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3.3 PRERROGATIVAS CONSTITUCIONAIS

3.3.2 Defesa da intimidade na internet

A Constituição da República Federativa do Brasil apresenta a inviolabilidade da vida privada e da intimidade, no artigo 5º, inciso X139, assegurado o direito a

136 MALDONADO, Viviane Nóbrega; BLUM, Renato Opice. LGPD: Lei Geral de Proteção de Dados

Comentada. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019. p. 33.

137 ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS. Declaração Conjunta Sobre Liberdade de Expressão e Internet. 2011. Disponível em:

http://www.oas.org/pt/cidh/expressao/showarticle.asp?artID=849&lID=4. Acesso em: 10 out. 2020.

138 BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais

(LGPD). Brasília, DF: Presidência da República, 2018. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm. Acesso em: 04 out. 2020.

139 BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:

Presidência da República, 1988. Disponível em:

indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Para Sylvio Motta140 a garantia constitucional da intimidade denomina-se como “expressiva

prerrogativa de ordem jurídica que consiste em reconhecer, em favor da pessoa, a existência de um espaço indevassável destinado a protegê-la contra indevidas interferências de terceiros na esfera de sua vida privada”. Nesse sentido, a Lei Geral de Proteção de Dados também possui como fundamento a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem de acordo com o artigo 2º, inciso IV141.

Destaca-se ainda, o artigo 7º do Marco Civil da Internet, o qual Fiorillo142 expõe

que esta base legal apresenta os direitos e garantias dos usuários, e que o acesso à internet é considerado essencial ao exercício da cidadania através do direito a inviolabilidade da intimidade que se violado, enseja não só direito de resposta, proporcional ao agravo ocorrido, como também indenização por danos morais, material ou por dano à imagem por aquele que a violou mediante a especificidade do caso concreto.

Limberger elucida que é relevante na conjuntura contemporânea da informação, garantir a efetividade dos direitos fundamentais, em especial a intimidade, pois é a grande questão enfrentada pelos juristas, considerando as invasões que se costumam fazer nos bancos de dados143. Invasões estas que naturalmente podem

ocorrer nas redes sociais na Internet.

Silva144 ensina que direito à intimidade apresenta as mesmas características

do gênero em que se insere como direito fundamental, inato, inerente a cada pessoa, de poder subtrair-se à publicidade e recolher-se à própria reserva. Pereira145 sustenta

que a intimidade consiste no direito das pessoas de defender e preservar um âmbito

140 MOTTA, Sylvio. Direito Constitucional: Teoria, Jurisprudência e Questões. 28. ed. Rio de

Janeiro: Forense, 2019. E-book. Acesso restrito via Minha Biblioteca.

141 BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais

(LGPD). Brasília, DF: Presidência da República, 2018. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm. Acesso em: 04 out. 2020.

142 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. O Marco Civil da Internet e o Meio Ambiente Digital na Sociedade de Informação: comentários à Lei nº 12.965/2014. São Paulo: Saraiva, 2015. E-book.

Acesso restrito via Minha Biblioteca. p. 76-77.

143 LIMBERGER, Têmis. O direito à intimidade na era da informática: A necessidade de proteção

dos dados pessoais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p. 229.

144 SILVA, Edson Ferreira da. Direito à Intimidade: de acordo com a doutrina, o direito comparado, a

Constituição de 1988 e o Código Civil de 2002. 2ª. ed. rev. atual. ampl. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2003. p. 61.

145 PEREIRA, Marcelo Cardoso. Direito à Intimidade na Internet. 1ª. ed. Curitiba: Juruá, 2003. p.

íntimo, no qual elas possam desenvolver sua personalidade, bem como o poder de controlar suas informações pessoais, as quais, ainda que formem parte da vida privada das mesmas, podem revelar aspectos de sua personalidade.

Conforme o autor Cunha Jr.146 a intimidade é a vida secreta ou exclusiva que

alguém reserva, sem nenhuma repercussão social, nem mesmo junto a sua família, aos seus amigos e ao seu trabalho. Para Diniz,147 podem constituir ofensas à

privacidade e à intimidade, por exemplo, o uso de meios eletrônicos para obrigar alguém a revelar fatos de sua vida particular ou segredo profissional.

Segundo Venosa,148 “os meios de comunicação e a própria atividade do Estado

invadam um dos bens mais valiosos do ser humano, que é seu direito à intimidade, direito de estar só ou somente na companhia dos que lhe são próximos e caros”.

Outrossim, no âmbito da proteção de dados na internet, segundo Limberger,149

a intimidade apresenta dois aspectos, sendo o primeiro aspecto negativo, pois se trata de um resguardo dos dados em geral e dos dados sensíveis em particular em face das novas tecnologias, entre elas a informática; e o segundo aspecto, positivo, que consiste no direito a exigir prestações concretas, tais como a informação, o acesso, a retificação e o cancelamento dos dados. Nas palavras da autora:

As novas tecnologias trazem uma característica nova à intimidade. Da contraposição existente entre esta e a informática surge a autodeterminação informativa. O próprio cidadão estabelecendo limites dos ataques da informática a sua intimidade. A autodeterminação é uma faculdade que se exerce em consequente do direito à intimidade na sociedade informatizada. É uma faceta atual da intimidade diante do fenômeno informático. Assim, não se trata de um novo direito. A eficácia, a operatividade e o cumprimento do direito à intimidade nesse contexto não advêm da proposição de uma nova categoria, mas sim das garantias de proteção que possa conter o sistema jurídico.

Desta forma, com o avanço tecnológico através da conexão (Internet), foi criado um espaço de interação social, possibilitando o surgimento das redes sociais e da

146 CUNHA JUNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. 6ª. ed. Salvador: Juspódium, 2012.

p. 721.

147 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. 24ª. ed. São Paulo:

Saraiva, 2007. p. 133.

148 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral Volume I. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2019. E- book. Acesso restrito via Minha Biblioteca. p. 185.

149 LIMBERGER, Têmis. O direito à intimidade na era da informática: A necessidade de proteção

sociabilidade dos indivíduos. Assim, o direito a proteção de dados juntamente com outras garantias constitucionais, ante o uso das novas tecnologias, confere ao indivíduo a proteção a intimidade, o qual possui, como escopo comum, a proteção da dignidade da pessoa humana.

Apresentado as considerações acima, segue-se para abordagem acerca do direito de privacidade na internet.