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Tentaremos neste capítulo apresentar os contextos territoriais dos vários municípios onde hoje estão instaladas as unidades de atendimento da DPESP. Partindo de uma compreensão do território que leva em conta a rede urbana, o objetivo é superar essas limitações e apresentar alguns aspectos relevantes das circunstâncias espaciais de vida das pessoas mais pobres ignoradas pelos estudos oficiais. As conexões geográficas parecem revelar que as dificuldades são maiores para os mais pobres chegarem às portas da Defensoria. Para eles, o território hoje se impõe como um constrangimento a mais.

Sob essa perspectiva e a partir da investigação dos recortes regionais propostos pelo estudo SEADE/EMPLASA, é possível constatar que os municípios mais importantes da rede urbana são os que apresentam maior concentração de pessoas mais ricas e que os pobres destes lugares habitam os subespaços periféricos. A Defensoria está nos municípios mais “importantes” da rede. São 41 municípios onde há unidades da Defensoria Pública. Juntos, em 2014, esses municípios totalizavam uma população de 26.234.708 habitantes, o que equivale a 59,58% da população do estado. Cabe observar ainda que essas unidades obviamente localizam-se nos lugares centrais das cidades. Enquanto isso, os pobres estão nas periferias, implicando em deslocamentos mais longos e mais caros. Na perspectiva de uma organização capitalista do espaço, em que os serviços mais raros devem estar nos chamados “pontos luminosos”, a Defensoria não poderia estar em outros lugares. Entretanto, considerando que seus serviços se destinam exclusivamente aos pobres, sua lógica de atuação hoje expressa uma verdadeira contradição.

85 Região Metropolitana de São Paulo (RMSP)

Mapa 6: ESTADO DE SÃO PAULO: Localização da Região Metropolitana de São Paulo, 2014. Fonte: Emplasa e Fundação SEADE. Elaboração cartográfica: Willian Magalhães de Alcântara.

A formação da RMSP está ligada ao processo de industrialização do estado de São Paulo durante o século XX e que, por razões históricas, econômicas e geográficas, privilegiou a capital. Se por um lado essa região tornou-se a mais importante economicamente para o país, por outro teve como consequência a constituição de graves problemas sociais31.

A característica que talvez melhor defina a RMSP seja a concentração: na escala estadual, ou mesmo na nacional, o que aí existe é um grande adensamento de pessoas e infraestruturas a serviço da reprodução capitalista. Trata-se do topo da hierarquia urbana brasileira. Assim é que, segundo dados do Censo 2010, os 39 municípios dessa região abrigavam 19,7 milhões de habitantes (11 milhões apenas em São Paulo – Mapa 7), o que significa que um em cada dez brasileiros habita essa porção do território nacional. Em termos

31 Muitas são as teses e dissertações produzidas a respeito da formação da RMSP e dos seus problemas sociais,

embora sejam mais numerosos os trabalhos que tratam exclusivamente da capital. Os acervos da Universidade de São Paulo são ricos neste sentido. No entanto, indicamos aqui dois livros que mais inspiraram nossas ideias: SANTOS, Milton. Metrópole corporativa fragmentada: o caso de São Paulo. 2ª ed. São Paulo: Edusp, 2009. [1990].

SANTOS, Milton. Por uma economia política da cidade: o caso de São Paulo. 2ª ed. São Paulo: Edusp, 2009. [1994].

86 econômicos, essa concentração é ainda maior: em 2008, seu PIB foi de aproximadamente 572 bilhões de reais, algo em torno de 19% do PIB do país (EMPLASA, 2015). Em termos estaduais, a população da RMSP correspondia a 47,8% do total, enquanto que o PIB representava 56,4%.

Mapa 7: REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO: População por município, 2014. Fonte: Fundação SEADE (população estimada). Elaboração cartográfica: Willian Magalhães de Alcântara.

Os estudos e relatórios a respeito da rede urbana paulista são ricos no inventário dos sistemas de objetos e sistemas de ações que caracterizam a pujança da RMSP. Nesse sentido, destacam-se: sua relevância como moderno polo industrial e complexo científico tecnológico, concentrando centros de pesquisa e universidades entre os mais avançados do país; uma ampla rede de serviços médico-hospitalares muito diversificada e altamente especializada, que atrai pacientes de todo o país e do exterior; complexa infraestrutura de transporte público de passageiros; presença de uma complexa infraestrutura viária, ligando a região às demais regiões do país, assim como ao porto de Santos; presença de dois dos mais movimentados aeroportos do país (o de Cumbica, em Guarulhos, e o de Congonhas, em São Paulo). Todavia, mesmo na escala da RMSP, há também concentração. É a capital o município que concentra o principal da população e da atividade econômica da região, sendo também o mais

87 significativo centro industrial do estado e do país. São Paulo abriga a Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (BOVESPA) e as sedes de grandes grupos empresariais nacionais e estrangeiros, por exemplo. Além disso, concentra outras atividades terciárias especializadas, tais como a imprensa (rádios, jornais e emissoras de TV), consultorias (advocacia, administração de empresas, engenharia, arquitetura, publicidade etc.), instituições de ensino superior, entre outras.

Os dados a respeito da concentração das atividades econômicas na capital revelam que, a despeito da RMSP ser considerada como uma unidade, é indispensável compreender sua heterogeneidade. Há diferentes usos do seu território pelos diversos agentes. A atividade econômica não é distribuída uniformemente: há concentração em São Paulo e a presença de atividades complexas em municípios como Guarulhos, Osasco, Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul. Enquanto isso, os demais municípios são como uma extensão da periferia de São Paulo, constituindo-se como cidades-dormitório. A concentração das atividades especializadas em determinadas porções do território se expressam, por exemplo, no uso do território pelas diferentes classes sociais. O mapa 8 expressa esse uso desigual do território da RMSP: as pessoas de mais alta renda habitam sobretudo a porção mais central do município de São Paulo. A concentração das atividades econômicas neste mesmo subespaço é revelada pelo mapa 9. Os empregos estão no centro, lugar caracterizado pelas rendas mais altas e pelos menores efetivos populacionais. Os mais pobres são a maioria da população, entretanto residem nos lugares mais afastados dos empregos e das atividades mais especializadas. O território é expressão da desigualdade, agindo intensamente nessa dialética da reprodução da pobreza: o sujeito mora longe do centro porque é pobre e torna-se mais pobre por morar longe. A tabela 3 contribui para a compreensão da seletividade dos usos ao mostrar como o percentual dos chefes de domicílio por município apenas ultrapassa os 30% em 05 municípios: além da capital, temos Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul (em função da atividade industrial ligada ao setor automobilístico) e Santana de Parnaíba (por abrigar Alphaville - condomínio fechado, destinado a moradores de alta renda). Nos demais municípios, prevalecem as rendas mais baixas.

88 Mapa 8: REGIÃO METROPLITANA DE SÃO PAULO: Rendimento médio mensal dos chefes de domicílios (em salários mínimos) por setor censitário, 2010. Fonte: IBGE (Censo 2010). Elaboração cartográfica: Willian Magalhães de Alcântara.

89 Mapa 9: MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: População e emprego por distrito em 2010. Fonte: Observatório Nossa São Paulo (a partir de dados do Ministério do Trabalho e Emprego). Elaboração cartográfica: Willian Magalhães de Alcântara.

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Tabela 2 - RMSP: Rendimento das pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes (em %), 2010.

Município rendimento Sem Até 3 salários Maior que 3 salários Total

Arujá 16,92 59,96 23,13 100,00 Barueri 16,56 60,70 22,75 100,00 Biritiba Mirim 9,89 76,55 13,56 100,00 Caieiras 10,97 64,58 24,46 100,00 Cajamar 21,84 62,26 15,90 100,00 Carapicuíba 19,32 64,68 16,00 100,00 Cotia 15,62 58,48 25,91 100,00 Diadema 18,98 64,67 16,35 100,00

Embu das Artes 20,70 68,66 10,64 100,00

Embu-Guaçu 18,13 67,70 14,17 100,00 Ferraz de Vasconcelos 18,13 70,04 11,82 100,00 Francisco Morato 19,43 72,64 7,94 100,00 Franco da Rocha 19,09 66,76 14,15 100,00 Guararema 12,58 68,49 18,93 100,00 Guarulhos 17,88 61,75 20,37 100,00 Itapecerica da Serra 19,46 68,59 11,97 100,00 Itapevi 20,54 68,14 11,33 100,00 Itaquaquecetuba 20,73 69,55 9,72 100,00 Jandira 12,97 68,56 18,47 100,00 Juquitiba 20,93 68,17 10,89 100,00 Mairiporã 12,18 64,83 22,98 100,00 Mauá 15,54 65,19 19,25 100,00

Mogi das Cruzes 12,42 60,93 26,64 100,00

Osasco 16,66 58,34 25,00 100,00

Pirapora do Bom Jesus 20,51 69,09 10,40 100,00

Poá 15,53 64,47 20,01 100,00

Ribeirão Pires 17,85 56,92 25,23 100,00

Rio Grande da Serra 12,47 72,48 15,06 100,00

Salesópolis 11,63 73,48 14,87 100,00

Santa Isabel 14,82 70,39 14,79 100,00

Santana de Parnaíba 17,22 52,22 30,55 100,00

Santo André 12,95 51,89 35,16 100,00

São Bernardo do Campo 14,69 51,44 33,88 100,00

São Caetano do Sul 10,05 41,77 48,17 100,00

São Lourenço da Serra 13,87 73,47 12,66 100,00

São Paulo 15,98 52,53 31,49 100,00

Suzano 15,34 66,21 18,46 100,00

Taboão da Serra 15,66 62,69 21,64 100,00

Vargem Grande Paulista 15,00 62,31 22,70 100,00

91 A tabela 3, por sua vez, nos mostra como a mobilidade está diretamente associada à renda. A utilização de transporte coletivo e de meios de transporte não-motorizados é mais frequente pelas pessoas de mais baixa renda, ao passo que entre as pessoas de renda mais alta prevalece o uso do transporte individual. Cabe observar, no entanto, que mesmo o uso do transporte coletivo requer certo nível de acesso à renda, pois, como se observa na tabela, as pessoas com renda até 760 reais apresentavam mobilidade bem inferior àquelas com renda entre 760 e 3.040 reais. Além disso, é relevante o fato de que as pessoas com faixa de renda até 1.520 reais eram as que apresentavam os maiores índices de mobilidade por meios não- motorizados. Torna-se evidente que os mais pobres são menos móveis, o que faz com que a distância se imponha com maior perversidade sobre eles. Entretanto, como vimos, são essas pessoas as que moram mais afastadas dos lugares concentradores de empregos e dos serviços mais especializados. Entre esses serviços, veremos mais adiante, estão os da Defensoria.

Tabela 3 - RMSP: Índice de mobilidade por modo principal e renda familiar mensal, 2007. Faixa de

renda*

ÍNDICE DE MOBILIDADE (viagens/habitante)

Coletivo Individual Motorizado Não-motorizado Total

Até 760 0,56 0,17 0,73 0,8 1,53 760 a 1.520 0,71 0,26 0,97 0,8 1,77 1.520 a 3.040 0,8 0,55 1,35 0,63 1,98 3.040 a 5.700 0,73 1,11 1,85 0,45 2,3 Mais de 5.700 0,49 1,85 2,34 0,35 2,69 TOTAL 0,71 0,58 1,29 0,66 1,95

Fonte: Metrô (Pesquisa Origem e Destino 2007). * Renda em reais em outubro de 2007.

Sobre esse problema, Milton Santos escrevia já no início dos anos 1990:

[a imobilidade], causada pela pobreza e baixos salários, resulta, também, das condições do lugar de residência que, na cidade, cabem aos mais pobres. Como os pobres se tornam praticamente isolados ali onde vivem, podemos falar da existência de uma metrópole verdadeiramente fragmentada. Sem dúvida, muitas pessoas de outras áreas vão trabalhar em certos setores da aglomeração. Outras deixam o seu próprio setor e vão trabalhar em outras áreas, em ocupações frequentemente pequenas, acidentais e temporárias. Muitos, todavia, são prisioneiros do espaço local, enquanto outros apenas se movem para trabalhar no centro da cidade, fazer compras ou utilizar os serviços quando têm a possibilidade e os meios (SANTOS, 2009 [1990], p. 99).

Em relação ao acesso aos serviços da Defensoria Pública, a contradição mostra uma de suas faces quando lembramos que ela é uma instituição criada com a finalidade específica de oferecer assistência jurídica àquelas pessoas que não possuem recursos para pagar custas

92 judiciais e os serviços de um advogado. Ora, se essas pessoas são justamente as que residem mais distante do centro, o acesso aos serviços da Defensoria torna-se mais caro justamente para elas. Se o impulso inicial pode conduzir a propor a instalação de unidades da Defensoria em todos os lugares onde haja pobres, a noção de “espaço-suporte” nos revela a inviabilidade de tal solução. Além disso, outros fatores devem ser considerados, como, por exemplo, a relação entre a raridade de um serviço e a zona de influência criada por sua presença.

Sendo a RMSP a região mais populosa do estado, é compreensível que aí se encontre um maior número de unidades de atendimento da DPESP (Mapa 10). São 18 unidades, sendo que 7 delas estão no município de São Paulo, enquanto que as demais localizam-se em Carapicuíba, Diadema, Ferraz de Vasconcelos, Franco da Rocha, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mauá, Mogi das Cruzes, Osasco, Santo André, e São Bernardo do Campo. O mapa 10 mostra a localização e a distribuição das unidades de atendimento na RMSP. Também é possível observar as unidades de atendimento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): em alguns municípios onde a DPESP não está presente, a OAB presta serviços de assistência judiciária gratuita por meio de convênio firmado com a DPESP. Importante lembrar que tais serviços estão presentes nos municípios de maior população, validando o que já discutimos a respeito da distribuição territorial dos serviços mais raros. A comparação entre os mapas 7 e 10 revela essa relação. Nos municípios em que a Defensoria está presente, optamos por manter a indicação da unidade da OAB tanto no mapa 10 quanto na maioria dos demais. Essa opção cumpre duas finalidades específicas: a primeira é poder comparar as capilaridades das duas instituições; a segunda é servir como parâmetro para compreendermos a centralidade da localização das unidades da DPESP nos municípios. Abordaremos algumas das relações que se estabelecem entre as unidades da DPESP e os territórios dos municípios de que são parte.

93 Mapa 10: REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO: Distribuição das unidades da DPESP e da OAB por município, 2014. Fontes: DPESP e OAB. Elaboração cartográfica: Willian Magalhães de Alcântara.

De acordo com dados do IBGE, Carapicuíba possuía em 2014 uma população estimada em 390.073 habitantes32. Apenas 16% dos chefes de domicílio auferiam em 2010 rendimentos acima de 03 salários mínimos, indicando que aproximadamente 327 mil pessoas se enquadram como público-alvo dos serviços da DPESP. Segundo a DPESP, são 08 os defensores públicos atuando neste município, o que corresponde a uma relação de quase 41.000 pessoas para cada defensor público. Valor bem superior ao indicado pelo Ministério da Justiça (entre 10 e 15 mil pessoas por defensor33). Como característica geral, Carapicuíba apresenta certa homogeneidade quanto à renda de seus habitantes (Mapa 11), indicando sua qualidade de extensão da periferia da capital. A exceção à uniformidade encontra-se na porção sul do seu território, caracterizado pela presença de chácaras habitadas por pessoas mais ricas, numa área que se estende por outros municípios (Cotia e São Paulo). Os oito defensores encontram-se assim distribuídos, de acordo com as áreas de atuação: infância e

32 Os dados populacionais dos municípios para 2014 foram obtidos do IBGE, a partir do site:

<http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php>. Para os dados populacionais e de PIB, também foi consultada a Fundação SEADE pelo site: <http://www.seade.gov.br/>.

94 juventude (01 defensor); cível/família (04 defensores); criminal (03 defensores). Em 2013, foram 5.975 atendimentos na área cível, 1.961 na área criminal, 237 na área de infância e juventude infracional, 385 na área de infância e juventude não-infracional e 162 na área de execução criminal, totalizando 8.720 atendimentos34.

Diadema, segundo dados do IBGE, apresentava em 2014 uma população estimada em 409.613 habitantes. Como apenas 16,35% dos chefes de domicílios recebiam rendimentos acima de 03 salários mínimos, então é de provavelmente 342.000 habitantes a população considerada como necessitada neste município. Sendo 09 os defensores em Diadema, a relação é de aproximadamente 38.000 habitantes por defensor, valor superior ao recomendado. Em Diadema, a população de mais alta renda encontra-se em sua maioria na porção mais central do território municipal, resultando na periferização da pobreza (Mapa 12). A localização das unidades da DPESP e da OAB coincidem com as áreas mais ricas, o que implica em maiores dificuldades de acesso para os mais pobres. Dos 09 defensores, são 05 dedicados à área cível/família, 03 à área criminal e à de execução criminal e 01 cuidando das questões relativas à infância e juventude. Quanto aos atendimentos, em 2013 foram 3.945 na área cível, 3.282 na criminal, 264 na de infância e juventude infracional, 1.320 na de infância e juventude não-infracional e 1.033 na de execução criminal, num total de 9.844.

A população de Ferraz de Vasconcelos, segundo dados do IBGE, estava estimada no ano de 2014 em 182.544. Apenas 11,82% dos chefes de domicílios do município recebiam rendimentos acima de 03 salários mínimos, apontando para uma população de 161.000 pessoas enquadradas como necessitadas. Como em Ferraz de Vasconcelos são apenas 02 defensores, a relação é de mais ou menos 80.000 pessoas por defensor. Todavia, neste município a Defensoria cuida principalmente das questões relacionadas à infância e à juventude. As demais áreas são atendidas pela OAB. Prevalecem em Ferraz de Vasconcelos os setores censitários com rendimentos médios entre 01 e 03 salários mínimos. Entretanto, como em outros municípios, DPESP e OAB têm suas unidades nas proximidades de setores de mais alta renda. As porções mais centrais dos municípios revelam ser os lugares privilegiados para as pessoas mais abastadas (Mapa 13). Em 2013, a unidade de Ferraz de Vasconcelos realizou 361 atendimentos na área cível, 44 na criminal e 235 na de infância e juventude infracional, totalizando 640 atendimentos.

34 A respeito dos dados do número de defensores por município, foi consultada a Deliberação nº 143, de 26 de

novembro de 2009. Quanto aos atendimentos realizados pelas unidades de atendimento, foram consultados os anuários estatísticos da DPESP, disponíveis no site: <http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/Default. aspx?idPagina=2888>.

95 Para 2014, o IBGE estimava a população de Franco da Rocha em 143.817 habitantes. Apenas 14,15% dos chefes de domicílio deste município recebiam rendimentos mensais superiores a 03 salários mínimos. Neste sentido, aproximadamente 123.000 habitantes enquadravam-se como necessitados. Em Franco da Rocha são 03 defensores públicos, sendo dois responsáveis pela área de execução criminal e 01 pela área de infância e juventude. As demais áreas são atendidas pela OAB. A relação entre população de necessitados e defensores é de 41.000 pessoas por defensor, o que indica também a necessidade de defensores em Franco da Rocha. O rendimento médio mensal dos chefes de domicílios por setor censitário não ultrapassa os 05 salários mínimos. Os poucos setores censitários cuja média de rendimentos fica entre 03 e 05 salários estão no centro do município, coincidindo com a localização das unidades da DPESP e da OAB (Mapa 14). Embora a maior parte da população enquadre-se nos critérios de renda para o atendimento, ainda assim são elas a estarem mais distantes do serviço. A unidade de Franco da Rocha realizou 58 atendimentos na área de infância e juventude infracional, 04 na não-infracional e 291 na área de execução criminal, totalizando 353 atendimentos.

Guarulhos, de acordo com dados do IBGE, em 2014 possuía uma população estimada em 1.312.197 habitantes. 20,37% dos chefes de domicílios de Guarulhos auferiam rendimentos de até 03 salários mínimos, indicando que aproximadamente 1.040.000 pessoas se enquadram como possíveis usuários dos serviços da DPESP. Considerando os 20 defensores que trabalham neste município, a relação é de mais ou menos 52.000 pessoas para cada defensor, ultrapassando em muito o valor recomendado. Também em Guarulhos existe uma porção mais central do território municipal onde se concentram as atividades mais especializadas e onde habitam as pessoas de mais alta renda (Mapa 15). É aí que se localizam as unidades da DPESP e da OAB, revelando que o acesso é mais difícil para os mais pobres. Toda a porção leste do município de Guarulhos se caracteriza pela presença de populações pobres. Dos 20 defensores do município, 08 se dedicam à área cível/família, 03 à área de execução criminal, 07 à área criminal e 02 à de infância e juventude. Em 2013, foram 9.137 atendimentos na área cível, 5.487 na área criminal, 2.207 na área de infância e juventude infracional, 843 na de infância e juventude não-infracional e 8.112 na de execução criminal, totalizando 25.786 atendimentos. O número de atendimentos corresponde a aproximadamente 2% da população do município.

348.739 habitantes era a população estimada de Itaquaquecetuba em 2014, segundo o IBGE. Apenas 9,72% dos chefes de domicílios deste município tinham rendimentos superiores a 03 salários mínimos, apontando para uma população de aproximadamente

96 315.000 pessoas enquadradas como necessitadas de acordo com os critérios da DPESP. Dados os 05 defensores de Itaquaquecetuba, a relação é de mais ou menos 63.000 habitantes por defensor, número bem superior ao recomendado. Também aqui faltam defensores. A maior parte dos setores censitários deste município se caracteriza por um rendimento médio dos chefes de domicílios entre 01 e 03 salários mínimos (Mapa 16). Apesar disso, as unidades da DPESP e da OAB se localizam nos poucos setores onde a média é superior (entre 03 e 05 salários). Dos 05 defensores, 04 estão ligados à área cível e de família, enquanto que 01 cuida das questões relacionadas à infância e juventude e também à execução criminal. Em 2013, foram 7.337 atendimentos na área cível, 159 na de infância e juventude infracional, 99 na de infância e juventude não infracional e 119 na de execução criminal, perfazendo 7.714 atendimentos.

Em 2014, Mauá apresentava uma população estimada, conforme dados do IBGE, em 448.776 habitantes. Sendo de 19,25 o percentual de chefes de domicílios que recebiam rendimentos acima de 03 salários mínimos mensais, a estimativa é de que aproximadamente 362.000 pessoas encontrem-se na condição de necessitadas, de acordo com os critérios da DPESP. Para um efetivo de 05 defensores, a relação é de em torno de 72.000 habitantes por defensor, bem distante do parâmetro aconselhado pelo MJ. Também em Mauá prevalecem os setores censitários cujo rendimento médio mensal dos chefes de domicílios está entre 01 e 03 salários mínimos (Mapa 17). Todavia há, na porção oeste do município, uma concentração de setores onde habitam pessoas de mais alta renda. É nesta última que se localizam as unidades da DPESP e da OAB, reforçando a tese dos usos desiguais do território, fator que dificulta a vida dos mais pobres. Dos 05 defensores de Mauá, 04 cuidam da área cível/família, enquanto que 01 é responsável pela área de infância e juventude, assim como da de execução criminal. No que diz respeito aos atendimentos, 235 na área de infância e juventude infracional, 03 na