ 3,50 ele calculou a economia que podia ser gerada pelo seu produto: “Você vai em uma loja de super mercado compra uma caixinha daquela , vai gastar R$ 4,00, vai gastar mais R$ 3,00 de azeite de dendê no total vai gastar R$ 7,00 e vai fazer 60 acarajés”.

Durante a entrevista ele fez questão de frisar que a tecnologia aplicada na fabricação do “acarajé em pó” é uma exclusividade sua, e que tem já pronto um projeto para montagem de uma fabrica de sopa de feijão, que segundo ele resolveria grande parte dos problemas nutricionais das crianças brasileiras. Através desse processo de fabricação, o prato da sopa teria um custo de R$ 0,10(dez centavos), ao seu ver, ideal para escolas públicas e os paises africanos. Sr, Bittencourt não foi direto, mas deixou transparecer a esperança de que a divulgação de seus projetos, através desse trabalho, possa lhe possibilitar algum contato internacional para novas parcerias.

Quanto ao insucesso ocorrido no passado, ele garante que a sua inexperiência e a “usura” de seus sócios foram os fatores responsáveis. Hoje ele garante que está preparado

para administrar um novo negocio, e conclui a entrevista num tom de mágoa dizendo: “Eu sou baiano e digo sinceramente..o negócio é o seguinte : eu não fui muito feliz na Bahia, o negócio aqui é a usura, a inveja. O povo aqui não admite que você ganhe dinheiro com a sua inteligência.”

No documento Acarajé: tradição e modernidade (páginas 86-89)