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Nesta seção serão apresentadas as definições constitutivas e operacionais das categorias analíticas dessa pesquisa. Conforme Kerlinger (1980, p.46), uma definição constitutiva (DC) define “palavras com outras palavras”. Já as definições operacionais (DO) são as definições que objetivam facilitar a observação, especificando as atividades ou operações que serão realizadas para mensurar as categorias de análise. (FERREIRA JUNIOR, 2006;

KERLINGER, 1980). Assim, a definição constitutiva define o constructo e a definição operacional o limita, especificando o que e como foi analisado.

Projeto Inovador

DC – O projeto inovador é aquele que utiliza tecnologias diferentes daquelas utilizadas atualmente e resulta em mudança significativa em desempenho. (BRASIL, 2007;

FGV, 2008; REZENDE; CASTOR, 2005; ENAP, 2008; MULGAN; ALBURY, 2003).

DO – Os projetos inovadores foram identificados com base em duas variáveis, que são: 1) descrição das práticas incomuns propostas em projetos; 2) resultados (qualitativos/quantitativos) que demonstrem as melhorias significativas no desempenho.

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Processo de inovação

DC – O processo de geração da inovação é entendido como uma seqüência de atividades, organizadas em fases ou etapas, objetivando desenvolver e implementar as ideias de inovação dentro de um contexto institucional (TIDD, BESSANT, PAVITT, 2001;

REZENDE, CASTOR, 2005; VAN DER VEM, 2000).

DO – O processo de inovação de cada projeto selecionado foi avaliado com base na adaptação do modelo proposto por Mulgan e Albury (2003), analisando as quatro etapas ou categorias de análise, que são, geração de ideias, desenvolvimento, implantação e análise, conforme apresentadas individualmente a seguir.

Geração de ideias

DC – Se refere à forma como são estimuladas e apoiadas às ideias para inovação, como são detectados os sinais para a possível mudança, quais as fontes de inovação na organização (MULGAN; ALBURY , 2003; TIDD, BESSANT, PAVITT, 2001).

DO – Foi avaliada através da análise dos seguintes elementos: 1) forma como são estimuladas e apoiadas as novas ideias; 2) fonte de ideias (de acordo com as nove fontes citadas por Mulgan e Albury (2003) que são: manifestos e compromissos políticos; atenção especial ao ponto de vista dos usuários, funcionários e ocupantes de cargos médios;

diversidade da equipe de trabalho e distinções na exploração; constante análise de parâmetros;

desenvolvendo a capacidade do pensamento criativo; trabalhando o passado objetivando resultados; espaço de criação; quebrando as regras e competição).

Desenvolvimento

DC – Se refere aos mecanismos que são usados para desenvolver e selecionar as ideias e administrar riscos associados, ou seja, colocar a nova ideia em um formato que se espera ir ao encontro das necessidades dos potenciais adotantes (MULGAN; ALBURY, 2003;

ROGERS, 1995).

DO – Foi analisada nos seguintes elementos: seleção e teste das ideias e gerenciamento de risco (analisando os seguintes indicadores propostos por Mulgan e Albury (2003): (i) se a inovação tem possibilidades de ser bem sucedida; (ii) se há um plano claro acerca de como desenvolver a ideia inovadora e, (iii) os benefícios potenciais da inovação são maiores, ou ao menos iguais, aos custos com seu desenvolvimento e implantação); projetos pilotos, alocação de recursos, envolvimento dos usuários finais e elaboração dos planos operacionais.

Implantação

DC – É a execução do projeto, se refere à forma como a inovação é disponibilizada e aplicada na organização (MULGAN; ALBURY, 2003; TIDD, BESSANT, PAVITT, 2001;

EVANS E SAXTON, 2003).

DO – Foi analisada através de uma análise dos seguintes elementos: 1) preparação dos envolvidos; 2) divulgação da inovação e; 3) forma de implantação da inovação.

Análise

DC – Se refere à avaliação dos resultados da inovação, ou seja, é uma avaliação ex-post, que objetiva a melhoria contínua em serviços públicos. (MULGAN; ALBURY, 2003;

TIDD, BESSANT, PAVITT, 2001).

DO – Avaliada por meio de uma análise dos seguintes elementos: 1) mensuração do desempenho das inovações; 2) impactos ou efeitos causados pela inovação.

Estrutura do sistema de inovação

DC: A estrutura do sistema de inovação pode ser definida como a maneira pela qual os membros de uma organização estão agrupados, cada qual com suas atribuições ou responsabilidades e como se relacionam no desempenho das suas tarefas (MORGAN, 1996;

FIATES, SERRA, FERREIRA, 2008).

DO: Foi operacionalizada através da análise dos seguintes aspectos: 1) estrutura hierárquica e divisão de responsabilidades e; 2) relações entre as unidades administrativas no que diz respeito ao processo de inovação.

Fatores que facilitam a inovação

DC - São os fatores que promovem, motivam, apóiam ou impulsionam o surgimento de inovações na instituição, favorecendo o ambiente e proporcionado um efeito positivo sobre

os resultados esperados pela organização (OLIVEIRA, 2003; ISAKEN, LAUER, EKVALL, BRITZ, 2001; MATTOS; GUIMARÃES, 2005; MOREIRA ET AL, 2008; QUEIROZ, 1999;

ALBERTI, BERTUCCI, 2006).

DO – Os fatores que facilitaram a inovação foram operacionalizados com base no conjunto de indicadores selecionados para a pesquisa, conforme apresentado no quadro 6, expondo aos entrevistados este conjunto, permitindo que os respondentes indicassem os fatores que auxiliaram o desenvolvimento do projeto. A análise foi feita relacionando os fatores citados pelos entrevistados, com as etapas do sistema de inovação.

Quadro 6 - Indicadores de fatores que facilitam a inovação

Fonte: Adaptado de OLIVEIRA, 2003; ISAKEN, LAUER, EKVALL, BRITZ, 2001; MATTOS; GUIMARÃES, 2005; MOREIRA ET AL, 2008; QUEIROZ, 1999; ALBERTI ; BERTUCCI, 2006.

Fatores que dificultam a inovação

DC - São os fatores que refreiam a atividade de inovação, as barreiras, obstáculos ou limitações às inovações, que têm um efeito negativo sobre os resultados esperados pela organização (MANUAL DE OSLO, 2005; OLIVEIRA, 2003; REZENDE E CASTOR, 2005;

Indicadores

* Liberdade para discutir, apresentar e testar novas ideias

* Valorização, reconhecimento e recompensa pelo trabalho

* Apoio a aprendizagem e apresentação de novas ideias

* Cultura organizacional

* Ensino da inovação na Universidade/instituição de treinamento governamental

MULGAN E ALBURY, 2003; ARMSTRONG E FORD, 2000; ALBERTI E BERTUCCI, 2006).

DO – Os fatores que dificultaram a inovação foram operacionalizados com base no conjunto de indicadores selecionados para a pesquisa, conforme apresentado no quadro 7, expondo aos entrevistados este conjunto, permitindo que os respondentes indicassem os fatores que dificultaram o desenvolvimento do projeto. A análise foi feita relacionando os fatores citados pelos entrevistados, com as etapas do sistema de inovação.

Quadro 7 - Indicadores de fatores que dificultam a inovação

FONTE: Adaptado de MANUAL DE OSLO, 2005; VARGAS, 2002; OLIVEIRA, 2003; MATTOS;

GUIMARÃES, 2005; MOREIRA ET AL, 2008; REZENDE; CASTOR, 2005; MULGAN; ALBURY, 2003;

ARMSTRONG; FORD, 2000; ALBERTI; BERTUCCI, 2006).

Indicadores

* Escassez de recursos ou limitações rígidas de orçamento

* Cultura de aversão ao risco ou riscos percebidos como excessivos;

* Custo muito elevado

* Inflexibilidades organizacionais (rigidez, práticas conservadoras ou racionalismo e burocracia

* Atitudes negativas em relação à inovação

* Resistência a mudanças

* Estrutura gerencial da empresa

* Falta de profissionalismo

* Absorção da inovação por parte dos munícipes ou gestores locais

* Falta de informação de mercado (sociedade)

* Falta de integração entre os gestores municipais e os munícipes

* Falta de ferramentas

* Estrutura legal /leis/legislação

* Carência de infraestrutura

* Influência de questões políticas

* Orçamento e planejamento de curto prazo

* Incentivos inadequados aos inovadores ou Falta de recompensas e incentivos para inovar

* Excesso de confiança nos melhores atores como fonte de inovação

* Predisposição da mídia para relatar notícias negativas